Um Dia Especial parte I



Cap. 3 – Um Dia Especial parte I

No dia seguinte, acordei muito bem-disposta, estava muito contente porque além de estar em segurança estava ao lado da pessoa que amava, embora ele não soubesse isso, claro. Decidi ir acordar Harry, ou melhor, pregar-lhe um susto, pois adorava o modo como ele reagia aos sustos. Abri a porta do meu quarto e certificando-me que não havia ninguém no corredor, fui em bicos de pés até ao quarto de Harry e entrei, fazendo o menor barulho possível. Aproximei-me da cama, vi que Harry estava a dormir profundamente e lentamente me sentei na beira da cama dele. Desisti do meu plano de acordá-lo e fiquei a observá-lo dormir. Como ele parecia um anjo a dormir, tinha o cabelo todo bagunçado, deixando à vista a sua cicatriz em forma de raio. Com os meus dedos acaricie a testa dele, ao que ele deu um pequeno resmungo, mas não acordou. Continuei com a minha carícia, mas passei para os seu rosto e parando nos seus lábios, que com a carícia se entreabriram. Não resisti e pousando as minhas mãos no peito dele, lentamente aproximei os meus lábios dos deles e beijei-o de leve. Assustei-me quando ele abriu os olhos e se sentou, ficando surpreendido pelo que eu tinha feito. Fiquei a olhar para os olhos verdes dele, perdida no meio de tanto verde e apercebi-me que ele era muito bonito quando não tinha os óculos. Quando me ia a afastar, pois senti que estava a ficar vermelha, ele impediu-me ao me abraçar, fazendo com que eu ficasse completamente vermelha, e ali fiquei perdida a olhar nos olhos deles, que nem percebi que a distância dos nossos lábios ia diminuindo. Harry me beijou lentamente, um pouco no receio que eu me afastasse, mas eu não fiz isso, apenas me entreguei completamente à carícia dele e correspondi ao beijo. Harry passou uma mão à volta da minha cintura enquanto a outra acariciava os meus cabelos, enquanto eu me aproximei mais e o abracei. O beijo só terminou quando tanto eu, como ele estávamos quase a ficar sem ar. E enquanto tentávamos normalizar a nossa respiração ficamos a olhar para os olhos um do outro, um pouco vermelhos. Harry começou a acariciar a minha face e lentamente se deitou arrastando-me com ele. Ficamos os dois deitados na cama dele a olhar-nos e trocar carinhos. Ele beijou-me novamente, mas este beijo foi diferente, carregado de paixão. Aprofundamos os carinhos de tal maneira que tanto eu como ele ficamos sem a camisola do pijama (eu não tinha mudado de roupa quando fui ao quarto dele). Eu fiquei fascinada quando tirei a camisola dele, tinha os músculos bem definidos e eu não resisti a passar a minha mão pelo peito dele, parando junto ao coração e senti que batia descompassadamente. Iam-nos beijar novamente quando ouvimos alguém bater à porta e sem esperar resposta, abriu-a e eu só tive tempo de me tapar com os cobertores de Harry. A tia de Harry ficou um tanto embaraçada quando nos viu aos dois deitados na cama de Harry e corei furiosamente, assim como Harry.
- Bem, meninos, assim que acabarem de se vestir, desçam. – falou Petúnia, não nos censurado, mas sim dando um pequeno sorriso que serviu para que eu e Harry ficássemos um pouco confusos. – O pequeno-almoço está a ser preparado.
Quando ela fechou a porta eu olhei timidamente para Harry e pedindo desculpas vesti a minha camisola e fui até ao meu quarto para trocar de roupa antes de descer. Ao chegar na cozinha, sentei-me numa cadeira e fiquei em silêncio pois ainda estava envergonhada devido ao facto de ter sido apanhada por Petúnia. Como estávamos sozinhas, ela iniciou uma conversa ao que bastante timidamente fui respondendo.
- Dumbledore falou-me que os teus pais são Muggles. - afirmou Petúnia. – Se é verdade, o que eles fazem?
- São os dois dentistas. – respondi.
- Ainda estás envergonhada por causa daquela situação que aconteceu no quarto de Harry? – perguntou ela, ao notar que eu tinha uma certa relutância em responder.
Após um breve silêncio em que eu olhei para todos os lados, menos para os olhos da tia de Harry, respondi.
- Sim. – falei eu, sentindo que estava a corar. – Peço desculpa. Acho que nos precipitamos um pouco.
- Não faz mal. – falou ela e eu fiquei um pouco surpresa e finalmente olhei para Petúnia. – Dumbledore avisou-me que isso poderia acontecer.
