Até que a família os separe

Até que a família os separe



Estava na hora de Gina deixar Hogwarts pela penúltima vez. Saiu de seu dormitório arrastando seu malão. Na Sala Comunal, Colin a esperava:
-Vamos indo? –ele perguntou –Estamos um pouco atrasados, eu acho.
Gina afirmou e eles passaram apressadamente pelo quadro da Mulher Gorda e seguiram em direção às portas principais do castelo. Do lado de fora, na escadaria, estava Draco mirando saudosamente o castelo e os terrenos da escola. Quando viu a ruiva se aproximar, sorriu.
-Oi, Draco. –ela cumprimentou –Está...? –mas não teve tempo de terminar a pergunta, ele beijou-a.
Os olhos de Colin ficaram do tamanho de pratos ao ver os dois se beijando:
-Vocês estão juntos? –ele perguntou, totalmente surpreso –Pensei que apenas estudassem juntos.
Os dois soltaram-se:
-Vai, Creevey, espalha pra todos sem o que fazer que eu e a Gina estamos namorando, assim me poupa o trabalho de ter que responder cada vez que um idiota me perguntar.
Colin saiu andando rápido. Draco passou uma mão pela cintura de Gina e os dois saíram puxando seus malões. Entraram numa das carruagens puxadas por testrálios. Na mesma carruagem que eles, entraram Lilá Brown, Parvati e Padma Patil. Gina tinha a cabeça deitada no ombro do Malfoy e as três garotas estavam cochichando excitadamente, até que Lilá teve a coragem de fazer a pergunta:
-Gina, você está ficando com o Malfoy?
-Estamos namorando.
-Namoro sério. –Draco acrescentou e elas fizeram cara de espanto.
-E o Harry? –Parvati perguntou.
-Será apenas um amigo. –a ruiva limitou-se a responder.
-Gina. –Lilá, que já havia ficado com Rony, começou a dizer –O Rony não vai gostar nada disso, ele odeia o Malfoy.
-Não me interessa o que o Won-won acha ou o que o Won-won deixa de achar. –a Weasley respondeu sarcástica e Lilá ficou vermelha.
-Por que você está com a Gina, Malfoy? –Padma perguntou.
-Porque simplesmente ela é a única pessoa que se importa comigo na droga desse colégio. A única pessoa que me deu uma chance e procurou saber qual era a verdade de todos os boatos que corriam por aí sobre mim. –ele respondeu sério. –Saibam disso, suas fuxiqueiras.
As três se encolheram em seus lugares, estavam com medo de Draco, ele falara de um modo muito enérgico com elas. Ele abraçou Gina pelos ombros:
-Você parece meio abatida, Gina. O que foi?
-Não deu tempo de comer. Eu deixei para arrumar as minhas coisas na última hora.
-Quando chegarmos no trem eu vou comprar bolos de caldeirão, tortinhas e suco de abóbora para você.
-Não precisa, Draco. –ela respondeu.
-Eu faço questão, Gin. Você precisa se alimentar direito, não quero te ver anêmica.
-É muita gentileza sua.
-Não precisa agradecer. Prepare-se, pois eu vou te deixar tão mimada quanto eu. –ele avisou –Seremos os dois mimados mais insuportáveis da face da Terra.
-Ah, não, Draco. –ela riu –Não quero ser insuportável igual a você.
-Ora, Gina! –ele exclamou indignado, mas em seguida riu –Eu não sou tão ruim assim, não é mesmo? Você me agüenta e não te ouço reclamar.
-Tem razão. –ela sorriu pra ele.
As garotas assistiam o casal com crescente espanto e inveja. O sorriso deles era verdadeiro e era tão óbvio que estavam apaixonados...
Na estação de Hogsmeade eram observados e apontados:
-Draco, tá todo mundo olhando pra gente com cara assombro. –a ruiva murmurou.
-Lógico que sim. O que você esperaria que fizessem quando vissem a caçula dos Weasleys, conhecidamente membros da Ordem da Fênix, com um suposto perigoso Comensal da Morte, que sempre odiou a família Weasley e os grifinórios.
-Você não é perigoso. –ela disse.
-Não exatamente. –o loiro respondeu.
-Mas agora você continua odiando Weasleys e grifinórios?
