Encontros e desencontros



Capitulo 14


Harry e Gina percorreram os corredores em silêncio até estarem fora do Castelo.


- Você se incomoda se formos até ao Lago? – Harry perguntou com ansiedade.


- Como você quiser…- Ela assentiu com um sorriso nervoso.


Os dois caminharam lado a lado. Harry respirou agitado e depois falou:


- Eu não sei por onde começar. – Declarou angustiado.


- Acho que já somos dois…- Gina completou num murmúrio envergonhado. Ao mesmo tempo que chegavam perto do Lago.


Pouco à vontade, os dois jovens se sentaram num rochedo observando as águas cristalinas, que reflectiam a luz fraca do entardecer. Harry passou as mãos trémulas pelos seus cabelos negros em desalinho, tentando arranjar forças para começar.


- Bom… – Pigarreou devagar – …Aquilo que falámos hoje de manhã…


- Sei… – as faces pálidas de Gina tingiram dum vermelho vivo – …continue! – insistiu acanhada.


- Sei que é embaraçoso…mas não acha que precisamos saber o que está a acontecer connosco?


- Esta conversa me mete medo. – Anunciou desconcertada.


- Também a mim. Mas você sabe que é necessário, antes que a demência nos engula. – Harry falou segurando uma das mãos da jovem, tentando ignorar o quanto ela estava assustada e se esforçando para a encorajar.


- Está … bem… - Assentiu abalada enquanto seus olhos enchiam de lágrimas.


- Eu tenho consciência que isto se está a tornar um pesadelo maior do que eu supunha. Ninguém podia adivinhar que para além de mim, você também pudesse estar envolvida. – Ele acrescentou atormentado – Para não falar nesses delírios nocturnos que inesperadamente parece que partilhamos…


Gina enrubesceu novamente.


- Talvez alguém do lado do Senhor do Mal, nos tivesse colocado uma maldição, como vingança de não ter conseguido invadir mais a minha mente. E com isso nos faça confundir o que vivemos realmente, com aquilo que sonhamos. – A jovem alvitrou em voz baixa.


- Não tenho assim tanta certeza disso. – Harry declarou inquieto.


- Porque não?!...


- Porque… – Ele coçou a cabeça hesitante. – Bom…você nunca achou falta dalgum objecto seu? Algo que tivesse desaparecido ou até perdido?


Ela reagiu com surpresa à pergunta.


- Sim…perdi sim. Há muitos meses atrás. Uma medalha que minha avó me ofereceu quando eu era bebé… – confirmou concentrada – … e dei pela falta dela, pelo facto da mesma andar sempre comigo. Mas…achei estranho…porque o aro resistente, que foi esculpido no aureolado da medalha , só poderia se ter desapertado, se eu formulasse um feitiço para abrir a corrente que a sustenta. Doutra forma seria impossível, já que sou a única que conhece as palavras mágicas.


- Pois é Gina, é aí que reside e começa o nosso problema! – Harry constatou consternado.


- Como assim? – Perguntou confusa.


- Eu…- Harry meteu a mão no bolso das calças, depois a abriu, por forma a mostrar o seu conteúdo - …Eu também desconheço como ela foi parar numa das minhas gavetas lá do meu quarto, ou sequer de você me ter dado em alguma ocasião…a não ser em sonhos ou alucinações. Neles você me oferece a medalha…


- Meu Deus! – Gina tapou a boca chocada – Eu…eu…também sonho que a entrego a você…assim como um marco do tempo e da memória…


- Isso é uma loucura! – Harry declarou verdadeiramente abalado.


- Você…você acha …que nós… que fizemos aquilo? – Perguntou com as faces bastante ruborizadas.


- Não faço ideia… – Ele corou da mesma forma - … e nem sei o que pensar mais Gina. Mas se não o fizemos, porque temos visões e lapsos de memória em comum? E o que essa medalha fazia no meio dos meus pertences?


- Você…


- Precisamos recorrer a alguém para nos ajudar.


- Eu não sei se …se…sou capaz …do fazer Harry! – Gina baixou a cabeça, enquanto a segurava entre as mãos.