- Hã?! – exclamei eu, confusa. – Como assim Dumbledore sabia que isso podia acontecer?
- Ainda não te perguntaste a razão pela qual ele te trouxe para aqui? – perguntou a tia de Harry. – Dumbledore tinha-me dito que eras inteligente, mas pelos vistos ainda não chegaste à conclusão porque é que estás aqui.
- A única coisa que eu sei é que fui trazida para aqui para a minha segurança. – respondi eu. – E claro para a segurança de Harry, como a senhora ontem deixou claro na nossa conversa.
- Sim, uma das razões é essa. – disse Petúnia. – Mas há outra e essa é verdadeira razão de estares aqui. Nem tu, nem Harry são os únicos que sabem os sentimentos que guardam. Dumbledore descobriu isso após aquele dia em que vocês foram atacados no Ministério que o sentimento que tu e Harry nutriam um pelo o outro não era só de amizade, pelo menos da tua parte eu notei isso. Nota-se que gostas muito de Harry.
- Então Dumbledore descobriu. – falei eu e uma luz acendeu-se na minha cabeça – E ele planeou isto tudo, quer dizer eu ficar aqui com Harry, para que nós déssemos uma oportunidade aos nosso sentimentos.
- Sim, é isso. – finalizou Petúnia e nesse momento entraram na Dudley e Harry.
Vernon foi o último a chegar à cozinha. Após tomarmos o pequeno-almoço, mas não tão pacificamente, pois Petúnia e eu quase que saltamos para cima de Vernon quando ele quase chutou o meu gato, que andava a se roçar nos tios de Harry, nele e em mim na esperança de receber algum pedaço de comida. Fiquei tão vermelha de raiva, que involuntariamente fez com que várias coisas à minha volta levitassem, para espanto de Harry e Petúnia. O tio de Harry nunca mais ameaçou o meu gato com medo que eu lhe lançasse um feitiço.
Como não havia muito que fazer em casa dos tios, Harry convidou-me para dar um pequeno passeio pelas redondezas, ao que eu aceitei, pois seria a minha oportunidade para falar com Harry, que desde que nos beijamos evitava os meus olhos e não me dizia nada. Caminhamos lentamente lado a lado, em silêncio, devia ser por causa de Harry se sentir embaraçado por termos sido pegos pela tia dele. E acho que também se deve ao facto de ele estar inseguro em relação ou sentimentos dele, ou aos meus.
Entrámos num parque infantil que estava num estado deplorável, pois estava quase tudo partido, restando apenas dois baloiços.
- Harry, o que aconteceu aqui? – perguntei eu, na expectativa de quebrar o silêncio em que ele tinha caído.
- Foi o gang de rufias que o meu primo lidera. – respondeu ele.
- E eles conseguiram fazer assim tantos estragos? – perguntei, olhando em volta com mais atenção e vendo que estava quase tudo destruído.
- Sim. Mas agora deixaram o parque em paz. – respondeu ele. – Agora dedicam-se a bater e a aterrorizar miúdos pequenos, além de atirarem pedras às pessoas e aos carros.
- E os teus tios não fazem nada? - perguntei, chocada pelo comportamento de Dudley.
- Não, porque não sabem. – respondeu Harry. – A minha tia está convencida que quando o Dudley sai à noite é para ir jantar a casa de um dos amigos.
- Bela dupla vida que o teu primo tem. – exclamei eu. – Nem eu me apercebi que ele poderia ser um vândalo, pois está sempre atrás das saias da mãe.
- Sim, é verdade. – falou Harry, após uns segundos de silêncio. – Mas mais tarde ou mais cedo os meus tios vão descobrir o que o meu primo é. Os vizinhos andam muito revoltados com os comportamentos do gang de Dudley, que duvido que se mantenham calados mais tempo e que vão falar com os pais de todos os amigos de Dudley. Mas…
- Achas que a tua tia não vai aceitar isso de bom grado. – completei eu. – E ainda é capaz de chamar mentirosos aos vizinhos.
- Sim, estás certa, Hermione. – afirmou ele.
E após a conversa após Dudley, voltamos a entrar naquele silêncio horrível. E eu mentalmente fui tomado coragem para falar com Harry sobre o assunto que estava a provocar todo aquele silêncio.
- Harry? – chamei eu.
- Sim? – respondeu.
- Ainda estás envergonhado sobre aquilo que se passou no teu quarto hoje de manhã? – perguntei.
Olhei para ele e vi que ele me observava e eu sorri e corei um pouco, mas não desviei o olhar.
- Não é isso que me está a incomodar. – respondeu ele, após um tempo, mas sem deixar de me olhar. – Eu ouvi uma parte da tua conversa com a minha tia. Bela ideia de Dumbledore.