-A única grifinória que não odeio é você. Quanto a sua família...Vou ser legal, se eles forem legais comigo.
-Vamos morar juntos. –a ruiva lembrou –é bom que você se dê bem com eles, ou aquilo vai virar um ambiente insuportável.
Ao entrarem no trem, procuraram uma cabine vazia e entraram. Draco fechou as cortininhas, para que não fossem observados. Gina parecia tristonha:
-O que você tem?
-Eu tenho medo, Draco.
-Do quê?
-Da reação da minha família. E se eles proibirem?
Ele sorriu:
-Dizem que o fruto proibido é o mais apetecido.
-Você não leva nada à sério, não é mesmo?
-Assim está sendo injusta comigo, Gina.
-Poderia me dar exemplos do que você leva à sério?
-A vida. O nosso namoro. Problemas. O futuro. O destino.
-Não acredita em casualidades? –ela indagou curiosa.
-Não. Você acha que foi por acaso que subiu àquela noite até a Torre de Astronomia?
-Bem, eu não ter ido antes lá pra pensar, não significa que...
Draco balançou a cabeça negativamente e a cortou:
-Se as escolhas fazem um futuro, eu acredito que as pessoas fazem escolhas de acordo com o que tem que acontecer. Bem, fazem isso muitas vezes inconscientemente, é claro. Acho que a intuição ajuda nisso. Não se perguntou várias vezes por que tinha vontade de fazer algo e não achava a resposta?
-Sim, é claro. Na minha casa, eu gostava muito de ver estrelas, mas nunca tinha me ocorrido de ir até a Torre de Astronomia fazer isso. Naquela noite, eu estava com a cabeça cheia. O que me ocorreu é que eu precisava olhar pro céu, logo eu me dirigi para a Torre de Astronomia.
-Vou te dizer o porquê de eu estar lá naquela noite. Eu era “O problemático”, mas guardava tudo pra mim. Por isso, precisava de ficar sozinho de vez em quando e conversar com a minha própria consciência. Eu sempre usava lugares diferentes, mas naquela noite tive uma vontade inexplicável de ir até a Torre de Astronomia, isso porque eu evitava o local desde a morte de Dumbledore. Ainda acha que foi coincidência?
-Acha que estava escrito que ficaríamos juntos?
-Acho que esse foi o destino, porque escolhemos ir para aquela torre na mesma noite. Porque dissemos o que se passava no íntimo de cada um. Porque você me ofereceu ajuda. Porque eu aceitei essa ajuda. Porque você era legal comigo de uma maneira sincera, sempre me incentivando. Porque eu percebi que você acreditava em mim. Porque eu comecei a gostar da sua companhia e ver que você era bonita por dentro e por fora. Porque era inevitável depois de tudo isso que eu não me apaixonasse por alguém assim.
Gina encostou seus lábios nos de Draco e abraçou-o. Ficaram unidos num beijo terno por algum tempo, até que o sonserino quebrou o contato e encarou-a:
-Eu apenas não sei quais foram os seus motivos. Por que se apaixonou por mim?
-Porque eu enxerguei por trás da imagem que eu já tinha de você. Confiava em você, mesmo sendo um Comensal. Eu percebi que por trás da máscara da indiferença existia uma pessoa que merecia ser salva. Comecei a apreciar a sua companhia cada vez mais. O quanto me fazia sorrir. Até que um dia olhei pra você e meu coração disparou e eu fiquei vermelha. Isso foi quando nos beijamos pela primeira vez. Quando fomos expulsos da biblioteca. Eu olhei pra você e pensei “Nossa, como o Draco é lindo e eu nunca tinha reparado. Eu estou perdida!” Naquele instante eu soube que tinha me apaixonado por você. Por isso saí irritada, pensando que não era pra ter acontecido.
-Pensou que eu não corresponderia, não é mesmo?
-É, sim. No pior momento eu cheguei a duvidar de você, me perdoe por isso. Pensei que para você era apenas a Weasley pobretona que estava usando pra conseguir os NIEM’s e depois nem olharia na minha cara.
-Assim você me ofende. –ele reclamou –Mas se eu fosse você, também pensaria isso de mim mesmo. –ponderou.
-Acha que a sua mãe vai aceitar numa boa?
