A minha vida é uma droga!



Gina Weasley se sentia farta de tudo em sua vida. Não queria ver ninguém, precisava ficar sozinha para conseguir raciocinar melhor. Então resolveu subir tarde da noite para a Torre de Astronomia e de lá observar o céu. Na Toca, sempre que se sentia com problemas demais, costumava fazer isso.
Ela se esgueirava silenciosamente pelos corredores, sem nenhuma capa da invisibilidade ou outro tipo de proteção.
“Dane-se se o Filch me pegar!” foi o que pensou “Estou pouco me lixando pra aquele imbecil e aquela gata raquítica dele.”
Era monitora e poderia perder o distintivo, mas não se importava. Poderia ser até expulsa por vagar por aí em tempos tão perigosos, zombando das medidas de segurança da escola com os alunos. Mas isso também não importava a ela, talvez até quisesse ser expulsa...A guerra estava no auge e ela não tinha muita certeza de que sua família estaria viva até as férias de verão. Já fora ruim o bastante ter que passar o natal na Enfermaria do St. Mungus. Mas se pelo menos fosse expulsa, poderia quem sabe morrer junto com sua família e não separada dela...
“Que visão mais otimista.” Ela pensou ironicamente.
Faltavam apenas alguns lances de escadas, quando Gina encontrou Pirraça, o polteirgeist:
-Ué, o que uma Weasley faz fora da cama tão tarde? Hihihi, a garotinha vai se dar mal. Eu vou chamar o Filch, sabe?
-Pode chamar. –a ruiva disse, o desafiando –Eu realmente não me importo com qualquer detenção, perda de distintivo ou expulsão. Dane-se tudo.
-Você está blefando.
-Não, é a mais pura verdade. Eu vou estar na Torre de Astronomia, se você quiser mandar o Filch ir lá...Fique à vontade. –Gina disse, continuando a subir as escadas e deixando pra trás um Pirraça sem palavras, ele nunca vira um aluno se comportar assim.
Abriu a porta da Torre de Astronomia e se dirigiu diretamente para as ameias. Olhou para as estrelas e murmurou:
-A minha vida é uma droga!
-E quem foi que te perguntou isso? –uma voz arrastada e entediada indagou.
Gina virou-se imediatamente e viu apenas uma sombra num canto escuro:
-Quem está aí? –ela perguntou, curiosa.
-Aff... –a pessoa desdenhou, no mesmo tom de antes e se aproximou da claridade.
Então Gina reconheceu o garoto contra a luz da lua. Pele pálida. Cabelos loiros caídos sobre os olhos azuis acinzentados.
“Droga! Eu vim aqui pra ficar sozinha e encontro o idiota do Malfoy. Não, ninguém merece!”
-Por que está reclamando da sua vidinha inútil? –o Malfoy perguntou.
-Eu já disse que a minha vida é uma droga. –ela respondeu, despreocupadamente, virando-se de costas pra ele.
O loiro riu, sem parecer no entanto achar graça de algo. Aproximou-se de onde ela estava, até ficar ao lado dela (com uma boa distancia, é claro):
-E se eu te disser que a minha vida é que é uma droga? –ele perguntou.
-Ah, eu duvido. Um Malfoy achando a vida de algum Weasley melhor que a dele própria. Quem é você e o que fez com o verdadeiro Draco Malfoy?
-Como se você me conhecesse o suficiente pra dizer algo sobre mim. –Draco falou, dando de ombros.
-Ah, quer ver como eu sei? Você é um riquinho metido a besta, mimado, egoísta, arrogante, irritante. E é claro, você é um Comensal da Morte infiltrado em Hogwarts.
-Viu como a minha vida é uma droga? –o Malfoy perguntou, como se nem tivesse ligado para as acusações –Todos pensam isso de mim, não é mesmo?
-E o q ue você queria que pensassem? Essa é a verdade.
-Você acha que sabe tudo, Weasley? Experimenta ficar na minha pele por um dia...Garanto que não seria nem um pouco agradável viver a minha vida. Você não tem do que reclamar.
-Não? A minha família inteira é uma das que os Comensais mais querem massacrar. A minha mãe está internada no St. Mungus, porque foi atacada. Botaram fogo na loja dos gêmeos e eles quase não conseguiram sair a tempo. E o Rony saiu por aí com o Harry e a Hermione, fazendo o que eu não tenho a menor idéia e correndo todos os perigos possíveis no meio de uma guerra. Além de que, todos os sonserinos me odeiam, me chamam de morta de fome...
