Lágrimas e arrependimentos

Lágrimas e arrependimentos



Capítulo 3: Lágrimas e arrependimentos

Ao chegarem no hotel, já era de noite. Chegaram na recepção, que ficava no fundo do luxuoso Saguão de Entrada. As paredes estavam repletas de retratos de pessoas famosas do mundo bruxo, que piscavam e cumprimentavam os turistas. O recepcionista, um bruxo simpático e calvo, que aparentava uns 40 e tantos anos, cumprimentou-os:
-Willkommen zu St. Moritz. Willkommen zu Hotel Shöen Moritz. Gutten Nitch. Herr und Fräulein...?
[N/A: Traduzindo... “Bem-vindos à St. Moritz. Bem-vindo ao Hotel Belo Moritz. Boa noite. Sr. e Srta...”]
Gina ia responder, mas Draco, que não entendera nada, fora mais rápido:
-Parle vous français?
[N/A: “Você fala francês?”]
-Uiu, Monsieur. –o recepcionista afirmou.
-Deutsch, bitte. –Gina falou para o bruxo.
[N/A: “Alemão, por favor.”]
-Mas eu não falo alemão! –Draco teimou.
-E eu não falo francês! –a ruiva retrucou.
-Acalmem-se. Eu falo inglês. As reservas estão em nome de quem?
-Sr. e Sra. Malfoy. –Draco respondeu.
-Sr. e Sra.? Não houve nenhum engano? Parecem tão jovens para estarem casados.
-Engano nenhum. –Gina disse e Draco passou uma mão por sua cintura –Acabamos de nos casar.
-Ah, ja...Então são o casal em lua-de-mel. –disse achando o nome deles na lista –Aqui está. A suíte presidencial. Chegaram aqui alguns presentes em nome dos senhores. –ele disse entregando alguns pacotes à eles, junto com a chave –Temos um carregador na frente do elevador.
-Obrigado, senhor. –Gina agradeceu.
-Boa noite. –Draco disse e os dois foram em direção ao elevador.
O carregador colocou as malas deles num carinho e entrou com eles no elevador.
-Para qual andar? –o ascensorista perguntou.
-Último. –Gina respondeu, já que ele havia perguntado em alemão -Por que tem coisas trouxas, como este elevador nesse hotel se ele é bruxo?
-É porque é um prédio trouxa senhorita. Colocamos feitiços nele, como o que evita que os trouxas entrem aqui por engano. –o carregador respondeu.
Ao chegarem no quarto, o carregador colocou suas malas em um canto e Draco pagou-lhe uma gorjeta. Quando ele saiu, o loiro fechou a porta a chave:
-Por quê você não me disse que por aqui se falava mais o alemão, Virginia? Você sabe que eu não falo alemão.
-Eu achei que você soubesse, Draco. Essa cidade é mais próxima da fronteira da Alemanha do que da França. –ela disse o abraçando –Não vamos brigar de novo, meu amor.
-Tem razão. –e tirou o sobretudo que ela usava –Aqui dentro está quente.
Gina também tirou o sobretudo de Draco.
-Vamos ver os presentes? –perguntou animada.
-O meu presente é você. –ele respondeu e a beijou, encaminhando-se para a cama.
Quando derrubou Gina na cama, ela saiu de debaixo dele:
-Mas eu quero primeiro ver os presentes, Draco. Você sabe que eu sou curiosa. Vamos, vai ser divertido. –ela disse sorrindo angelicalmente.
-Ai, esse sorriso, Gina. Vamos ver os tais presentes então.
Pegaram o da caixa preta e pequena, foi o primeiro presente que abriram. Era uma...
-Algema? –Gina perguntou e Draco riu.
-Quem mandou isso? -ele perguntou, parecendo se divertir imenso.
Tinha um pequeno bilhete dentro da caixa. A ruiva apressou-se em lê-lo em alto e bom som:

Querida Gina e Querido Draco,

Estou muito feliz por ter sido o cúpido de vocês e ver que vocês estão casados. Como uma boa madrinha, eu não pude deixar de mandar o meu presente (escondido do Daniel, é claro, já que ele não concordou com esse presente). O presente do meu amorzinho é outro. Descubram, eu não vou dizer qual é. Divirtam-se com o meu presente.
Felicidades

Beijos, Gabi

-A Gabi é muito louca mesmo. –Gina comentou –O que é que eu vou fazer com uma algema? –ela perguntou-se.
-Ora, Gina, não finja que não sabe para que serve...Você não é tão inocente assim...
Ela fez cara de pensativa e então um grande rubor assomou-lhe as faces:
-Draco. –ela o censurou, mas soltou uma risadinha -Vamos abrir os outros presentes. –anunciou e voltaram a tarefa.
Ele riu novamente:
-Eu tenho que dizer que você tinha razão, está sendo divertido.
Ela pegou uma caixa maior e azul. Abriu-a, temendo o que acharia dessa vez:
-Um cd de músicas românticas. Olhas as músicas que tem: Love of my life do Queen. The Reason do Hoobastank. I Don’t wanna miss a thing e Crazy do Aerosmith. Unchained melody do The Righteous Brothers. I’m lost without you do Blink-182. Heaven do Lasgo. Words do Boyzone. Save the best for last da Vanessa Williams. Smoke gets in your eyes do The platters.–ela comentou e leu o bilhete.

Draco e Gina,

Parabéns pelo casamento, foi realmente muito lindo. Vocês formam um belo casal e se amam de verdade. Esse cd é para que ao ouvir as músicas, vocês se lembrem do quanto se amam.
Sejam felizes, vocês merecem.

Daniel

-Eu não conheço nenhuma das músicas ou bandas, mas se o Daniel escolheu é porque deve ser legal.
-Um bom presente. –Draco murmurou misterioso –Qual será o que ele levou ontem na Mansão? Um rádio trouxa pra tocar o cd?
-Isso é uma reclamação? Eles estão dando presentes extras pra nós e você está reclamando?
-Claro que não estou reclamando. Eu disse que é um bom presente. Vamos ouví-lo no último volume, se importa?
Gina entendeu o que ele estava insinuando:
-Você não tem jeito mesmo, Draco Malfoy. Acabei de descobrir que casei com um homem pervertido, quero a anulação do casamento.
-A culpa não é minha. Olha os presentes que mandam. Queria que eu pensasse o quê? Nem brinque com isso, Virgínia Malfoy. Você vai continuar sendo Malfoy. –falou sério.
-Calma, Draco. Eu estava apenas brincando, não quero anular o nosso casamento, não precisa ficar assim.
Ainda meio emburrado, ele abriu o próximo:
-Dois livros. Aposto que é da Granger. Mas o pior de tudo é que são livros trouxas. Eu não vou ler essas drogas. Olha o título. “Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?” e o outro é “Por que os homens mentem e as mulheres choram?”
Gina leu o bilhete:

Gina e Draco,

Eu e o Harry concordamos que estes livros ajudariam vocês a superarem as diferenças. Estamos torcendo por vocês. Sabemos que apesar das brigas vocês se amam.
Contem com a gente

Hermione e Harry

-Não é só da Mione, é do Harry também. E você vai ler sim senhor, eles querem apenas nos ajudar.
-Vou pensar no seu caso. –murmurou preguiçosamente.
Gina pegou a antepenúltima caixa e abriu-a. Dessa vez leu primeiro o bilhete:

Queridíssimos Gina e Draco,

Um par de anéis. Eles funcionam assim: Se ficar vermelho é amor. Se ficar amarelo é felicidade. Roxo é raiva. Preto é tristeza profunda. Assim saberão como o outro está se sentindo, ou seja, o seu Gina vai dizer como o Draco está se sentindo e vice-versa.
Muitas felicidades

