A Prisioneira da Serpente




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Capitulo 2: A Prisioneira da Serpente



        Eu estava brincando com aquela lama no meu prato que há 6 anos tentam me enganar que é mingau. Tentando ignorar as mímicas que Malfoy fazia da mesa da Sonserina para mim. Pelos gestos que ele fazia com as mãos e com a boca e com os olhos, dava pra entender que ele estava se referindo a maldita aposta perpétua, prima distante do voto perpétuo. E que era melhor eu começar a brincar rapidinho antes que sua paciência esgotasse e ele anulasse de vez a aposta causando assim... Ah, claro... Minha morte instantânea e bem dolorosa. 

Mas como? Como simplesmente levantar da mesa da Grifinória, onde Ron e Harry já estavam me olhando suspeitamente e ir em direção a da Sonserina sem que todos pensem que não estou carregando uma bomba embaixo das vestes? Como fazer isso? Juro que preferiria comer a lama!

– Hermione. – ouvi a voz do Harry na minha frente.

– Que? – respondi.


Harry me olhou de modo estranho e então olhou para a mesa da Sonserina, onde Malfoy acabara de fingir uma conversa animada com Crabbe, e novamente me olhara interrogatório.

– Por que está olhando tanto pra mesa da Sonserina? – Ron largara o garfo com tamanha força no prato que toda a mesa da Grifinória parecia agora prestar atenção na conversa.



Como fingir... Quero dizer, eu sei como fingir, infelizmente aquela cobra me ensinou, mas pra que? Se logo eles teriam de ver. Por que isso tinha de acontecer comigo? Depois de longos 5 minutos sem resposta, Harry pareceu me olhar ainda mais interrogatório e ansioso.

– Bem... Porque... Eu... Estava vendo se o Ma... Digo... Draco estava...

– Draco?! Como assim Draco? – merda, já fora mais difícil do que engolir um cacto chamar aquela cobra pelo próprio nome, ou pior, primeiro nome e aquela besta ruiva ainda tinha de repetir? Sem contar que ao dizer tal nome todos na mesa pareceram levar um susto e prenderem a respiração ao mesmo tempo.

– É... Ron. Harry... Eu... – como dizer? Como dizer? Como dizer? – Estou... Bem... – eles no mínimo iam rir da minha cara. – Estou... – a cara deles ficava mais branca a cada gaguejo meu. – Hmm... Sabem aquilo que estavam espalhando sobre mim e... – não, eu não conseguiria repetir aquele nome. – Pois bem,... Nem tudo o que disseram era exatamente... Mentira. – o suco de Ron já transbordara da taça dele e ninguém parecia perceber. De repente tudo parecia tão quieto. Só a minha voz parecia ecoar naquela mesa. Olhei novamente para mesa da Sonserina, Malfoy parecia dizer “Vem agora, senão..” – Apenas... Mal explicada...

– Como assim? – Harry dissera como uma ameaça, eu engoli seco.

– É... Como eu vou explicar?! – comecei a rir do meu pânico. Malfoy começara contar nos dedos... 1.. – Ahh... – 2... – Depois falamos sobre isso. Agora eu preciso...


        E dizendo isso me levantei da mesa num movimento só e fui em passos rápidos até a mesa da Sonserina, sabendo que todas as cabeças me seguiam como se fossem presas ao meu pescoço, antes que Malfoy dissesse “3” e desse um risinho superior ao me ver indo até ele e deixando um Ron dizendo “Precisa o que? Aonde você vai?”. 

Com meus pensamentos trabalhando desesperadamente e registrando cada rosto e comentário virado para mim enquanto passava, levei um susto ao ver que já estava na mesa da Sonserina e de frente para Draco. Fiquei só por um tempo olhando pra ele com tamanha fúria sabendo que todos ali estavam me olhando, inclusive os professores e aquele aborto idiota que fala com gatos. Ele me encarava com fingida curiosidade e ao ver que eu nada conseguia dizer me pressionou.

– Sim? – eu o olhei com ainda mais raiva. – Hermione? – todos novamente prenderam a respiração de susto mais uma vez e ao mesmo tempo.

– É... – Merlin! Como era difícil! – Draco... – pela terceira vez aquele Salão prendera a respiração e ainda pude ouvir algo de metal caindo com força na mesa da Grifinória, e eu tinha certa suspeita que o culpado era Ron. – Eu... Bem... Bom Dia. – ele sorriu, e quando ele levantou tenho certeza que todos pensaram que ele ia me azarar. 