Draco a cortou:
-Você é popular, não é bem isso o que falam pelas suas costas... –ela ia falar algo, mas ele não deixou –Ainda não superou o fato do Potter ter te deixado pra trás?
-Cale a boca, Malfoy! –a ruiva respondeu, irritada –E você, o que faz aqui? De volta a cena do crime?
Draco estreitou os olhos, aquele assunto, mesmo depois de quase um ano, ainda era delicado pra ele:
-Pelo visto você não tem medo de mim, mesmo me chamando de Comensal da Morte.
-E por que eu teria medo?
-Muitos nessa escola têm. –respondeu calmamente, os olhos ilegíveis e o rosto inexpressivo.
-Idiotas. O que você poderia fazer comigo? Jogar-me lá embaixo?
-Quem sabe... –ele sussurrou, se aproximando dela.
Gina não se moveu:
-Ótimo, faça isso então. Pior pra você e melhor pra mim.
-Você quer morrer? –ele perguntou, parecendo surpreso.
-Eu já disse que a minha vida é uma droga, Malfoy. Você estaria me fazendo um favor.
-Não sabe do que está falando, Weasley. Você não quer morrer. Morte é muito complicado, porque é algo definitivo, não é tão fácil como você pensa.
-Então foi por isso que você não matou Dumbledore?
-Talvez...O próprio Dumbledore disse que eu não era um assassino, que eu não iria matá-lo, que não era tão fácil...No final ele tinha razão.
-E por que você está me dizendo tudo isso? Você nem se importa comigo.
-Eu não sei. Realmente não me importo. É tudo uma droga mesmo. Eu vou bombar nos NIEM’s, não tenho nem vontade de estudar e nem sei porque estou te dizendo isso.
-Mas os NIEM’s são muito importantes para a escolha de carreira. O que vai ser de você se não passar?
-Não vou poder ser Curandeiro.
-O quê? Você quer ser Curandeiro? É sério isso? –ela perguntou totalmente perplexa.
-É. Por quê? Você vai dizer “Comensais da Morte matam pessoas e não salvam vidas”, porque se for, eu não quero ouvir.
-É porque eu também quero ser Curandeira...Olha, eu sei que pode parecer estranho o que eu vou dizer, mas... Poderíamos estudar juntos, eu só não poderia ser de muita valia na sua matéria desse ano, já que sou mais nova, mas acho que já ajudaria, não?
Draco, que estava olhando para o céu, virou-se para mirar os olhos dela:
-Vocês grifinórios com essa mania de nobreza... –ele murmurou.
-E o que isso quer dizer? –ela perguntou.
-Não é o tipo de ajuda que um sonserino aceitaria, mas eu não me importo. Eu realmente preciso de ajuda, apesar de odiar admitir isso.
-Ok. Então me diga quais são os seus horários livres e poderemos nos encontrar na biblioteca e ah...Você sacrificaria fins de semana pra estudar?
-Claro, mas não seria justo que você sacrificasse. –o Malfoy disse, sem a encarar.
-Eu ficaria satisfeita de sacrificar os fins de semana pra estudar com você.
-Por que está fazendo isso tudo por mim? Eu não mereço.
-Qualquer um que queira ter como profissão uma que salve vidas, merece.
Ele ficou sem palavras, olhou pra outro lado, pra não ter que encará-la e dizer que era grato pelo que a Weasley estava fazendo por ele.

***

2 meses depois...
Não era mais novidade nenhuma para ninguém ver aqueles dois passarem horas na biblioteca, enterrados em livros. De vez em quando tinham uns desentendimentos feios, que ocasionavam a expulsão de ambos por Madame Pince, mas ainda assim continuavam a estudar juntos. A teoria eles viam na biblioteca e faziam a prática na Sala Precisa.
Era uma manhã de sábado e eram os únicos alunos que estavam na biblioteca, o resto estava aproveitando o dia bom nos jardins do castelo. Draco terminou de fazer umas anotações sobre transfiguração humana e então pousou a pena:
-Acabei de me lembrar. Tenho um apontamento de Herbologia para entregar na segunda. Precisa ter 90cm e eu ainda nem comecei. –falou enterrando o rosto nas mãos.
