O DIA DEPOIS DO FIM



CAPÍTULO 19.

O DIA DEPOIS DO FIM



A dor era tão grande que ele achou que fosse morrer. Talvez fosse melhor morrer. Era um tipo estranho de dor, era físico, como se uma parte dele tivesse sido arrancada à força. Como se ele tivesse sido mutilado, e estivesse sangrando com alguma ferida aberta e exposta.

Estava exausto, depois de mais de 24 horas sem dormir nem comer. Sem saber muito bem o que sentir ou pensar depois da morte de Lílian. Mergulhado num verdadeiro tumulto de emoções. Severo tinha sido deixado assim, sozinho na sala do diretor, enquanto Dumbledore tomava algumas providências urgentes.

O relato minucioso de tudo o que tinha acontecido nos últimos dois dias tinha sido penoso e desconfortável, chegando ao limite da sua resistência.

- Conte tudo, Severo. – Dumbledore pedira.

E ele tinha obedecido sem resistência. Contando tudo desde o início. A chegada a Godric’s Hollow, a difícil conversa com Thiago, a descrença, a discussão. A volta, mais tarde, e a conversa com Lílian. Sua declaração de amor meio desajeitada, a reação de Lílian, o beijo. A noite sem dormir, a angústia. Aquele estranho café-da-manhã no dia seguinte, a promessa. O desespero, a negociação com Voldemort. Dumbledore interrompia o relato, perguntando detalhes, esclarecendo algum ponto duvidoso, esmiuçando alguma questão, fazendo com que repetisse alguma parte da história. Quando ele chegou ao final, Dumbledore o fez repetir várias vezes, em detalhes, tudo o que tinha visto e ouvido:

- O feitiço ricocheteou? Bateu no bebê e voltou?

- Sim...

- O corpo de Voldemort explodiu? E você viu bem a explosão?

- Sim... Eu vi a luz verde... vi quando a luz voltou, o corpo dele explodiu, milhares de faíscas voaram... A casa toda tremeu... as faíscas pareciam se multiplicar e se espalhar ... e a casa toda pegou fogo... Estava tudo em escombros quando saí de lá...

- A casa explodiu? Como assim? Em chamas?

- Sim...

- E você viu o bebê? Você olhou se o bebê ainda estava vivo?

- Não... Ninguém sobreviveria a uma Maldição Imperdoável como aquela... Mas...

- Sim?

- Eu continuei ouvindo um choro de bebê, mesmo depois da explosão...

- Havia um choro de bebê no meio dos escombros?

Continuou incentivando a narrativa, às vezes perguntando de outra forma, esmiuçando. No final, Dumbledore parecia ter conseguido extrair a verdade completa. Para o velho bruxo, a verdade parecia ser mais importante do que qualquer outra coisa. Aquilo pareceu demorar horas. Quando acabou, Dumbledore disse simplesmente:

- Espere aqui um instante. Eu volto já.

Severo sentiu o peito pesado, o estômago ainda embrulhado. A sensação de estar sujo, que o acompanhava desde Godric’s Hollow, ficava cada vez maior. Estava confuso, envergonhado. Como era possível que ele ainda estivesse vivo depois de tudo? Talvez devesse fugir. Ou morrer. Ou ir para Azkaban. Nesse momento, Dumbledore entrou.

- Bom… Acho que tudo o que precisava ser feito com urgência já foi feito. Avisei o Ministério sobre a destruição de Voldemort... Avisei Crouch e o Departamento de Aurores sobre a reunião dos Comensais. Eles estão sendo capturados e presos nesse instante... E enviei Hagrid para Godric’s Hollow.

- Hmm… - Severo não sabia exatamente o que responder. “Ótimo”, “ah, que bom” ou “certo”, alguma coisa desse tipo parecia apropriada, mas a sua voz não saiu.

Ele não conseguia encarar o diretor, que agora estava sentado bem à sua frente, mantendo uma expressão que parecia bondosa, ao invés de acusatória.

- Mandei também uma mensagem para todos os membros da Ordem... Quero que eles estejam entre os primeiros a saber da derrota de Voldemort. Quero que esse seja um dia de festa para toda a Comunidade bruxa!

Severo levantou a cabeça e encarou o diretor, imaginando se ele tinha ficado louco. Festa? A sua dor era tão grande que parecia impossível que alguém no mundo pudesse, um dia, sequer pensar em ser feliz.

- Agora podemos conversar. Ah, Severo... Eu posso imaginar o que você está sentindo agora. Como você deve estar sofrendo. Mas o fato de você ser capaz de sentir dor com tanta intensidade é a sua força...

- Como é?

- Sofrer assim prova que você continua sendo humano... faz parte da sua humanidade...

- ENTÃO EU NÃO QUERO SER HUMANO!! HUMANIDADE? EU QUERO QUE SE DANE A HUMANIDADE!! EU NÃO QUERO MAIS SENTIR, NÃO QUERO MAIS SABER!! – Severo se levantou, de repente, o rosto vermelho, agarrou um dos instrumentos de prata da mesinha mais próxima e o jogou contra a parede com toda a força.

Os bruxos dos retratos soltaram exclamações de reprovação.

- EU NÃO QUERO MAIS... QUERO QUE TUDO ACABE... QUERO IR EMBORA... QUALQUER COISA, AZKABAN, DESTERRO, MORTE... TANTO FAZ! NÃO QUERO SABER…

Agarrou a mesinha onde o instrumento estivera e a arremessou também. Ela se partiu com estrondo em vários pedaços, as pernas voando longe, e ele ficou chocado com a sua própria explosão. Mas Dumbledore manteve-se impassível, sem ao menos piscar, parecendo muito tranqüilo.