-Não sei. –respondeu sinceramente –A minha mãe é uma caixinha de surpresas.
-Acho que você herdou isso dela.
Ele deu um sorriso debochado:
-Eu sou tão imprevisível pra você? Tem certeza?
-Acho que sim. –respondeu, meio em dúvida.
-Pois eu acho que você poderia muito bem prever o que eu vou fazer agora. –disse, com o rosto a centímetros do dela.
-É mesmo? –perguntou sorrindo e o puxou contra si, encostando os lábios.
Beijaram-se longamente, tendo Draco interrompido o beijo:
-Era exatamente isso o que eu ia fazer. –e olhou profundamente nos olhos dela.
Gina sorriu:
-No que está pensando?
-Nada. –disse dando de ombros.
-Como se eu fosse acreditar nisso...
-Hum...Eu estava pensando que antes a gente escondia das pessoas...quero dizer, antes de começarmos a namorar, ninguém, exceto a Madame Pince tinha nos visto enquanto estávamos nos beijando.
-E então? –Gina encorajou-o a continuar, já que não estava entendendo onde ele queria chegar.
-Acha que os seus irmãos vão pegar no meu pé? Do tipo que não vão nos deixar sozinhos nem por uma fração de segundo?
Ela sorriu sem graça:
-É possível...-ponderou tristonha -Mas eu não quero isso! –protestou energicamente –Eu morro se não puder beijar você.
-Ora, ora...exagerado, é claro. Mas não deixa de ser um apelo interessante. –sorriu sarcástico.
-E por que é um apelo interessante?
-Porque prova que você está caidinha por mim.
-Ora, seu convencido. –ela disse, empurrando-o levemente.
-Mas é a verdade...
Nesse instante, ouviram bater à porta da cabine:
-Gostaria de comer alguma coisa?
Ao ouvir a voz da mulher do carrinho, Gina abriu a porta e olhou para Draco.
-Nós vamos querer duas garrafas de suco de abóbora, quatro bolos de caldeirão e um pacotinho de balas de menta.
Draco pagou alguns sicles e pegou as coisas, Gina fechou novamente a porta da cabina. Eles fizeram uma refeição melosa (com a ruiva dando comida na boca dele) e chuparam uma bala cada um.
-Olha o meu papel de bala, Draco. Na figurinha está escrito: Dia de sorte, não se aborreça pela opinião dos outros.
-O meu está escrito: Não se pode encontrar razão naquilo em que não há razão.
-O que acha dessas mensagens?
-Não acho nada. –respondeu, puxando-a para um beijo.
O sonserino enlaçou firmemente a cintura da ruiva e ela passou os braços em volta do pescoço dele. De início, foi um beijo normal, mas depois foi se tornando mais intenso. Draco a puxava cada vez mais contra si, sua língua explorando vorazmente a boca dela. Gina sentia-se completamente aconchegada nos braços dele, não queria sair dali nunca mais. Seu coração batia forte junto com o dele. Ela nem percebeu ele abrindo sua capa. Gina teve apenas uma leve noção de senti-lo afrouxar sua gravata e abrindo os primeiros botões de sua camisa. Os lábios dele foram para seu pescoço e a ruiva agarrou com força a frente das vestes dele:
-Não...O que você tá fazendo, Draco? –ela perguntou manhosa.
-Algo que a sua família não vai me deixar fazer. –respondeu e voltou a beijar o pescoço dela.
A grifinória estava se sentindo extremamente quente e um tanto envergonhada, mas não conseguia controlar-se. Abriu a camisa do namorado e ficou alisando o tronco dele. Draco fez com que Gina sentasse em seu colo, de frente para si:
-Tem certeza que a porta dessa cabine está trancada? –ela perguntou sem jeito.
Draco fez que sim:
-Por quê?
-Se alguém nos pega nessa situação eu sou capaz de morrer de vergonha.
-Você é ou não é minha namorada, Gina?
-Sou, mas eu...nunca fui muito longe, se é que me entende.
Ele sorriu com superioridade:
-Eu sei disso.
-Sabe?
-Você está muito encabulada e sem jeito. Não se preocupe, eu não vou te forçar a fazer nada que não queira. Se achar que eu estou indo muito longe, eu paro. Ainda temos tempo. Vai ser um ótimo passatempo criar planos para entrar no seu quarto sem que ninguém perceba...
