Pensamentos Proibidos

Pensamentos Proibidos



Mione ainda tentava conter o fôlego da corrida e da surpresa de ter sido beijada subitamente por Draco, quando se deparou com aquele choro baixinho, quase um sussurro.

Não havia ninguém na sala comunal e já estava tudo escuro, dando sinal de que todos os alunos da grifinória já deviam estar em suas camas, menos aquela pessoa sentada na poltrona negra à sua frente.

Hermione se aproximou e, contornando a poltrona, pôde perceber que se tratava de Gina Weasley um pouco mais vermelha do que o normal. A ruiva só se deu conta da presença da amiga quando esta pousou a mão sobre seu cabelo. Levantou a cabeça enquanto fungava e passava as mãos freneticamente sobre o rosto.

Mione se ajoelhou em sua frente e segurou uma de suas mãos.

- O que houve, Gina? – perguntou a morena preocupada.

Gina apenas balançou a cabeça hesitantemente. Hermione a abraçou forte e, se afastando passou a barriga da mão enxugando uma parte do rosto da amiga.

- Pode confiar em mim – disse Mione, tentando passar segurança.

- Eu sei disso – a ruiva tentou esboçar um sorriso. – Ai, Mione... É que eu tô errada, sabe... Isso... Isso não podia ta acontecendo de novo... – silêncio. Gina passou as mãos no rosto e pigarreou tentando manter a voz firme. – Não agora que ta tudo bem com o Dino... – Gina parecia indignada.

- É o Harry?

Gina se espantou com a prontidão daquelas palavras e olhou assustada para a amiga.

- É? – insistiu Mione.

A ruiva apenas abaixou a cabeça, mas não precisava responder.

- Eu sabia!

- Mas não é por que eu quero, Mione! Muito pelo contrário! Tava tudo bem, sabe? Eu pensava até que a gente estava se tornando amigo, mas...

- Mas o quê, Gina?

Gina balançou a cabeça negativamente. Não tinha falado sobre aquilo com ninguém ainda e a idéia de ouvir suas palavras saindo pela boca parecia assustadora.

- Ele tentou me beijar!

- Quê? – Mione parecia indignada.

- Já faz alguns dias, mas desde então eu não consigo esquecer o que aconteceu. Puxa, Mione, tudo o que eu sentia por ele ta vindo redobrado! Não sei mais o que fazer!

Mione se assustava com a aparência de desespero da amiga e tudo o que conseguia sentir era raiva de Harry. Mais ainda do que sentira por Draco minutos atrás, mais ainda do que sentira por Rony dias atrás.

- Mas por que ele fez isso?

- Pra brincar comigo! Só pode...




Ao se acordar, no dia seguinte, Mione repassou na memória coisas que deveria fazer durante o dia. Estudar Defesa Contra as Artes das Trevas, fazer o exercício de Runas Antigas e... Foi com muita raiva e vergonha que lembrou-se que deveria encarar Draco Malfoy naquele dia após ter sido beijada pelo garoto.

Mas afinal de contas, onde é que ele estava com a cabeça quando fez aquilo? “Quem ele pensa que é pra sair me beijando desse jeito? Por acaso eu deixei parecer que queria aquilo?”, eram essas as perguntas que não saiam da cabeça de Hermione. Ela sentia o estômago revirar de nervosismo e o coração bater acelerado. “Eu não deveria reagir assim... Ele apenas... me beijou! O que pode ter demais nisso?”. Mas ela sabia muito bem que não havia sido um beijo qualquer. Draco Malfoy lhe beijara com todas as forças que tinha e isso não é algo que acontece todos os dias.

Tudo bem, Mione o detestava. Mas isso em momento algum lhe impediu de observar o incrível charme que aquele garoto alto, loiro e imponente carregava. De certa forma ela podia se considerar até especial. Porque apesar de saber que as garotas o desejavam, Mione nunca o viu com alguém além de Pansy Parkinson – o que não significava muita coisa.

