Férias Diferentes



Cap. 2 – Férias Diferentes

Assim que deixei a estação e entrei no carro dos meus pais, soube logo que já não estava segura. Por um lado gosto imenso da minha amizade com Harry, mas por outro lado é terrível saber que podemos morrer de um dia para o outro. Assim que eu saí da enfermaria, fui logo chamada à presença de Dumbledore. Nem Ron, nem Harry, nem Ginny sabem que eu fui falar com o director, pois eu fiquei tão chocada com as palavras dele, que não tive coragem para falar para os meus amigos. Dumbledore nessa reunião que a minha amizade com Harry tinha chegado aos ouvidos de Voldemort: pelos vistos os Devoradores aperceberam-se do pânico de Harry quando eu fui atingida pela maldição e Voldemort agora sabia como atingir Harry e faze-lo sair do esconderijo, que era a casa dos Dursley. Ou seja, se Voldemort me raptasse era muito provável que Harry arriscasse a sua segurança para garantir a minha. Mas a única pergunta que eu fiz a Dumbledore foi: Porquê eu e não Ron ou Ginny? E ele respondeu-me que nem mesmo Voldemort não conseguiria aproximar-se da Toca, pois esta estava tão rodeada de feitiços, que quando Voldemort conseguisse chegar à casa, já a encontraria vazia. Arthur e Molly eram bons feiticeiros e certificaram-se de quando arranjaram aquela casa que os filhos que teriam estivessem seguro. Tinha tantos detectores de Arte das Trevas, que permitia a que Molly soubesse que Voldemort ou os devoradores estavam por perto, mesmo que estivessem a 500 metros da casa. E Molly tinha muitos meios de fugir de casa. E então Dumbledore me explicou que o mesmo não se passava comigo, que por viver num bairro de Muggles, estava mais vulnerável a um ataque de devoradores. Perguntei se não poderia haver alguma coisa que pudesse ser feita em relação a isso. A resposta dele foi que a única solução era ou a minha família se esconder sob o feitiço Fidelus ou então mudar-nos para Grimmauld Place. E então pensei que isso não era possível, pois embora o meu pai mostre um certo interesse por magia não iria querer se esconder ou mudar-se para uma casa repleta de magia e feiticeiros. E Dumbledore já sabia isso. E sabia que eu já tinha chegado à conclusão de qual seria a solução. E perguntei-lhe quanto tempo ficava em casa dos meus pais. Ele respondeu-me que o menos possível, ou seja Dumbledore iria me buscar a 28 de Julho, ou seja eu passaria perto de um mês com os meus pais, o que apesar de ainda ser muito tempo, para mim era péssimo. Não gostava muito de estar afastada dos meus pais, mas para mim a segurança de Harry estava muito acima da minha própria vida. Sei isso, porque não era capaz de viver sem o ter ao meu lado, apercebi-me que me apaixonei por ele quando me Ginny disse que ele raramente tinha saído do meu lado enquanto eu estava internada na Ala Hospitalar e eu mesma comprovei isso quando acordei, pois ele só saía do meu lado para não ter de faltar às aulas. E foi esse jeito carinhoso e preocupado dele que me tocou no fundo do coração e me fez ver os sentimentos que eu tanto queria ignorar: amava-o muito e mais do que a minha própria vida. Mas não sabia se ele sentia o mesmo. Sei que ele gostava da Cho, e talvez tenha sido por isso que me levou a não descobrir os meus próprios sentimentos: o meu receio de ser rejeitada e de perder a amizade dele. E não era isso que eu queria. Mas agora que eu sei o que sinto vai ser mais difícil encará-lo, tenho medo que ele não sinta o mesmo que eu sinto por ele.
Sabia que só o devia voltar a ver no dia dos anos dele, pelo menos era isso que eu pensava, já que depois do que aconteceu no ano passado com o ataque dos Dementors, Dumbledore tenha medo de que alguma coisa possa acontecer a Harry, que possa levar à sua expulsão de Hogwarts, que é o que todos nós menos desejamos. É tão perigoso para ele não estar dentro dos limites de Hogwarts. Não sei como seria a minha vida e a de Ron sem a presença dele. Se do trio, eu sou a mente, o Ron o coração, o Harry é o corpo. Eu tenho a inteligência, o Ron os sentimentos e Harry tem a defesa. Juntos somos invencíveis, separados somos muito fracos. Mas há que contar também com Ginny, Luna e Neville, que depois do ataque no Ministério tornaram-se também eles muito importantes e que nos completam a nos os três. Para muitos, Ginny pode ser uma menina frágil, mas só quem a conhece sabe que ela é uma bruxa muito dotada e forte. Luna pode parecer lunática, e embora eu não fosse com a cara dela no início, ela se revelou muito importante, pois também é uma bruxa muito forte. Neville embora tímido e medroso, apenas o é devido ao seu complexo de inferioridade, à falta de carinho de familiares e à saudade que tem dos pais com quem nunca conviveu. Mas Neville no seu jeito é bastante útil, pois defende os amigos quase até às últimas consequências e quando está confiante sabe fazer feitiços muito úteis. Sem eles os cinco, eu simplesmente não era nada, apenas mais uma rapariga entre os muitos alunos de Hogwarts, mas com eles eu sou conhecida com a melhor amiga do Menino Que Sobreviveu. Mas eu não ligo a títulos, apenas o que me interessa é a amizade sincera que nós os seis partilhamos.