-Draco! –ela o censurou.
-Você acha que eu vou te beijar pra valer na frente da sua família? Não, eu tenho amor à minha vida. Quer dizer, agora eu tenho. Graças a você.
Ela sorriu e deu um selinho nele, o qual Draco fez virar um beijo de verdade. Foi Gina quem descolou seus lábios:
-Quero saber uma coisa. Qual foi a última vez que você ficou com uma garota?
-Ficar...Em qual sentido? Até o fim?
-Não necessariamente. E então?
Ele deu de ombros:
-Poucos dias antes de beijar você pela primeira vez. A maioria tinha medo de mim, sabe? Então não ousavam me contrariar se eu quisesse algo, entende?
-Garoto malvado. –Gina o censurou –Você queria ser temido por isso, é?
-Eu não queria ser temido! –se indignou –Quer dizer, eu nunca quis ser apontado como o Comensal de Hogwarts. –e ficou sério.
-Desculpa, eu sei que você não queria isso, foi pressionado. Me desculpa?
-Não sei. Me dê uma boa razão.
Gina deu um sorriso cúmplice e passou a beijar o pescoço do loiro, suas mãos subindo e descendo pelo corpo dele. Draco estava arrepiado com os toques dela:
-Isso é uma boa razão. –ele murmurou e suas mãos foram subindo pelas pernas da Weasley.
A ruiva se sentiu quente e com frio ao mesmo tempo, não sabia explicar de onde advinha aquela sensação de prazer. Olhou nos olhos dele angelicalmente, mas ainda assim com um brilho de luxúria no olhar. Ela suspirou e viu o namorado sorrir.
Beijou a boca dele com satisfação. O loiro provocava cada vez mais com suas mãos, subia cada vez mais...O corpo da grifinória o queria naquele instante, mas a sua mente lhe avisava de que aquilo não era sensato. Relutantemente, tirou as mãos de Draco de debaixo de sua saia. Ele parou o beijo:
-Desculpa. Eu...
Ela colocou um dedo nos lábios dele:
-Não precisa se explicar. Eu entendo. Só não acho que aqui seria um lugar adequado, não acha?
Ele concordou:
-Você merece coisa melhor que isso. –e passou as mãos pelos cabelos rubros dela, afagando-os.
Durante o resto da viagem de trem, ficaram discutindo como achavam que seriam suas vidas dali em diante. Mas as horas passaram e logo o Expresso de Hogwarts chegou a estação de King’s Cross, na plataforma 9 e ½ . [N/A: Já perceberam que no livro é 9 e ½ e no filme 9 e ¾.?]
Saíram juntos do trem, carregando seus respectivos malões. Atravessaram a passagem e do outro lado encontravam-se a Diretora e quatro membros da Ordem (Tonks, Lupin, Arthur e Gui Weasley, mas com os cabelos pretos) . O loiro e a ruiva soltaram as mãos instantaneamente, antes que alguém percebesse. Foram conduzidos até o lado de fora da estação e introduzidos dentro de um carro espaçoso do Ministério. Gina não agüentou mais e perguntou:
-Por que estão com os cabelos dessa cor?
-A Tonks pintou pra gente. –Gui respondeu, se mostrando incomodado com a mudança de visual –Os Comensais atacaram a nossa casa, querem pegar a nossa família, lembra-se? –Gina fez que sim –Mas queríamos vir buscar você, Gina. Então a Tonks achou melhor...não aparecer com o nosso cabelo facilmente identificável.
-Como estão todos, papai?
-Bem, na medida do possível. Rony mandou uma carta codificada para o Ministério. Pelo menos ele, a Hermione e o Harry estão vivos.
A ruiva sorriu:
-Que bom saber disso. Eu estava tão preocupada com eles. Sinto muita falta...
Draco fechou os punhos, talvez ciúmes por Gina ter dito “eles” e não apenas o irmão.
-E vocês? Como vai o namoro? –a ruiva perguntou para Lupin e Tonks.
-Isso é mesmo necessário? –Lupin perguntou.
-Ora, Remo, não seja tão fechado. –Tonks, que se encontrava com o cabelo castanho e comprido, o repreendeu –Estamos muito bem, apesar de tudo. –e Gina sabia que esse “tudo” era a Guerra.
