Intriga



Capítulo 3: Intriga

-Abre essa porta, filha. –Molly implorava, na manhã seguinte, pela vigésima quinta vez –Você precisa comer. –ela segurava nas mãos um copo com suco de laranja e um prato com mingau.
-Eu não quero! –a Sra. Weasley ouviu a voz da filha.
Molly suspirou. Nesse momento, Draco ia passando. Ele tinha olheiras e parecia cansado. O brilho de seus olhos havia se esvaído:
-Bom dia, Sra. Weasley. –ele cumprimentou apenas por educação, mas sua vontade era enforcá-la até que dissesse que poderia namorar Gina.
-Bom dia, Sr. Malfoy...Será que poderia me fazer um favor?
Draco parou de andar:
-Que tipo de favor? –indagou, ainda que de má vontade.
-A Gina não quer comer desde ontem...Desse jeito vai ficar fraca. Poderia convencê-la?
-Provavelmente. –ele respondeu –Mas quero ficar ao lado dela enquanto come.
Molly assentiu:
-Ok. Mas eu vou ficar olhando vocês.
Draco bufou, mas virou-se para a porta:
-Gina! –chamou –Abre a porta pra eu entrar.
Alguns segundos depois se ouviu um alorromora e a porta foi destrancada. Draco pegou o que a Sra. Weasley segurava e entrou. Molly entrou junto, mas ficou postada à porta, apenas observando, certa de que Gina não estaria disposta a falar com ela.
-Draco, eu tava morrendo de saudades. –disse e levantou os pés para alcançar os lábios dele com os seus.
Apenas encostou, quando ouviu:
-Hum-hum. Sem beijos.
Gina bufou indignada e deu as costas à mãe:
-Eu não estou com fome, Draco. Tudo que eu quero é ficar perto de você. –disse e os dois sentaram na beirada da cama, um de frente para o outro.
-Eu também quero. Mas acho que isso não será possível.
-Droga! Não podem fazer isso com a gente! –ela reclamou indignada.
-Vamos, Gina. Você não come desde ontem.
-Não estou com fome, Draco.
-Faça isso por mim então. Não quero que fique doente.
Gina pegou o prato de mingau da mão dele:
-Foi ela que te mandou fazer isso, não foi?
-Não foi uma ordem e sim um pedido. Eu poderia ter negado, mas essa foi a forma que encontrei para poder ficar perto de você. Agora coma.
Gina levou uma colher a boca e descobriu que realmente estava faminta. Draco sorriu para ela, ao vê-la comendo com satisfação:
-Viu como estava com fome? –ela concordou com a cabeça –Não teria comido se eu não trouxesse a comida?
-Não. –respondeu –Estaria desanimada demais com o fato de não te ver para poder pensar em comida.
-Não pode deixar de comer por minha causa.
-Não é por sua causa. A culpa é dos meus pais.
-Mesmo assim, Gina. É sério, isso vai prejudicar você. –ela ia dizer algo, mas Draco foi mais rápido –E vai me preocupar. –acrescentou.
-Desculpa. Ok, eu vou comer direitinho, mas só se você vier trazer a minha comida ou comermos juntos na cozinha, tá bom?
-Aceito os termos. –disse, com um sorriso cansado, em seguida bocejando.
Gina levantou uma de suas mãos e passou pelo rosto dele:
-Hem, hem. –era a Sra. Weasley pigarreando, Gina lançou-lhe um olhar fuzilante, mas não adiantou, teve que baixar a sua mão para a colher novamente.
A Weasley bufou e gritou para a mãe:
-MAS QUE SACO! ELE NÃO VAI ME FAZER NENHUM MAL, NÃO PRECISA FICAR QUE NEM UM GUARDA NA MINHA PORTA!
-OLHA O VOLUME DESSA SUA VOZ, MOCINHA. –Molly a repreendeu –Não vou deixá-la sozinha com ele. Já disse que não quero que se envolvam. Embrulha o meu estômago pensar nele botando as patas em cima de você.
-NÃO FALE ASSIM DO DRACO! Ele não fez nada pra você! Por que implica com o meu namorado?!? Quando era o Harry não lembro de te ouvir reclamando.
-São situações completamente diferentes. –“Claro, Potter é o heróizinho e eu não.” Ele não pôde deixar de pensar e Molly continuou –O Harry realmente gosta de você e tem sentimentos, diferente desse Comensal da Morte.
-MÃE! COMO OUSA...?!? –ela ia se levantando, mas Draco segurou-a.
-Deixa, Gina.
-Mas ela está ofendendo você! Ela não entende! Não tem esse direito.
-Eu não quero que brigue com a sua mãe por mim. –ele disse seriamente.