- Eu vou... O senhor deveria me mandar para Azkaban!!

- É isso que você acha que eu vou fazer? É o que você quer?

- É o que o senhor deveria fazer! O senhor não entende? OS POTTER ESTÃO MORTOS!! A LÍLIAN ESTÁ MORTA! E A CULPA É MINHA!! A CULPA É TODA MINHA!!!!

- Não, Severo… É por minha culpa que Lílian e Thiago estão mortos. – o diretor respondeu com firmeza. – Ou, devo dizer, principalmente por minha culpa: não posso ser arrogante e assumir integralmente, a culpa pelos assassinatos que Voldemort cometeu. Mas sou responsável, sim. Conhecia muito bem os Potter. Thiago era um jovem bruxo corajoso, inteligente, idealista, alegre e cheio de vida... Mas eu me esqueci de que ele era apenas um rapaz de 22 anos. Eu imaginei que, sabendo que você estava lá em meu nome, e que eu garantia que você era da maior confiança, ele fosse acreditar no que você estava dizendo... Que fosse ouvir e levar a sério tudo o que você tinha a dizer... Imaginei que, depois de eu ter sido avisado, tantas vezes, da possível traição de um dos amigos, ele conseguisse aceitar... Mesmo que a verdade parecesse dura, absurda... Ah! Era eu quem deveria ter ido avisá-los! Talvez assim eles tivessem ouvido e acreditado...

Severo estava parado, em pé no meio da sala, sem perceber. Encarava Dumbledore, perplexo, quase sem respirar.

- Sente-se, Severo. – foi um pedido, muito mais do que uma ordem.

Confuso, ele obedeceu.

- Sim, Severo! Foram os meus erros que desencadearam essa tragédia... Os velhos são culpados quando esquecem como é ser jovem...

O sol estava nascendo e uma linha alaranjada clareava o horizonte acima das montanhas. Os primeiros raios de luz iluminaram Dumbledore, suas barbas longas e muito brancas, suas rugas, sua expressão cansada.

- Eu sabia o quanto a segurança dos Potter... de Lílian... era importante para você. Por isso o mandei nessa missão. Eu queria que você sentisse que superava? Compensava? Pagava? Apagava? ... enfim... a culpa pelo fato de ter levado a profecia a Voldemort. Não pensei que as mágoas entre você e Thiago ainda fossem tão grandes, tão profundas... Não levei em conta o sentimento que você e Thiago nutriam um pelo outro. Esqueci que algumas feridas são profundas demais para cicatrizar assim tão rápido... Pensei que vocês dois pudessem superar o que sentiam um pelo outro, pelo menos num momento como esse... Imaginei que seria mais fácil convencê-los.

- Ah, não, professor! Não adianta... Não tente mudar as coisas... minimizar… Eu sei que a culpa é minha!-ele se recusava a receber qualquer demonstração de compreensão ou solidariedade. Não estava preparado para isso. Não merecia isso. - Eu me irritei com ele... eu o desprezava... Eu estava morrendo de ciúmes e de inveja dele! Eu disse que não me importava com o Potter, lembra? Quantas vezes eu não disse ao senhor, aqui mesmo? Foi mais do que isso, depois... Eu... eu quis… eu QUIS QUE ELE MORRESSE!!

- E você ficou satisfeito? Você ficou feliz ao assistir ao assassinato de Thiago Potter, Severo? – a pergunta era firme, mas Dumbledore o encarava com simplicidade.

- Não... – Severo admitiu, baixando a cabeça.

- Severo… É disso o que eu estou falando! Você não é mau! Não é um assassino frio! Não é um psicopata! Você é só um garoto…

Severo ainda olhava para o chão, sentindo uma mistura de tristeza, culpa e raiva. Mas estava totalmente determinado a não mais sentir.

- Eu tenho que ir, professor. Tenho que ir embora daqui.

- É isso que você quer?

Silêncio.

- O que você escolhe, Severo? Vai fugir? Vai se entregar? Se matar? Ou vai ficar e ajudar?

- Mas... mas, professor? Eu não fui, não sou... digno da sua confiança. Eu procurei Voldemort, eu me dispus a ir com ele, vê-lo matar Thiago Potter e o filho... Eu PEDI a ele que poupasse a vida de Lílian, que a desse para mim... como recompensa pelos meus serviços... Eu vi tudo... EU FIQUEI LÁ, VENDO TUDO! EU VI TUDO E NÃO FIZ NADA!! Tudo o que eu queria... era que ele deixasse Lílian viver...

Dumbledore suspirou e não disse nada. Ficou contemplando o nascer do sol através da janela. Depois de um instante, voltou a olhar para Severo e disse pesaroso:

- Eu não aprovo o que você fez. Mas posso entender, mesmo sem concordar.

Severo não respondeu, cobrindo o rosto com as mãos. Dumbledore continuou:

- Você escolheu voltar. Depois de tudo o que aconteceu você escolheu vir e me contar tudo. Sem me esconder nada, sem esconder o pior. Você lutou, escolheu lutar pelo seu amor... e com isso, fez com que Voldemort desse à Lílian a possibilidade de escolha. Ela teve uma possibilidade clara de escolha. E isso fez com que uma coisa maravilhosa acontecesse...

Severo levantou a cabeça e encarou Dumbledore sem entender.

