A Vingança de Hermione
Quando Hermione acordou, deu de cara com Gina que a olhava com um sorriso maroto na boca.
- O que foi? – perguntou ela, se espreguiçando.
- Meu irmãozinho carimbou a marca dele aí no seu pescoço? – e deu uma risada.
- O quê? – disse Hermione correndo para o espelho. – Droga! – exclamou vendo a marca enorme, um pouco abaixo de sua orelha esquerda – Eu não vou descer assim. Imagina o que sua mãe diria se visse – e abaixou a voz – a marca de um “chupão” no meu pescoço?
- Vem cá que eu sei um feitiçozinho para isso – disse Gina, ainda rindo.
Ela levantou a varinha e disse o feitiço. A marca foi desaparecendo, até sumir totalmente.
- Ótimo! Vou me trocar para gente descer. – Hermione disse, anotando mentalmente o feitiço, caso ela precisasse novamente.
Ao descerem para o café, para surpresa das meninas, Fred e Jorge ainda não haviam ido para à loja. Depois dos tradicionais “bom dia”, elas se sentaram. Rony e Harry também tinham acabado de descer. Molly os serviu e começaram a comer em silêncio. Estavam meio constrangidos com o que houvera à noite. Talvez por isso, ninguém fez nenhuma pergunta aos gêmeos sobre o que eles falaram no dia anterior, mas Jorge resolveu fazer uma pergunta a Rony:
- E então Ron, como vai a nossa velha tia de Liverpool? – e piscou para Fred.
Rony se engasgou com um pedaço de bolo, enquanto Hermione encarou-os boquiaberta e com uma expressão maligna.
- Que cara é essa Granger, algum problema? – Jorge e Fred se divertiam com a situação.
Como nem Hermione e nem Rony responderam, eles se despediram e desaparataram para a loja. Depois que eles saíram, Hermione disse entredentes:
- Isso não vai ficar assim, ou eu não me chamo Hermione Granger.
- O que houve? – perguntou Gina – Que história é essa sobre a minha tia?
Rony olhou para Hermione com um olhar suplicante para que ela não contasse.
- É só a prova de que eles fizeram algum feitiço para poder nos ouvir. – respondeu ela.
- Mas como pode ser isso? Eu não tenho visto orelhas extensíveis por aí.
- Ontem eu perguntei a eles se eles teriam algumas dessas orelhas para me emprestar, porque eu queria saber se o papo lá na sala era assunto da Ordem, mas Fred disse que eles não estavam usando muito elas. – disse Harry.
- Então o que pode ser? – disse Rony se virando para Hermione, acompanhado dos olhares de Gina e Harry.
Ela estava pensativa. Depois virou seu copo de suco de uma vez só e disse ao levantar:
- Vamos até o jardim?
Os três se entreolharam curiosos, mas a acompanharam.
- Gina, você me empresta seu livro de Poções do 5º ano e o de História da Magia do 2º ano? Traga-os até aqui, por favor. – ela disse em voz baixa.
- Livros? – perguntaram Harry e Rony ao mesmo tempo.
- Vocês querem que eu descubra ou não? Se eles estão ouvindo eu e Rony, não duvidem que podem ouvir qualquer um. – disse baixo, olhando para Harry e Gina, que arregalaram os olhos de susto.
- Mas por que no jardim?
- Shhh, fale baixo Ronald! Sabe-se lá se ele podem nos ouvir agora. Por isso escolhi o jardim. Pelo que eu desconfio, daqui não será possível eles nos ouvirem, mas não quero arriscar.
Gina buscou os livros e depois entregou-os à Hermione. Esta começou a folheá-los ao mesmo tempo. Não demorou muito, eles a ouviram exclamar:
- Sabia!
- O que foi?
- Sabia que havia lido sobre isso antes, só não lembrava em qual dos livros. Aqui no livro de História da Magia diz que há décadas um auror do Ministério criou uma poção que o deixava sabendo de segredos de muitos bruxos das trevas, ajudando-o a capturar diversos deles. Só que ele resolveu utilizar a poção para benefício próprio e começou a usá-la ilegalmente dentro do próprio Ministério, para depois chantagear pessoas da alta cúpula, principalmente.
