Mais Uma Decepção



Por mais perfeito que parecia ter sido, aquele beijo não podia ser certo. Não quando ela era Hermione Granger, amiga de Harry e Rony e ele era Draco Malfoy, seu eterno inimigo. E como se estivesse despertando de um devaneio, ela olhou para os lados para ter certeza de que ninguém havia presenciado o ocorrido.

- O que foi? – perguntou Draco ainda envolvendo-a pela cintura e com um olhar ainda ardente. – O que você acha de a gente ir para um lugar mais seguro? – propôs o garoto após observar que Hermione parecia se preocupar com o ambiente.

Imediatamente, ela conseguiu se desvencilhar daqueles braços fortes que, no entanto, não a seguravam com força.

- O-o que? Você ta maluco, garoto! – disse Hermione enquanto juntava suas coisas na mochila para logo em seguida se afastar o máximo que pôde de Draco.

E quando já estava perto da saída da biblioteca, completou:

- Acho melhor eu terminar sozinha esse exercício... Não sei onde estava com a cabeça quando pensei em realmente fazê-lo com você!

Uma vez fora da biblioteca, Hermione correu o máximo que pode, enquanto lágrimas escorriam-lhe pela face. Ela não sabia ao certo porque isso acontecia, mas só tinha certeza de que queria estar longe de Draco.




Ao som comum de quintanistas que conversavam animadas sobre os planos que possuíam para o dia que começava aquela manhã, Gina se acordou com espírito de mudança. Seu coração já acordou palpitando mais forte, graças aos pensamentos que preenchiam sua mente e uma onda de nervosismo lhe fez coçar a cabeça.

Será que seu plano iria dar certo? Mas tinha que dar, ela tinha que se arriscar. Decidiu que logo após o café-da-manhã chamaria Dino a um canto para conversar.

E foi o que aconteceu. Os dois andavam pelo jardim interno de Hogwarts coberto por neve. Dino estava nervoso, sabia que alguma coisa muito estranha estava acontecendo a sua namorada e ansiava por saber do que se tratava, embora tivesse medo do pior.

Gina olhava muito para baixo, precisava criar uma coragem desconhecida para encarar a situação e contar pelo menos uma parte da verdade.

- Dino... – disse a ruivinha, subitamente, quase involuntariamente.
O garoto a olhou sério.

- Não sei se você já suspeita o porquê de eu ter te chamado para essa conversa...

- É lógico que eu não suspeito de nada, Gi! Você tem andado bem estranha ultimamente... Se houver algo que eu possa fazer, você já sabe que pode contar comigo! Mas sinceramente... estou começando a achar que não é bem a minha ajuda de que você precisa... ou é? – perguntou Dino com um resto de esperança que lhe sobrava. Ele não era criança, não reconhecia mais a namorada e isso o assustava profundamente.

Gina balançou a cabeça negativamente e parou ficando de frente para aquele que tinha se tornado, acima de tudo, alguém que ela respeitava muito e a quem tinha um grande carinho. Segurando as duas mãos do garoto com as suas próprias ela prosseguiu:

- Você é muito importante para mim, Dino. Você não imagina o quanto. – E ela pôde sentir um choro inesperado que começava a sair. – Você não merece isso... eu não posso fazer isso com você...

Dino começou a ficar ainda mais assustado. Não sabia se a abraçava ou se defendia do que parecia estar prestes a ser dito pela garota.

- O-o que é que eu não mereço, Gina? – perguntou, lágrimas descendo pelo seu rosto.

A ruivinha então dizer de uma vez para que o sofrimento não fosse prolongado.

- O amor que eu sentia por você, Dino... e-eu não o sinto mais!

E pronto. Gina abaixou a cabeça meio que se culpando pelo que havia dito e quando levantou novamente, percebeu que Dino a olhava perplexo.

- Então isso quer dizer que...

- Que talvez seja melhor a gente... dar um tempo.

E agora Dino parecia inconsolável.

- Não. Dar um tempo em namoro... isso não existe! Se você não me ama mais, então... A gente não pode mais ficar junto!

Dino agora secava o rosto com as costas das mãos e olhava para os lados tentando se convencer de que tinha que ser forte.

Gina estava surpresa com a reação de Dino, mas quase que involuntariamente, ela se aproximou do garoto em busca de um abraço que, após uma rápida hesitação, ele lhe deu.