- Sim, Severo! Aconteceu uma coisa maravilhosa, dentro dessa tragédia toda! O menino sobreviveu! A Maldição, que deveria ter matado o bebê, virou-se contra o próprio Voldemort e o destruiu!

- Mas… mas… como? Como isso é possível?

- A escolha de Lílian! No momento em que, podendo escolher, ela deu sua vida para salvar o filho, ela conferiu a ele uma proteção invencível! Um escudo... um escudo mágico gerado pelo amor de mãe. Magia antiga, mas muito poderosa...

- Quer dizer... quer dizer que o bebê... O senhor está dizendo que o filho da Lílian sobreviveu?

- Sim! Eu acabei de ter notícias de Hagrid, que retirou o menino pessoalmente dos destroços. Parece que ele ganhou uma cicatriz na testa, mais nada. Estava assustado, mas bem. Hagrid vai levá-lo a um lugar seguro. Parou em Cardiff... o bebê vai ser examinado pelos curandeiros de lá, enquanto temos tempo para tomar as providências que faltam... E daqui a algumas horas, vou deixá-lo em um lugar seguro. Onde ele fique livre de perigos, de riscos, afastado de todo mal... Ele ficará seguro, para que seja criado e protegido, escondido até...

- Mas.. Professor, eu não estou entendendo... Perigo? Riscos? Voldemort foi destruído!

- Você sabe muito bem, Severo... talvez melhor do que eu... que ainda não acabou. Essa guerra atual vai acabar agora, sim... O líder foi destruído, muitos Comensais serão capturados na madrugada de hoje... Mas isso não é tudo. Muitos Comensais ainda estão soltos por aí e nada será provado contra eles... alguns são pessoas de quem nem suspeitamos. E por tudo o que você já me contou, tudo o que sabemos sobre Voldemort e sua busca pela imortalidade... Tenho a certeza de que Voldemort não se foi para sempre. Seu corpo foi destruído, mas ele não morreu. Pode demorar, mas ele vai voltar. Sempre, depois de uma derrota e uma trégua, a Sombra toma outra forma e cresce de novo... Temos muito a fazer. E eu conto com a sua ajuda, se assim você escolher...

- Mas... Por quê? Por que confiar em mim, professor? Como o senhor consegue se nem eu mesmo me sinto seguro? Depois de tudo...? Por quê?

- Ah... Excelente pergunta! – Dumbledore deu um sorriso, respondendo como se aquela fosse uma pergunta interessantíssima de aula - Tenho certeza de que eu a ouvirei incontáveis vezes pela vida afora... Mas só vou responder uma vez, e só a você. Não existe uma razão única. Posso dar várias, fazer uma lista delas. Mas posso resumir tudo dizendo que conheço você. Conheço você muito bem agora. Eu consegui, depois desse tempo de convivência, Severo, atravessar o seu verniz de sarcasmo e ironia... a sua armadura de orgulho e controle ... consegui enxergar além dessa comédia de erros que sua vida tem sido nesses últimos anos. E depois disso, sabe o que eu vejo? Eu vejo um rapaz, um jovem bruxo inteligente, talentoso, dono de um raciocínio rápido e de um perfeccionismo sem igual. Um rapaz desorientado, traumatizado por uma infância de sofrimentos e abusos físicos e emocionais... Vejo um bruxo que se deixou levar por escolhas erradas, na sede de reconhecimento, de aprovação, de recompensas materiais e palpáveis pelo seu valor... mas que mudou de idéia, teve coragem e se arriscou... Vejo um garoto que precisou ver e enfrentar mais do que deveria... precisou conhecer o lado sombrio da realidade... Vejo um homem que aprendeu desde muito cedo a manter seus sentimentos cuidadosamente sob controle porque não tem certeza do que pode acontecer se perdesse esse controle...mas, ao não aprender a lidar com os sentimentos, por não dar chance a eles, está sempre sujeito a explosões e tempestades emocionais... Vejo um cínico que acha que eliminou completamente sua própria sensibilidade, sua própria empatia, mas que é capaz de sentir... de amar... de sentir culpa, sentir remorsos, de reconhecer os erros... E isso é não é nada fácil, já que você é orgulhoso demais, complicado demais... Eu o conheço e o aceito. Do jeito que é, com suas qualidades e limitações... Eu o entendo, e isso não é fácil de se conseguir... Embora não aprove tudo o que faz, eu posso entender... Eu sei que você percebe isso. Eu sei que você respeita e admira a minha opinião. E teme perder o meu respeito, respeito que conquistou nesses últimos meses. Iria embora daqui sem ouvir o que penso, só por medo de saber que perdeu o meu respeito... Mas, conhecendo você, como eu acho que só eu o conheço, sei que posso confiar.

Dumbledore respirou fundo, fazendo uma pequena pausa.


- Você se subestima, Severo! Você é melhor do que se julga, é capaz de muito mais do que imagina! Porque você conhece o amor, Severo! Isso é importantíssimo, é a sua força, é a fonte da sua humanidade! Mesmo que esse sentimento o faça sofrer, ele existe em você... por isso você foi corajoso o suficiente para fazer uma promessa muito difícil, movido pelo amor... Sim! Você sabe que assumiu um compromisso mágico no momento em que prometeu ajudar a proteger Harry Potter... Claro que, também... - Dumbledore fez uma pequena pausa, seus olhos azuis brilhando intensamente por trás dos óculos.

