Como Isso Pôde Acontecer?

Como Isso Pôde Acontecer?



Após aquela noite um tanto quanto perturbadora, Gina só desejava estar sozinha em sua cama quente.

Enquanto andava pelo Salão Comunal, uma onda de frio pareceu penetrar as janelas abertas com toda a força, fazendo com que a garota se arrepiasse dos pés à cabeça. Passou as mãos freneticamente sobre os braços que se encontravam cobertos pelas longas mangas do casaco e apressou o passo.

Ao entrar no quarto das quintanistas, vendo que todas as garotas já dormiam, seguiu silenciosamente para sua cama. Abriu a cortina vermelha que a cobria e se sentou, pensativa.

A imagem de Harry envolvendo alegremente outra garota não saía de sua cabeça. Parecia um insulto, um crime. Sentia-se humilhada sem saber o porquê. Talvez por desejar tanto estar no lugar de Iara, ou talvez por ele não ter o direito de estar fazendo isso já que poucos dias atrás tentara lhe beijar. Mas ele era Harry Potter, um garoto que desde o início do ano em Hogwarts se tornava imprevisível, instável e ao mesmo tempo ridiculamente desejado por quase todas as garotas da escola.

Era estranho como isso acontecera, pois quando o conheceu e se apaixonou pela primeira vez, tinha noção de que ele não era dos meninos mais bonitos que já vira. Era apenas Harry, o amigo, engraçado e sério ao mesmo tempo, de seu irmão. Um menino quase raquítico, incapaz de chamar a atenção das garotas.

Mas agora que ele crescia, seu corpo começava a ganhar massa – que de onde vinha, Gina realmente não sabia. Seu rosto estava incrivelmente mais largo e definido, assim como seus ombros, costas e braços atraíam qualquer pessoa do sexo feminino.

Sem falar em seus olhos verdes e seu cabelo bagunçado. Talvez fosse tudo isso aliado ao fato de que Harry já possuía uma certa fama que o fizera o garoto popular e admirado que era agora. Mas era tudo tão injusto. Porque fora ela a primeira garota, talvez, a despertar um carinho diferente por ele.

“Pára de pensar nisso, Gina Weasley!”, dizia uma vozinha abafada dentro de sua cabeça. “Você tem um namorado que te ama muito...”. Mas ela sabia muito bem que não conseguiria resistir por muito tempo. Logo seu namoro não faria mais sentido e ela desabaria ainda mais em depressão por causa do que sentia por Harry, por mais injusto que isso fosse.

A ruivinha se deitou sem ao menos ir ao banheiro trocar de roupa e lavar o rosto, pois estava sem estímulo para tal. Cobriu-se com o edredom até o topo da cabeça e pôs-se a chorar um choro silencioso, que parecia não ter fim.




Enquanto tomava seu café tranqüilamente, ao lado de Rony-Lilá e Harry, Mione sentiu seu ombro sendo cutucado.

Virou-se e viu que se tratava de um garoto bem pequeno da sonserina. Ele possuía um ar quase tão superior quanto o de Malfoy e essa lembrança fez com que seu estômago revirasse um pouco de um modo engraçado.

- É você a tal Hermione Granger? – perguntou o garoto tentando soar pomposo.

- Sim... Por quê?

- Draco Malfoy me mandou entregar isso a você – disse o sonserino segurando um pedaço de pergaminho enquanto apontava-o para ela.

Hermione sentiu todos que sentavam à mesa calarem a boca assim que o garoto começou a falar. Ela pigarreou nervosamente e pegou o que estava na mão do menino agradecendo com um sorriso.

- Um bilhete de Malfoy? – comentou Rony com cara de nojo.

Mas Mione não deu muito valor ao que ouvira o amigo dizer, ela pensava apenas no que deveria estar escrito naquele pedaço de pergaminho que possuía seu nome escrito em letras garranchadas.

Vendo que todos lhe observavam demasiado curiosos demais, resolveu levantar-se e ler o bilhete fora de toda aquela pressão.

Ei, Granger...

Precisamos nos encontrar para terminar logo aquele trabalho chato de Poções.
Esteja às 19h no lugar de sempre, ok?

Malfoy.


Ela leu e releu inúmeras vezes aquele texto simples e direto. Até simples demais, ela pensou. Sem nenhum insulto ou brincadeirinha sarcástica.

Seu coração batia em disparada e ela sentia as mãos suarem. Perdera até a fome. Será que deveria ir àquele encontro? Depois do que ele lhe fizera? Talvez fosse melhor terminar o trabalho sozinha, pois tinha medo do que poderia acontecer novamente a sós com Malfoy. Não que ela desejasse beijá-lo outra vez. Mas a verdade é que poderia não se responsabilizar pelos atos. Tinha medo do que poderia ser levada a fazer.




