Não Me Lembro



A manhã seguinte era um misto de verão e inverno porque havia sol lá fora, como também pairava um vento frio. Harry acordou olhando para os lados como se não se lembrasse de nada e sentiu-se feliz por alguns segundos. Até ver Rony sentado à beirada da cama dele como se esperasse que Harry acordasse. - Oi Harry. – falou Rony com a voz arrastada. - Oi Rony. – respondeu Harry se espreguiçando e voltando a tona do que o aguardava. – Que horas são? - São nove horas. – respondeu Rony sério. - Ahhh! – disse Harry largando-se novamente sobre o seu travesseiro e contemplando o teto. – Pensei que já passasse das onze. Eu dormi tão pesado que nem vi o tempo passar. - Hum. - Mas...- Harry firmou-se nos cotovelos pegando seus óculos sobre o criado mudo e colocando-os no rosto. – E você? É quase impossível estar acordado antes de mim. – Harry olhou mais uma vez todo dormitório e viu que ele estava incrivelmente vazio. – E os outros? Cadê os outros? Rony parecia muito incerto sobre o que responder ao amigo. - Harry, tem certeza de que não se lembra de nada? - Me lembro de quê Rony? Rony aproximou-se sentando-se na cama de Harry agora. - Cara, você não deixou ninguém dormir a noite inteira! - Quê? Como assim? - É Harry, você ficou resmungando umas coisas estranhas que ninguém entendia, como na vez em que falou com aquela cobra no segundo ano. E estava muito inquieto, banhado em suor, tanto que até tivemos de trocar sua camisa. Pelo jeito que se contorcia parecia estar tendo um pesadelo horrível. Explicou Rony à Harry que ficou boquiaberto quando viu que realmente estava com uma camisa diferente da que usava na noite anterior. Ele sentou-se rapidamente na cama. - Mas isso não é possível! Eu... eu não me lembro de absolutamente nada! - Puxa! Isso é mesmo estranho. Ficamos todos preocupados com você. - E quem mais viu tudo isso? – perguntou Harry incerto depois de uns segundos calado. - Só Neville e Simas. - Menos mal. – disse Harry saltando de sua cama. - Pelo menos sei que isso vai ficar só entre nós. Os dois ficaram em silêncio e Harry estava realmente perturbado. Como poderia ter uma reação dessas e não se lembrar de nada? - Olha Harry, eu não quero bancar a Hermione, mas sinceramente acho que devia seguir o conselho de Sírius e procurar o Prof. Lupin. Primeiro aquela história de ontem e agora você tem um pesadelo do qual não se lembra e...- Rony virou-se para Harry um tanto quanto tenso. - ... sua cicatriz não está doendo está? - Não Rony, sabe muito bem que desde a morte de... - Ops! Não mencione este nome! – interrompeu Rony rapidamente. Harry sabia muito bem o quanto Rony ficava incomodado ao ouvir o nome de Voldemort. - Desde a morte de você-sabe-quem eu não sinto mais nada na minha cicatriz. - Que bom. Mas mesmo assim acho que deve falar com Lupin. - Eu vou fazer isso, mas eu só gostaria de entender porque eu não me lembraria de uma coisa dessas Rony, por quê? - Eu não sei. – respondeu Rony colocando sua mão sobre o ombro de Harry. Depois daquela conversa Harry estava realmente decidido a contar tudo ao Prof. Lupin e nem se importava mais de levar uma bronca da Profª. McGonagall por causa do ocorrido com Loueine. Quando terminou seu banho e voltou ao dormitório para se trocar, Rony já não estava mais lá. Provavelmente marcara de se encontrar com Luna como fazia todas as manhãs. No Salão Comunal Hermione ajeitava os livros que largara sobre a mesa na noite anterior. - Ah, oi Harry, bom dia! – cumprimentou ela ajeitando a tiara em sua cabeça. - Oi Hermione, bom dia! – respondeu Harry ainda desanimado, porém esquecendo toda a chateação que havia sentido por Hermione assim que olhou pra ela ali. - Pensei que já tivesse descido com o Ronald, afinal, desde que nos conhecemos que vocês dois sempre andam juntos. - Sabe, não é minha especialidade fazer valer aquele ditado de que três é demais. Os dois sorriram gostosamente. Hermione sabia que Harry estava se referindo ao namoro de Rony com Luna. - Entendo. Deve ser meio complicado não ter mais tanto a companhia dele. - Na verdade eu acho que o Rony está certo. Se já conseguiu encontrar uma namorada e eu não, é