O Presente



Harry estava apreensivo. Já havia mandado a carta para Hermione desde muito cedo e Edwiges ainda não voltara. “Que droga, Granger! Não me diga que você está ficando preguiçosa agora. Essa não é você!” Estava com a cara na janela enquanto pensava isso, quando avistou um pontinho branco voando bem em direção à sua janela. Harry deu um sorriso. “Eu sabia que você não me decepcionaria Mione, não você.” Ele pegou a carta e a leu. Sentiu-se mais leve. Entendia a bronquinha velada que a amiga lhe dera. Ela não concordara com a atitude dele em Hogwarts e falou claramente na carta. Abra seu coração, ela disse. Sim, ele faria isso. Respirou fundo e desceu do quarto, abençoando a sua sorte por ter uma amiga como Hermione. Parecia outro. Resolveu sair um pouco, dar uma volta. Sabia que era perigoso, que alguém poderia estar à espreita, esperando ele dar mole, porém com a cabeça e o coração concentrados em Gina, qualquer maldição imperdoável poderia vir, que nada mudaria seu humor. Lógico que Harry sabia que deveria haver pelo menos uns 2 ou 3 aurores da Ordem ali por perto, de olhos bem aguçados nele, portanto não se preocupou e começou a caminhar pela rua. Depois de alguns minutos, Harry chegou ao setor comercial do bairro. Caminhou entre as lojas, despreocupado, não havia muitos trouxas por perto. De vez em quando olhava para alguma vitrine. Há muito tempo não se sentia tão livre. De repente uma loja lhe chamou a atenção. Chegou mais perto da vitrine e viu dezenas de objetos como perfumes, bonecos de pelúcia, bijouterias, jóias mais finas e diversos outros objetos tipicamente femininos. Harry pensou em Gina, o que na verdade não deixara de acontecer desde que saíra de casa. Queria comprar-lhe algo, mas o que poderia ser? A quantidade de coisas era enorme, mas era tudo trouxa. “Será que ela se agradaria de ganhar um presente trouxa?” Entrou na loja e ficou admirando as coisas. “O que será que uma menina gostaria de ganhar?”
- Posso ajudá-lo? – a senhora do balcão perguntou-lhe.
- Ah, estou dando uma olhada. Acho que... – então um pensamento lhe ocorreu. Olhou de volta para a senhora – Ah..., eu já volto. – E saiu da loja. Olhou para os lados para ver se tinha muita gente, então gritou:
- Tonks? Eu sei que está aí. Vamos Ninfadora, estou precisando da sua ajuda! Tonks?
Craque
- Harry, meu amigo, está querendo chamar a atenção da trouxarada? – Tonks aparatou sorridente ao seu lado – E aí, beleza?
Harry fez que sim com a cabeça. Tonks estava diferente, usava uma roupa trouxa e o cabelo estava loiro. Era uma bonita mulher, absolutamente normal.
- O que houve, Tonks? Cadê os cabelos coloridos?
- Seguindo você pelas ruas londrinas, eu não posso chamar muita atenção dos trouxas, né?
- Tonks, o quanto você conhece da Londres trouxa? A coisa mais normal por aqui são cabelos coloridos e piercings espalhados pelo corpo. Não chamaria atenção alguma. Se você olhar em volta, você está chamando muito mais atenção agora. Reparou na quantidade de homens entortando a cabeça para olhar você? Está linda! – elogiou Harry.
- Sério? – Olhou em volta envergonhada.
- Se o Professor Lupin soub...
- Harry, amigo, você me entregaria? – e os dois riram. De repente ela ficou séria – Você não deveria ter saído, Harry, sabe como andam as coisas por aí.
- Ah, Tonks, eu estava cansado de ficar trancado naquele quarto e resolvi dar uma volta.
- E por que me chamou?
- Estou precisando da sua ajuda. Entra aqui comigo. – e puxou-a para dentro da loja.
- Uau! É tudo tão bonito – disse Tonks admirando os bibelôs e pegando uma bijouteria indiana nas mãos. – Será que eles aceitam dinheiro bruxo aqui? – perguntou – Mas em que quer a minha ajuda?
- Gina! Quero comprar algo para ela.
- Ah, a pequena Wesley. Soube que vocês estavam namorando.
- É..., bem..., mais ou menos. Quer dizer, a gente estava, mas não estamos mais. Na verdade eu quero voltar com ela.
- E pensou em dar um presente para selar as pazes?
- Isso... – disse receoso – Você me ajuda a escolher algo?
- Claro, Harry! Vou adorar!
E eles passaram cerca de uma hora olhando as coisas. A senhora do balcão já havia até desistido de perguntar se poderia ajudar. De repente Tonks chegou em um cantinho, onde havia dezenas de mimosas caixinhas, de diversas cores e formatos diferentes. Ela pegou uma delas e abriu. Para sua surpresa, de dentro dela vinha uma música suave, muito linda. Eram caixinhas musicais. Tonks se entusiasmou e chamou Harry.
- Acho que Gina vai adorar uma dessas. – E apontou para as caixinhas nas prateleiras.
Eles foram abrindo diversas delas, até achar uma música que agradasse a Harry.
- Pena que não tem nenhuma música das Esquisitonas por aqui. – e ambos riram.
Harry escolheu uma caixinha com a música do filme Romeu e Julieta.
Ao se dirigir ao balcão para pagar, Harry virou-se para Tonks, que novamente estava junto às bijouterias, ainda fascinada com elas.
- Ei Tonks, pega aquele colar indiano para você. Aproveita que estou bonzinho e vou pagar hein. É meu agradecimento por estar me ajudando.
Ela não pensou duas vezes e pegou o colar. Colocou diretamente no pescoço e ficou se admirando, para satisfação de Harry, que estava feliz demais com tudo.
Ao sair da loja Tonks lhe agradeceu.
- Obrigada pelo colar, Harry. Vai tranqüilo para casa. Moody e eu estaremos de olho. – Olhou em volta e desaparatou.
- Harry seguiu de volta para a Rua dos Alfeneiros, sorrindo como há muito não fazia.

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