Gina terminou de tomar o seu suco de laranja. Levantou-se pegou Draco pela mão e puxou-o em direção a porta:
-Ginevra Weasley! –Molly exclamou, ao ver a filha passar por si sem ao menos encará-la –Você não pode fazer o que quiser! –e foi atrás do casal.
Gina estava conduzindo o namorado para a cozinha. Ao passar pela porta, trancou-a:
-Colloportus. –e ainda usou a tranca trouxa da porta de madeira –Temos algum tempo. –ela disse –A minha mãe não está com a varinha e não vai conseguir destrancar a tranca trouxa, já que é por dentro.
-SAIA DAÍ AGORA MESMO! –sua mãe gritava do outro lado.
A ruiva nem se deu ao trabalho de responder para a mãe, suspirou e virou-se para o namorado:
-Só vai ser incômodo o escândalo.
-Eu acho que isso só vai piorar as coisas. –ele avaliou –Não quero que tenham uma razão a mais para me odiar.
-Eu assumo a culpa, Draco. Não foi sua idéia. Mas é que eu queria tanto ficar com você. Sabia que parece muito cansado e abatido?
-Não se preocupe, eu apenas não dormi direito. –ele respondeu.
Gina enlaçou-o pelo pescoço e encostou seus lábios. Foi apenas um estalinho e se encararam:
-Como não vou me preocupar? Por que não dormiu bem, Draco?
-Fiquei pensando sobre nós. Temos que arrumar uma maneira de nos encontrarmos a sós.
-Bem, agora estamos a sós. –e então ouviu os gritos do lado de fora, agora era de Molly e Narcisa juntas –Não tão a sós. –comentou.
Draco enlaçou a cintura dela e alcançou os lábios da ruiva. Seus corpos estavam colados enquanto se beijavam intensamente. Foram se encaminhando para a parede e o loiro prensou-a nela. Gina não tinha como puxar mais o Malfoy contra si, ele já estava próximo demais, mas ainda assim ela o enlaçava fortemente.
Ela não conseguia imaginar como seria se tivesse que ficar longe dele. Era muito suplício vê-lo e não poder o tocar, abraçar e beijar.
Os lábios dele foram parar em seu pescoço e a respiração dela tornou-se ruidosa.
-GINA! SAÍ DAÍ! –ela, de olhos fechados, ouviu Gui gritando –EU VOU ARROMBAR ESSA PORTA!
Ao ouvir isso, a Weasley empurrou Draco para longe de si:
-Mas o quê...?!?
-Senta numa cadeira. Eu vou preparar alguma coisa pra você comer. –ela disse, indo até a geladeira.
-Mas...
-Eles não podem nos pegar aos beijos ou será pior. Acho que vão arrombar essa porta daqui a pouco. –disse, colocando uma jarra de leite em cima da mesa.
Draco sentou-se e logo Gina trouxe uma tigela e cereal de milho. Colocou o cereal dentro da tigela e estava servindo-a de leite, quando a porta escancarou-se. Rostos lívidos de fúria encaravam o casal:
-Por que todo esse escândalo? –a ruiva perguntou, cínica.
-Como assim, garota?!? –Narcisa perguntou, muito brava –Quem mandou você se trancar com o meu filho? Afaste-se dele.
-Cale a boca, Narcisa! –Molly exclamou.
-Cale a boca você, sua rolha de poço!- a loira revidou.
-Ora sua oxigenada esquelética ambulante! –Molly respondeu.
Estavam a ponto de avançar uma na outra, mas Gui segurou Narcisa, enquanto Molly era segurada por Arthur.
Gina virou-se para Draco:
-Oh meu Deus! O que eu fui fazer? –ela perguntou preocupada.
O Malfoy abraçou-a:
-Calma, Gina. Tudo vai se resolver.
“Assim espero, se bem que é quase impossível.” Ele não pôde deixar de pensar.
-Tire suas patas imundas da minha filha! –Molly gritou.
-Draco, está se contaminando pela ignorância dessa gente. Solte essa meretriz, ela não te merece, Draco! Quanto você paga por noite pra ela? Eu posso arranjar outra pra você.
-Ora sua desgraçada! A minha filha é virgem! Ela é ingênua! Não vê que esse seu filho não presta assim como todos os Malfoy.
Era cada vez mais difícil segurar as duas mulheres. Draco defendeu a namorada:
-Mãe! Não fale assim com a Gina! As minhas intenções com ela são as melhores! Eu respeito muito ela.
-Assim como as suas intenções eram as melhores com aquela corvinal do quinto ano que teve que fazer um aborto? –Narcisa perguntou, destilando veneno.
Gina empurrou Draco, que fazia uma cara pasma:
-Isso é verdade?!? –a ruiva perguntou, revoltada.
-Não! –o loiro negou –Que história é essa mãe?!? PARE DE INVENTAR MENTIRAS!