Severo encarou-o sem dizer nada, com o coração disparado, e ficou esperando.

- Talvez... talvez eu seja só um velho bruxo tolo, de coração mole, que acredita e aposta no melhor de cada um... – ele completou, com uma risadinha.

Depois completou, ficando sério:

- Como eu disse, Severo, ainda há muito a fazer. Precisamos ajudar a prender e punir os culpados. Reconquistar a paz e a segurança para todos. Garantir que as coisas fiquem bem. Eu espero que tudo fique bem por muito tempo. Tenho certeza de que qualquer pessoa que tenha vivido essa guerra espera que nada disso volte a acontecer, não enquanto viver, pelo menos... Mas não nos cabe determinar isso, infelizmente... Tudo o que podemos decidir é o que fazer com o tempo que nos é concedido. Por isso, Severo, eu quero uma resposta sua agora. Vou respeitar qualquer que seja a sua decisão, mas quero uma resposta. Escolha!

Severo se endireitou na cadeira, meio tonto e confuso, olhando para os joelhos. Nada daquilo parecia certo. Nada parecia fazer sentido. Mas, talvez, aquele velho bruxo na sua frente tivesse alguma razão, afinal. Por isso, tudo o que ele conseguiu foi responder num sussurro:

- Eu... O senhor pode contar comigo, professor.

Quando ele ergueu a cabeça, pensou ter visto uma lágrima escorrendo pelo rosto de Dumbledore.

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Durante todo o dia 31 de outubro, Sirius pensou nos Marotos. Sentiu saudades dos velhos parceiros durante as batalhas ao longo do dia. Estava ao lado de companheiros da Ordem, mas não havia Thiago, Pedro ou Remo ao seu lado. Era Halloween, e ele não conseguia evitar as lembranças de todos os Halloween que os Marotos tinham passado juntos.

Eles tinham jurado ser amigos para sempre. Viver para sempre. Era a regra número um do Código dos Marotos. Eles eram uma lenda! As pessoas iam falar deles, contar suas histórias em Hogwarts através das gerações... Os Marotos iam durar para sempre...

Mas ele se sentia vagamente inquieto, preocupado. Sabia dos problemas que Remo estava enfrentando no covil dos lobisomens. Tudo bem, os Aurores estavam cuidando disso, mas mesmo assim... Além disso... E o Pedro? Pedro estava sumido... Thiago estava seguro em Godric's Hollow, mas mesmo assim...

A Guerra estava cada vez pior. Sirius tinha passado os últimos dias lutando quase sem descanso. Quando anoiteceu, ele teve a idéia de procurar Pedro, saber se ele estava bem. Quem sabe, ir com ele a Godric’s Hollow. Ou, pelo menos, garantir que o amigo ficasse num esconderijo seguro.

Foi até a casa dele. Bateu, nada. Entrou, nem sinal. Procurou-o pelas redondezas... Um pressentimento horrível fez sua nuca arrepiar. Balançando a cabeça para espantar maus pensamentos, ele saiu. Rumo a Godric’s Hollow, é claro.

Quando a motocicleta voadora se aproximou do local onde antes tinha sido a casa dos Potter, Sirius sentiu todo o seu sangue fugir, todo ar desaparecer. O coração falhou uma batida. O cérebro simplesmente parou de funcionar.

Não! Não era possível! Toda a dimensão do horror tomou conta dele, antes mesmo da moto descer e ele estacionar. Eles tinham morrido! Thiago! O amigo do peito, mais do que isso, o irmão! Aquele que o acolhera desde o primeiro ano de escola! Aquele com quem tinha dividido todas as alegrias e tristezas desde os onze anos de idade! Lílian! A amiga, a menina mais linda e popular da escola! O amor da vida do seu amigo! Harry... ah, por Merlin, o pequeno Harry Potter, o seu afilhado, o seu pequeno Harry! Aquele menino querido, que Sirius tinha jurado proteger, cuidar, levar aos estádios nos jogos de quadribol... Não! Não... Tudo aquilo era horrível demais... Um pesadelo horrível... Não, não podia ser verdade!

Pedro... Quer dizer, então, que era Pedro, esse tempo todo? Todo esse tempo, era Pedro o traidor nojento, o espião de Voldemort entre eles?! Agora, olhando incrédulo para os destroços, vendo a traição concretizada, ele não conseguia explicar como tinha sido tão estúpido! Como é que ele não tinha desconfiado, não tinha percebido antes? Como ele tinha tido coragem de suspeitar de Remo? DE REMO! Ah, por Merlin! Remo Lupin, o Aluado... o monitor, o boa-praça... todo certinho, preocupado, sensato.... O Maroto sempre leal, sempre tão agradecido e emocionado pela companhia dos amigos nas noites de transformação... O Remo que tinha ficado amigo de Lílian Evans, muito antes de ela namorar Thiago! Quantas e quantas vezes ele tinha ofendido Remo nos últimos meses? Seu coração quase se partiu de remorsos.

Tremendo, muito pálido, as lágrimas escorrendo, ele se aproximou. Parecia ter havido um grande incêndio, e agora só restavam cinzas e destroços. No meio dos escombros, ele avistou a figura inconfundível de Hagrid.

- Hagrid?

- Sirius! – o gigante gritou ainda dentro da casa. – Estou saindo!

- O que foi… o que foi... – Sirius não conseguiu completar a frase, os ombros sacudindo com os soluços.