Fleur e Gui

Virgínia pegou um anel e pôs no dedo de Draco e colocou o outro em seu próprio dedo. –Laranja? –ela perguntou, ao ver a cor da pedra dos anéis.
-É vermelho com amarelo, Gina. –Draco respondeu e ela sorriu.
O próximo o bilhete vinha em cima e não dentro da caixa. Gina leu:

Querida Gina e desprezível loiro aguado,

O presente dentro da caixa foi idéia da Luna. Por mim eu mandava um vibrador, já que o Malfoy é um frouxo!
Espero que se toque logo de que cometeu o pior erro da sua vida

Rony

Quando Gina terminou de ler, Draco estava lívido de fúria:
-Filho da puta, desgraçado! Eu mato esse maldito! Ele quer que o nosso casamento acabe logo e ainda por cima disse que eu sou frouxo. Eu odeio o Weasley!
-Calma, Draco. –Gina disse timidamente –Assim está xingando a minha mãe...
-Desculpe. Mas que aquele cretino me paga, isso sim!
-Não, Draco! O que você tá falando? Ele é meu irmão. Você não pode fazer isso! Não importa o que ele pensa. Eu te amo. Isso é o que importa. Acalme-se.
Mas parecia inútil pedir que ele se acalmasse. Gina então decidiu ver qual era o presente de Luna, enquanto Draco abriu o último embrulho. O presente de Luna era uma edição do Pasquim que tinha os dois na capa e a matéria com o título “Romeu e Julieta com um novo final”. Ela lia a matéria, quando ouviu Draco gritar com uma fúria crescente:
-MALDITO! COMO SE ATREVE?!? CAFAJESTE! EU VOU MANDAR O FINNIGAN PRO INFERNO! O QUE SIGNIFICA ISSO, VIRGÍNIA?!?
Gina engoliu em seco. Tornou-se pálida e olhava assustada, de olhos arregalados. Sua garganta estava seca e as palavras não saíam.
Ao ver como Gina estava assustada, “Com o jeito que estou agindo”, ele pensou, abrandou a expressão e perguntou:
-O que significa isso? –ele mostrou-lhe uma lingerie preta provocante.
-E-eu n-não entendo. –conseguiu balbuciar.
-Leia isso. –e entregou na mão dela, seus olhos ainda estavam gelados e furiosos.

Gina,

O Malfoy é mesmo um cara de sorte. Mesmo não te merecendo, você se casou com ele. Eu desejo que seja feliz, mas se não for, eu estarei te esperando de braços abertos. Mandei essa lingerie, creio que é do tipo que você gosta. Sei que vai usar para o Malfoy, mas ficarei imaginando você com ela e sem ela também...E quem sabe algum dia você não usa pra mim?
Divirta-se

