N.O.M.s



Antes de mais nada, Belzinha, super obrigada pelos seus elogios! Vindo de você, que tem uma fic super legal e escreve bem pra caramba, fico super orgulhosa, mesmo. Desculpe a demora, mas o capítulo novo tá aqui, finalmente. Uma surpresa: acontecimentos que a gente já conhece, só que vistos de um ângulo totalmente diferente...
O final está próximo...



Capítulo 6

O assunto dos dias que se seguiram continuou sendo a final de Quadribol. A euforia dos alunos da Grifinória era imensa, e Thiago andava sempre cercado de gente querendo dar parabéns, comentar os melhores lances do jogo, ou simplesmente admira-lo. Faltava pouco para os exames, e o clima na Sonserina estava insuportável.
Severo passava cabisbaixo pelo corredor a caminho da biblioteca, quando viu, bem à sua frente, o grupinho dos garotos que mais detestava: Thiago, Sirius e Pedro. Eles vinham rindo e brincando distraídos, num momento raro longe dos demais. Severo não resistiu:
- Tarantallegra!!
Imediatamente as pernas dos três começaram a se mexer numa dança maluca incontrolável.
- Eu te pego, Snape!! Você não presta!!
- Se prepara, Ranhoso!!
Ele continuou seu caminho, sorrindo maldosamente. Se ele pudesse azarar Thiago e Sirius de vez em quando, podia até acreditar que havia justiça nesse mundo...
.....................................

O fim do mês de maio pareceu voar e, de repente, os exames começaram. Todos os alunos do quinto ano entraram numa histeria, tentando fazer revisões de última hora. Ninguém parecia querer conversar muito antes de fazer os testes.
Fizeram as primeiras provas teóricas: Feitiços, Herbologia, Poções, e aquele que Severo mais aguardava: Defesa contra as Artes das Trevas. Tinha certeza de que fora bem até aí, de que conseguiria passar acima da média em todas. Mas quando terminou a prova de Defesa contra as Artes das Trevas, sabia que tinha ido tão bem que estava quase feliz. Saiu caminhando do Salão, ainda relendo e saboreando as perguntas do exame, e foi se sentar no gramado, à sombra de alguns arbustos. De onde ele estava, podia ver, a pouca distância, o grupo de meninas da Grifinória, que também tinha acabado o exame, e agora aproveitava o sol. Lílian, Emma, Jéssica, sentadas à beira do lago, tiraram os sapatos e as meias e brincavam com os pés na água, enquanto riam e conversavam. Ele percebeu que, com a ajuda do vento, e por ter a audição apurada, conseguia ouvir o que elas diziam. Mantendo o olhar no caderno de perguntas da prova, aparentando estar absorto no que lia, ele se concentrou em escutar:

- E aí, como vocês foram? Eu acho que fui bem, até agora.
- Ai, Lílian, sei lá... Minha cabeça parece que vai explodir. Vamos falar de outra coisa senão eu vou passar mal. Emma, conta alguma fofoca pra gente, vai...
- Opa, que horror, vocês estão insinuando que eu sou fofoqueira, é?
As três riram com a falsa indignação da amiga.
- Não, claro, você não é nenhuma Bertha Jorkins... você é só...hmmm...bem informada! Lílian completou com novas risadas.
- Bom, se querem novidades, tudo o que eu sei é que a Tábata Stevens estava consolando a Greta no banheiro agora antes de começar a prova. A garota parece que via derreter de chorar...
- Mas por que??
- Aquela história da festa... ela e o Potter... ai, desculpa, Lílian...mas parece que o Potter e ela se beijaram na noite da festa, mas depois ele não quis nem falar mais com ela no dia seguinte... foge dela como o diabo da cruz...
Lílian ficou levemente corada, mas respondeu com vivacidade:
- Desculpas, pra mim... por quê?
Alguma coisa na voz dela fez soar um alarme na cabeça de Severo. Mas ela continuava falando agora:
- Aquele bobão... olha só ele lá, brincando com o pomo... desarrumando o cabelo pra parecer que acabou de desmontar da vassoura... ele só não é mais exibido por falta de espaço...
- Ah, Lílian, confessa! A gente é amiga, te conhece... você não tem nem uma quedinha por ele?
Severo sentiu o estômago revirar, e a tentação de olhar para Lílian era imensa, mas ele não podia correr o risco de que elas percebessem que ele estava escutando. Mas então ela respondeu:
- Olha... eu até poderia, vejam bem: PODERIA... achar alguma coisa dele. Mas o garoto não tem nada na cabeça, ele se acha o máximo...dá tanta importância pra uma menina que esquece que está com ela, só pra ficar rodeado pelos fãs que ficam babando por qualquer bobagem que ele faça... um cara que, na mesma noite em que te convida pra sair, não perde tempo e fica com a maior galinha da escola, na frente de todo mundo... só pra no dia seguinte fugir feito o diabo da cruz... Ridículo!...Metido! Ele se acha o máximo? Ah, ta, comigo não. Eu estou fora!!
Ele não podia acreditar no que estava ouvindo. Ele sabia que Lílian Evans era uma garota que fazia muito sucesso na escola. Tinha muitos admiradores, muitos amigos, já tivera vários namorados, alguns dos garotos considerados mais “bonitões” da escola. Ele podia agüentar isso. Que o Potter tivesse a cara-de-pau de convida-la pra sair, ele já esperava... Mas nunca ouvira a menina se referir a nenhum garoto nesse tom de voz... Esse tipo de raiva, ele conhecia bem. Ela não podia gostar do Potter. Não,Thiago Potter, não. O Potter era detestável! Era demais, ele estava fervendo de raiva. Thiago Potter tinha tudo!! Tentou se concentrar na conversa delas mais um pouco.
- Mas, Lílian, então você não está interessada em ninguém no momento? Faz um tempo que o namoro com o Aubrey acabou... Jéssica perguntou, com uma voz marota.
- Não. Só estou pensando nos N.O.M.s... e em aproveitar a vida... riu Lílian.
- Bom, Lily, eu tenho que te confessar que tive medo que você e o Remo... sei lá, vocês são monitores juntos e tudo o mais... vocês estão sempre conversando por aí...
Lílian riu abertamente. Jéssica recomeçou:
- Bom, isso não é parâmetro. A Lily acha papo com todo mundo... até com o Snape, fala sério! Se o Salgueiro Lutador falasse, podia contar que a Lily ia estar lá, conversando com ele...
Elas riram, e Emma acabou complementando:
-Bom, isso é verdade... eu não sei como você consegue!! É sério!! O cara é horrível, mal-humorado, desengonçado...e aquele cabelo oleoso, o que é aquilo, gente? Sinistro, um esquisitão!
- Ai, não fala assim, coitado!
- Coitado? Você tem pena do cara? Ele vive azarando os outros, vive mexendo com Artes das Trevas...
Severo não escutou mais nada depois daquilo. Com a cabeça fervendo, alternando raiva, horror e rancor, ele se levantou, guardou as perguntas do teste que fingia ler dentro da mochila e saiu andando devagar pelo gramado. Nem ouviu o que Lílian respondia às amigas, depois de um aceno de discordância com a cabeça:
- Não é nada disso!! Primeiro, Emma, pode ficar tranqüila: eu nunca fui a fim do Remo, nem ele de mim! Ele sempre teve uma queda por você, sua boba... Ele é, sim, um ótimo amigo, um garoto especial, um ótimo papo. Quanto ao Severo, eu sei, ele é meio esquisito, sombrio... mas também é um menino inteligente, é ótimo aluno... Eu tenho a impressão de que ele é muito sofrido, não sei... talvez por isso seja tão difícil, esse lado orgulhoso que dá essa má impressão à primeira vista...
Emma sorriu, mal disfarçando o alívio.
Jéssica fez uma careta cômica e completou:
- Confessa: Lílian Evans, a defensora dos fracos e oprimidos...
Todas riram mais alto, piorando a sensação de Severo, que agora achava que riam dele. Quer dizer que Lílian Evans, que ele desconfiava que tinha um fraco por Potter, aquele exibido desprezível, tinha pena dele? PENA? Quem era ela pra sentir pena dele? Ele era um bruxo talentoso, ele era inteligente, esperto... filho de uma bruxa talentosíssima! Ele ainda seria poderoso, muito poderoso, tinha certeza! Tinha ambição e inteligência para isso. Ninguém tinha o direito de sentir pena dele, ninguém! Ainda menos ela... E a dor pareceu insuportável.
Ele já começara a atravessar o gramado, distraído, quando Thiago e Sirius se levantaram. Remo e Pedro continuaram sentados, um lendo, o outro em expectativa. Thiago gritou, tirando Severo dos seus próprios pensamentos sombrios:
- Tudo certo, Ranhoso?
Severo reagiu num reflexo: deixou cair a mochila, meteu a mão nas vestes e tirou a varinha, mas Thiago foi mais rápido, gritando:
- Expelliarmus!!
A varinha voou longe, caindo no gramado às suas costas. Sirius deu uma gargalhada e disse, apontando a varinha para Severo, quando este mergulhava para recuperar a varinha caída:
- Impedimenta!!
O barulho e o movimento começou a atrair os outros alunos ao redor. Muitos se levantaram e foram se aproximando, alguns apreensivos, outros divertidos.
Severo estava explodindo de ódio e despeito, caído no chão, ofegante. Thiago e Sirius avançaram, empunhando as varinhas, Thiago ao mesmo tempo espiando por cima do ombro as garotas à beira do lago.
- Como foi o exame, Ranhoso? Ele perguntou.
- Eu vi, o nariz dele estava encostando no pergaminho – disse Sirius maldosamente. – Vai ter manchas enormes de gordura no exame todo, não vão poder ler nem uma palavra.
Severo podia ouvir as risadas ao seu redor, inclusive a risadinha aguda de Pedro.
- Espere...para ver- ele arquejou em resposta, encarando Thiago com uma expressão de aversão- espere...para ver!
- Espere para ver o quê? Sirius retrucou calmamente – Que é que você vai fazer, Ranhoso, limpar o seu nariz em nós?
Eles não tinham idéia de como ele ia ser poderoso, eles não tinham a menor idéia! Severo deixou escapar, aos gritos, toda a coleção de palavrões que ele conhecia, entremeada de todas as azarações que conseguia lembrar, mas com a varinha àquela distância, nada aconteceu.
- Lave sua boca! Thiago respondeu friamente. – Limpar!
Ele sentiu um gosto esquisito e sua boca encheu-se de bolhas de sabão cor-de-rosa, que jorravam, fazendo a espuma escorrer pela boca, e ele engasgar...
Lílian, que observava a cena do lago, não agüentou e gritou:
- Deixem ele em PAZ!
Os garotos se viraram para olhar para ela. Thiago, sem perceber, levou a mão livre para os cabelos e tentou ser charmoso ao responder:
- Tudo bem, Evans?
- Deixem ele em paz!- ela repetiu, séria. – O que foi que ele lhe fez?
Thiago pensou em alguns motivos para a implicância: a azaração no corredor, a amizade com Lílian... um conjunto meio vago, que ele quis resumir, tentando aparentar desprezo:
- Bom, é mais pelo fato de existir, se você me entende...
Muitos colegas riram, incluindo Sirius e Pedro, mas Lílian continuou séria.
- Você se acha engraçado- ela respondeu, com frieza. – Mas você não passa de um cafajeste, tirano e arrogante, Potter. Deixe ele em paz!
- Deixo se você quiser sair comigo, Evans- ele respondeu na mesma hora, para maior desgosto de Severo.- Anda... sai comigo e eu nunca mais encostarei uma varinha no Ranhoso.
Severo provavelmente nunca se sentira tão humilhado na vida. Digno de pena, fazendo papel ridículo, na frente de Lílian Evans! Sua humilhação ainda ia servir para Thiago barganhar uma saída com ela! A azaração de Impedimento que o prendia já estava perdendo o efeito e ele começou a se arrastar pouco a pouco em direção à sua varinha. Só mais um pouquinho, e Thiago ia ver só, ele pensava, enquanto ainda cuspia espuma.