- Ah! Sirius... Uma desgraça… uma grande desgraça, o que aconteceu aqui... Uma coisa horrível... Thiago e Lílian estão mortos, eu retirei os corpos... Não vou deixar que os trouxas fiquem com os corpos deles... – fungou alto, puxando um grande lenço encardido do bolso. O bebê embrulhado no seu colo ainda chorava assustado, por isso ele o mostrou a Sirius – Veja, Sirius! Na-nã-não consigo acreditar... O Ha-harry... o Harry conseguiu escapar! Ele sobreviveu, veja! Só uma cicatrizinha de nada na testa…

Sirius não disse nada, olhando espantado o bebê. As lágrimas embaçavam a sua visão, mas ele nem se deu ao trabalho de tentar enxugá-las. Parecia um milagre. O tipo de milagre que dava forças para que ele continuasse vivendo...

- Me dá o Harry, Hagrid! Eu sou o padrinho, vou cuidar dele... Eu prometi ao Thiago...

Hagrid assoou o nariz ruidosamente e respondeu firme:

- Não! Eu recebi uma missão... prometi a Dumbledore que ia levar o bebê pra ele.... Se você quiser, depois pode falar com Dumbledore... Mas Dumbledore quer ver o bebê... Eu vou levá-lo direto para Dumbledore agora, como prometi.

- Mas, Hagrid!

- Não, Sirius! Eu vim a mando de Dumbledore. E tenho ordens expressas de levar o bebê comigo. Depois, se você quiser, fale com ele...

-Tá... Tudo bem… eu entendo, tudo bem… Vá com a moto, então...

- A moto? A sua motocicleta voadora?

- Não vou mais precisar dela...

- Mas você adora essa moto, rapaz!

Sirius apenas sacudia a cabeça, chorando muito.

- Não interessa mais... Não faz diferença, você não entende?

- OK, então... Fazemos assim: eu vou com a moto, levo o bebê, faço o que tenho que fazer, e volto aqui para devolver, está bem assim? - Hagrid deu um tapinha amistoso nas costas de Sirius, tentando consolá-lo.

Um gigante e um bebê. Os dois saíram voando, montados na motocicleta voadora, enquanto Sirius apenas observava.

Estava amanhecendo quando Sirius finalmente saiu de lá. Agora, ele tinha apenas uma idéia fixa na cabeça: ele ia encontrar e matar Pedro. Com suas próprias mãos. Aquela idéia sombria passou a dominar sua mente. Graças a ela, ele conseguiu parar de chorar. Pensando nela, ele recuperou a clareza suficiente para saber onde procurar.

Pedro era um homem de hábitos. Um rato de hábitos, ele pensou, rangendo os dentes num fiapo de ironia. Ia ser fácil de encontrar. Sirius tinha que eliminar aquele rato da face da Terra. Até que isso acontecesse, nada mais importava.

A mente cada vez mais conturbada, angustiado, Sirius começou a se lembrar dos tempos de escola. Era ele a mente assassina do grupo, todos diziam isso, e ele gostava de brincar com a idéia. Afinal, ele era um Black! Em suas veias corria o sangue puro e maligno dos Black... Tinha sido ele quem bolara aquela brincadeira que quase terminara matando Snape, não é? Se não fosse por Thiago, salvando o Ranhoso na última hora, ele já teria uma morte nas costas… Agora, por causa da brilhante idéia que ELE tinha dado, Thiago tinha morrido. Ele tinha matado Thiago e Lílian com a sua burrice!

O sol já estava forte quando ele finalmente avistou Pedro, na mesma rua movimentada de Londres por onde o rato costumava passar TODOS OS DIAS... Aquele idiota! Aquele covarde, traidor, nojento, idiota!
Havia uma multidão de trouxas na rua naquele horário, mas Sirius não estava nem um pouco preocupado. Na verdade, ele nem mesmo tinha notado. Aproximou-se de Pedro o suficiente para poder falar, num misto e ódio e tristeza, grunhindo, quase mastigando as palavras:

- Como você pôde, Pedro? A gente confiava em você! A gente sempre confiou em você! Você era nosso amigo... Quantas vezes a gente ajudou você, Pedro? Nos deveres, nos estudos, na Transfiguração... A gente tinha jurado, lembra? A gente JUROU ser amigo para sempre… Como você pôde fazer isso, Pedro? Como pôde? Fazer isso com o Thiago? Com a Lílian? Com o Harry, um bebê? Comigo??

Pedro estava pálido com o susto.

- Eu não fiz nada… eu não fiz nada... Eu não sei do que você está falando...

- Eu fui lá! Eu vi! Eles morreram! Eles estão mortos!! E a culpa é sua!! A culpa só pode ser sua, seu rato nojento!!

Pedro, então, fez algo que surpreendeu Sirius. Deu um meio sorriso irônico, e respondeu bem baixinho:

- Rato nojento, é? Ah, o Pedro... pobre Pedro, tão lerdo... o Pedro é bobinho, não é? Ninguém nunca suspeita do Pedro, porque, sabe como é... ele é lento... ele é… BURRO! Pois veja o Pedro lento e burro agora, Sirius! Veja só quem é o burro, o lento, agora!!

Com um movimento rápido, ele conseguiu pegar sua varinha antes que Sirius tivesse tempo de reagir. Gritou de uma maneira bem teatral, escandalosa, para que toda a rua ouvisse com clareza:

- LÍLIAN E THIAGO, SIRIUS! COMO É QUE VOCÊ PÔDE? - E fez um gesto fingindo erguer a varinha na direção do outro.