- Nem eu. Mas precisamos tomar uma atitude. – Opinou afectado.


De repente nuvens negras tornaram o firmamento com um aspecto sombrio. Uma faísca piscou incandescente antecedendo um trovão estrondoso, cujo retumbar veio acrescido duma chuva imprevista.


Os dois jovens trocaram um olhar tumultuoso e se levantaram apressados, correndo em direcção ao Castelo de Hogwarts.


Quando cruzaram a porta da entrada, ambos tinham os cabelos ensopados e o semblante abatido. Harry segurou o braço de Gina e ela olhou nervosa.


- Não se assuste. Abra a sua mão.


- O que…?


- A sua medalha… – Explicou lhe entregando a pequena peça em ouro fino. - …ela lhe pertence.


- Obrigado. – Ela agradeceu cabisbaixa.


- Vamos aguardar mais uns dias, até nos sentirmos mais confortáveis para pedir ajuda 0.K?


- Es.tá…bem… – Ela falou ao mesmo tempo que espirrava.


- Vamos subir para trocar de roupa. O jantar é daqui a uma hora.


- E o que dizemos a Mione e ao meu irmão? Eles devem estar mortos de curiosidade sobre a nossa saída inesperada da biblioteca?


- Dizemos que o incidente de ontem nos impeliu a arranjar uma forma de proteger você.


- Espero que eles acreditem.


- Também eu. – Harry rematou com um sorriso esbatido e vacilante. – Agora é melhor nos apressarmos.


- Sim….


Mas não foi preciso arranjar desculpa alguma, pois quando chegavam à Sala comunal da Grifinória, Mione e Rony travavam uma das suas discussões mais ciumentas. Harry trocou um olhar frustrado e débil com Gina perante a atitude tempestuosa dos amigos.


- De facto Sr. Weasley…- Mione falava despeitada - … ele me faz sentir isso mesmo!


- Então por certo não precisará da minha amizade, nem de nenhum dos seus amigos da escola, já que Krum está em tão alta estima no seu coração!


- Eu não disse isso! – A jovem Granger gritou de forma elevada, deixando perplexos a maioria dos colegas que se encontravam na sala. – Você está colocando palavras na minha boca.


- Não? Você vive defendendo aquele idiota com quem se corresponde faz dois anos. Deitando por terra aqueles com quem se relaciona todos os dias e que lhe são fiéis, em favor de alguém que só está presente em cartas.


- Pelo menos ele me entende… - Mione falou com lágrimas nos olhos, enquanto lhe voltava as costas revoltada e subia as escadas do dormitório.


- Sim…ele não tem que aturar suas birras depressivas! – Rony bramiu chateado – Seus amigos de Hogwarts agora são menos valiosos, que um pergaminho escrito pelo príncipe da Bulgária.


Harry suspirou atordoado:


- Meu Deus. Os dois precisam ultrapassar o maldito orgulho.


- Sim. Eles estão passando os limites da razão.


Gina murmurou baixinho, percebendo que o irmão se aproximava.


- Vocês já tinham visto uma coisa assim?


- Já! – Gina respondeu de forma áspera – Mas acho que você não precisava de ser tão violento! Ás vezes eu desconheço as suas atitudes irascíveis Rony.


- Se Mione reparasse no que nos anda a fazer, sabia porque razão sou assim com ela. – Falou amargo.


- Você tem que ter mais calma. – Criticou irritada.


- Não ouse me chamar a atenção, nem se meta na minha vida! Ouviu bem?


- Gina não tem culpa Rony. – Harry defendeu com impetuosidade – Você está descarregando a sua raiva em cima da sua irmã.


- Você também?!... – Perguntou chocado – Olhem… se não se importam vou descendo para o jantar. Com esse apoio devotado à senhorita Granger, ainda acabo por ficar de barriga vazia.


Rony desferiu abespinhado e caminhou com ar presumido em direcção à saída. Debaixo do olhar impotente do amigo e da irmã.


- Aquilo daqui a pouco passa. – Gina afirmou com firmeza.


