A Final de Quadribol



As semanas passaram arrastadas, enquanto o stress para os exames dos N.O.M.s aumentava. Todos passavam agora horas na biblioteca, varavam noites fazendo revisão das matérias e treinando feitiços no Salão Comunal.
Mesmo os Marotos, habitualmente os mais despreocupados com exames, estavam, agora, firmes nos estudos. Por conta disso, Hogwarts estava estranhamente tranqüila. A calmaria só foi quebrada quando chegou o dia da final de Quadribol do torneio das Casas, que esse ano era Grifinória contra Sonserina.
Foi um espetáculo. Um sol maravilhoso e um céu sem nuvens garantiram o tempo ideal e visibilidade perfeita. Estádio lotado, tingido pelas cores vermelho e dourado de um lado, e verde e prata de outro, na maior animação. Todos os professores, e até mesmo Dumbledore, compareceram para assistir.
Os dois times eram ótimos, garantindo uma partida equilibrada e muito disputada. Os três atacantes da Sonserina estavam num dia especial, rápidos e certeiros, endiabrados. Logo o time da Sonserina assumiu a vantagem. Mas, o time da Grifinória era valente, e, com muita garra, conseguiu empatar depois de alguns minutos. O jogo ameaçava se tornar violento, porque os jogadores da Sonserina não paravam de cometer faltas violentas, e o placar mantinha-se apertado. Mas então, num momento completamente inesperado, Thiago Potter pareceu ter avistado o pomo. Numa manobra rápida, partiu decidido a toda velocidade para baixo. Parecia que seu objetivo era atingir o chão. Na mesma hora, tanto o apanhador, quanto os dois batedores da Sonserina voaram no encalço dele. A vassoura de Potter parecia uma flecha, seguida de perto pelos três adversários. Mas, quando estavam a poucos centímetros do chão, Thiago interrompeu a descida. Com uma nova manobra muito hábil, inverteu a direção da vassoura e começou a subir, ainda mais rápido do que antes. Os adversários não esperavam por isso, claro, e tentaram brecar, batendo uns nos outros e perdendo o equilíbrio. Ninguém podia acreditar! Era uma espetacular Finta de Wronsky! A torcida foi à loucura, aplaudindo, assobiando, e pulando nas aquibancadas, enquanto os jogadores da Sonserina tentavam recuperar o equilíbrio nas vassouras. As pessoas ainda aplaudiam, mas Potter, que tinha aproveitado a surpresa para vasculhar as redondezas procurando o pomo, fez uma nova manobra. Numa investida muito rápida, capturou o pomo, bem debaixo do nariz do apanhador da Sonserina.
O estádio quase foi abaixo, numa explosão da torcida. Os alunos da Corvinal e da Lufa-Lufa estavam acompanhando o jogo e também torciam para a Grifinória, já que o time era mais simpático na escola. A algazarra era geral. Alguns jogadores da Sonserina tentavam disfarçar as lágrimas, enquanto as meninas do time choravam abertamente.
Logo, um bando de garotas, de todos os anos, de várias casa, cercava Thiago, pedindo autógrafos e beijos e dando gritinhos histéricos. E ele, cercado pelo time e pelos admiradores, ergueu a taça sorrindo e pensando que poucas vezes na vida fora tão feliz.
Todos seguiram para comemorar numa grande festa no Salão Comunal. Muita comida, cerveja amanteigada e até umas escopetas contrabandeadas de Hogsmead garantiam que a animação se mantivesse pela noite afora.
Thiago foi abraçado pelos amigos, e por dezenas de outros alunos, enlouquecidos com a sua atuação. Ele estava eufórico. Tinha visto, ao levantar a taça, uma menina ruiva de olhos incrivelmente verdes dançando e cantando feliz na arquibancada. Teve a sensação de que, quando seus olhos se cruzaram, havia admiração e simpatia nos olhos dela. Melhor de tudo, ela não estava acompanhada no estádio, nem na festa. Talvez hoje fosse seu dia de sorte mesmo. Resolveu se aproximar do grupo de garotas que conversava animado. Peito estufado de orgulho, cabelos meio despenteados, para imitar o momento do vôo, segurando a taça e o pomo, abriu seu melhor sorriso:
- E aí, Evans, gostou do jogo?
Lílian sorriu corada para ele:
- Ótimo jogo, Potter! Parabéns!
- E cadê o namorado? Não quis vir pra festa?
- Ah, eu e o Bertram não estamos mais juntos...
- Sério? Thiago não conseguia disfarçar a alegria com a notícia. – Ah, bom... pensei que ele não tivesse vindo com medo de ser azarado de novo...
Lílian franziu a testa num protesto:
- Bem, aquilo não foi nem um pouco legal, na verdade...
- Então você topa sair comigo? Ele perguntou depressa, interrompendo o que parecia o princípio de um sermão.