Parecia que tinha sido ainda ontem que eu tinha saído de King’s Cross, mas o tempo prega-nos rasteiras e quando menos esperamos passa tão depressa. Tinha chegado o dia 28 de Julho e com ele a minha partida. Não sabia para onde ia, ou era para a Toca ou era para Grimmauld Place. Acho que só saberia quando chegasse ao seu destino, mas para onde quer que fosse, ficaria entre amigos, ou seja, com os Weasley. Já eram três horas da tarde quando Dumbledore apareceu para me levar. Já tinha as minhas coisas arrumadas, ou melhor, nem tinha mexido no meu malão a não ser para tirar os frascos de poções que a Madam Pomfrey me tinha aconselhado a tomar, segundo ela faria com que eu não tivesse dores. As poções eram tão horríveis, mas pelo menos manteriam as dores longe, a não ser que eu me esquecesse de as tomar, nem quero pensar no que aconteceria.
Com eu ainda não sabia aparatar e as redes de flú se tinham tornado inseguras, devido ao risco de eu ir parar a outro sítio, Dumbledore tinha pedido emprestando o carro a Mr Weasley (não aquele Ford Anglia que Ron e Harry tinham usado para chegar a Hogwarts, mas sim outro que Mr Weasley tinha arranjado). Peguei as minhas coisas, coloquei-as dentro do porta-bagagem e peguei em Crookshanks que andava à minha volta. Despedi-me de meus pais e entrei no carro ao lado de Dumbledore. Durante a viagem reinou o silêncio e eu entretive-me a olhar a paisagem à minha volta, enquanto o tempo passava. Tinha passado quase duas horas quando Dumbledore subitamente estacionou o carro e dizendo para eu esperar, saiu e se dirigiu para uma porta. Como eu estava distraída a olhar à minha volta a tentar descobrir onde estava, nem me apercebi quem abriu a porta. Já estava a perguntar-me o porque de tanta demora, pois Dumbledore já tinha entrado naquela casa há quase meia-hora e ainda não tinha regressado. Mal acabei de ter este pensamento, quando repentinamente a porta se abriu e Dumbledore saiu. Mas a porta não se fechou e eu vi que quem lá estava era nem mais do que Petúnia Dursley, a tia de Harry, e pensei que tínhamos vindo buscar Harry, mas enganei-me quando Dumbledore me informou que eu iria passar ali uns dias. Fiquei confusa e perguntei-lhe a razão de não ir logo para a Toca e para Grimmauld Place. Dumbledore respondeu-me que a sede da Ordem andava em obras e que quase ninguém lá ia, a não ser os bruxos que andavam a tratar da limpeza da casa, que se resumia em se livrarem de todos os itens de magia negra existentes naquela casa e que eu não iria para a Toca, pois por muito que Molly fosse eficiente, a protecção que os filhos dela tinham, o mesmo não se aplicavam a ela e a Harry, que não tinham ligações de sangue com os Weasley’s. E perguntei se os tios de Harry me iriam aceitar ali. Dumbledore respondeu-me que tinha os seus métodos de persuasão. Hermione apenas pode imaginar o que Dumbledore tinha feito, pois este pediu-me que o seguisse, pois Petúnia estava à minha espera. Pensei que era melhor despachar-me, pois não tinha a certeza se a tia de Harry tinha concordado em me deixar ficar em casa dela. Tirei o meu malão do porta-bagagem e pus Crookshanks no seu cesto e dirigi-me até à porta e disse boa-tarde à tia de Harry e surpreendi-me quando ela me respondeu mas não no tom de resignação que eu estava à espera, mas num certo tom caloroso e amigo. Acho que Dumbledore deve-lhe ter falado do meu problema de segurança, pois quando olhei para os olhos dela, não foi raiva que eu vi, mas sim carinho. Dumbledore despediu-se de nós as duas e partiu no carro e só nessa altura é que me lembrei que ele nem tinha mencionado quando é que me vinha buscar. Entrei na casa e Petúnia fechou a porta atrás de mim e pediu-me que a acompanhasse até à sala, pois queria falar comigo. Deixei o meu malão junto à escada e perguntei se poderia levar o meu gato junto, ao que ela respondeu que sim. Tirei Crookshanks da sua cesta e agarrando-o bem nos meus braços, segui Petúnia até à cozinha e onde após ela apontar para uma das cadeiras, me sentei. Olhei em volta e não vi sinal do primo de Harry, reparando apenas em como aquela casa era tão branca e limpa. Conversamos durante um bocado, onde ela me explicou que me tinha aceitado de bom grado, pois embora não o demonstrasse tinha uma grande afeição pelo sobrinho e esperava que tendo um dos amigos do lado dele, o impedisse de fazer uma besteira e eu nesse sentido, até concordei com ela, pois sabia muito bem do que Harry era capaz quando se sentia sozinho e sem notícias. Ela explicou-me também que por mais que ela gostasse de me ter na sua casa, o seu marido e o seu filho não teriam a mesma opinião e até podia ser que os poucos dias que eu ali iria passar não fossem de todo pacíficos. Eu apenas falei para perguntar quando me iria embora, ao que Petúnia respondeu que seria no dia de anos de Harry que Dumbledore nos vinha buscar aos dois. Sem mais demora, ela disse-me que podia ir ter com Harry, que estava no quarto dele, e que lhe podia pedir ajuda para depois levar o meu malão para o quarto que eu iria ocupar.