– Bom dia. – ele disse sorrindo e bem gentil, e o mais odioso e asqueroso aconteceu: ele depositou um beijo de leve na minha boca.


        Consegui ouvir outro objeto metálico caindo na mesa da Grifinória e agora tinha uma suspeita que o culpado era Harry. Todos pareceram petrificar. Eu respirava com dificuldade e meus olhos ardiam de raiva. Ele sorrira e eu nunca o odiei tanto em toda a minha vida. Pegou na minha mão e me indicou os lugares na mesa.


– Senta comigo? – dessa vez eu o olhava com desespero pedindo secretamente para que me livrasse disso.

– Na verdade... Eu não estou com fome. – ele me olhou ligeiramente chateado. – Só vim pra falar contigo mesmo. Eu já vou. Tenho que ir a Biblio...

– Não mesmo! Chega de não comer pelas manhãs. Senta logo e come... E vocês? O que estão olhando? – disse me puxando pra sentar ao seu lado.

– Draco... O que ela está fazendo aqui? – disse uma Pansy Parkinson balançando sarcasticamente os cabelos negros. 

– Ela... – disse ele – Está tomando café com o namorado. – ela riu. Eu só olhava pros meus dedos entrelaçados no meu colo.

– Mas o Weasley está na mesa da casa dele...

O Weasley não é namorado dela. – disse ele mais estressado e senti meu coração dar um salto mortal pra trás de medo. – O namorado dela sou eu.

– O que? – disse ela debochada. – A sangue-ruim?


Malfoy levantara revoltado da mesa assustando a idiota, mas nada me ofendia naquele momento, nem aquele teatro dele... Nada. Eu só estava preocupada com o que a minha gente estava pensando, as pessoas que eu gosto. De que me importa o que aqueles sonserinos idiotas pensam de mim? Eles em nada me acrescentam. Agora... Harry... Ron... A Grifinória... Céus!

– Ouça bem, Pansy, porque eu só vou repetir uma vez! Nunca mais se dirija a Hermione desse jeito, senão terá de se ver comigo. Ela é minha namorada! E é bom vocês irem se acostumando com a idéia! – e com uma última olhada ameaçadora pros sonserinos, saiu da mesa me puxando pela mão. – Vamos, Hermione.


 E fomos de mãos dadas para fora do Salão, e eu não sei porque não tropeçamos e quebramos os dentes no piso frio de Hogwarts, uma vez que todos os pares de olhos estavam grudados na gente.


– Admita... Você nunca teve tanta atenção como agora. – disse ele muito animado, uma vez que estávamos sozinhos do lado de fora. – Foi incrível! Você viu a cara do Potter? 



         A cara do Potter? Céus! Que ele não escute meus pensamentos, mas de que interessa a cara do Potter ou de qualquer indivíduo ali? E a minha? Eu parecia que acabara de sair de dentro de um filme de terror. Era humilhante ver o modo como eu estava sendo dominada daquele jeito na frente de todo mundo! O que?


       Eu ainda não tinha encarado a realidade! Não tinha absorvido totalmente a situação. O que realmente significava perder uma aposta pra aquela serpente maldita! Até ele me beijar! Ele me beijou! Beijou! Na frente de todos! De novo! Teve a coragem de roçar aquela boca nojenta na minha! E eu não pude fazer nada! É a mesma coisa que começarem a cortas seus pés e você não poder pedir socorro!



        Foi então que olhando pros jardins desertos de Hogwarts, enquanto ele ria vitorioso ao meu lado, que eu comecei a entender o que estava acontecendo, tudo que realmente estava acontecendo ali. Nada foi por acaso, era um plano... Muito bem planejado!

        O que eu mais queria desde que ele me beijara na peça era me vingar dele, mas acabou que ele é quem está se vingando de mim! Não! Parece que todos estão se vingando de mim! Meu estômago estava começando a rodar e eu comecei a sentir uma angústia. Ele arrumou um jeito de não apenas me enfurecer, mas sim enfurecer a todos que eu amo! E pior. Fazer com que estes não consigam olhar na minha cara de raiva e de vergonha, pensarem mal de mim! Ele está fazendo todos se afastarem de mim, até que reste apenas ele como consolo e eu fosse correndo implorar pra que ele goste de mim de verdade.... Enfim admitir que eu o amo ou coisa do tipo. Está entendendo? Ele armou uma armadilha para mim! Da qual até meus heróis se recusarão ou não poderão me salvar! Eu virei a prisioneira dele puta que pariu! Que cobra inteligente!