- Sim. Ele agora ainda está de cabeça quente. - Concordou Harry.


- Agora se não se importa vou me trocar… já desceram quase todos.


- Sim…eu também. – Declarou pensativo.


E enquanto os dois seguiam para os respectivos dormitórios, Mione descia com o semblante bem mais descontraído.


- Vou depressa enviar uma coruja a Victor. – Ela anunciou mostrando uma carta que levava na mão. Me encontro com vocês à mesa.


- Está bem. – Gina anuiu antes de entrar no seu cómodo e vislumbrar Harry no lado oposto das escadas repetir o mesmo gesto.


Cerca de meia hora depois, Harry tinha tomado um duche quente e vestindo uma roupa enxuta. Quando seus pés tocaram o último degrau, que dava acesso à já vazia sala comunal. Uma vez que estava quase na hora do jantar. De repente cambaleou gemendo de dor, encontrando apoio na primeira poltrona que encontrou, sentindo a cicatriz dilacerar de forma insuportável.


- Harry! – Gina que saía do seu quarto naquele momento, gritou aflita descendo as escadas a correr.


- Eu estou bem. Só preciso me sentar um pouco junto da lareira. – Ele falou visivelmente abatido. – Vá andando, senão Colin vai estranhar a sua ausência.


- Eu e Colin não temos nada a ver um com o outro.


Ele olhou surpreso, mas com uma expressão dolorosa. Seus cabelos negros colavam á testa com a transpiração e era notável o esforço que ele fazia, para que ela não se sentisse assustada.


- Mesmo assim… – ele declarou se aconchegando no assento perto do fogo.


- Não. Eu jamais o abandonarei até ter a certeza que realmente está bem. – Gina se aproximou lhe tocando o ombro. – E neste momento me parece o contrário.


- Vá andando por favor! Daqui a pouco eu estarei com vocês.


Gina ignorou as palavras dele e se sentou a seu lado, com o rosto carregado de preocupação. Depois lhe acariciou uma das faces suavemente. E ambos foram invadidos por uma força familiar, estranha e instintiva. Harry encostou a cabeça no ombro de Gina fechando os olhos e deixou que ela passasse o braço por detrás das suas costas. Lhe despertando uma necessidade de afecto espontâneo, do cheiro dela, que curiosamente lhe parecia muito comum e íntimo, até ao calor do corpo e do seu abraço. Algo que estranhamente dava sentido aos devaneios e sonhos que partilhavam em comum.


Numa atitude descontraída, ela lhe afastou uma mescla de cabelos negros da testa e tocou novamente o rosto de Harry de forma gentil e meiga. Sem ter noção do instinto tutelar e impreciso, que tornava aquela experiência numa repetição das vivências adormecidas.


- Vá lá relaxe … – a jovem falou docemente enquanto se aproximava e beijava de forma delicada a cicatriz torturante.


Harry sentiu um alívio surpreendente. Se questionando se afectos carinhosos de Gina teriam eficácia no atenuar e diminuir da dor. Uma vez que jamais havia tido uma convalescença tão rápida e eficiente. Abriu os olhos devagar e encontrou o rosto ansioso da jovem bem perto do seu.


- Está melhor? – Perguntou esperançosa.


- Sim, graças a você… – Ele sussurrou de forma irresistível, enquanto lhe segurava o queixo e a beijava dum jeito gracioso nos lábios.


- Harry…- ela murmurou surpresa com a iniciativa inesperada.


- Me Desculpe Gina…não sei o que me deu…eu…- ele se afastou alterado, ficando rapidamente de pé. - …é melhor ir jantar.


- S…S…sim… – Ela gaguejou apatetada, seguindo atrás dele.


Aquele pequeno gesto emocional, deixara nos dois, um desordenado despertar de sentimentos ocultos.


(CONTINUA…) Comentem Please!!!



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Comentários (1)

  • Juh_Lynch

    Por Deus! Eles ficam nesse vem e vai! E o Rony e a Hermione também! Louca pra vr ees ficando juntos.

    2013-04-26
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