A Briga



O almoço foi constrangedor. Enquanto Molly falava, os meninos respondiam apenas por monossílabos. Rony então, nem isso fazia, pois baixou os olhos para o prato e só levantou-os quando acabou de comer. Gina quis quebrar um pouco o clima tenso e disse:
- Sabe quem encontramos lá no Beco Diagonal? A Luna. – e continuou – Ela está avoada como sempre, mas mandou um beijo para você, Ron, e disse que achava você engraçado. – Gina se arrependeu de ter contado isso, depois que viu a expressão que Hermione fez.
Logo depois, Rony saiu da mesa, deixando os outros lá e indo direto para o quarto. Gina e Harry estavam tão constrangidos quanto Hermione, que nem abriu a boca. Após almoçar, eles foram conversar no jardim e Hermione subiu para tentar falar com Rony. A porta do quarto dele não estava fechada, apenas encostada. Ela então abriu devagar. Vendo que ele estava olhando pela janela, ela se aproximou dele.
- Ron... – ela começou.
- O que você está fazendo aqui? – disse sem se virar.
- Quero falar com você.
- Mas eu não quero falar com você.
- Ron, por que você não deixa eu explicar o que acont...
- Eu não quero explicação alguma! – ele explodiu e se virou para ela – Eu li a mesma coisa que você naquela maldita carta. O cara é apaixonado por você e, ao que parece, é correspondido.
- Ron, eu...
Mas ele não a deixava falar.
- Se bem me lembro, ele diz na carta “não sei se você ainda sente a mesma coisa agora, depois desse tempo todo”. O que você sentia, hein Granger? Amor? Era isso que sentia por ele? – ele falava e andava de um lado para o outro do quarto, nervoso – “Eu só dei dois beijos nele, não deu para sentir nada.”- ele imitava a voz dela.
Ela não conseguiu segurar o choro.
- Ron, deixa eu falar. O que ele quis dizer na carta, foi que...
- Já disse que não quero saber! Não vou ser mais o seu brinquedinho, o seu passatempo enquanto o Krum não chega! Vai lá responder a carta do seu queridinho! - ele gritava.
- Certo! – dessa vez ela explodiu – Não vou falar mais nada! Você não merece mesmo que eu fale mais nada! Você é o maior idiota que eu tive o desprazer de conhecer! Maldita hora em que eu fui ajudar o Neville a procurar o sapo dele no trem de Hogwarts! Nunca deveria ter entrado naquele vagão! Fique aí com este seu maldito orgulho. Tomara que você se engasgue com ele, junto com toda aquela comida que você devora! Só não vou embora agora em respeito aos seus pais e seus irmãos, e também porque sou madrinha da Fleur no casamento, senão já estaria bem longe! – E saiu, deixando Gina e Harry boquiabertos na porta do quarto.

Gina correu atrás de Hermione, que foi para o quarto e abriu a sua mala.
- Mione, dava para ouvir a gritaria lá do jardim. Por que você está mexendo na sua mala? Eu ouvi você dizer lá que não iria embora.
- Não se preocupe Gina, não vou embora. Estou pegando pena e pergaminho. Vou responder ao Viktor, mas primeiro quero falar com sua mãe.
Rony estava tão irritado que desceu imediatamente para não ter que responder as perguntas de Harry. Sentou na sala e fechou a cara.

Hermione desceu e encontrou Molly Wesley ainda na cozinha.
- Sra. Wesley, um amigo meu está vindo para Londres e eu gostaria de saber se ele poderia vir até aqui para me ver. Ele ficaria somente algumas horas, nada mais.
- Claro, querida, você pode...
- Se ele entrar por aquela porta, eu saio pela outra. – Rony havia ouvido da sala e interrompeu a mãe.
- Que grosseria é essa, Ronald Wesley? – perguntou Molly.
- É isso mesmo mãe! Você escolhe: ou o seu filho ou este cara aí que ela diz que é amigo dela.
- Ronald, não foi assim que eu e seu pai educ...
- Sra Wesley – interrompeu Hermione – não precisa se preocupar. Não quero criar nenhuma confusão aqui. – disse olhando para Rony – Vou pedir a ele para se encontrar comigo lá no Beco Diagonal. Com esse calor, a sorveteria é um bom lugar, não acha?
- Claro filha! Desculpe pelo Ronald, mas esse menino às vezes sai do controle.
Ronald ouviu aquilo e voltou para o quarto. Hermione agradeceu a Sra. Wesley, subiu e foi escrever a Viktor Krum.

No quarto de Rony, Harry estava em silêncio desde que o amigo retornara.
- Não vai falar nada, não? – Rony perguntou.
- Sei lá, você parece que não quer ouvir.
- Podemos conversar, desde que o assunto não seja aquela sabe-tudo de sangue-ruim.
- Ron, não fala assim!
- Ok, ok, exagerei. – ele concordou – Podemos conversar, desde que não seja sobre aquela sabe-tudo.
- Pense bem no que você está fazendo Ron, porque depois pode não ter volta. Acredite em mim quando digo que o arrependimento é uma das piores coisas que existem. Alguém me disse recentemente que algumas coisas não são recuperáveis, mas outras são. Este é o caso! – Harry tentou aconselhá-lo, sem citar que a própria Hermione havia lhe dito aquilo - Você ouviu o que ela tinha a dizer?
- Não tenho nada mais a ouvir dela.
- Você está exagerando, Ron! Vocês estavam tão bem, por que isso?
- Harry, eu me sinto como um jogador de Quadribol que estava jogando enquanto o titular estava machucado. Agora que o craque voltou, o reserva aqui volta para o banco. Quer saber, cara? Eu estou deixando o time.
- Ron...
- Harry, eu sei que você é amigo dela, assim como a minha irmã. Vocês podem se dar bem com ela, mas não me peça a mesma coisa.
- Pelo seu bem, tomara que você se arrependa a tempo, Ron. Tomara mesmo.

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