Do inteiramente seu, Simas

Gina ficou de queixo caído. Simas tinha sido muito cara-de-pau e ousado ao escrever isso e mandar esse tipo de presente.
-Olhando, é do seu tamanho. Como ele sabe disso, Virgínia?!?
Ela engoliu em seco, antes de responder:
-Deve ter perguntado pra Mione. –e esforçou-se para manter a mente vazia –Ela usa o mesmo número que eu.
-Eu não admito que o Finnigan tenha essas intimidades com você. É um absurdo o que ele escreveu. Parece até que...-e não completou.
Gina estreitou os olhos:
-Está insinuando que eu estou te traindo? –perguntou sem acreditar.
-Do jeito que o Finnigan fica se insinuando pra você, Virgínia...Você deve ter dado margem para ele se sentir no direito de fazer isso. –respondeu contendo sua fúria, apenas os olhos, duas fendas cinzas indicavam o quanto ele estava transtornado.
-Eu não posso acreditar no que estou ouvindo... –ela começou, indignada, mas ele interrompeu-a:
-Pois acredite. Você só ouve o que a sua família diz! –ele acusou –E eles acham o Finnigan melhor pra você do que eu. Sei o quanto eles me odeiam e fingem cordialidade apenas por você. Falam de mim pelas costas.
-Draco, você está sendo injusto. O papai e a mamãe não falam mal de você. Eles estão muito satisfeitos com o seu trabalho como Chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia.
-Ah, agora sim eu me sinto amado, porque o Arthur e a Molly não falam mal de mim. –ele disse sarcástico –Podem estar satisfeitos com o meu trabalho, mas não estão satisfeitos por eu ter entrado na família. Eu vi a cara dos seus irmãos no casamento.
Gina mordeu o lábio inferior e não disse nada. Será que sua família não podia ver o quanto amava Draco e que ele era o homem da sua vida? Era tão difícil ir contra eles...E passou por sua mente de repente se valera a pena agüentar a desaprovação deles.
“Mas é claro que valeu! Eu amo o Draco. Mas ele não podia ter desconfiado que eu tenho a mesma opinião que a minha família sobre o Simas”. Pensou chateada.
-Não vai dizer nada, Virgínia? –ele cobrou –Por que o Finnigan fica dando em cima de você?
-Ele gosta de mim. –respondeu após alguns segundos.
-Então não é nenhuma brincadeira de mau gosto. Aquele filho da puta te quer como mulher. –o loiro disse com raiva, mas dessa vez sem altear a voz –Pois não vai ter.
No instante seguinte Draco puxou a ruiva contra si de maneira brusca e beijou-a vorazmente. Gina descolou seus lábios dos dele, então Draco passou a beijar o pescoço dela:
-Não, Draco. –ela disse, mas ele não parou –EU DISSE QUE NÃO! –e o empurrou.
-O que deu em você, Virgínia? –ele perguntou abismado –Eu te quero agora mesmo...
“É sua obrigação satisfazer o seu marido!” pensou involuntariamente.
Gina estreitou os olhos:
-Como você é machista! Nem pense em colocar em palavras esses seus pensamentos. Eu não sou sua escrava. Além do mais estou com dor-de-cabeça. Você me deixou com dor-de-cabeça.
-NÃO ME QUER?!? –perguntou, sentindo-se mortalmente ofendido –E como antes você não estava com dor-de-cabeça? Ficou toda “acesinha” depois de ler a carta do Finnigan, foi? Com vontade de dar pra ele?!? Pois você devia...
O que Draco ia dizer, ela não ficou sabendo, pois no instante seguinte ela acertou um tapa estalado, com toda a força que conseguiu juntar, na face esquerda dele:
-SEU CRETINO DE MERDA!!! –ela gritou e correu para o banheiro.
Quando Draco alcançou a porta do banheiro, esta já se encontrava trancada. Ele esmurrou a porta:
-ABRE ESSA PORTA, VIRGÍNIA!!! ABRE ESSA PORTA AGORA! VOCÊ É MINHA MULHER!
Lá dentro, Gina chorava copiosamente, sentada em cima da tampa do vaso sanitário. A ruiva realmente havia dormido com Simas, mas tinha sido apenas uma vez e porque ela estava completamente bêbada. Naquela noite sua visão estava borrada e ainda por cima via dobrado. Sentira-se eufórica e mal conseguia parar de pé. Como naquele estado poderia reparar que estava indo pra cama com o homem errado?
“O Draco não poderia me culpar. Ele já me viu bêbada...Mas do jeito que ele me tratou agora a pouco...Não sei o que ele seria capaz de fazer se soubesse de fato que eu já passei uma noite com o Simas. Ainda mais sendo depois do nosso noivado. Seria o fim do nosso casamento.” Pensou, porém não sabia se naquele instante se importava com isso. Preocupava-se mais em remoer o jeito com que Draco tinha gritado e olhado pra ela com ódio. Como ele podia ser tão insensível? Como podia desconfiar da sua dignidade? Da sua fidelidade, do amor que sentia por ele? Não, aquele não podia ser o homem que ela amava, com quem se casara e jurara amar pelo resto de sua vida. Aquilo era um pesadelo cruel. Tinha que ser! Ela tinha que despertar de tão horrível devaneio! Puxou seus cabelos e aquilo doeu a beça. Ainda assim recusava-se a acreditar que estivesse realmente vivendo aquilo, mas teve que assumir que era real ao ouvir novamente os gritos de Draco:
-ABRE ESSA PORTA MULHER! EU ESTOU MANDANDO VOCÊ ABRIR A PORRA DESSA PORTA, VIRGÍNIA!!!
-NÃO!!! ME DEIXA EM PAZ, SEU ANIMAL! EU TE ODEIO! VOCÊ DUVIDOU DE MIM! –gritou de um fôlego só.
-O QUE É QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA? EU JÁ DISSE PRA ABRIR ESSA PORTA! PRECISAMOS CONVERSAR.
-NÃO! EU NÃO QUERO NEM OLHAR PRA SUA CARA, SEU ESTÚPIDO!
“De jeito nenhum vou abrir essa porta!” pensou resoluta.
-VIRGÍNIA! SAI DAÍ AGORA! –silêncio –EU VOU ARROMBAR ESSA PORTA! –mais silêncio –UM...DOIS...
“Ele não vai fazer isso.” Ela pensou, mas estava enganada.
-TRÊS! ALORROMORA! –e escancarou a porta.
Por um instante Gina o encarou com seus olhos vermelhos e o rosto coberto de lágrimas. Teve medo. Draco parecia lívido de fúria, mas em seus olhos tinha algo mais que ela não podia captar. Ele já fora um Comensal da Morte, fizera tantas coisas ruins. Possibilidades passaram por sua cabeça, cada uma mais macabra que a anterior. E se ele a matasse? Batesse nela? Afogasse na banheira? Esganasse com suas próprias mãos? Não! Ela não suportava mais esses pensamentos sinistros. Não do homem que ela amava.
-Não se aproxime! –ela disse empunhando a varinha, sua mão tremendo tanto que era difícil fazer mira.
“Não, Draco, por favor. Não chega perto de mim. Eu não quero te machucar. Não vou conseguir...Estaria perdida.” Pensou, sem coragem de imobilizá-lo com um feitiço ou fazer outra coisa que o parasse.
O loiro fingiu que se rendia, mas então:
-Accio varinha. Virgínia... –ele começou rudemente, mas sem erguer o tom de sua voz.
-NÃO! EU NÃO QUERO OUVIR! SAIA DAQUI! –gritou desesperada, vendo que ele fazia menção de se aproximar mais.