– Por que está me olhando assim, Hermione? – perguntou ele recuperando fôlego de tanto rir e eu com a esperança que tal ataque de riso matasse ele.

– Já chega, Malfoy. – eu disse, com calma.

– Draco! – ele me corrigiu.

– Eu renuncio... O que você quer que eu faça? Eu faço qualquer coisa pra você me libertar disso. Já se divertiu como queria.

– Não! – ele disse animado. – Nem cheguei perto!

– Você é a pessoa mais canalha, falsa e escrota que eu já tive o desprazer de conhecer! – eu disse sentindo uma lágrima escorrer, mas enxugando rapidamente. Ele pareceu realmente se abalar com isso. Ficou sério e se aproximou de mim.

– Você não me conhece, Hermione. E não vai estar livre até realmente conhecer! 



        Pra que? Explodi, lógico. Os acontecimentos daquela semana estavam transbordando dentro de mim. Meus neurônios há dias planejando uma rebelião, meu coração brincando de esconde-esconde comigo, todos estavam curtindo com a minha cara! E parecia que eu não tinha a lealdade nem da minha mão que se recusava por algum motivo idiota e desesperador de pegar aquela maldita varinha e amaldiçoá-lo com o belíssimo, lendário, tão falado, tão esperado, incrível, útil, maravilhoso, estupendo e magicamente perfeito CRUCIO!! Eu simplesmente não conseguia me conter mais!

– Te conhecer? – eu disse aos prantos. Me matem! – Será que eu não te conheço? Ao meu ver você sempre foi aquele menino idiota que nunca se garantiu sozinho! Que infelizmente cresceu com o pior tipo de gente que poderia ter arrumado! Que te ensinou apenas como abusar dos outros e ser um completo babaca! Você é cruel como o seu pai! É nojento e sádico como qualquer outro comensal! Se acha esperto, mas vai cair no choro quando perceber no que realmente se meteu!

– Você nada sabe sobre os comensais! – disse ele seco.

– Estou Falando de mim! É de mim que você deveria ter medo! Você acha que eu sou idiota! Que finalmente me prendeu na sua teia e vai fazer de mim gato e sapato! Mas é claro que você pensaria assim. Você é um garoto idiota que se alimenta de bosta e pisa em todos que vê na sua frente! Se acha o cara mais lindo de Hogwarts, mas na verdade não passa de uma grande piada do mundo mágico! – nessa hora eu ri debochada, mas não conseguia parar de chorar mesmo assim. – Sempre querendo superar o Menino-Que-Sobreviveu! Sempre querendo chamar atenção! Sempre querendo ser o maioral! Sempre tentando atrapalhar a vida alheia! – cheguei perto dele murmurando mais desafiadora. – Sempre querendo ser amado, não é? 

E vou ser, Hermione... Por você! – disse ele ainda com aquele sorriso maroto e vitorioso como se de alguma forma estivesse se divertindo com isso.


          Pro inferno! Por que afinal ele tinha de falar tão rouco e confiante até que minha espinha vibrasse como um celular? Mas esse pequeno detalhe não me atrapalharia. Ignorei o comentário delirante dele.

– Sempre querendo ser Harry Potter. Mas você nunca vai conseguir nada disso! Porque como eu disse: você não presta! E eu teria pena de você se não estivesse jurando agora pra mim mesma me vingar de você e dedicar a minha vida para destruir a sua até que você escreva pro Profeta Diário pedindo desculpa a população mágica por ser tão anormal uma vez que bebeu esterco de basilisco e mijo de hipogrifo quando bebê. Eu odeio você! Mais do que qualquer coisa ou qualquer um! Pois você além de tudo isso, não enxerga que você não passa de você mesmo! Mais um prestes a dedicar a sua vida às Artes das Trevas, pois é a única coisa que você entende! Você nasceu pra ser usado! E sempre será! Seja por Voldemort, seja por qualquer outro bruxo das trevas, pois você nem forças tem pra dizer “não” para um bruxo idiota... Seu caráter é fraco! Como todos do seu tipo! Não acho que exista nada melhor de você para conhecer.