- Mione, você não está achando que meus irmãos estão com essa poção, está? Não é possível! – disse Rony.
- É estranho realmente. Aqui diz que a poção e a fórmula foram destruídas assim que descobriram a coisa toda. O livro de Poções somente faz uma referência a ela no capítulo sobre poções reveladoras, mas não entra em detalhes. Droga!
- Esperem um pouco! – começou Harry – No dia em que chegamos, eu estava na sala e vi uma pequena garrafinha com um líquido esquisito, em cima da lareira. Eu ía perguntar ao Ron, mas aí ele chegou pagando geral para cima de mim, por causa da Gina, e eu acabei esquecendo do líquido.
- Vamos lá ver! – disse Rony.
Eles se dirigiram à sala rapidamente e foram procurar em cima da lareira, mas não havia nada.
- Droga! – exclamou Hermione
- Só pode estar no quarto deles! - disse Rony.
- O que estamos esperando? – perguntou Gina, já se dirigindo às escadas.
Ao chegarem à porta do quarto, logicamente estava trancada. Hermione levantou a varinha:
- Allorromorra! – e a porta se abriu.
Ela se assustou ao entrar no quarto. Era o quarto mais bagunçado que ela já havia visto na vida.
- Eu deveria ter trazido Bichento comigo. – ela disse – Seria uma ótima diversão para ele ficar por aqui. Esse quarto parece um ninho de ratos!
Eles se dividiram e começaram a procurar algum frasco com líquido, perdido entre o amontoado de tranqueiras que tinham por lá. Depois de uns 20 min, Harry exclamou:
- Achei! Bem, pelo menos foi isso que eu vi na sala. Não sei se é a tal poção.
Todos se aproximaram e deram uma olhada no líquido. Ele tinha uma coloração meio dourada, com umas manchas prateadas. Nenhum deles jamais havia visto.
- Como podemos saber se é isso mesmo? – perguntou Gina.
- Deixa comigo! – Hermione apontou a varinha para a garrafa e disse: Effectus Reversun! – depois murmurou mais alguma coisa que os outros não ouviram.
- O que isso faz? - Rony quis saber.
- Podemos citar uma famosa frase trouxa: “O feitiço vai virar contra o feiticeiro”. Vamos conferir hoje à noite, quando eles voltarem.
O restante do dia transcorreu normalmente. Depois do jantar, Harry, Rony, Hermione e Gina subiram, fingindo que iriam para os quartos. Ficaram escondidos na curva do corredor, até que viram os gêmeos subindo também e entrando no quarto deles.
- Vamos descer agora! – sussurrou Hermione.
Eles então desceram e foram para a sala, na expectativa.
- Se o feitiço der certo, vamos saber agora.
No quarto deles, Fred e Jorge pegaram o frasco com a poção e desarrolharam.
- Vamos ouvir se hoje a coisa esquenta mais ainda, mano. – disse Fred com dois pinga-gotas na mão, entregando um a Jorge e ficando com o outro. Eles colocaram o pinga-gotas dentro do frasco e sugaram um pouco do líquido. Logo depois eles levaram o pinga-gotas até os ouvidos e pingaram 3 gotas em cada um. Ficaram em silêncio aguardando.
- Ué – disse Jorge – eles não estão falando nada?
Não demorou um segundo para eles ouviram a voz de Jorge ecoando alto por toda a casa:
“UÉ ELES NÃO ESTÃO FALANDO NADA?”
- O que foi isso, Fred?
“O QUE FOI ISSO, FRED?”
- Merlin! – exclamou Fred – o que está havendo?
“MERLIN, O QUE ESTÁ HAVENDO?” Desta vez era a voz de Fred que ecoava bem alto em todos os cômodos.
Gui, Fleur e Carlinhos, que já estavam nos quartos, colocaram a cabeça para fora das portas para ver o que estava acontecendo. Molly e Arthur estavam assustados ouvindo as vozes dos filhos e não sabiam de onde vinham.
- Fred, faça parar! – Jorge pedia ao irmão.
“FRED, FAÇA PARAR!”
- Eu não sei como!
“EU NÃO SEI COMO!”