-E você, Draco? –Tonks perguntou de repente, fazendo o loiro dar um pulo –Por que está tão quieto? –ele deu de ombros –Fale aqui para a sua priminha querida, já tem alguma namorada?
Draco e Gina ficaram vermelhos e o loiro apenas balançou a cabeça afirmativamente.
-Quem é ela? –Tonks quis saber.
-Não pressione o garoto, Ninfadora. –Minerva a censurou.
Tonks fez cara feia ao ser chamada pelo primeiro nome:
-Eu apenas quero ter certeza de que ele não está namorando nenhuma futura Comensal, Minerva.
-Ela não vai ser uma Comensal. –Gina respondeu.
-Como pode saber, Gina? –Gui perguntou –Você a conhece?
-Bastante. –a ruiva respondeu –Mas não vou dizer quem é. Como vai a Fleur, Gui?
O irmão quase engasgou e Arthur achou graça, respondendo pelo filho:
-Sua cunhada vai ter um filho.
Gina sorriu:
-Então é por isso que ficou tão sem jeito, Gui?
Gui fez que sim:
-É uma época tão imprópria para se ter filhos, eu me sinto culpado...Pelo menos a Fleur não vai poder lutar na Guerra, assim fica fora de perigo. E falando nisso, ela está morando com a gente também.
-Quantas pessoas vocês colocaram na minha casa? –Draco perguntou.
-Sua casa, Malfoy? –Gui perguntou –Não é propriedade sua e sim da Diretora. Mas se quer saber, serão 7 pessoas a morar na casa.
-Quem não vai? –a ruiva perguntou.
-Os gêmeos, eles tem a loja de Logros para tocarem. Carlinhos está fora do país. O Rony você sabe. O Percy não mora com a gente faz tempo.
-Espera um pouco. – loiro disse –São sete pessoas, certo? –Gui e Arthur fizeram que sim –São apenas quatro quartos. O que farão a respeito disso?
-Um quarto para mim e a Molly. Um quarto para o Gui e a Fleur. Você pode dormir no mesmo quarto que a sua mãe e a Gina fica com um quarto.
-E por que ela pode ter um quarto sozinha e eu não?
-Sabemos que não simpatiza com nossa família. –Arthur disse –Não vamos começar brigando desde já. Não acha que sua mãe preferiria dormir no mesmo quarto que você e não que a Gina?
-Sim, eu acho. Mas e o meu pai? Está preso em Azkaban, mas a Diretora me prometeu que iria tirá-lo de lá. Os Comensais andam fazendo investidas contra Azkaban. Os aurores não agüentarão por muito tempo. Voldemort quer meu pai morto. Dumbledore, antes de morrer, prometeu que poderia conseguir segurança para nós três. Como vão resolver a questão dos quartos quando isso acontecer?
Gui e Arthur fizeram a cara de que abominariam viver sobre o mesmo teto que Lúcio Malfoy. Agüentar 2 Malfoys já seria suficientemente ruim...Até mesmo Gina não pode ficar feliz com aquilo. Primeiro porque não tinha boas recordações do pai de seu namorado e segundo porque Draco nunca havia lhe contado aquilo.
Um pesado silêncio reinava no carro, até que Minerva o quebrou:
-Eu vou conseguir, Draco. Se Dumbledore queria assim, é assim que tem que ser feito. Quanto a quartos, não se preocupem com isso antes do tempo. Vocês parecem que querem arrumar uma briga. Isso é ridículo!
-Tá bom. –o loiro concordou –Eu dividirei o quarto com a minha mãe.
Durante o resto do trajeto, ninguém mais abriu a boca. A não ser a Diretora, para orientar Remo, que estava ao volante.
Ao chegarem, todos desceram do carro, não antes de Remo e Tonks checarem os arredores. Após entrarem na casa, logo sua mãe, sua cunhada e sua sogrinha vieram recebê-los. A ruiva foi abraçada brevemente por Fleur e depois longamente por sua mãe:
-Minha filha, quanta saudades a mamãe estava de você. Mas como você está magra. Em uma semana, deixará de ser esquelética. Adora a comida da mamãe, não é mesmo?
