Parte II



Ridíkulus!


As desventuras de Snape no parque encantado!


Parte II


Você não está sugerindo que eu entre ?


Severus olhou desconfiado aquele maquinário infernal, girando, dançando e se batendo, repleto de luzinhas coloridas e piscantes que pareciam estar apreciando bastante poder tirar onda com a sua cara, sem falar na multidão de trouxas que andava por lá, muitos deles carregando balões e docinhos. Alguma coisa em seu estômago o fez sentir que veria seu almoço esparramado no chão logo, logo.


- Não é exatamente uma sugestão, Severus. – Dumbledore passou algum tempo remexendo nos incontáveis bolsos internos de suas vestes, e puxou um rolo de pergaminho – Está bem claro aqui, na cláusula nº 75 do contrato da aposta – disse o diretor, com um sorriso amável.


- Setenta e cinco? - bradou Snape, arregalando terrivelmente os olhos.


- É. – o diretor começou a desenrolar o grande rolo de pergaminho e ler algumas cláusulas de forma aleatória - ...não azarar... amaldiçoar... esganar... torturar... não isso... não aquilo... não destruir, explodir, demolir o parque inteiro ou qualquer coisa desse tipo... – a essa altura, a parte lida do pergaminho já dava a volta no quarteirão - e, é claro, não tentar arranjar qualquer meio de livrar-se, de modos vis e cruéis, de sua acompanhante... hã... ...


Snape virou lenta e ameaçadoramente a cabeça para encarar Dumbledore. Se tivesse raios-laser nos olhos, seria uma boa hora para testá-los. Um grupo de ladrões que chegava furtivamente perto de algumas bolsas deu de cara com Snape e de repente decidiram que roubar não era lá uma boa idéia; havia muito perigo nas ruas.


Acompanhante?


- Vai me dizer que você não leu? – perguntou o diretor, surpreso.


- Onde?


- As especificações depois dos asteriscos, meu jovem. – e se ateve ao trabalho de enrolar o pergaminho, o que durou cerca de uns quinze minutos, e mostrou algo lá no finzinho – Bem aqui – e apontou para umas letrinhas microscópicas.


- Não estou vendo nada – informou Snape, que já apresentava uma cruzinha latejante na testa.


Dumbledore puxou de algum lugar misterioso uma lente de aumento enorme.


Eis o que ele leu, aqui aumentado dez vezes:


 


"O sempre bondoso diretor reserva-se o direito de escolher uma acompanhante que fiscalize e impeça a vít... quer dizer, a outra parte interessada (hum, talvez nem tão interessada assim) de violar quaisquer cláusulas acima.


P.S.: um outro motivo é que ele estava de muito bom humor, e se divertiu à beça – às custas de alguém – escrevendo isso aqui."




O diretor havia lhe dito casualmente que aquilo era meramente um tal de "voto inquebrável", o que significava duas coisinhas básicas: 1) ou você cumpre, e eu acho bem melhor que assim seja, ou 2) não seria muito agradável, para você, tentar pensar nesta possibilidade. Snape passou a considerar o fato de que talvez, ele pudesse se tornar "rasgável", "queimável" ou, porque não, "enterrável".


- Não precisa nem me agradecer, Severus. – disse Dumbledore, dando mais um de seus sorrisos amáveis – Agora seja um bom menino e sorria para esta jovem que está bem atrás de você, prestes a pular em seu pescoço.


- Snape virou de maneira robótica, sentindo uma vontade tremenda de puxar e morder os próprios cabelos, mas até isso se tornava complicado quando se tinha alguém agarrado firmemente a você e, como se não bastasse, reduzindo seu imponente nome a uma partícula medonha.


- Sev!


Ignorando a fumaça que saía em espiral dos seus ouvidos, a estranha mulher grudou em seu braço e o levou para o meio da multidão.


- Divirtam-se! – gritou Dumbledore, acenando com um lencinho cor-de-rosa.


******


- Como é? – perguntava indignado Voldemort, no início de uma fila quilométrica.


O bilheteiro bocejou, olhando através da pequena grade.


- Eu disse: "sem dinheiro, nada feito." – repetiu o homem.


Voldemort sentiu a ira correr em seu sangue, fervilhando.


- Lúcio, seu inútil! Pensei ter mandado você e aquela corja de incompetentes assaltar Gringotes ontem!


- Pensou, mestre?


- ARGH! E agora, como eu vou andar no carross... digo, como vou entrar aí e fazer todos se ajoelharem perante mim?


Ele voltou a mirar o bilheteiro.


- Você sabe com quem está falando? Eu sou aquele-que-não-deve-ser-nomeado! – berrou aquele-que-não-deve-ser-nomeado.


- Nome interessante. – concluiu o homem, de forma vaga.


Voldemort Tristonho das Trevas choramingou.


- Talvez possamos fazer um acordo – sugeriu o bilheteiro, olhando fixamente o relógio de ouro rolex 24 quilates que Voldemort trazia no pulso.


- Mas... mas... isso tem valor afetivo! Ganhei de uma de minhas vítimas enquanto implorava para que eu parasse com a tortura! Ele odiava cócegas nos pés, sabe... isso é um roubo!


- É? Sempre achei que fosse extorsão.


******


Snape arregalou os olhos para a aberração mecânica. Instintivamente, suas mãos mergulharam nas profundezas de seu bolso. Cutucou uma, duas, três vezes.


Nada.


Está bem... bolso direito. Vazio.


Em algum lugar por aqui, pensou, suando frio. Bolso interno, capa, bainha da calça, sapato, cuec... opa, isso não.


- Na-na-ni-na-nã. Nada de varinha, Severus. Não queremos que o lugar inteiro vá pelos ares, não é?


Snape ensaiou seu pior olhar assassino. Não adiantou de muita coisa, já que no instante seguinte as mãos daquela... daquela... dela apertavam suas bochechas na frente de dezenas de pessoas, enquanto dizia como ele ficava uma gracinha quando estava zangado. Aquela mulher que só continuava de pé por pura ironia do destino tinha que arrastá-lo para perto de alguns Weasley. E o pior, Lupin também estava lá e tentava puxar assunto. Não, não era o pior. Sírius estava lá, tentando esconder algo dentro de sua boca, o que foi inútil depois que ele começou a rir, e revelou pequenos quadradinhos prateados presos a seus dentes. Quando notou o que tinha deixado escapar, tratou de fechá-la num instante.


Ele voltou a fitar o negócio.


As duas grandes "coisas" se moviam como dois pêndulos enormes. Mas havia uma coisa errada e bem mais preocupante neles; tinha pessoas lá dentro, e elas berravam como se estivessem sendo torturadas por um comensal bastante competente. Ainda havia um pequeno detalhe: aquilo dava giros ensandecidos de 360 graus, e o pior, passava alguns segundos agoniantes parado lá em cima. De cabeça para baixo.


A placa de metal à frente deles informava com letras escandalosas e provocativas:


K A M I K A Z E

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