- Droga, o que é isso na minha orelha? – Fred perguntou, olhando para Jorge que também tinha algo estranho nas orelhas.
“DROGA, O QUE É ISSO NA MINHA ORELHA?”
- Está crescendo cabelo aí!
“ESTÁ CRESCENDO CABELO AÍ!”
Na sala, os garotos riam de se acabar.
As vozes de Fred e Jorge ecoavam cada vez mais alto pela casa.
- Não consigo tirar isso! Tira isso, Jorge! – Fred berrava e logo depois sua voz voltava em alto e em bom som.
“NÃO CONSIGO TIRAR ISSO! TIRA ISSO, JORGE!”
- O que está acontecendo aqui? – Molly entrava na sala, encontrando os meninos arriados de tanto rir.
Nesse momento, Fred e Jorge também adentraram a sala. Os dois tinham umas caras assustadíssimas e, das orelhas de cada um, cresciam tufos de cabelos de todas as cores: ruivos, loiros, castanhos e pretos. Alguns lisos e outros cacheados. Se era possível, as gargalhadas aumentaram mais ainda. Hermione conseguiu parar de rir e olhou séria para eles.
- Hermione! – gritou Fred – Foi você? Faça isso parar!
“HERMIONE! FOI VOCÊ? FAÇA ISSO PARAR!”
- Vocês são bruxos educados e inteligentes, portanto sabem as palavrinhas mágicas. – ela disse calmamente.
- Por favor! – os dois gritaram ao mesmo tempo.
“POR FAVOR!”
Hermione levantou a varinha e disse um contra-feitiço. Nesta altura, a família Wesley inteira estava na sala, olhando os gêmeos e rindo da cara deles.
- Deu certo? – Fred perguntou.
A voz dele não voltou.
- Alôôô... – experimentou Jorge.
Silêncio.
- Graças a Merlin! – os dois disseram.
- Agora tira essa droga das nossas orelhas! Por favor! – pediu Jorge.
Hermione só olhou para a cara deles, ainda séria. Os cabelos que cresciam das orelhas deles já estavam chegando à cintura.
- O que foi? Eu disse “por favor”.
- Primeiro quero ouvir que droga de poção é essa que vocês estão usando e por quê?
Todo mundo se calou e ficou prestando atenção.
- Bem – começou Fred – uma vez soubemos de uma poção que um tal auror do Ministério usava há muito tempo, para ouvir escondido os bruxos das trevas e resolvemos tentar criar algo parecido, de brincadeira, nada demais. De repente vimos que a coisa funcionou, melhor ainda que as orelhas extensíveis. Lógico não íamos usar para o mal nem nada, era apenas de brincadeira com o pessoal aqui de casa. A gente só tinha que jogar algumas gotas do líquido em um canto qualquer de algum cômodo, sem que ninguém percebesse. Depois colocar 3 gotas em cada um dos nossos ouvidos. Podia ser em qualquer hora. A gente entrava nos quartos quando vocês não estavam lá. – Fred então olhou a cara irritada do pai e acrescentou – Só jogamos nos quartos de Ron e Gina e um pouco na cozinha, nada mais. Prometemos que não usaremos mais.
- E nem vão colocar à venda na loja? – perguntou a mãe.
Os dois levantaram as mãos, prometendo.
- Agora tira isso, Granger! – pediu Fred.
- Não se preocupe – ela disse – o efeito da azaração que eu coloquei no frasco só dura 2 horas. – ela olhou o relógio – Vocês ainda têm 1h e 20min para curtirem os novos brincos.
E todos caíram na gargalhada novamente. Até Molly estava rindo.
- Mãe! - eles disseram assustados.
- Foi bem merecido para vocês deixarem de ser enxeridos e tentar ouvir a conversa dos outros.
Todos ainda riam, quando Rony chegou bem próximo à Hermione.
- É por isso que eu amo tanto você! – disse no ouvido dela e a abraçou forte.
- Acho que nunca ri tanto na minha vida! – disse Harry – Graças a Merlin, eu tenho uma amiga como você, Mione.
Mas Hermione nem ouviu o que Harry disse. Na cabeça dela só havia as últimas palavras de Rony: “É por isso que eu amo tanto você.”
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