Gina não prestava atenção. Estava olhando para Draco e Narcisa. Após um momento de tensão, a loira havia abraçado o filho e agora cochichava ao ouvido dele coisas que ela não podia ouvir.
-Bem, nós já vamos indo. –Tonks disse, se referindo à ela e Lupin.
-Mas de forma alguma. –a Sra. Weasley disse, agora soltando a filha –Jantem conosco. Já está pronto.
-Não queremos incomodar, Molly. –Lupin disse.
-Incômodo nenhum. –Arthur respondeu –Vamos para a sala de jantar.
-Vão indo à frente, precisamos guardar nossos malões. Voltamos daqui a pouco. –Draco disse, se referindo a ele e Gina.
-O nosso quarto é o último, Draco. –Narcisa informou.
-E o seu é o primeiro, Gina. –Gui disse.
Então os dois subiram as escadas:
-O que a sua mãe disse?
-Quer mesmo saber? –perguntou e Gina fez que sim –‘Espero que não tenhamos que agüentar esses Weasleys por muito tempo’.
-E o que você disse?
-Eu concordei com ela. Não está chateada, está?
-Não estou. Eu compreendo. Ninguém sabe ainda.
Chegaram ao primeiro quarto. Tinha uma cama de solteiro a um canto e um guarda-roupa a outro. Uma penteadeira ficava do lado oposto à janela. As cortinas eram rosas. Gina deixou o malão a um canto, sem fazer nenhum comentário. Sentiria falta de seus pertences pessoais que deixara na Toca.
No quarto de Draco havia duas camas de solteiro. Um guarda-roupa, uma penteadeira e um baú. As cortinas eram brancas. O loiro depositou o seu malão ao lado do baú. Virou-se para Gina e levou seus lábios aos dela. Era mais que agradável sentir novamente a familiaridade daquele abraço, mas Gina sentia-se preocupada:
-Draco, isso não é sensato. E se alguém nos ver?
-Ninguém vai nos ver. –respondeu e voltou a beijá-la.
-Eu não apostaria nisso. –ouviram uma voz dizer e pularam para longe um do outro.
-Quem disse isso? –Draco perguntou, olhando pelo quarto.
-Eu. Aqui. No quadro.
Os dois olharam:
-Armando Dippet! –Gina exclamou –É o diretor de Hogwarts antes de Dumbledore.
-Isso mesmo, minha cara jovem grifinória. Mas devo dizer que estou decepcionado. Não esperava vê-la desse modo com um sonserino. A mãe dele fala bastante mal dos Weasley, sabia?
-Não vai contar nada pra minha mãe e nem pra ninguém, vai Dippet? –o loiro perguntou receoso.
-Não sei. Acho que deveria, já que fariam com que parassem essa insensatez.
-Não diga nada, por favor. –Gina pediu –Em nome da nobreza grifinória.
O ex-diretor deu um suspiro resignado:
-Tudo bem, jovenzinha. Mas evitem fazer isso na minha frente, está bem?
Gina fez que sim:
-Obrigada. –agradeceu e saiu puxando Draco.
Ao entrarem na sala de jantar, todos os olharam. O casal sentou-se de lados opostos, sem se olhar. Foi Tonks quem quebrou o silêncio:
-Narcisa, sabia que o Draco está namorando?
-Como assim, Ninfadora? –a loira perguntou e a auror fez cara feia –O Draco me contaria se estivesse...
-Vejo que sua relação com seu filho não é das melhores, tia. –ela alfinetou.
Narcisa sentiu-se incomodada. Primeiro porque ser chamada de tia por Tonks a fazia se sentir velha e segundo porque não admitia que alguém pudesse questionar a sua relação com o seu único filho. Não queria dar o braço a torcer, mas a semente da dúvida fê-la perguntar:
-Isso é mentira, não é, Draco?
O Malfoy engoliu em seco e não olhou para Gina, a qual baixara os olhos para sua sopa, sorvendo-a em silêncio mortal.
-É verdade, mãe. –disse cautelosamente.
-E quem é ela? –Fleur perguntou curiosa, com seu sotaque francês menor que antes.
-Por que esse interesse na minha vida? –perguntou incomodado.
-Eu sou sua mãe, Draco! –Narcisa disse –E você não me disse nada! –reclamou indignada.
-Eu não quero falar sobre isso. –Draco disse, sério.