-É sobre o quê? –Gina perguntou.
-Plantas Medicinais e suas Propriedades com enfoque no modo com que podem curar. Estamos revisando em aula sobre isso.
-Eu estou estudando sobre isso em Herbologia, acho que posso te ajudar um pouco.
-Mas e você não tem nenhum trabalho pra fazer?
-Eu fiz umas coisas ontem à noite antes de dormir, mas tudo bem se eu terminar amanhã. Vamos procurar alguns livros sobre plantas medicinais. –e os dois se levantaram.
Havia um corredor da biblioteca só com livros de Herbologia.
-Está um pouco escuro aqui e eu deixei a minha varinha no dormitório. –ela comentou.
-Lumus. –Draco disse, iluminando com sua varinha para que Gina pudesse ler.
-Obrigada, Malfoy. –ela agradeceu –Deixe-me ver. –e foi lendo os títulos dos livros –Plantas para animar a sua festa. Não. Acabe com as suas ervas daninhas em 10 passos. Menos. Mandrágoras e suas fases. Também não.
-Eu quero te mostrar uma coisa, Weasley. –o loiro declarou.
-E o que é, Malfoy? –Gina perguntou, continuando lendo os títulos nas lombadas dos livros.
Draco ergueu a manga esquerda de sua capa e disse:
-Olhe.
A ruiva virou-se e viu uma tatuagem no braço dele, uma cobra saindo da boca de um crânio, a Marca Negra. Com a surpresa acabou deixando um livro cair. Draco o aparou no ar:
-Vingardium leviosa. –e o livro flutuou até o lugar certo.
-Por que você fez isso? –Gina perguntou ao recuperar a fala.
-Isso o quê? –ele perguntou.
-Mostrar a marca. –ela sussurrou.
-O Lord das Trevas está se enfraquecendo. Essa marca costumava ser mais viva. O que quer que seja que os três panacas metidos a heróis estejam fazendo, deve ter a ver com isso. Ou quem sabe os seus aurores estão mais fortes. Não saberia dizer.
Gina engoliu em seco, ainda olhando pra Marca Negra tatuada no braço dele e Draco a cobriu.
-O que foi? –ele perguntou, colocando as mãos sobre os ombros dela –Você já sabia que eu era um. Não vai ficar com medo de mim, vai?
-Mas eu não tinha certeza se você tinha a marca...Eu não tenho medo de você, deveria? -perguntou, um pouco insegura.
-Não. Eu não iria te machucar...
-Isso é uma garantia? –a ruiva perguntou e ele fez que sim –É bom saber disso. –e ergueu a mão para passar pelo rosto dele –Você me deu esperança de que o fim da guerra se aproxima. Obrigada. –agradeceu, o encarando.
Draco observou a garota a sua frente. Era possivelmente a única pessoa que se importava com ele naquela escola. Teve vontade de beijá-la e foi isso o que fez.
-De nada. –ele respondeu a ela e abaixou a cabeça para alcançar os lábios dela.
Por um instante, a grifinória arregalou os olhos, mas antes de Draco fechar os próprios olhos, viu-a fechando os seus. Os lábios se tocaram e Gina estremeceu. O sonserino teve receio de que a ruiva se afastasse dele, por isso a segurou pela cintura. O último garoto que a Weasley tinha beijado era o Harry. Mas naquele momento o moreno era a última coisa em que ela pensava. Os lábios úmidos e macios apenas se roçando, até que Draco a abraçou mais forte e aprofundou o beijo. Gina colocou seus braços atrás do pescoço dele e seus dedos acariciavam sua nuca. A ruiva se sentiu mole e aconchegada, mas quando pensou que seus joelhos cederiam, ele parou o beijo. Olharam-se e tinham as faces inexpressivas:
-Desculpa, Weasley. –ele falou, sem no entanto soltá-la –Foi um impulso e se você quiser me bater, fique à vontade. Mas aí você vai me desculpar?
-Depende. Só se você me der outro beijo. –ela respondeu, surpreendendo até a si mesma.
Draco sorriu antes de beijá-la novamente, mas dessa vez encostando-a contra a estante. Ficaram aos beijos por longos minutos, até que Gina parou:
-De repente a minha vida não parece tanto uma droga. –ela comentou.
-A minha também não, sabe? Mas eu não quero te iludir.