E na noite passada aquele garoto que tanto lhe irritara nos últimos anos - o último que ela esperava enxergá-la com olhos de um garoto à procura de alguém -, não resistiu e lhe beijou. Por mais errado que tudo isso poderia ser, ele parecia ter sido realmente sincero ao lhe beijar daquela forma, quase faminta.

Após alguns minutos, sentada na cama, imóvel, absorta em seus pensamentos; Mione levantou-se de um salto. Tinha que correr já que acordara um pouco mais tarde que o normal. Tomou um banho rápido e, mais do que nunca – ela tinha que admitir -, desejava estar bela naquele dia. Apesar de não querer nada com Draco Malfoy, pela pessoa que ele era, não queria fazê-lo desistir dela pela aparência. Não, seus métodos eram outros. Estava começando a se tornar uma mulher e seu íntimo se alegrava com a idéia de que alguém que odiava lhe desejava.

Vestiu a saia mais justa e curta do uniforme que tinha e arrumou os cabelos um pouco mais que o normal. Desejou se maquiar, mas aquilo seria ridículo, já que não era comum andar por aí com o rosto pintado.

Assim que desceu as escadas para o salão comunal deu logo de cara com a cena mais enjoativa de todas: Rony e Lilá entrelaçados e emitindo sons inaudíveis. Isso não era algo bom de se ver quando ainda se estar em jejum. Mas, por mais estranho que fosse, aquela imagem não lhe afetava mais com tanto vigor como uns dias atrás. Pôde sim perceber o olhar de desconcertado que Rony lhe lançou, mas, diferentemente do que teria feito há algumas horas, respondeu-lhe com um sorriso quase sincero.

Andou sozinha com passos firmes em direção ao salão principal para o rotineiro café da manhã até que se deparou com uma surpresa. Draco e seus “adoráveis” amigos estavam encostados em uma parede de um corredor próximo ao salão. Ela não esperava encontrá-lo tão cedo e sentiu o coração disparar quando viu que ele a encarava.

Mas não era um olhar qualquer, não era um olhar de nojo. Era um olhar de curiosidade e mistério ao mesmo tempo. E vindo daqueles olhos cinza quase cobertos pelos cabelos loiros deixava qualquer garota sã desconcertada. Ela tirou os olhos daquela direção e passou a encarar o chão. Quando já havia deixado ele para trás, virou a cabeça na curiosidade de verificar para onde ele olhava e percebeu que ele ainda a observava com aquele mesmo olhar.

Era bom sentir aquele nervosismo, passava-lhe uma sensação de vivacidade. Mas não estava certo. Não quando se trata de Draco Malfoy, o maior inimigo de seus melhores amigos.




À noite, após uma longa conversa sobre relacionamentos, Gina e Luna andavam pelos escuros corredores da escola. Gina não chegou a contar exatamente para Luna o que sentia por Harry. Apenas que sentia seu namoro com Dino correndo perigo.

Luna agora falava sobre a conversa que tivera com Ernesto na última festa da Sala Precisa, quando viu que a amiga parou repentinamente.

Com muita raiva, Gina observava um garoto moreno e forte a alguns metros de distância aos beijos com outra garota. Harry estava encostado na parede e Iara à sua frente, sendo envolta pelos seus braços largos. Aquela cena não deveria afetar Gina, mas a irritava profundamente. Doía-lhe demais ver o garoto que tanto desejara anos atrás e que há poucos dias tentara lhe beijar, simplesmente entregue a outra garota.

Uma vontade estúpida de chorar apertava-lhe a garganta, quando percebeu que o garoto sorria para a morena à sua frente e levantava a cabeça para verificar quem fazia barulho ali perto. Gina sentiu vergonha de estar ali naquele momento, mas continuou na mesma posição quando viu que ele perdera o sorriso no rosto e agora a encarava de maneira peculiar. A ruiva lançou o olhar mais decepcionante que possuía e virou-se para Luna indicando que deveriam seguir em frente. Mas aquela cena por um bom tempo lhe faria sofrer silenciosamente.