-Ora, por que o segredo? –Arthur quis saber –Por acaso teria algum motivo para manter em segredo o nome dela?
A essa altura, Gina já havia rezado para todos os santos para conseguir escapar daquela situação. Era evidente que se continuasse sendo pressionado, Draco contaria. Então eis que teve a idéia. Era arriscado machucar-se, mas não conseguia pensar em algo melhor. Pousou sua colher no prato de sopa, deu um impulso pra trás e caiu com a cadeira.
-GINA! –ela ouviu gritarem.
Ao atingir o chão, sentiu-se tonta. Piscou por várias vezes, mas sua cabeça doía, então resolveu fechar os olhos. Alguém dava pequenos tapinhas em sua cara para que abrisse os olhos, mas suas pálpebras estavam pesadas e sua cabeça queria fugir de qualquer luz. Manteve os olhos fechados. Alguém a levantou e carregou-a para seu quarto.
-Gina. –uma voz a chamou calmamente.
-Draco? –ela perguntou, ainda sem abrir os olhos.
-Sou eu, Minerva. –e Gina abriu os olhos rapidamente.
Estava deitada na cama de seu novo quarto com apenas a Diretora por companhia. Tentou sentar-se na cama, mas descobriu que era melhor permanecer deitada, além de sua cabeça, suas costas também doíam:
-Cadê a mamãe? –perguntou, era estranho para ela que a Sra. Weasley não estivesse por ali.
-Eu pedi para ficar à sós. –explicou -Não precisava ter feito isso, Srta. Weasley. –disse severamente.
-Mas...Estavam querendo que o Draco...
Minerva cortou-a:
-Será que seria tão ruim assim se vocês contassem?
Gina suspirou:
-Não é tão simples assim, Professora McGonagall. Eu aposto que eles não entenderiam.
-Gosta mesmo do Sr. Malfoy, Srta. Weasley?
-Sim, eu acho. –e corou.
-Acha que vale tudo para ficar com ele?
-Não sei. É tão difícil pra eu definir o que sinto. Não é exatamente igual ao que eu sentia pelo Harry.
“É mais...Não sei o quê, mas é mais.” Acrescentou mentalmente.
A Diretora sorriu:
-Depois que tiver decidido se vale a pena, conte para todos. Eles têm o direito de saber. –disse e foi se afastando da cama –Até outro dia, Srta. Weasley.
-Espere! Eu queria ver o Draco.
McGonagall pareceu ponderar, então acenou afirmativamente e saiu do quarto. Pouco depois o Malfoy entrou, encostando a porta atrás de si. Sentou na beira da cama dela e segurou-lhe as mãos:
-Que maluquice foi essa, Gina? –perguntou sério –Foi perigoso o que fez.
-Eu sei. –ela disse, se sentindo culpada ao vê-lo preocupado –Me desculpa, sim?
-Sei que queria impedir que eles soubessem, mas foi muito idiota o que fez.
Ela sentou-se na cama e abraçou-o:
-Draco. Nossa vida será bem difícil se dissermos a eles.
Ele abraçou-a de volta:
-Mas se não dissermos teremos que nos encontrar escondidos e aqui não teremos muitas oportunidades. Agora por exemplo, eu disse que iria ao banheiro, mas vim até aqui.
Gina olhou-o nos olhos:
-Obrigada.
-Por quê?
-Por me deixar conhecer quem você realmente é. –disse e o beijou.
Draco abraçou-a ainda mais forte. A ruiva passou seus braços em torno do pescoço dele e o puxou para ainda mais perto de si. O Malfoy já estava se inclinando sobre a namorada, quando ouviram:
-Quero uma boa explicação para essa cena que estou presenciando.
Os dois se separaram. Gina olhou para Gui. Agora já estava com o cabelo vermelho e seu rosto estava contorcido numa expressão de fúria:
-Gui... –ela balbuciou inutilmente, ficando da cor de seus cabelos.
-Eu posso explicar... –Draco começou, mas foi interrompido pelo ruivo.
-Cale a boca, Malfoy. Você está errado duas vezes. Primeiro porque está beijando a minha irmã e segundo porque está traindo a sua namorada. Estou muito decepcionado com você, Gina.