culpa minha de ser meio... devagar com as garotas. - Ora Harry, você não é devagar! – falou Hermione num impulso corando logo em seguida. - Você acha é? - Acho sim Harry. Daqui a pouco você encontra... encontra alguém. Explicou a garota num tom amigável e ao mesmo tempo tristonho. - Quem sabe. – completou Harry também tristonho. - Mas e você? – perguntou Harry incerto. - Eu o quê? – ela perguntou tensa. - Aposto que já foi convidada para o Baile, estou certo? Hermione vacilou um sorriso e começou a rodear a mesa para aproximar-se de Harry que tinha as mãos nos bolsos de seu casaco verde garrafa. - Na verdade eu estou tão preocupada com outras coisas que nem pensei nisso seriamente ainda Harry. – explicou Hermione parando a uns quatro passos dele. – Sabe, acho que vou acabar indo ao Baile com minha vassoura. Ela sorriu sem graça cruzando os braços. - Só se você quiser Hermione, deve ter... um monte de rapazes que gostariam de levar você ao Baile. - Você... – começou Hermione. - Eu? – perguntou Harry engolindo em seco e sentindo seu coração disparar. - Você já convidou alguém? Harry respirou mais calmo. - Bom, na verdade eu também não pensei nisso ainda... seriamente. - Hum, pois devia pensar. Parece ter muitas candidatas a irem com o “famoso Harry Potter”. - Sei, se for pra me sentir um cão amestrado, prefiro ficar sem par. - Desculpe, eu não quis ofender você Harry. - Tudo bem, pelo menos eu sei que você talvez seja a única que não quer saber da minha vida. - Hermione ficou feliz pelo comentário de Harry que a fitou por alguns segundos. Tornara-se embaraçoso para ambos estes momentos de silêncio. – Olha, vamos combinar uma coisa? - Combinar uma coisa? Mas que coisa Harry? - Se até o Baile de Formatura, nem eu nem você tivermos arranjado um par, então... - Então? - Então faremos companhia um para o outro, como amigos. Vamos nos divertir muito mais que algumas pessoas porque não estaremos ali pra exibir um ao outro. Você acha legal? Perguntou o garoto não entendendo direito porque propora tal coisa a Hermione ao invés de simplesmente convida-la pra ir ao Baile com ele. Mas Hermione não pareceu ficar chateada, ou ofendida. Pelo contrário, dentro dela ela pode sentir uma sensação boa. - Acho que vai ser ótimo Harry! Se não conseguirmos um par, claro. - Tá. Então estamos combinados! – falou Harry coçando a nuca. Ele sempre fazia isso quando ficava envergonhado. Mas desta vez além de envergonhado ele também se sentia feliz, não entendia muito bem por que, mas se sentia. – Então eu... eu já vou! Tenho que falar com o Prof. Lupin! - Prof. Lupin? Sinto muito Harry, mas ele viajou ontem a tarde e deve retornar só no final da outra semana para aplicar os Testes Finais. - O quê? Mas viajou pra onde? - toda a alegria que Harry sentira foi sugada de repente por um leve desespero. - Ninguém sabe. Provavelmente deve estar descansando. A Profª. McGonagall comentou conosco ontem que ele tem andado bastante exausto com tantos trabalhos. É bastante estranho que Dumbleodore não tenha retornado ainda e que agora o Prof. Lupin se ausente também, você não acha? Perguntou ela preocupada, mas Harry não parecia prestar atenção. - Droga! Agora é que estou perdido mesmo. - Que foi Harry, aconteceu alguma coisa? Harry voltou a tona depois de alguns segundos inquieto e pensativo e puxou Hermione para sentarem-se no sofá, dando uma espiada por cima dos ombros para ver se não havia ninguém por ali. - Hermione, eu não te contei nada porque não tive tempo, mas... a garota do Intercâmbio veio me procurar pedindo uma espécie de aulas particulares de D.C.A.T., como tínhamos na AD. - Loueine Brookstorm? Aulas particulares? Mas como ela sabia que você... puxa, as notícias voam por aqui né? – comentou Hermione dispersa. - Mas e aí? Você aceitou? Quero dizer, a Profª. McGonagall sabe disso Harry? - Calma, deixa eu explicar. - Hum. - Bom, eu disse a Loueine que devia procurar o Prof. Lupin, pois seria melhor do que eu. - Claro! – concordou Hermione indubitavelmente. - Então ela disse que a Profª. McGonagall havia dito que Lupin estava bastante ocupado por agora. Aí ela perguntou se eu poderia ajuda-la e