Apesar de estar sendo segurada, ela fez pose e um brilho malevolente passou por seus olhos:
-Ela veio me dizer que estava grávida e você era o pai. Eu não podia permitir que tivesse o seu futuro comprometido por um deslize sem importância. Eu mandei ela fazer o aborto e ela fez.
-É MENTIRA! Como...?!? –ele não sabia mais o que pensar –Eu teria ficado sabendo, ela teria contado pra mim!
-Eu fiz ela jurar que manteria tudo em segredo. Ela veio falar comigo porque tinha medo da sua reação. Eu disse que ela fizera bem, porque você não ficaria nem um pouco feliz com a irresponsabilidade dela. Disse que o único jeito era ela se livrar da criança.
Todos olhavam boquiabertos para Narcisa, a qual demonstrava uma frieza inabalável com aquele assunto.
Gina saiu correndo para se trancar no quarto. Fleur chegou perto de Draco:
-Deixa que eu fale com ela. Agora ela está com a cabeça quente demais para te ouvir. –cochichou num tom confidente e deixou a cozinha.
A ruiva estava jogada na cama, a cabeça enfiada no travesseiro, quando Fleur adentrou o quarto:
-Gina. –ela disse cautelosamente e não ouve resposta, apenas ouvia uns ruídos abafados –Gina, não chore, querida. –e sentou-se na beirada da cama.
Gina levantou o rosto, lágrimas rolavam por sua face alva:
-Não chorar? Eu acabei de descobrir que o Draco é um cachorro e só quer me usar!
-E você vai acreditar no que a Narcisa disse? –a loira perguntou –Ela só quer que vocês se separem.
-Assim como todo mundo. Agora ficarão felizes, terão o que querem. –disse acidamente.
-Eu não sou contra. –Fleur se defendeu –Acho tão romântico você e ele.
-Pois terá de achar romantismo em outras coisas, eu não quero nem mais ver a cara daquele cretino.
-Você não está falando sério, Gina. Você gosta dele, não é mesmo? –a ruiva não respondeu, mas também não conseguia negar –Ele também gosta de você.
-Não! É tudo mentira! Ele só quer ir pra cama comigo e depois me largar.
Fleur suspirou:
-Suponho que você tem que ouvir o lado dele.
-Eu não quero ouvir nada, Fleur! Será que não percebe? É simples, fui enganada esse tempo todo.
-Isso não é verdade. –Draco surgiu no quarto, se aproximando de onde elas estavam.
-Saia daqui agora, seu imbecil! –a ruiva exclamou –EU TE ODEIO!
-Me escuta, Gina! –ele pediu.
Fleur levantou-se:
-Como foi que você conseguiu chegar aqui sem ser notado?
-Estão ocupados demais tentando impedir a minha mãe e a sua sogra de se matarem.
-Oh meu Deus!. –a loira exclamou, saindo do quarto e deixando os dois sozinhos.
-Não chegue perto, Malfoy. –ela avisou.
-Eu posso explicar. Apenas peço que me escute.
-Você só quer me usar, não merece que eu escute uma palavra sua.
-Isso não é verdade. Eu amo você. –e sentou-se na cama.
-Não diga isso, machuca. –ela comentou tristemente.
-O quê? –ele não podia entender o comentário dela.
-Eu sei que é mentira. Foi isso que você falou para aquela corvinal para conseguir levá-la pra cama? Pois comigo isso não vai funcionar, Malfoy.
Ele suspirou:
-A verdade é que eu saí por um tempo com ela e acabamos dormindo juntos algumas vezes, mas eu nunca soube de gravidez nenhuma. Ela nunca me contou. Eu achei que ela usasse pílula.
-E comigo você quer fazer a mesma coisa: usar e quando enjoar, descartar.
-O que eu faço pra você acreditar em mim? –não houve resposta –É isso o que você quer? Dar esse ponto pra eles? Então é você quem nunca gostou verdadeiramente de mim. Você quer terminar apenas por uma intriga.
-Não é intriga, é fato, Malfoy, você levou outra pra cama.
-É isso o que te incomoda? A gente nem conversava naquela época. Você não pode me culpar, não pode meu culpar pelas coisas que fiz antes de nos conhecermos melhor. Eu mudei, será que não percebeu isso?
-Eu tenho medo de me decepcionar. –ela confessou.
-E eu tenho medo de te perder.
Ela deu um suspiro:
-Você não vai me perder se não me decepcionar. Promete? É mesmo sério o que há entre nós ou para você não passa de diversão?
-É óbvio que é sério. –ele respondeu –Você foi a única que não fugiu de mim, enquanto todos fugiam. Eu te amo, Gina. Nunca disse isso para ninguém em toda a minha vida.
O coração dela batia descompassado ao ouví-lo dizer que a amava. Ele estava tão sério, os olhos tão profundos. Não agüentou mais, atirou-se nos braços dele num abraço apertado:
-Eu também te amo.

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