-Não vai. Digamos que isso é apenas um descanso para as intermináveis horas de estudo. –a ruiva disse –Eu tiro a sua tensão e você tira a minha. Mas falando em estudos, ainda não achamos o livro certo.
-Mas não vamos procurar agora, não é mesmo? Não agora que achamos um passatempo tão relaxante. –o Malfoy disse, capturando novamente os lábios dela.
“Eu não sabia que faria tão bem eu beijar um Malfoy. Ele é um Comensal da Morte mesmo, eu devo ter ficado louca....Mas ele quer ser curandeiro e disse que não faria mal a mim. Dane-se tudo! Mesmo que seja loucura, é o que eu quero.” Gina pensou.
“Uma Weasley, Draco? Uma Weasley! Como é que você pode sair beijando uma traidora do próprio sangue?!? Não me interessa se ela é uma Weasley. Ela me ajuda nos estudos. Graças a ela minhas notas melhoraram. Além disso, beijá-la é muito bom e vai diminuir a pressão da proximidade dos exames.” Draco pensou, sem a mínima vontade de parar com aquilo, mas tiveram que parar...
-MAS QUE POUCA VERGONHA É ESSA?!?-Madame Pince gritou.
“Bibliotecária maldita!” os dois pensaram.
-Eu estava apenas procurando um livro de Herbologia para o Malfoy. Sobre plantas medicinais, sabe? –Gina tentou se explicar.
-Procurando aonde, Srta. Weasley? Na garganta dele? –a bibliotecária perguntou e Gina ficou vermelha –Agora peguem. –ela atirou um livro para Draco, que tinha acabado de pegar numa prateleira próxima e que era intitulado Mil Ervas e Fungos Mágicos: Versão Enciclopédia Medicinal –E saiam imediatamente dessa biblioteca! Por que não aproveitam uma manhã de sábado como qualquer estudante normal? A MINHA biblioteca não é lugar para ficarem se agarrando!!!
Draco não estava nem aí, mas Gina tinha ficado roxa de tanta vergonha. Os dois saíram:
-A culpa é sua, Malfoy! –disse, já do lado de fora da biblioteca.
-Você não estava reclamando, Weasley. Qual é? Já se arrependeu?
-Agora você já tem o livro. Eu vou embora. –disse, virando-se e saindo tempestivamente.
“Garota complicada!” o loiro pensou, rindo sem saber porque.

***

Mais dois meses haviam se passado desde aquele episódio na biblioteca e já era fim de junho. Os exames de Draco haviam acabado e ele achava que tinha se saído melhor do que esperava. Tinha mandado um bilhete por sua coruja para que Gina o encontrasse perto do lago, pois fazia um belo dia de verão.
Ao chegar lá, ela não estava.
“Será que ela não recebeu o meu bilhete? Ou será que não quer me ver?” ele pensou, mas seu ego eliminava a última opção.
Ele sentou-se ao pé de uma árvore e pegou um graveto que havia por perto. Começou a rabiscar a terra distraidamente.
-Oi, Draco. –a ruiva chegou dizendo, mas de uma maneira diferente.
-Senta aqui do meu lado. –ele pediu e ela fez.
Ficaram em silêncio. Gina olhou para as águas turvas e calmas do lago. Em seguida olhou para o loiro, mas ele parecia estar pensativo e não disse nada. Ela então baixou os olhos para o que ele segurava, um galho e viu o que ele havia escrito. Eram os nomes deles envoltos por um coração. Gina corou e desviou o olhar novamente para o lago.
-Não vai me perguntar como eu fui nos NIEM’s?
-Como você foi? –ela perguntou, com a voz estranhamente aguda.
-Acho que passei e tudo graças a você que me ajudou e me devolveu a vontade de estudar.
-Que bom que você foi bem. –ela comentou, ainda sem encará-lo.
-Olha pra mim, Gina. –e ela finalmente olhou –Você não foi bem nos seus exames?
-Acho que fui, mas não é isso. –e seus olhos tornaram-se marejados.
-O que aconteceu então? –ele perguntou, tentado soar calmo e delicado.
Por um bom tempo Gina nada disse, mas Draco não perguntou novamente. Então finalmente a ouviu dizer:
-Essa semana eu não recebi nenhuma carta da minha família. E se aconteceu alguma coisa com eles? –perguntou e uma lágrima rolou por sua face.