No mesmo instante, deu a Sirius um sorriso malicioso. No lugar de apontar a varinha para o outro, apontou para si mesmo, para sua própria mão.
Tarde demais, Sirius percebeu o que ele planejava. Todo mundo imaginava que era Sirius o Fiel do Segredo dos Potter. Todo mundo deduziria que era ele o traidor, não Pedro. Ninguém sabia nada sobre Pedro. Antes que Sirius conseguisse pegar sua varinha e apontar para o desgraçado, tudo à sua volta explodiu. A rua toda virou uma confusão de gritos, chamas, fuligem e corpos. Sem ser notado por ninguém, um rato escapuliu com rapidez para os esgotos. Para todos os lados havia trouxas mortos, gente gritando. Sirius ficou parado ali, perplexo, a varinha na mão, alguns pedaços da roupa ensangüentada de Pedro na sua frente. Mantinha os olhos fixos no que parecia ser um dedo mínimo no chão.

Era tudo tão… absurdo! Tão surreal… Era uma loucura! Em Hogwarts, era ele, Sirius, quem pregava peças em todos. Ele e Thiago. Sirius e Thiago, era essa a dupla imbatível, infernal. Sirius era o autor das pegadinhas mais fantásticas. Pedro gostava de observar, de admirar e aplaudir. O garoto gordinho, tímido, aquele que ninguém achava esperto, mas de quem todo mundo gostava. Mas esse garoto era na verdade um monstro, maligno e desalmado. Era muito mais inteligente do que todo mundo pensava! E tinha conseguido pregar a maior peça de todos os tempos em Sirius! Era cruel, maligno, mas genial!

Era enlouquecedor! Era insano! Sirius começou a rir da ironia de tudo aquilo. Era hilário! E assim que ele começou a rir, não conseguiu parar mais. Era tudo tão inacreditável! Tão surreal! Tão absurdamente… engraçado!

Ele ria às gargalhadas agora. Gargalhava porque o incompetente, o lerdo e inútil do Pedro Pettigrew tinha conseguido enganar todo mundo, direitinho! Ria porque o bebê de pouco mais de um ano, o pequeno Harry Potter, tinha conseguido destruir o grande e temido Lorde Voldemort. Era uma grande ironia... Ele ria porque Sirius Black, o último bruxo da grande e famosa linhagem “toujour purs” dos Black, que se julgava tão esperto, tinha sido completamente enganado... E não podia chorar mais...

Sirius foi levado por vinte policiais do Esquadrão de Execução das Leis da Magia. E ele foi rindo, dando gargalhadas, até que os Aurores o jogaram em Azkaban e os Dementadores tiraram de uma vez toda a graça da situação.

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Um minuto. Foi o tempo que durou a sua felicidade. Esse foi o primeiro pensamento de Remo. Naquela manhã, Aurores invadiram a gruta, libertando os prisioneiros e capturando os poucos lobisomens que estavam montando guarda. Eufóricos, eles contavam a quem quisesse ouvir que Voldemort tinha sido derrotado. Ah, Remo Lupin achou que há muito tempo não se sentia tão feliz...

Mas aí ele ouviu com mais atenção o resto da notícia. Quem tinha derrotado Voldemort tinha sido uma criança, um menino, Harry Potter. Os Potter tinham sido descobertos e assassinados. Só o pequeno Harry Potter sobrevivera. E, de alguma maneira, tinha feito Lorde Voldemort ser destruído. Harry Potter, o bebê de um ano, tinha sobrevivido, mas Thiago e Lílian Potter tinham morrido no ataque.

Thiago Potter. Pontas.

Eles eram quatro. Quatro amigos inseparáveis desde o primeiro dia de escola. Aluado, Almofadinhas, Rabicho e Pontas. Os Marotos. Um dia, eles tinham prometido ser amigos para sempre. Viver para sempre. Eles tinham feito uma promessa quando descobriram o seu segredo. Iam ficar juntos. Sempre unidos, mesmo na lua cheia. Estudaram e aprenderam a ser animagos por ele, para ficar ao lado dele.

Só que a vida depois da escola os separou mais rápido do que qualquer um deles poderia imaginar. Eles eram invencíveis, inseparáveis, dentro dos muros da escola. Mas, quando a poeira abaixou, só ele tinha sobrado.

Thiago tinha sido o primeiro. Como um herói, tinha partido como o herói que sempre fora. Tinha ido com Lílian, o amor da vida dele e a melhor amiga de Remo. Pedro tinha partido também. Assassinado pelo traidor. Pobre Pedro! Finalmente, com a morte, realizava o seu sonho de ser herói, de ter fama, a glória... Os Aurores comentaram que o Ministério planejava conceder a Pedro a Ordem de Merlin, primeira classe!

E Sirius? Sirius também não existia mais... Não o Sirius que um dia eles acharam que conheciam, o Almofadinhas. Afinal, era ele que, no fim das contas, tinha destruído todos eles... Sirius, o assassino. Sirius, o traidor... Será que ele achava que tinha valido a pena?

Eu gostaria de saber quando foi que ele decidiu nos trair, pensou Remo. Quando foi que tudo mudou para ele... Eu espero que ele apodreça em Azkaban! Espero que ele sofra muito, todos os dias! Espero que enlouqueça de dor e sofrimento na prisão! O que ele fez é mais do que imperdoável! Matar Thiago e Pedro!! Tinha matado uma parte dele também...

Saiu para a rua a tempo de observar o pôr-do-sol. Os bruxos à sua volta estavam comemorando o fim da guerra, a derrota de Lorde Voldemort. A paz.