- Eu não sairia com você nem que tivesse de escolher entre você e a lula-gigante! Lílian respondeu zangada.
- Mau jeito, Pontas – disse Sirius, enquanto se virava para Severo. – OI!
Mas ele não teve tempo de avisar nem de fazer nada. Severo tinha apontado a varinha pra Thiago, com um feitiço não-verbal, fazendo aparecer um corte na sua face. Thiago também era rápido: girou e, num lampejo, Severo sentiu-se levantar no ar, de cabeça para baixo. Ouviu aplausos, mortificado de vergonha.
Lílian disse:
- Ponha ele no chão!
- Perfeitamente – Thiago acenou com a varinha e Severo caiu.
Enroscado nas vestes, levantou-se depressa, com a varinha na mão, mas Sirius gritou na direção dele:
- Petrificus Totalus!!
E ele se sentiu paralisar e endurecer, não conseguindo mais se mover.
- DEIXE ELE EM PAZ!! Escutou Lílian berrar. Viu que ela tinha se levantado e puxara a própria varinha.
- Ah, Evans, não me obrigue a azarar você. – Thiago disse, olhando sério para ela.
- Então desfaça o feitiço nele!
Thiago suspirou profundamente e então murmurou um contra-feitiço na direção de Severo.
- Pronto! Você tem sorte de que a Evans esteja aqui, Ranhoso...
Sorte? Aquilo era demais! Sua dor e desespero não parecia ter limites. Ele se viu gritando, antes que pudesse se controlar:
- Não preciso da ajuda de uma Sangue-Ruim imunda como ela!
Viu Lílian pestanejar, mas ela manteve a calma e respondeu:
- Ótimo. No futuro, não me incomodarei. E eu lavaria as cuecas se fosse você, Ranhoso.
O choque o acertou feito um punhal. Ela nunca falara desse jeito com ele, muito menos o chamava de Ranhoso.
- Peça desculpas a Evans! Thiago berrou, apontando a varinha para ele.
- Não quero que você o obrigue a se desculpar. – Agora era Lílian quem gritava. – Você é tão ruim quanto ele.
- Quê? Eu NUNCA chamaria você de... você sabe o que!
- Despenteando o cabelo só porque acha que é legal parecer que acabou de desmontar da vassoura, se exibindo com esse pomo idiota, andando pelos corredores e azarando qualquer um que o aborreça só porque é capaz... até surpreende que a sua vassoura consiga sair do chão com o peso dessa cabeça cheia de titica. Você me dá NÁUSEAS!
Virando as costas, Lílian se afastou depressa sem olhar para trás, indo se reunir às amigas no caminho de volta ao castelo.
- Evans! Ei, EVANS! Gritava Thiago inutilmente. – Qual é o problema dela?
Sirius levantou uma sombrancelha, maliciosamente e respondeu:
- Lendo nas entrelinhas, eu diria que ela acha você metido, cara...
- Certo... certo...
Houve um novo lampejo, e Severo, que mal se recuperara, viu-se re-erguido de ponta-cabeça no ar.
- Quem quer ver eu tirar as cuecas do Ranhoso?
Remo resolveu se levantar de onde estava e interferir:
- Agora chega, vai, Thiago... daqui a pouco a gente tem prova, vai que passa algum examinador por aqui, você está ferrado, cara. Põe ele no chão, chega...
Thiago murchou um pouco. Olhando para Sirius, na dúvida, viu que o amigo também parecia concordar. Murmurou o contra-feitiço e Severo caiu, embolado, de novo, no chão, ao som de “Ahs!” de decepção e risadas.
Severo se levantou tremendo, enquanto os quatro amigos se afastavam conversando. Sentiu os olhos arderem, e uma vontade louca de quebrar coisas, mas apenas saiu dali, indo direto para o Salão Comunal da Sonserina.
Não conversou com ninguém a não ser os examinadores até o final das provas de N.O.M.s. Lílian nunca mais sorriu pra ele. Ele notou que ela procurava desviar-se do seu trajeto, evitava o seu olhar, sentava-se de costas para a mesa da Sonserina nas refeições. E, desde então, ele passou a observá-la apenas de longe. Via-a sorrir e brincar, conversando animada com os amigos. Via seus olhos faiscarem em outras direções que não a sua. Às vezes sentia uma pontada de remorso, de culpa pelo modo como a tratara. Mas talvez fosse melhor assim. As férias chegaram. Ele ia para casa, ia esquecer tudo aquilo. Ia passar nos N.O.M.s, terminar os estudos, fazer sucesso, tornar-se poderoso...

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Alguém já leu essa cena antes em algum lugar? Qualquer semelhança NÂO é mera coincidência, claro...
E, não percam: NO PRÓXIMO CAPÍTULO, O FINAL!!

EMOÇÕES!! SURPRESAS!!

"- Lílian, eu te amo!"

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