A ruiva encolheu-se. Escondeu o rosto nos joelhos e protegeu a cabeça. Tinha medo do que ele iria fazer com ela. Seu corpo tremia e o choro tornou-se convulsivo. Draco colocou as varinhas em cima da pia e encaminhou-se vagarosamente na direção dela.
Ao sentir a presença dele ao seu lado, Gina encolheu-se mais ainda.
O loiro então percebeu que ela estava com medo dele. Na cabeça de Gina, ela era o cordeirinho indefeso e acuado e Draco o lobo mau, pensando qual seria a melhor maneira de atacar a presa.
Não era nada disso.
“Eu não seria capaz de tocar um dedo nela pra bater. Mas pelo visto não é o que ela pensa de mim.” Pensou chateado por ela achar que ele faria uma coisa terrível dessas.
-Me perdoe, Gina. Por favor. –e ajoelhou –Eu imploro. Eu fui longe demais, estava cego de ciúmes.
-N-não, v-você não m-me a-ama. –murmurou sem olhar pra ele e fungou antes de continuar -V-você só quer u-uma escrava, u-uma propri-e-edade s-sua.
Ele tocou os cabelos dela:
-N-não me toque! –ela exigiu e ele então afastou suas mãos.
-Não fique assim. Eu estou tão arrependido do que te disse...Me perdoa, por favor, Gina. Eu te amo. Muito. Demais. Não faça isso comigo.
-E o que você fez comigo? –perguntou e finalmente o encarou –Duvidou de mim. Eu achei que te conhecia, Draco Malfoy, mas vejo que não.
-Eu me descontrolei, Gina. –se defendeu –Não podia sequer imaginar a possibilidade do Finnigan encostar aquelas patas imundas em você. Eu não deveria ter duvidado. Eu sou mesmo um animal, um estúpido. Sou possessivo e ciumento demais. Imagino coisas que não existem. Por favor, Gina, perdoe esse estúpido que te ama. Eu prometo...
-Não prometa. –ela disse –Como você disse, é possessivo e ciumento. Vai ainda fazer cenas de ciúme. –e pegou um papel, assoando o nariz e jogando-o no cesto de lixo em seguida.
-Eu tive medo. –ele confessou e ela fez cara de não entender. –Medo de te perder. –ele explicou –Você não imagina o que significa pra mim. Eu fui muito duro com você. Tive que abrir essa porta. E se você tentasse...sabe...se matar?
-Eu não poderia fazer isso. –ela respondeu e Draco sorriu aliviado.
O Malfoy abraçou-a e fez com que ela se levantasse:
-Eu te fiz chorar. Me sinto muito mal por isso. Você não merece que eu te faça sofrer. Há alguma coisa que eu possa fazer pra me redimir?
Gina aconchegou-se nos braços de Draco, sentindo o calor familiar e agradável que o corpo dele proporcionava contra o seu. Abraçou-o com mais força e então percebeu que sua cabeça parecia que ia explodir:
-Draco, você sabe alguma massagem pra aliviar dor-de-cabeça?
-Sei, mas acho que seria mais eficiente se você tomasse uma poção ou até mesmo um remédio trouxa.
-Eu não quero isso. Sei que as suas mãos serão um santo remédio. –disse e ele conduziu-a pela mão.
Draco sorriu:
-Se é isso o que quer, tudo bem, mas acho melhor colocarmos nossos pijamas primeiro.
Gina concordou. Ela colocou uma camisola longa e flanelada. Draco vestiu um pijama verde de seda. Sentaram-se na cama.
-Deite a cabeça no meu colo. –ele pediu e Gina fez –De que lado dói?
-Esquerdo.
Draco passou os dedos frios pela têmpora esquerda de Gina, fazendo movimentos variados, mas que sempre seguiam um padrão. Em pouco tempo as mãos de Draco estavam quentes.
“Sempre assim, só tocar nela, que as minhas mãos esquentam.” O loiro pensou.
Lembrava-se agora da massagem que tinha feito nela quando tinham estado na Suíça da outra vez.