Draco passou a mão pelo rosto dela, limpando a lágrima:
-As notícias ruins sempre são as primeiras a chegar. Eu leio o Profeta Diário diariamente e não tinha nada falando sobre a sua família. Então acho que eles estão bem e apenas não puderam mandar cartas por algum motivo.
-Hum...Obrigada. Não é a primeira vez que você me dá esperanças em algo.
-É o mínimo que eu poderia fazer depois da ajuda que você me deu. –respondeu indiferente.
-E o que escreveu na terra também faz parte disso? Gratidão? –ela criou coragem e perguntou.
Draco olhou e ficou surpreso com o que estava escrito. Ele nem mesmo tinha prestado atenção no que tinha rabiscado no chão, era como se tivesse sido simplesmente automático.
-Eu nem tinha percebido que tinha escrito isso. –ele confessou –Mas eu gosto de você, não é? Não te odeio mais, não depois de tudo que fez por mim.
-Daqui alguns dias iremos embora de Hogwarts. -ela comentou –E você irá pra sempre. Não sentirá falta da escola?
-Eu sentiria a sua falta.
-Sentiria? –ela perguntou surpresa.
-Não tanto se você aceitar.
-Aceitar o quê? –ela perguntou alarmada –Eu não vou me tornar uma Comensal da Morte, Malfoy!
-Não é disso que estou falando. Eu nunca te contei antes, não é mesmo? O Lord das Trevas não me considera um aliado e não consideraria até botar as mãos em mim, me castigar de todas as formas e fazer com que eu jure lealdade. Mas essa eu passo, não estou a fim de encontrar alguém que está furioso comigo.
-Furioso por quê? Você é um Comensal.
-Mas não matei Dumbledore. Ele queria que eu pessoalmente e sozinho o matasse ou morresse tentando. Isso porque em primeiro lugar ele ficou puto com o meu pai por causa do fiasco da profecia no Ministério. Eu não moro mais na Mansão Malfoy, moro num lugar protegido pelo fidélius.
-Entendo. Ainda assim...Diremos adeus daqui alguns dias, não? –ela disse e se forçou a encarar os olhos azuis gelo.
-Quer namorar comigo, Gina?
-O quê? –ele ia repetir a pergunta, mas ela o cortou –Eu entendi o que você disse. Só acho que gratidão não é suficiente para se namorar alguém. Além disso, nós não nos veremos mais.
-Eu já te disse que acho que essa guerra não vai demorar muito para acabar. Você seria capaz de esperar por mim? –perguntou e então chacoalhou a cabeça –Não, eu estou sendo idiota. Eu nem mesmo sei o que você sente por mim...Acho que pra você eu sou apenas um errante que você colocou no caminho certo.
-Não é isso, Draco. Você quer fazer isso só pra me agradecer. Não está certo.
-Mas não é por gratidão. Eu penso muito em você, Gina. Sonho com você.
-Eu acho que você está confundindo as coisas. Você apenas está carente e gostava quando por várias vezes nos beijávamos. Nesses dois últimos meses misturamos as coisas. Talvez tenha sido um erro.
-Um erro pra quem? Pra você? Eu não me arrependo. Mas já percebi que você levou tudo como um jogo e não quer saber de mim. Tudo bem, ainda assim eu serei grato por ter me ajudado, Weasley. Adeus. –e levantou-se.
Gina ficou olhando-o se afastar e tomou uma decisão. Mesmo sem saber no que daria, ela decidiu que não iria deixar a oportunidade passar:
-Espera, Draco! –mas ele já começara a andar de volta ao castelo –Espera! –ela disse correndo para alcançá-lo.
Quando chegou até ele, jogou-se nos braços dele e o beijou desesperadamente:
-Não foi um jogo pra mim, Draco. Eu só não queria que você descobrisse que me apaixonei por você. Eu quero ser sua namorada, mas vai ser tão complicado.
-Eu sei disso, mas daremos um jeito. –ele disse, sorrindo e a beijou.
-Com licença. –uma voz tímida de uma garotinha do primeiro ano falou, mas eles nem ouviram.
A garotinha estava vermelha por ter que interromper um casal que se beijava tão passionalmente:
-COM LICENÇA! –ela tomou coragem e gritou.