Ainda sentada no Salão Principal, terminando vagarosamente seu café-da-manhã, Hermione tentava apagar de sua memória o que havia lhe ocorrido com Draco Malfoy na noite anterior. Gina e Dino já tinham saído para conversar e restavam apenas Harry ao seu lado, Rony e Lilá à sua frente e outras poucas pessoas que terminavam tardiamente o café.

Antes de se sentar Hermione havia se certificado de que estava de costas o suficiente para a mesa da Sensorina, afim de evitar novos desconfortos (ainda que isso se significasse ter que ficar cara a cara com aquele casal que não lhe agradava).

- Mione? – disse Harry, cutucando-lhe a cintura, enquanto ela acordava de seus pensamentos com o garfo suspenso no ar.

Ela então olhou para o lado e verificou que o mesmo garoto prepotente da Sonserina de outro dia lhe extendia um novo bilhete. Aquela imagem fez seu coração palpitar mais rapidamente e o estômago quase revirar-se dentro de si.

- Vai pegar ou não, Hermione Granger? – perguntou o garoto, suspendendo o bilhete no ar.

Hermione o puxou e, sem consguir se conter, olhou para trás e logo encontrou os olhos cinza sérios que a encaravam do outro lado do salão.

- Mais um bilhete de Malfoy? – perguntou maldosamente Rony.

- Infelizmente eu devo supor que sim – respondeu nervosamente Hermione, dando uma última olhadela para o pequeno garoto que se dirigia satisfeito para a mesa da Sonserina.

E, ao invés de abrir o bilhete, como todos esperavam que ela o fizesse, Hermione o dobrou mais uma vez para em seguida colocá-lo dentro de um dos bolsos de sua capa.


Mais tarde, após um longo dia de aulas, Hermione estava sentada na mesa da Sala Comunal tentando terminar de resolver o trabalho de Poções. Embora ela soubesse que não terminaria facilmente, ela queria ter a certeza de que iria progredir o máximo que pudesse aquela noite. Pelo menos assim maenteria sua mente ocupada.

Foi quando se lembrou do bilhete que ainda não tinha aberto. Olhou para os lados, para ter certeza de que seus amigos não se encontravam perto. Harry não estava na sala, devia estar fazendo seu trabalho com Crabbe; mas Rony estava sentado em um sofá ali próximo, abraçado a Lilá.

Abrindo delicadamente o bilhete, Hermione logo viu as letras garranchadas de Draco e foi sentindo seu estômago revirar mais uma vez que ela leu aquelas palavras:

Ei, Granger,
Acho que você já sabe que não desisto fácil dos meus objetivos. E posso lhe provar que o que nos aconteceu não é nada errado. Muito pelo contrário.
Encontre-me na primeira masmorra do lado direito da biblioteca amanhã, às 19 horas.
Draco Malfoy.
P.S.: Eu sei que você também quer...


Seu coração agora batia tão rapidamente quanto no dia em que Draco tinha lhe dado seu primeiro beijo. “Mas que estúpido! Quem ele pensa que é? Ele tá muito enganado se pensa que vou obedecê-lo”, pensou Hermione, ainda que uma parte de si (mesmo que muito pequena) desejava muito ir até aquela masmorra.

- Mione?

Uma voz lhe pegou de surpresa, fazendo com que ela escondesse o bilhete rapidamente embaixo dos livros.

- Ai, que susto, Rony! – disse ao ruivo que estava em pé à sua frente, do outro lado da mesa.

- Estava fazendo algo errado? – perguntou ele desconfiado.

- M-mas é claro que não! – respondeu Hermione, ficando vermelha e tentando não encará-lo. E, após um silêncio desconfortável, ela foi obrigada a perguntar: - O que te faz sair dos braços de sua queridíssima amada e vir até mim? – aquilo saíra sem pensar. Suas bochechas conseguiram ficar ainda mais vermelhas e ela não sabia o que fazer para contornar a situação.

Rony ficou surpreso com a pergunta e tudo o que conseguiu responder foi:

- Er... Ela estava cansada e foi tomar banho para dormir... Mas...

- Ai, meu Deus! Esquece o que eu disse! Que ridículo... Você sabe que não foi isso o que eu quis dizer...

Rony agora ria de canto de boca enquanto puxava uma cadeira para sentar.

- Mione... Eu sei que depois daquilo que aconteceu outro dia... – e agora foi a vez de Rony ficar da cor de seus cabelos. – Er... Você sabe...