***Flashback***

Era o dia em que Draco servira de escravo da Weasley.
Após o jantar, Draco avisou:
-Estou indo tomar banho.
-Ah, mas não vai mesmo.
-Por que não? –ele perguntou se irritando.
“O que essa insuportável vai inventar agora?” ele não pôde deixar de se perguntar.
-Porque quero que faça massagem nos meus pés.
-Eu não vou pegar nisso que você chama de pés, deve ter um chulé tão insuportável quanto a dona.
Gina manteve a calma:
-Vai sim e fique tranqüilo que odor dos meus pés é muito agradável.
-Deite na cama então Weasley. E rápido, porque estou sem a mínima paciência.
Gina deitou-se na cama e Draco ficou de frente pra ela:
-Pois aprenda a ser paciente. Vou avisando, se não fizer direito, terá que repetir até acertar. Pode começar.
Ele pegou um dos pés dela e começou:
-Ai, dá cócegas! –ela reclamou.
-Fique calada, sim? Está tirando a minha concentração.
Gina ficou em silêncio. Conforme o tempo ia passando, ela começava a ficar com calor.
“Nossa! É incrível como está quente aqui dentro.”
Draco trocou de pé.
“Que massagem gostosa, o Malfoy é bom mesmo. Bota bom nisso...Epa! No que estou pensando? Eu estou achando que o Malfoy é gostoso? Mas ele é mesmo...Pare! Pare com esses pensamentos. Ai, eu quero agarrá-lo e beijá-lo até ficar sem ar! Não! Não! Não! Eu odeio o Malfoy. Como está quente.” Ela pensou balançando a cabeça em negativa para tentar afastar aqueles tipos de pensamentos.
Draco percebeu o gesto estranho de Gina:
-Como está se sentindo? –ele perguntou com um sorriso cheio de malícia.
“Por que esse cara tem que ser tão gostoso?” a mente de Gina gritava ao se perguntar, enquanto o lado racional tinha um pisca alerta ligado na máxima velocidade.
-Calor, muito calor. Por que de repente ficou tão quente aqui dentro? –ela perguntou pra Draco.
-A temperatura está a mesma de antes. –ele respondeu fazendo cara de inocente enquanto lutava para abafar o riso.
-Malfoy! O que você está aprontando? Pare e me diga imediatamente que tipo de massagem é essa! –ela exigiu se levantando e o encarando.
-Quer mesmo saber? –ele perguntou com um meio sorriso.
-Mas é claro! Se não quisesse saber, não teria perguntado. Não me enrole Malfoy! Eu não sou idiota, se é o que pensa de mim. Sei que esse calor que me fez sentir tem ligação com a massagem que acabou de fazer.
-Primeiro me conte o que você sentiu. –ele pediu.
-Pra que quer saber?
-Estou esperando a sua resposta.
-Eu senti calor. –ela respondeu.
-O que mais? Sei que não foi só isso... –ele disse em tom de quem se divertia.
Gina olhou para baixo:
-Foi um absurdo! Eu senti..hum...desejo por você.
-Era isso que eu queria ouvir. –Draco respondeu sorrindo abertamente.
-Por quê? Me conte o que fez comigo!
-Agora eu sei que fiz certo. É uma massagem afrodisíaca que eu estava procurando em quem testar, você não disse que tipo de massagem queria.
-E me usou de cobaia?! –ela perguntou e concluiu.
-Basicamente.
-Você é um canalha mesmo!


***Fim do flashback***

Naquele dia Gina ficara com muita raiva dele por ele ter feito aquele tipo de massagem e pisou nas costas do Malfoy, literalmente, por vingança. O loiro também ficara com muita raiva na ocasião, mas isso era passado. Tudo que ele queria naquele momento era poder confortar a sua ruiva, compensá-la pelo quão horrível havia sido com ela.
Os dedos de Draco a passarem por sua têmpora causavam-lhe uma sensação de calma, alívio e sonolência. Era tão agradável que seus suas pálpebras foram ficando pesadas, mais pesadas...até que seus olhos fecharam-se e ela não os abriu mais.
Após algum tempo, Draco perguntou:
-Melhorou, meu anjinho?
A ruiva não respondeu e ele viu seus olhos fechados. Percebeu que ela estava dormindo. Contemplou sua mulher por algum tempo, até suas pernas começarem a doer pelo peso da cabeça dela. Gina parecia tão frágil e desprotegida que ele não pôde deixar de se derreter e transformar-se num apaixonado babão, nem que por alguns segundos. Draco ajeitou-a na cama, colocando sua cabeça delicadamente no travesseiro. Deitou-se ao lado dela e ficou mais uma vez observando-a dormir:
-Tão linda... –murmurava –Minha flor, meu anjinho, meu moranguinho, minha Gina. Eu te amo tanto. –e esperou ela abrir os olhos e dizer que ela já sabia, assim como ela havia feito da primeira vez em que ele dissera que a amava. Mas isso não aconteceu, ela de fato dormia –Eu tenho muita sorte de você me corresponder, já que sou tão idiota e estúpido por várias vezes. –ele encostou seus lábios nos dela e ainda assim ela continuava a dormir –Boa noite, meu amor. Sonhe que eu sou um marido à sua altura, quem sabe isso pode virar realidade.
Em seguida, Draco cobriu-os e deitou-se ao lado dela, fechando os olhos.
“Preciso aprender a controlar o meu ciúmes. A Gina nunca me trairia. Nunca traiu e nem irá. Eu colocaria a minha mão no fogo por essa convicção.” Foi a última coisa que ele pensou antes de dormir.
Mal ele sabia que a mão dele sairia queimada do fogo.

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