Aquele dia definitivamente estava sendo um dos piores de toda a vida de Gina. Acordara-se com uma tremenda dor de cabeça, devida ao choro intenso que tivera na noite passada e não estava com a mínima vontade de falar com ninguém.

À tarde, quando tentava se concentrar em um livro chato de DCAT, sentiu duas mãos esconderem-lhe a visão. Pacientemente, tirou-as e verificou que era Dino, sorridente.

- Oi, amor... – disse Gina, desanimada.

Ele lhe deu um beijinho sobre a face e ao tirar o rosto observou a apatia em que se encontrava a namorada.

- O que foi, mô?

- Ahm... Nada demais – ela respondeu sem encarar-lhe os olhos.

Dino, preocupado, sentou-se ao lado de Gina no sofá e passou a barriga da mão sobre seu pescoço para verificar se ela não estava doente.

- Não, Dino, eu não estou doente.

- Mas você ta muito pálida!

- Não é nada, mô... – disse Gina tentando abrir um sorriso quase amarelo.

Dino então sorriu despreocupado e deu-lhe um beijo rápido. Mas percebeu que a namorada definitivamente estava com algum problema, pois mal correspondeu ao beijo.

- Gi, você não pode esconder de mim! Tem algo de errado, sim. Eu sei que tem!

- Por favor, Dino... Deixa pra lá!

- Você nunca me chama pelo nome – observou ele espantado.

- Ai, Dino! Deixa de drama – disse Gina revirando os olhos deixando-o extremamente chateado.

- Ta vendo? Tem algo de errado! Foi algo que eu fiz? Me diga, Gi. Foi algo que eu fiz?

- Francamente, Dino!

E dito isso, Gina levantou-se do sofá deixando um namorado bastante preocupado para trás. Ela sabia que se continuasse ali desabaria em choro e se isso acontecesse seria bem pior.

Ouvindo Dino gritar pelo seu nome, ela saiu correndo do Salão Comunal da Grifinória sem rumo certo.

Quando percebeu que se encontrava bastante longe de Dino começou a andar a passos mais lentos. Não olhava para frente, encarava o chão.

Por que tudo isso acontecia com ela? E justo em um momento em que estava tão feliz, tão realizada ao lado de Dino. Não estava certo.

Foi quando sentiu algo forte e pesado bater-lhe o ombro. Levantou o rosto e viu tudo o que menos queria ver: Harry andava tão distraidamente ao lado de Iara que trombou em Gina.

A expressão de Harry não poderia ser mais embaraçosa. Ele não sabia o que fazer.

- De-desculpa, Gina...

E ela observou a morena ao lado de seu amigo. Era muito bonita, realmente. Estava feliz, muito feliz. Poderia ser ela. Mas pelo visto Harry nem sequer lhe notava mais. Nunca sentiu-se tão insignificante e humilhada antes. Sua voz não conseguiu sair e ela apenas saiu andando novamente sem rumo.

Sentiu seus olhos lacrimejarem, mas fez muita força para que o choro não saísse. Andou mais um pouco até que não agüentou e foi forçada a sentar-se no chão, encostada a uma parede grossa e gelada de um corredor escuro. Não tinha muita certeza de onde estava, não conseguia pensar direito, só conseguia chorar. Desesperadamente, sem ao menos conseguir prender a voz, ela chorou como há muito não fazia.

De repente, para seus olhos, sua vida não fazia mais sentido. Tudo tinha virado de cabeça para baixo, simplesmente em um piscar de olhos. Teria tudo começado com aquele quase beijo? Ela sempre soube que não deixara por completo de gostar de Harry, mas não imaginava que em tão pouco tempo esqueceria tudo o que viveu com Dino para sofrer descontroladamente por um garoto que nem a merecia.

Ou a merecia?

Será que se ela deixasse Dino e lutasse pelo que sentia por Harry as coisas mudariam? Será que Harry também a amava? Não... é claro que não. Definitivamente não era amor o que ele poderia sentir por ela. Talvez lhe admirasse. Mas e aquele beijo? O que ele queria dizer com aquilo?

Gina balançou a cabeça compulsivamente, irritada com o número perguntas que lhe deixavam tonta.

Mas uma coisa ela decidiu. E a partir do outro dia, seu plano entraria em ação.




Já eram 7h da noite e Hermione andava de um lado para o outro no dormitório. Coçava a cabeça, consecutivamente deixando o cabelo ainda mais revoltado, sem saber se deveria ir ao encontro de Draco.

“Aquele garoto me beijou à força!”, ela pensava ao mesmo tempo que sentia uma pontada de nervosismo no estômago.