Draco e Gina finalmente pararam e olharam a dona da voz, mas sem se soltarem:
-É que...a diretora quer ver vocês. –ela disse sem jeito –Nesse instante. – entregou um bilhete na mão de Draco e saiu correndo dali.
-O que será que a Minerva quer? –Draco perguntou.
-Abra. -Gina disse e o Malfoy o fez.
Draco leu em voz alta:
-Sr. Malfoy e Srta. Weasley, eu os vi no jardim e os quero imediatamente na minha sala. É muito importante. Assinado Minerva McGonagall, Diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. P.S.: A senha é Nobreza de coração.
-Oh meu Merlin, o que será que ela quer? –a ruiva perguntou.
-Vamos ver e torcer pra que não seja uma bronca quilométrica. –o loiro respondeu e os dois se dirigiram para as portas de entrada do castelo.
Depois de dizerem a senha para a gárgula, subiram as escadas e bateram à porta:
-Entrem. –a voz de Minerva convidou e os dois obedeceram –Fechem a porta. –e a porta foi fechada –Devem estar se perguntando por que os chamei aqui, não? –eles afirmaram –Sentem-se. Bem, eu reparei que ultimamente vocês têm desenvolvido afeto um pelo outro.
-Estamos namorando. –Draco disse.
-É realmente admirável. Mas desde quando? Eu me lembro que vocês sempre se odiaram.
-Desde hoje. –Gina respondeu –É que eu e o Draco queremos ser curandeiros e por isso estudamos juntos nos últimos meses. Aí a convivência...
-Entendo perfeitamente, Srta. Weasley. –a diretora falou, com um leve sorriso –As aulas estão acabando e ficariam separados, não é Sr. Malfoy? E quanto a Srta. Weasley, deve estar preocupada com notícias sobre sua família.
-Sim, Professora McGonagall! Sabe alguma coisa sobre eles?
-Sei sim. A Toca foi invadida por Comensais ontem à noite, mas a Marca Negra não foi deixada lá. Ninguém estava na sua casa, um espião nos avisou previamente sobre a invasão. Então nada aconteceu. A sua família se encontra na Sede da Ordem da Fênix, mas não seria aconselhável que ficassem morando lá. Estive pensando se a sua família não poderia morar com os Malfoy.
-O quê? –Gina perguntou.
-A Senhora sabe onde eu e a minha mãe moramos agora?
-Claro, eu sou fiel do segredo, a sua mãe nunca te contou, Sr. Malfoy?
-Não. –o loiro respondeu –É pra mim uma total surpresa.
-Mas continuando...Eu acho que seria uma pena que deixássemos escapar uma maneira de fazer a família Weasley e a família Malfoy se entenderem.
-Os irmãos dela vão me matar. Não vão me deixar encostar um dedo nela.–Draco comentou.
-Eu vou dar um jeito, Draco. –Gina disse –Eu já vou fazer 17 anos e serei maior de idade, eles não tem o direito de mandarem na minha vida desse jeito. Eles vão ter que te respeitar como meu namorado.
-Ótimo. –Minerva concluiu –Quando desembarcarem na Estação de King’s Cross eu irei acompanhá-los junto com alguns aurores até o local em que irão viver juntos. Podem ir.
Draco e Gina se retiraram, não sem antes agradecer a diretora, que piscou.
Já num corredor, o Malfoy falou:
-Agora não teremos que ficar sem nos ver.
-Sim. Eu odiaria ter que ficar longe de você. Sabe o qual é a última coisa que eu tenho vontade de dizer?
-Não sei. Você vai me dizer qual é?
-A minha vida é uma droga!
-Muito menos eu. –ele disse e riu –Mas foi assim que tudo começou.
Passavam várias pessoas no corredor, mas Draco não ligou e beijou-a ardentemente.
“Eu vou fazer com que a vida dela nunca mais se torne uma droga.” O loiro prometeu a si mesmo, pois ela foi a única pessoa capaz de faze-lo enxergar uma luz no fim do túnel e que a sua vida poderia ser melhor. Tornara-se a própria luz e ele não queria perder essa luz que poderia guiá-lo de forma tão maravilhosa.
Antes não agüentavam mais o mundo bruxo em guerra. Agora que estavam juntos sentiam que podiam suportar muito mais, pois um era a força do outro e enquanto isso continuasse eles sentiam que poderiam mover montanhas.

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