         E assim me afastei, respirando fundo, e quando o fiz percebi que chorei mais compulsivamente, como se respirar fosse a coisa mais difícil de se fazer. Nunca me senti tão enojada como naquele momento. Nunca percebi o quanto eu poderia ser cruel daquele jeito, e chorei mais ainda ao ver no que eu me transformara. E o odiava ainda mais por isso.

         Vi que ele não tirava os olhos de mim e parecia observar minha reação, da qual as tentativas de se tornar mais serena e confiante foram totalmente fracassadas. Ele respirou pesadamente e começou a vir em passos fracos até mim. E num gesto irritante me ofereceu um lencinho branco com o brasão da Sonserina. Eu franzi o cenho totalmente desconcertada. É lógico que ele era drogado! Eu acabara de arrasar com ele. Eu acabei pegando o lenço num gesto grosso e impaciente.

– Sabe, você tem realmente uma idéia muita errada de mim.


      Mas que merda namoral! Eu aturo ele me xingando, mas isso não. Isso é insuportável! Esse gesto falso , fingido dele, esse jeito totalmente desarmado me derruba completamente. Comecei a chorar mais ainda. Mas que droga, alguém tem uma rolha?


– Mas entendo que eu fiz por onde, pra você pensar tudo isso. Mas você vai ver...

– Eu não quero ver nada! Seja do jeito que você quiser! Por que afinal se importa tanto com o que eu acho?



Porque eu te amo!

– VAI A MERDA, MALFOY! – eu disse revoltada, deixando ele pra trás, eu não agüentava tudo aquilo. E eu falando sério com ele! Prefiro ouvir ele me xingar do que ouvir ele dizer que me ama. Senti um puxão no meu braço e dessa vez ele realmente estava aborrecido!

Mas você se esqueceu de um detalhe nessa biografia, Hermione. Eu nunca me dou por vencido! E é melhor ir se acostumando com a idéia, porque eu não vou te libertar! Agora terá de conviver com o monstro que sempre desprezou e ver como é torturante se apaixonar por algo que odeia.

– Eu não vou me apaixonar por você!!! – ele riu.

– Acho que já apostamos isso. – disse me soltando e subindo as escadas.

Pelo menos tinha um lado bom disso tudo: eu realmente não precisei encontrá-lo de novo aquela manhã. 



 Local: Masmorras. Acusada: eu. Culpado: serpente loira, à direita (sorrindo confiante como se nunca houvesse gritado comigo esta manhã) indicando o lugar ao seu lado. Acusadores: todos os demais. Ser com paciência se esgotando: Severo Seboso Snape. Ser ameaçador: Ron Weasley. Ser de total incompreensão, tristeza, raiva e ansiedade e dono de beleza esplêndida, corpo perfeito, olhos lindos e pensamentos de total fúria para mim: Harry Potter. Ser que parece me olhar com segundas intenções: Jack Millinton. Seres prestes a me atacar: Bitches da Sonserina e algumas garotas da Grifinória. Motivo: desconhecido. 



Chances de sair ilesa da sala: com a sorte que tenho tido esse ano... 0,3. Com o amor que Merlin tem por mim: 0,1. Chances de eu sair da sala sem quebrar nada: 0,7. Chances de eu sair da sala sem dar uma porrada na face daquele loiro desgraçado: 0. Chances de eu sair da sala sem mandar Snape com o olhar superior dele para um lugar que nunca pega sol: mínimas. Chances de eu me apaixonar pelo Draco: ha-ha-ha, essa foi boa. 



Chances de eu finalmente tomar coragem e ir me sentar com Harry (que parece estar contanto até 3 pra vir me puxar pelo braço até ele enquanto eu me decido): ahh, bem que eu gostaria. Chances de eu me jogar da Torre de Astronomia depois da aula: 80%. Chances de eu entrar pra um convento caso Draco me dê outro beijo: eu mato ele primeiro. Chances de eu virar realmente uma garota problemática e traumatizada após esses acontecimentos: 100%. Chances de eu dar uma porrada no Crabbe que está com um olhar suspeito para as minhas pernas: 75%. Chances de eu sair correndo chorando da sala: eu tenho feito muito isso ultimamente. Chances de eu parar com essa droga de chances e ir direto ao assunto: ok, parei.