Eu vou ser forte de agora em diante, era tudo o que conseguia pensar. Tinha que ser forte. Ele ia sobreviver. Doía muito, talvez fosse doer para sempre, como a licantropia(1). Ele era um sobrevivente. Mas nunca mais seria o mesmo. Nunca mais um Maroto. Nunca mais teria amigos como aqueles...

Ah, ele nunca poderia imaginar que seria o último Maroto….

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A Rua dos Alfeneiros estava deserta, porque era quase meia-noite, quando um homem apareceu na esquina. Tão súbita e silenciosamente, que se poderia pensar que tivesse saído do chão.

Era uma figura completamente insólita por ali. Ninguém jamais vislumbrara nada parecido com ele nas redondezas. Era alto, magro, com cabelos e barba prateados, tão longos que daria para amarrar no cinto. Usava vestes longas, debaixo da capa de viagem. Seus olhos incrivelmente azuis cintilavam por trás de óculos em meia-lua, apoiados sobre o nariz longo e torto. Seu nome era Alvo Dumbledore e ele era o diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

“É o melhor lugar para ele... É o lugar certo para ele...” Dumbledore vinha repetindo para si mesmo, tentando se convencer e se conformar. “Os tios vão poder lhe explicar tudo quando ele for mais velho... quando chegar o momento... podem lhe mostrar a minha carta... a carta que eu vou deixar junto com a criança. Aqui ele vai estar seguro e protegido, porque está garantido pela magia que eu mesmo amplifiquei, a proteção do sangue. Até ter capacidade de compreender... até ter idade suficiente para saber... Enquanto isso, eu não descansarei... vou pesquisar tudo, o máximo possível. Sobre o que aconteceu, sobre o que pode vir a acontecer. Para quando o menino precisar saber...” Para quando o menino precisasse conhecer as Sombras que essa Guerra lançara sobre o seu futuro...

Enquanto pensava, apalpava a capa, procurando seu apagueiro. Logo Hagrid chegaria trazendo o bebê.

Sentindo-se observado, ele ergueu, de repente, a cabeça para o gato que o fixava. Com uma risadinha divertida, murmurou: “Eu devia ter imaginado”. E se preparou para explicar tudo aquilo para Minerva MacGonagall, a bruxa disfarçada em gato.

Longe dali, havia pessoas se reunindo em todo o país, erguendo seus copos e brindando com vozes abafadas:

“-A Harry Potter, o menino que sobreviveu!”




“I see trees of green, red roses too
I see them bloom for me and you
And I think to myself what a wonderful world

I see skies of blue and clouds of white
The bright blessed day, the dark sacred night
And I think to myself what a wonderful world

The colors of the rainbow so pretty in the sky
Are also on the faces of people going by
I see friends shaking hands saying how do you do
They're really saying "I love you."
I hear babies crying, I watch them grow
They'll learn much more than I'll never know
And I think to myself what a wonderful world
Yes I think to myself what a wonderful world...Oh, yeah!”
What A Wonderful World - Louis Armstrong

Eu vejo árvores verdes, rosas vermelhas também
Eu as vejo florescer para eu e você
E eu penso comigo mesmo: que mundo maravilhoso
Eu vejo céus azuis e nuvens brancas
O resplandecente e abençoado dia, a escura e sagrada noite

E eu penso comigo mesmo: que mundo maravilhoso
As cores do arco-íris tão lindas no céu
Estão também nos rostos das pessoas passando
Eu vejo amigos apertando as mãos dizendo "Como vai você?"
Eles realmente estão dizendo "Eu amo você!"
Eu ouço bebês chorando, eu observo eles crescerem
Eles aprenderão muito mais do que jamais saberei
E eu penso comigo mesmo: que mundo maravilhoso!
Sim, eu penso comigo mesmo: que mundo maravilhoso!
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(1) licantropia: metamorfose do homem em lobo (crendice amplamente difundida) (Dicionário Houaiss)


Algumas observações:
1) a conversa de Dumbledore com Severo é MUITO semelhante a uma conversa dele com Harry no livro 5. Aproveitei as reações de Dumbledore, o jeito de ele pensar. Também tem um pouco do que ele fala para o Draco no livro 6. E aproveitei a oportunidade para responder aquilo que todo mundo tem vontade de saber: por que, afinal, Dumbledore confiava tanto em Severo?