McGonagall concordou, contanto que fôssemos discretos. - Concordou? Não é do feitio dela concordar com as coisas tão... - Facilmente? Eu sei, eu sei. Foi justamente o que o Rony disse. Mas o problema não é esse. Sei que devia ter procurado a professora para confirmar essa aprovação, porém eu nem sei por que, mas confiei em Loueine e fomos para a Sala Precisa para começar as tais aulas. Eu disse que estava livre somente a noite pensando nos Testes Finais e ela disse que assim estava bem. Hermione bem sabia que não era hora para isso e nem imaginava por que, mas sentiu uma ponta de ciúmes ao pensar em Harry e Loueine sozinhos naquela Sala. - Mas e aí? Harry contou toda a história a Hermione que às vezes abafava um grito ou o repreendia por tamanha impertinência de ensinar um feitiço destes para alguém que se dizia inexperiente em D.C.A.T. Depois Harry contou da carta de Sírius e do tal pesadelo que tivera na noite anterior e jurou não se lembrar de nada. Hermione também perguntara como Rony, se a cicatriz dele por acaso estava doendo. Ficou mais tranqüila quando Harry respondeu que não. Quando Harry terminou sua história Hermione estava de pé e de costas para ele. - Não é tudo muito... estranho? – perguntou Harry realmente desejoso da opinião dela. - Por Merlim Harry, o Ronald tem razão. Tem que procurar alguém o mais rápido possível! - Mas quem Hermione, quem? Não estou menosprezando você, nem o Rony, mas caso você não tenha notado, as únicas pessoas que poderiam me ajudar não estão aqui. - Eu sei. Mas e se falássemos com a Profª. McGonagall? Provavelmente ela saberá que providências tomar, se já não estiver sabendo não é? Talvez até mesmo comunicar ao Prof. Dumbleodore e... - Não! Isso não! Não quero que ele volte só porque o “pobre” Harry teve uma experiência estranha e que ele mesmo provocou. - Mas Harry, então o que pensa em fazer? Não pode simplesmente fingir que nada aconteceu. E se for alguma coisa grave? - Eu sinceramente espero que não seja Hermione. Mais tarde Harry já não conseguia mais suportar aquele fardo sozinho e também estava pensando em por que a Profª. McGonagall ainda não o chamara na sala dela. E Loueine? Parecia ter sumido a manhã toda. Será que estava melhor que ele? Quando a noite estava quase por cair e todos estavam no Grande Salão reunidos para o jantar, Harry que não sentia um fio se quer de fome, achava-se sentado na escada para o dormitório masculino muito pensativo. - Oi Harry! – cumprimentou-o Neville Longbotton. - Oi Neville, tudo bem? - Sim Harry. E você? Está melhor? Perguntou Neville incerto no que Harry deduziu estar se referindo a noite anterior. - Sim Neville, eu estou bem, obrigado. - Que bom. – falou Neville amigavelmente fazendo uma breve pausa. - Eu estava mesmo era querendo falar com você. - Pode falar. - Toma! – disse Neville Longbotton entregando um pedaço de pergaminho enrolado a Harry. - Mas o que é isso? - Eu não sei o que é, mas foi a Profª. McGonagall quem pediu pra te entregar. - McGonagall? Mas ela não disse mais nada? – perguntou Harry. - Não, ela só pediu pra eu te entregar mesmo. Não é nenhum problema é? - Espero que não Neville. Respondeu Harry pensativo. - Bom, neste caso, até mais Harry! E dizendo isso Neville saiu e deixou-o sozinho. Sem hesitar Harry desenrolou o pergaminho rapidamente e começou a lê-lo. Caro Sr. Potter Gentileza comparecer ao meu gabinete ainda esta tarde, às 18:00h, para tomarmos uma xícara de chá juntos e discutirmos um assunto pendente. Atenciosamente, Profª. McGonagall Quando terminou de ler o coração de Harry parecia ter alterado seu ritmo algumas batidas e ele apressou-se em consultar o relógio em seu pulso. Tinha ainda uma hora até o horário estabelecido pela Profª. McGonagall e tamanha era sua ansiedade. Já era se em tempo de procurá-lo, mas confessava que agora isso o preocupava muito. Tanta coisa decorrera em apenas duas semanas que mais parecia um ano. Devia tocar nos últimos acontecimentos? Porque quanto a Loueine Harry deduziu que provavelmente ela já sabia. Teria de esperar até as dezoito horas e foi o que Harry fez.

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