– A senhorita está presa a algum feitiço, Srta. Granger? – eu reuni minha pouca sanidade e preferi não responder.


        Fui então para o local indicado pelo meu mais novo namorado. Ele sorriu, lógico, e o vi ainda olhar pra Harry e Ron vitorioso enquanto eu me sentava ao seu lado. Pra completar ele pegou na minha mão e me puxou de leve em direção ao seu rosto.

– Se aproxime mais um centímetro e eu acabo com suas esperanças de procriação. – foi tudo que pude murmurar pra ele no momento. Ele pareceu não querer abusar da sorte de ter conseguido segurar minha mão sem se queimar.

Temos que conversar sobre isso, sabe? Até onde eu sei namorados se beijam.

– E até onde eu sei, eu não sou Ofidioglota! Então pára de se dirigir a mim, pois eu só quero assistir a aula.


   Ele respirara fundo e voltara sua atenção para a aula. E me esquecendo totalmente de que dividia a sala com um ser nomeado Severo Seboso Snape, respirei mais aliviada. Mas será que alguém dia eu poderei ter uma aula de poções em paz?



– Senhor Malfoy, o senhor por acaso está sob o efeito da Maldição Imperius?


       Eu tentando ignorar a realidade: como é mesmo aquela música da Xuxa? Tudo pode ser, se quiser será, sonhos sempre vêm pra quem sonha...

– Não, professor. Por quê?


  A realidade presente não é importante: ... Tudo pode ser, só basta acreditar, tudo que tiver que ser... Será... 

– Por quê? O senhor vem tido um comportamento muito estranho... Por começar por andar se envolvendo com ela.

Estamos namorando!


      Aliás pra quê prestar atenção em conversas alheias quando se pode evitar brigas simplesmente cantando uma música na cabeça: ... Tudo o que eu fizerm eu vou tentar melhor do que já fiz, esteja o meu destino onde estiver, eu vou tentar a sorte e ser feliz...



– Namorando... Isso é verdade, Srta. Granger? Pensei ter ouvido ontem você negar totalmente algum tipo de envolvimento com o Sr. Malfoy... Quando no lugar dele, eu que tentaria desesperadamente negar.


 Lembre-se tudo que for dito será usado contra você: ... Tudo o que eu quiser o cara lá de cima vai me dar, me dá toda coragem que puder, que não me faltem forças pra lutar!...

– Ahh, professor. Todo casal tem suas briguinhas... Não é, Mi?


     Eles não estão falando de mim. Eu não me chamo Mi: ... Vamos com você, nós somos invencíveis pode crer, todos somos um e juntos não existe mal nenhum...



– Bem, nesse caso... Me decepcionei seriamente com você, Draco. Mas vamos a aula. Que isso está me deixando meio enjoado.


      Comentários ofensivos são como presentes, se eu não aceitar, não é meu, disse Budda: ... O Sonho está no ar, o amor me faz cantar...


– Srta. Granger, espero que você tenha feito o dever que eu passei na última aula ou será que ficou ocupada demais namorando?


 ... Lua de cristal, que me faz sonhar faz de mim estrela que eu já sei brilhar...



– Srta Granger!!!

– Sim Xuxa, Digo... Professor! – algumas gargalhadas explodiram em minhas costas.

– Do que foi que a senhorita me chamou?

– De professor... Professor... – eu respondi já soando frio.

– Você se acha muito espertinha não é mesmo, Srta. Granger? Com certeza deve estar achando que tem esse direito, uma vez que agora está namorando um Sonserino rico e de boa família. Deve achar que isso está te dando alguma popularidade. –Como ele podia ser tão ignorante?

– Professor, não fale com minha namorada desse jeito.

– Não preciso que me defenda... – disse baixo pra serpente ao meu lado.

– Orgulhosa, Srta. Granger?... E o que será que seus tão leais amiguinhos acham desse namoro, hein?


 OHHH Agora mudamos o show. Bem vindos ao: Discuta seu namoro com Severo Seboso Snape! No quadro de hoje: O que seus tão leias amiguinhos acham desse namoro?



– Sempre achei que eles tinham certa diferença com o Sr. Malfoy, mas a senhorita pelo visto... – olhou para Harry – Gosta de rapazes com uma certa fama , não é mesmo?