É isso aí, moçada... Acabou! Foi um bom desafio escrever essa fic, contando aquilo que eu acho que aconteceu nos bastidores dessa época. Confesso que sofri bastante nesse final... Mas eu AMEI a resposta de vocês, os comentários, o incentivo... Super obrigada a todo mundo que leu, que palpitou, comentando sempre ou não... Nesse penúltimo capítulo, então, os comentários de vocês me deixaram emocionada, derretida, super hiper agradecida...
Comentários especiais:
Belzinha: Imagine se seria tosco um comentário seu, menina? Eu fiquei super emocionada, isso sim! Que bom que você gostou da comparação com O Morro dos Ventos Uivantes!! É um romance que eu adoro, um dos meus favoritos, e o Severo SEMPRE me fez lembrar do Heathcliff... Ainda mais do ser estranho e desprezível que ele se torna... Pois é, eu fiz questão de encaixar o lance da promessa do Snape pra Lillian, porque o relacionamento do Harry com ele é tão complicado, um lance tão de amor e ódio... o Snape trata ele super mal sempre, mas vive salvando a vida dele... proteger o Harry, e sobre ele ter que aprender sobre a realidade da vida... A aula de Oclumência é um exemplo típico!! Eu quis mostrar o quanto esse amor impossível do Snape foi complicado. Não quis fazer nada simplista. Mas essa complicação foi o que causou a possibilidade de escolha para Lílian. E que salvou a vida do Harry. Espero ter conseguido mostrar o que Dumbledore sentiu ao saber de tudo... Pois é, o cara é um sábio, e tem o amadurecimento de quase 150 anos... Mas, moral da história, você não estava imprestável no comentário, coisa nenhuma! Ficou sensacional, e eu que fiquei imprestável de emocionada e agradecida ao ler... Mil beijos!!
bernardo: Ah, super- obrigada pelos elogios!! Você sabe que eu adoro sua fic, adoro o jeitão que você escreve! Temos estilos totalmente diferentes, mas por isso fico superfeliz e lisonjeada por você curtir minha fic!! Confesso que sempre que escrevo alguma cena do Severo fico imaginando o que vc vai achar... hehehehe.... Grande beijo! Adorei o aviso na sua fic, um contraponto ao do drama na minha...
Sally Owens: Você não imagina como eu fiquei orgulhosa com os elogios vindos de vc, amiga!! Que bom que gostou da ref. ao Morro dos Ventos Uivantes também!! Eu entendo a sua demora, o seu receio em ler esse capítulo. É um baita de um drama anunciado, né? A gente já sabe muito do que acontece, já sabe que vai ser triste, duro... Pra eu escrever foi dureza, mesmo. Principalmente a inocência do Tiago e da Lílian, diante da desgraça iminente... a dor da traição deve ter sido o pior pra eles... Mas tudo, até o pior dentro do que o Severo fez, contribuiu pro Harry ser o que é, estar vivo e forte. Como vc mesma disse, é trágico e estúpido, mas é fato. Quanto ao Severo, acho que eu sinto alguma coisa parecida com o que a JKR diz dele: adoro o personagem, embora ele não seja uma pessoa legal. Adoro escrever sobre ele, pq tenho certeza de que ele não é vilão, não é traidor, mas é uma pessoa muito sombria. E sou eu quem agradeço por tudo, pelos elogios, pela força, pela propaganda da minha fic, pelo incentivo... Um beijo enorme procê também!!
: eu adoro os seus comentários! Esse, “sem palavras...” foi o máximo!! Tudo o que a gente quer quando escreve um cap. emocionante é deixar quem lê sem palavras... Super obrigada!! Nem precisa falar mais nada! Mil beijos!
Morgana Black: Ah, Morganinha, fiquei tão emocionada com o seu comentário! O que vc sentiu sobre o Snape era EXATAMENTE o que eu queria que as pessoas sentissem! Você captou tudinho, se colocou no lugar do pobre... difícil mesmo, né? Quanto ao Morro, o filme é bárbaro, mesmo, super fiel ao livro... Se for ler, compre a tradução da editora Record, é a melhor, sem dúvidas! (eu sou meio fanática por esse romance...) O Snape não é um “clone” do Heathcliff?? Eu estou até escrevendo uma coluna pro Potterish defendendo essa teoria! No mais, super obrigada pelos elogios, que eu adoro e fico toda prosa... Mil beijos! E saiba que também tenho adorado ler suas fics...

Super obrigada a todos!! Adorei escrever essa fic!! E agora? Acabou??
NÃÃÃO!!!

Tem mais!!

Quase dezesseis anos depois dessa história...

Severo Snape passou todos esses anos sendo professor em Hogwarts. Primeiro, dez anos mais ou menos iguais. Depois, chegou a hora de se confrontar com seus piores fantasmas. Reviver sua dor, confrontar seu passado. E honrar uma promessa de amor.

Essa foi a sua prova de fogo, a penitência pelos seus erros do passado: dar aulas para Harry Potter. Encarar dia a dia o menino que era, em tudo, a cópia do homem que ele mais detestara no mundo: Thiago Potter. Mas que tinha os olhos da mãe, Lílian Evans. Os olhos do amor da sua vida. Olhos que lembravam a única mulher que ele tinha amado com todo o seu coração, a única que ele amaria por toda a vida. A mulher por quem ele daria tudo, daria a própria vida, e que só tinha lhe pedido uma coisa. Tinha pedido que cuidasse do seu filho.

Dividido por sentimentos contraditórios, ele acompanhou o menino, protegeu-o e salvou sua vida várias vezes ao longo de seis anos.

Por isso, reuniu seus escritos. Pedaços de diários, pensamentos soltos. Organizou tudo e complementou. No início, tinha começado a escrever um diário numa tentativa de não enlouquecer. Depois, para ajudá-lo a pensar. Agora, aqueles papéis teriam a função de orientar. Responder perguntas, ajudar a compreender e, quem sabe, dar pistas para a busca final do menino.

No final de tudo, estivesse Severo vivo ou morto, preso em Azkaban ou foragido, o que interessava para ele era cumprir a promessa.

"- Prometa que vai protegê-lo, como se fosse a mim. Por mim. Prometa que fará todo o possível para protegê-lo do mal... E se, ou quando, for necessário... você o ajudará na missão que ele vai ter que realizar... Você pode me prometer isso?"


OS DIÁRIOS DE SEVERO SNAPE

(http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=15885)

Em breve!!

(pois é... eu não consigo ficar parada...) Espero todo mundo lá!!!




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