Subi devagar as escadas, pois queria surpreender Harry. Como Petúnia já me tinha explicado onde era o quarto de Harry, abri a porta devagar e entrei sem fazer muito barulho. Harry estava deitado na sua cama e a sua respiração era tão pausada, que pensei que ele tivesse a dormir, mas reparei que não, pois tinha os olhos abertos, que estavam a fixar o tecto, e estava tão concentrado nos seus pensamentos que nem deu por eu ter entrado no quarto. Sabendo que Crookshanks gostava de estar no colo de Harry, pu-lo no chão e apontado para Harry, ele rapidamente percebeu eu queria que ele subisse para cima de Harry. Quando o meu gato subiu para cima de Harry, reparei que se Harry conseguisse teria batido no tecto, tal foi o susto que ele levou quando sentiu que alguma coisa tinha subido para cima dele. Só ficou mais calmo, quando percebeu quem era o invasor.
- Crookshanks! – exclamou ele, confuso. – Mas que raio estás aqui a fazer?
E só nessa altura é que ele reparou em mim. Desviando Crookshanks, levantou-se e dirigiu-se a mim e eu não aguentando mais, atirei-me nos braços dele de tão contente que estava por estar ao seu lado.
- Hermione! Que surpresa te ver aqui. – falou Harry assim que nos largamos. – Porque estás aqui? Passou-se alguma coisa?
- Não propriamente. – respondi ao notar um certo nervosismo na voz dele. – Quando nos juntarmos a Ron respondo-te o porque de já não estar com os meus pais. E estou aqui porque Dumbledore deve ter achado uma certa graça de cá passar as férias.
Harry largou um pequeno sorriso após o meu comentário.
Conversamos um pouco sentados na cama de Harry e depois pedi-lhe para que ele me ajudasse a trazer as minhas coisas para o quarto de hóspedes. Quando terminamos, ouvimos a tia de Harry a chamar-nos para jantar, olhamos um para o outro e largamos um sorriso cúmplice, pois imaginávamos mais ou menos qual seria a reacção do tio e do primo de Harry quando me vissem, não iriam ficar muito contentes. Descemos e dirigimo-nos para a cozinha e assim que eu entrei atrás de Harry tanto Vernon como Dudley ficaram a olhar para mim, passando também os olhos por Harry e por Petúnia. Dudley escondeu-se atrás da mãe, que ralhou com ele e o tio de Harry estava a tomar uma coloração avermelhada que começava a espalhar-se pelo rosto dele, o que significava que iria acontecer explosão de raiva. E não me enganei.
- HARRY POTTER! O que é que esta rapariga está aqui a fazer. – gritou o tio dele, bastante vermelho. – Já não me basta ter de aturar cá em casa, ainda trazes outra anormal como tu cá para casa.
Mas Harry foi poupado, pois quem respondeu foi a tia de Harry, que parecia ter ficado bastante zangada com os gritos do marido.
- Primeiro que tudo, Vernon, cala-te, não achas que a vizinhança toda não ouviu os teus gritos. – falou Petúnia, tendo efeito imediato em Vernon que olhou para os lados e foi perdendo a cor vermelha. – Segundo, fui eu quem deu autorização para que a rapariga cá ficasse, portanto Harry não tem culpa nenhuma no assunto. E por último, ela não é assim tão anormal, pois pelo que Dumbledore me contou os pais dela não são bruxos.
O tio de Harry ficou mais calmo após o discurso da mulher, mas mesmo assim ficou claramente surpreendido quando Petúnia confessou que tinha sido ela quem tinha me deixado ficar lá em casa. O jantar até decorreu bem, embora de vez em quando Dudley me lançasse uns olhares esquisitos. Acho que devia estar com receio que eu lhe lançasse um feitiço de um momento para o outro.
Após termos jantado, eu e Harry fomos até ao quarto dele e tivemos a conversar mais um pouco, embora eu tomasse mais atenção a Harry do que ao que ele falava. E quando me fui deitar, fiquei a pensar se tinha coragem de lhe dizer que o amava… A oportunidade para isso chegou no dia seguinte.

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