Lílian levou um susto e corou um pouco mais. Mas logo voltou a sorrir, com um ar charmoso, piscando os olhos cor de esmeralda:
- Não sei não... posso pensar no assunto...
Thiago segurou a respiração disfarçando a euforia. Enfim, algum progresso! Hoje, definitivamente, era seu dia de sorte! Resolveu caprichar no charme:
- Bom... então... enquanto você pensa com carinho, eu vou pegar duas cervejas amanteigadas pra nós, que tal? Volto já...
Virou-se e seguiu em direção à mesa, tentando caminhar com o maior charme possível, imaginando se ela estaria ou não olhando pra ele. No meio do caminho, Remo, Sirius e Pedro vieram ao seu encontro gritando:
- Cara, você é o maior!
Ele sorria de orelha a orelha. Envolvido pelos amigos, comentando lance a lance do jogo, principalmente, claro, a finta de Wronsky e a captura do pomo, nem sentiu o tempo passar e o grupo em volta dele aumentar. Sem perceber, um enorme grupo de meninas havia se formado em volta dele, rindo dos seus comentários, piscando e corando quando ele olhava para alguma delas. Ele acabou se esquecendo do tempo. Uma aluna do segundo ano pediu um autógrafo nas costas, ele concordou, sorridente, achando a maior graça quando ela sentiu cócegas. Outra aluna, provavelmente do terceiro ano, (ele já nem prestava mais atenção direito), pediu-lhe um beijo na bochecha, e ele concordou, meio sem-graça. Várias aproveitaram a confusão e sapecaram beijocas nele. A noite estava perfeita. Até que Sirius, se aproximando curioso, num tom de voz um pouco mais baixo, perguntou:
- E aí, Pontas? Eu vi você falando com a Evans... contaí, como foi? Vai sair com ela?
- Ai, meu Deus! A Evans!! Eu... eu...eu vim pegar bebidas...
Pálido com a lembrança, Thiago encheu rápido um copo e pegou da mão de Remo o copo cheio dele, correndo na direção onde deixara a garota. Um grupo completamente diferente estava ali agora.
- Ei, vocês viram a Evans? Sabe, a Lílian Evans?
- Vimos sim... acho que ela foi por ali...
- É, acho que eu vi... sentada perto da lareira.
Ele olhou naquela direção e avistou a menina. Ela parecia distraída, olhando o fogo, com uma expressão indecifrável, acariciando seu gato. Caminhou até lá feliz, caprichando na pose e armado do seu melhor sorriso:
- Pronto, Lílian, trouxe sua bebida...
- Muito obrigada, Potter, ela respondeu friamente, sem olhar para ele. - Acho que, se eu dependesse de você, morreria de sede... comentou num tom de ironia.
- Ah, desculpa a demora... sabe como é, né? Mas... e aí? Já pensou? Você topa sair comigo?
Ela virou-se para olhar para ele, os olhos fuzilando de raiva, e disse, quase num sussurro:
- Olhe aqui, Potter, escute muito bem. Você é o garoto mais convencido, mais exibido, mais cara-de-pau... que eu já conheci na face da Terra. Não, eu não quero sair com você. Nunca. Pode esquecer. Pode ficar com seu fanclube e faça bom proveito!
E saiu de lá, rumo ao dormitório das meninas.
- Ei! Peraí! Mas... mas...
Ele murchou. Os amigos, que observavam a pouca distância, resolveram se aproximar.
- Alguém pode me explicar o que foi que aconteceu agora?
Pedro olhava para o amigo com uma cara meio apatetada. Remo e Sirius passaram o braço pelos ombros dele e tentaram consolar:
- Ah, meninas... quem sabe o que se passa pela cabeça delas?
- Cara, eu acho que você não devia ter deixado a menina esperando...
- Mas... eu só fui buscar uma bebida...
Sirius sorriu maliciosamente:
- Pontas, acho que, uma garota feito a Evans, a gente não pode deixar esperando nem um minuto....
A expressão de Thiago mudou da perplexidade para a raiva
- Ah! O que foi que eu fiz de tão ruim pra ela, também? Que droga!
E, da raiva, para a tristeza:
- Droga... acho que perdi a chance... Vocês conhecem a Evans, ela não vai ficar sozinha por muito tempo...
Remo concordou, pensativo:
- Ah, isso é verdade. A garota faz um sucesso danado...
Thiago olhou desconfiado para o amigo, mas logo disfarçou. Sirius resolveu tentar uma ajuda diferente:
- Mas, Pontas, por que a Evans, cara? Tem um monte de garotas dando em cima de você... ainda mais num dia como hoje, deve ter fila de garota querendo sair com você... desencana...
Pedro mais do que depressa concordou:
- É verdade, Pontas! Esquece a Evans... se ela não te quer, tem quem queira, oras...
- É, acho que é isso mesmo.
E seguiu decidido na direção de Greta Catchlove, que sorria convidativa pra ele.

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