Mas algo em seu íntimo lhe dizia claramente o que deveria ser feito. Hermione não era uma garota de deixar os problemas simplesmente passarem despercebidos. Ela costumava enfrentá-los e provar a todos do que era capaz. Por que agora deveria ser diferente?

Então ela iria, sim. Não havia beijo que lhe impedisse de enfrentar o mesmo Draco arrogante de antes. Ela tinha que ser forte e mostrar a ele quem realmente era.

Quando chegou à biblioteca, já passando 15 minutos do horário combinado, encontrou o sonserino estendido – quase deitado – na cadeira de sempre. Vendo-o com aquele olhar superior que só ele tinha, Hermione sentiu as pernas ficarem bambas de tanto nervosismo. Respirou fundo e tentou se convencer de que não o deixaria lhe abalar. Andou com passos firmes e sentou-se ao seu lado.

- Erh... Vamos começar? – disse ela, sem olhá-lo nos olhos.

- O combinado era às sete horas, Granger – disse Draco, secamente.

- Mas eu vim, não vim? É isso o que importa – e só agora ela o encarou. Mesmo que por poucos segundos, até que voltasse a olhar os livros à sua frente, pois aqueles olhos cinza nunca lhe pareceram tão ameaçadores. Pigarreou e prosseguiu: - Hum... Vamos começar... Onde foi mesmo que paramos?

- Ã?

- Você lembra onde foi que paramos? – ela o olhou de relance.

- Ah... Lembro, sim. Muito bem.

- E onde foi?

- Você sabe muito bem, Granger.

Ela não entendia muito bem aquelas palavras e o olhou para tentar entender do que se tratava. Ele possuía um olhar malicioso e logo ela se deu conta de que ele se referia ao beijo que ele lhe dera. Imediatamente, sentindo o rosto arder e corar, Hermione tirou mais uma vez a visão da direção de Draco.

- Ora... Eu estou falando sério!

- E o que te faz pensar que eu também não estou?

- Erh... Hum... Vamos lá – disse Hermione, sem dá muito valor às últimas palavras de Draco enquanto virava rapidamente as páginas do livro. – Ah, sim! Lembrei onde paramos! Você tinha que ter refeito o exercício...

- Ah – bufou Draco. – Isso.

- E então? Você refez?

- Hum... O que você acha?

Hermione lhe lançou um olhar de contrariedade, mas ele correspondeu com um olhar sarcástico e o pergaminho do exercício resolvido na mão. Foi bom ver a expressão de surpresa que surgiu imediatamente no rosto dela enquanto ela puxava o pergaminho de sua mão.

Por um bom tempo, permaneceram em silêncio, em que Hermione analisava passo a passo o que Draco havia feito.

- Hum... – começou ela, sem conseguir encarar o garoto nos olhos. – Digamos que você não foi tão mal assim... Essa parte aqui, você poderia ter elevado ao expoente do número de vezes que a poção poderia ser mexida.

- Ã? – perguntou Draco, sem entender ao certo o que Hermione dizia. Parecia que ela falava para dentro. Ele nunca a vira assim antes.

- Estou dizendo – ela respondeu ainda mantendo o mesmo tom de voz, sentindo o coração bater acelerado. – que você deveria ter elevado ao expoente...

- Granger! – interrompeu o sonserino. Ele a desejava. E muito.

Hermione respirou fundo ainda sem conseguir virar o rosto.

- Ei, garota. Você precisa olhar pra mim pra eu entender o que você está dizendo.

Hermione finalmente conseguiu levantar o rosto e encarar o loiro ao seu lado. Mas sentiu seu coração bater tão acelerado com aqueles olhos cinza que a fuzilavam, que sua respiração começou a ficar pesada.

E a coisa só piorou quando Draco começou a se aproximar lentamente, olhando para sua boca. Não houve reação. Ela simplesmente ficou estática, sem saber o que fazer ou dizer. “O que ele pretende...?”. E quando ele estava com a boca a poucos centímetros da sua, falou quase sussurrando:

- O que foi? Ta com medo de mim?

Hermione continuou sem reação, olhando dos olhos cinza de Draco para sua boca e assim alternadamente. Sua respiração estava realmente pesada, quando sentiu os lábios dele tocarem os seus. Ela fechou os olhos. Não podia fazer nada, estava em estado de choque. Quando ele lhe tocou a nuca sentiu todos os pêlos se arrepiarem. O beijo agora era lento e quase mágico. Não havia porque lutar contra aquilo. Hermione estava gostando.






N/a: Pois é, pessoas... estou demorando pra postar os capítulos! =/ Mas não posso evitar... A faculdade realmente tá me ocupando bastante...

Ainda assim quero muito agradecer a todos vcs que vêm me dando apoio! Adoooooro isso! =)

E NÃO vou desistir da fic! Podem ter certeza disso!

Bjos!
Lina.

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