Antes que a ruiva pudesse falar qualquer coisa, Draco disse:
-A minha namorada é a Gina.
Gui arregalou os olhos:
-O quê?!? Isso é mentira, não é, Gina?
-Não, Gui, é verdade. –disse evitando os olhos dele.
-Eu não acredito nisso! Como pôde ser capaz? Trocar o Harry pelo Malfoy? Isso é ridículo!
Com uma coragem súbita, nascida de sua raiva, Gina gritou:
-PODE IR GUILHERME WEASLEY! VAI! CONTA PRA MAMÃE E PRO PAPAI! NÃO É ISSO O QUE QUER? QUE ELES TAMBÉM BRIGUEM COMIGO? POIS QUE SE DANE O QUE VOCÊS ACHAM! O DRACO É MEU NAMORADO E VOCÊS NÃO VÃO ME PROBIR!
Atraídos pela gritaria, os outros chegaram (exceto Minerva, Tonks e Lupin, que já haviam ido embora):
-QUE GRITOS SÃO ESSES?!? –o Sr. Weasley se sobrepôs a balbúrdia.
-A Gina está namorando esse comensalzinho de quinta categoria, pai! –Gui disse.
-Isso é um absurdo, meu filho tem classe. Não encostaria seus dedos em uma sujeitinha Weasley. –Narcisa disse.
-Eu os vi se beijando! –Gui exclamou.
-Sério? –Fleur perguntou, encantada –Parabéns! –felicitou-os e todas olharam de caras feias para ela.
-Gina não decepcione a sua mãe desse jeito, diga que é mentira. O Harry ama você. Enquanto ele está lá fora lutando contra Àquele-que-não-deve-ser-nomeado, você fica tendo um caso com o inimigo dele?
Gina ferveu de raiva:
-Não é um caso! Eu me apaixonei pelo Draco. E eu quero ficar com ele!
-Eu proíbo que encoste no meu filho. –Narcisa disse.
-E eu proíbo que namore ele, Gina. –Arthur disse seriamente.
-Eu quero ficar com ela. Vocês não irão me impedir se ela quiser.
-Você é maior de idade, Malfoy, a minha irmã não.
-E daí? –ele questionou.
-Gina não pode decidir por si mesma. –Molly disse.
Gina correu para o banheiro e trancou-se lá dentro, chorando. O que é que eles sabiam dos sentimentos dela? O que é que ela faria? Eles tinham razão, ela era menor de idade. Seria uma tortura viver sob o mesmo teto que Draco e não poder pegar em sua mão, não poder abraçá-lo, não poder beijá-lo. Seria um pesadelo.
Draco também foi para seu quarto e brigou feio com Narcisa:
-Você me desapontou seriamente, Draco. Uma Weasley? Uma reles, pobre e sem sal Weasley? Onde você estava com a cabeça?
-Você não entende nada mãe! Na escola, todos me acusavam de ser Comensal da Morte e eu era marginalizado por ser temido. Ela foi a única pessoa que falou comigo e me ajudou. Se não fosse por ela, eu não teria tido forças para estudar, não teria me saído bem nos NIEM’s. Eu sempre quis ser Medibruxo.
-E eu sempre disse que isso não era pra você, Draco. Trabalhar no Ministério é que é o melhor...
-Pra mim? –ele completou –Isso é o que você acha, mãe. Tanto você quanto o meu pai nunca me deixaram escolher. Por culpa dele eu quase me tornei um assassino. Se ele não fosse um Comensal pra começo de conversa, isso nunca teria acontecido. E por sua culpa, mãe, eu sou egoísta e insuportavelmente mimado. Vocês me fizeram assim. Agora eu sou um homem e estou mudando. Eu quero sim uma Weasley e ninguém tem nada com isso!
-Eu não permitirei que...
-Eu decido a minha vida, não mais você nem ninguém!
-O que vai fazer? –perguntou desdenhosa –Fugir com ela no meio de uma guerra, na qual vocês são procurados?
Draco encarou-a e ficou satisfeito ao ver que sua mãe não esperava aquela resposta:
-Se for preciso, eu irei.
Narcisa estreitou seus olhos cinzas, com fúria:
-Faça isso e então nunca mais te chamarei de filho. –disse e saiu do quarto, deixando-o sozinho para pensar.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.