Após o comentário dele, corei furiosamente e desviei os meus olhos. Ele tinha ouvido Petúnia a dizer o que eu sentia por Harry. Após um breve silêncio, desta vez foi Harry quem cortou o silêncio.
- É verdade o que a minha tia disse? – perguntou ele. – Que estás apaixonada por mim?
- Sim, é verdade. – respondi eu. – Pelos vistos aquilo que eu queria esconder tornou-se demasiado obvio para algumas pessoas.
Ele voltou o seu olhar para o céu, foi como se pensasse em Sirius, mas eu sabia que não era assim. Ele estava a pensar naquilo que eu disse. Ficamos lá muito tempo, perdidos nos nossos pensamentos. Eu estava com um pouco de receio da reacção dele, pois não sabia de quem é que ele gostava: se era de mim, da Ginny ou da Cho. E fiquei muito confusa com esse pensamento. Comecei a mentalizar-me que se ele não me escolhesse eu sofreria e muito. Subitamente, Harry levantou-se, o que me assustou pois eu não estava à espera, pois ele parecia tão perdido nos seus pensamentos, tanto como eu.
- Hermione, são horas de ir. – falou ele. – Está quase na hora de almoço e a minha tia pode ficar preocupada se demorarmos mais.
Assenti e segui-o, em silêncio, pois ainda estava embrenhada nos meus pensamentos. Que foram interrompidos por uma coisa que eu não estava à espera: Harry timidamente enlaçou os dedos dele nos meus. Eu aceitei o gesto e continuamos até à casa dos tios dele de mão dada. Quando estávamos quase a chegar, ele puxou-me para trás de uma árvore e abraçou-me. Fiquei ainda mais surpreendida quando ele se afastou, mas sem me largar, e afagou os meus cabelos e a minha face, de um modo lento, que fez com que eu ficasse toda arrepiada e fechasse os meus olhos. Acho que ele tomou isso como um convite e beijou-me. Foi um beijo suave e cheio de carinho e que eu gostei imenso, que quase chorei quando nos separámos. Ele voltou a pegar na minha mão, mas desta vez puxou-me em direcção à casa. Quando acabamos de almoçar, ele convidou-me a irmos para o jardim. Eu fiquei um pouco relutante, mais pelo medo de sermos apanhados pelos vizinhos, mas acabei por aceitar. Deitam-nos os dois atrás de uma árvore que estava no jardim de Petúnia, e que nos protegia de olhares curiosos, e ficamos a observar o céu em silêncio. Eu fiquei a pensar no beijo que ele me tinha dado, há uma hora, fora tão inesperado, mas muito bom. Estava quase a adormecer, quando ele quebrou o silêncio.
- Hermione. – chamou Harry.
- Sim. – respondi, um pouco sonolenta.
- Estavas a dormir? – perguntou ele, num tom brincalhão.
- Não, mas não devia faltar muito. – respondi. – Está-se tão bem aqui.
- Sim, é verdade. – afirmou ele. – No Verão passado, passei aqui muito tempo.
- Foi. – falei eu. – E a fazer o quê?
- A ouvir os noticiários dos Muggles. – respondeu ele.
Fiquei admirada, mas depois me lembrei da explosão de raiva dele, quando chegou a Grimmauld Place.
- Era a falta de notícias, não era? – constatei.
- Sim, era. – ele respondeu. – Fiquei bastante furioso, não foi?
- Sim, foi. – respondi, começando a rir.
- Do que te estás a rir? – Harry perguntou, curioso.
- Estou-me a lembrar daquela explosão de raiva. – respondi, rindo ainda mais. – Embora na altura não tenha sido engraçado, agora faz-me rir.
Ele pareceu um pouco ofendido com as minhas palavras, mas logo soltou um sorriso maroto.
- Vais ver o que acontece às pessoas que se riem de mim. – exclamou ele e antes que eu tivesse tempo de reagir, começou a fazer-me cócegas.
Não me lembrava da última vez que tinha rido tanto. Harry só parou quando tanto eu como ele estávamos quase sem fôlego de tanto rir. Ficamos ali deitados a tentar normalizar a nossa respiração, mas ainda a sorrir. Mas da minha cara rapidamente desapareceu o sorriso, pois começava a sentir dores, que começaram no sítio onde a maldição de Dolohov me acertou e que se começaram a espalhar pelo meu corpo. Harry ficou tão aflito, via isso pela expressão de pânico do rosto dele. Tentava de todos os modos tentar me acalmar, mas as minhas dores e os meus gritos iam aumentado.

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