- Não precisa mencionar, Rony – respondeu Hermione, tentando fugir de seus olhos. – Eu me lembro muito bem o que aconteceu.

- Então. Bem, é que... A verdade é que continuo precisando muito da sua ajuda, Mione! Lilá não é muito paciente para me ensinar Transfigurações e...

- E a tola aqui é, né? Ai, desculpa de novo!

- Tudo bem... Quero dizer... Contanto que você aceite me tirar só umas dúvidas...

E ficou o silêncio pesado novamente. Rony engoliu em seco, na esperança de que a amiga decidisse ajudá-lo, afinal de contas ele se encontrava realmente em perigo, como nunca estivera antes na escola.

- Bem, Rony... – Hermione pensou em hesitar, mas sabia o quanto o amigo deveria ter vencido o orgulho para ter vindo até ela pedir ajuda novamente. – Ah, tudo bem! Nós somos amigos, não é mesmo?

E Rony sentiu um forte alívio acompanhado de uma felicidade que o fez abraçar a amiga espontaneamente, de modo que ela não esperava por aquilo.

Os dois então ficaram sem jeito e, como que para quebrar aquele gelo, Hermione prosseguiu:

- E dessa vez você pode pelo menos me dizer o que você já sabe?

- Claro... – respondeu Rony, enaquanto abria o livro na página certa.

Alguns minutos depois, quando Hermione tirava a segunda dúvida de Rony, os dois foram surpreendidos por Lilá que ficara agora, já com a roupa de dormir, de frente para os dois.

- Rony? – ela perguntou, parecendo indignada.

- Lilá? Mas você não disse que ia dormir?

Não precisava ninguém explicar para que Hermione percebesse que algo estava errado nas ações de Rony.

- Então é assim, Rony? Você mente para mim?

No mesmo instante, o garoto se levantou sem dar explicações para Hermione e saiu puxando Lilá para conversar mais reservadamente em um sofá mais distante.

- Porque você me disse que ia dormir enquanto estava aqui sozinho na sala comunal com ela? – começou Lilá como que em um sussurro, quando os dois já estavam sentados.

- A Hermione é minha amiga, Lilá! – respondeu Rony também em um tom de voz o suficiente baixo. – E você sempre soube disso. Eu fui tirar umas dúvidas com ela e se eu não lhe disse foi porque não achei que fosse necessário. Ah, e outra coisa! Eu não disse que estava indo dormir!

- Mas... Você sabe que eu tenho ciúmes dela... E insiste em ficar a sós assim...

- Lilá! Você sabe que eu não admito esse tipo de ciúmes... Nunca aconteceu nada entre Hermione e eu e nunca vai acontecer!

- Você jura? – perguntou Lilá com voz de criança.

- O que você quer que eu faça para provar isso?

- O que é que ela estava lhe ensinando?

- Transfigurações... Por quê?

- Então diga a ela que agora sou eu que vou tirar suas dúvidas.

- Mas...

- Você está querendo dizer que eu não sou capaz?

- Não é isso, Lilá... É só que... você não foi bem paciente da última vez, é isso.

- Então esqueça a maneira como eu agi, Roniquinho. E eu vou lhe ajudar, certo?

Depois de alguns beijos e abraços de reconsiliação, Rony observou que Hermione juntava suas coisas e saía da mesa de estudo. Ele ficou chateado por ter sido tão estúpido com a amiga, mas se saísse de perto da namorada ciumenta para pedir desculpas a Hermione, era capaz de ter seu namoro acabado.

Hermione estava bem chateada com o que acabara de ver. Nunca imaginaria que seu amigo fosse deixá-la sozinha, falando com o vento após ter aceitado a ajudá-lo. E ainda mais assim, por causa de uma namorada mesquinha e possessiva.

Ela foi dormir com uma certa indignação no peito. Por que deveria se privar de se encontrar com Draco para não desrespeitar seus amigos? Se nos últimos dias, Harry magoara Gina e Rony lhe magoara duas vezes? Para que tanta lealdade se ela não recebia nada em troca?

E após muito pensar, Hermione decidiu que iria encontrar Draco no dia seguinte. O que poderia acontecer nem ela sabia.




N/a: Depois de mais de um ano, estou de volta! E agora com mais certeza que antes de essa fic vai chegar ao fim! =)
Desculpem-me meus queridos leitores pelo meu desrespeito =/
Mas isso não irá se repetir! Prometo!
Bjos.
Lina.



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