- Gi, o que foi? – perguntou Luna, alguns minutos depois.

- Ã? – Gina pareceu distraída.

- Você ta pálida! O que foi que aconteceu? Que parte eu perdi?

- Nada não, Luna... – respondeu Gina, tentando se livrar.

- Não. Eu vi muito bem o que aconteceu! Você e o Harry por acaso...

- NÃO FOI NADA, LUNA!

Não era bem a intenção de Gina brigar com a amiga, mas estava com os nervos tão à flor da pele que não podia mais responder pelos seus atos.

A loira, obviamente, se espantou com a reação de Gina, mas preferiu permanecer calada.

Ao chegar ao buraco da Mulher Gorda, a consciência de Gina pesou e, antes de dizer a senha, virou-se para a amiga e disse:

- Luna, me desculpa... Eu não queria...

- Tudo bem! – respondeu Luna, um pouco orgulhosa. – Eu entendo que você não ta passando por uma fase muito legal...

Gina sorriu e abraçou a amiga para logo em seguida girar nos calcanhares e passar pelo buraco.

Enquanto voltava para sua casa, Luna não conseguia tirar da cabeça o grito que levara de sua melhor amiga. Algo de muito errado devia estar acontecendo. “Por que ela olhou daquele jeito para o Harry?”. Ligando isso ao fato de que o namoro de Gina não andava muito bem, Luna só podia chegar a uma conclusão: Gina e Harry tiveram alguma coisas às escondidas... Mas o quê? E por que sua melhor amiga não conseguia se abrir com ela?

Foi quando viu Ernesto e um amigo entrar no corredor em que ela andava. Ele não lhe vira, pois estava mais à frente, e ela poderia continuar andando assim invisível se quisesse. Mas um impulso lhe fez gritar:

- Ernesto!

Ele e o amigo se viraram surpresos. Luna tentou esboçar um sorriso tímido e ele sentiu-se feliz com isso. Após olhar o amigo ao lado e fazer sinal de que ele poderia ir em frente, Ernesto andou até onde Luna se encontrava.

Luna sentiu-se estupidamente sem graça por tê-lo chamado, mas agora tinha que puxar alguma conversa.

- Erh... Oi!

Ele respondeu com um sorriso.

- Hum... Nossa conversa não acabou muito bem da última vez, não foi? – disse Luna.

- Pois é... Mas por culpa sua...

Luna ficou muito chateada, pois realmente não esperava ouvir aquela resposta.

- Você tinha que fazer isso tipo de comentário, não é?

Ernesto estranhou o tom de voz de Luna. Será possível que ela não consegue levar nenhuma brincadeira pelo lado esportivo?

- Mas...

- Eu chamo você com todas as boas intenções pra conversar e você me recebe assim?

- Mas Luna...

- Sinceramente...

- Luna! Será que você não consegue perceber que talvez seja você quem complica as coisas? Tudo poderia ser tão mais simples! Mas você... você se estressa com qualquer coisa!

Aquelas palavras doeram tanto no íntimo de Luna que a vontade que ela tinha era de sair correndo e nunca mais olhar Ernesto na cara.

- Eu... – ela pareceu realmente bastante abalada.

Por um instante Ernesto se arrependeu do que falou, mas continuou firme. Se mudasse a estratégia sabia que ela continuaria daquele jeito por um bom tempo.

Luna, por sua vez, resolveu sair andando na frente, mas antes deixou uma frase no ar:

- Acho que é você que não percebe que é essa a minha forma de expressar o que sinto...

Ernesto ficou paralisado onde estava. O que ela quis dizer com isso?






N/a: Hey, povo, cadê os comentários? ;)

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