 ... Lua de mingau, que me faz chorar... como é a porra da música??



– O que será que o Sr. Malfoy viu na senhorita? Achei que a única coisa realmente visível fosse seus... Chama isso de cabelo? – Ranhoso, exemplo capilar de Hogwarts! – Ou será que você anda fazendo alguma poção do amor ilegal?

– Se for uma poção do amor então é uma poção realmente bem feita, sabe? – disse o Sr. Malfoy... lógico. Sem comentários.

– Eu não duvido nada. A Srta. Granger tem um gosto estranho para amigos, mas agora vejo que o senhor é que tem um gosto estranho para namoradas. –

– Pensando em arrumar uma namorada, professor? – perguntou Draco naturalmente. Não consegui me segurar. Caí numa gargalhada descontrolada, que foi acompanhada por muitos. Snape ficou roxo.

– Seu senso de humor é muito interessante, Sr. Malfoy. – disse ele secamente.

– Interessantíssimo! – eu completei não me agüentando. Draco rira.

E o que mais você acha de interessante nele, Hemione? – merda. Era a voz de Harry. E muito acusadora para o meu gosto. Parei de rir na mesma hora. – Ou agora além de te ensinar a mentir ele te ensina piadas também?



– Potter, na boa. Ceninhas de ciúmes não vão comover a minha namorada.


 
– Acho que eu conheço melhor a sua namorada do que você mesmo, Malfoy. – eu não estou ouvindo, não estou ouvindo!

– É mesmo? Mas quem beija ela sou eu, Potter! 

– Essa história está muito mal explicada, isso sim... Hermione odeia você.

– Você acha mesmo?! Então eu quero que ela continue me odiando assim pelo resto da vida.–Sem Problemas!

– O que foi que você fez com ela?


Eu me recusava a olhar qualquer um dos dois. A musiquinha da Xuxa estava bem mais acolhedora... Era da Xuxa, não era?... Harry apontando a varinha, Snape simplesmente assistindo... Com certeza as aulas de Poções andam muito interessantes..

– Eu a conquistei, Potter. Coisa que você não conseguiu fazer! – Me conquistou! HAAAHAHAHA que cínico!

– De ontem pra hoje? Tá bom...

– Eu sou realmente um homem de muitos talentos. – Ameaças, chantagem, cinismo, manipulação...

–Você é um idiota, isso sim! Hermione? Você não tem nada a dizer? – Respondi telepaticamente “eu tenho, mas me levaria a morte” e um sorrisinho irônico.

– Por que você não se conforma, Potter? Vai entrar em crise só porque eu consegui em um dia o que você não conseguiu em 6 anos? – Lógico, hora do 2º passatempo favorito de Malfoy, humilhar Harry.

– Você não conseguiu coisa nenhuma... Ela não ama você! – APOIADO!

– Pelo o que eu ouvi na Ala Hospitalar... Ela não ama você! – Merda! filhadaputa tem boa memória.

– Você anda ouvindo demais, mas não sabe de absolutamente nada...

– Creio que sei mais do que você... – se formos levar em conta que ele teve uma fonte de notícias muito boa... Meu Diário!

– Você nunca vai conseguir conhecer a Hermione como eu conheço. O que nós temos você nunca vai ter. – falando comigo mesma: concentre-se na música na sua cabeça Hermione!

– O que nós temos é que você nunca vai ter... E se não me engano, você bem que implorou.



– CHEGA! – vi Snape se pronunciar pela primeira vez depois de muito tempo, uma vez que Harry ia partir pra cima de Draco. Por que atrapalhou? Com sorte este morria. – Todos para seus lugares, agora mesmo! Ou a senhorita tem alguma coisa a dizer, Srta. Granger? – disse debochado.

– Tenho... É a aula de Poções mais longa da minha vida. – disse simplesmente e o incrível é que teve gente que achou engraçado. Que senso de humor!



E realmente foi a aula de Poções mais longa da minha vida, mas depois disso não teve mais brigas e eu ainda me atrevia a olhar para Harry de vez em quando, mas agora era ele que parecia não querer olhar pra mim. E isso estava me desesperando. Só de imaginar que teria de encontrá-los sozinha no Salão Comunal mais tarde...

– Você não devia ter dito aquelas coisas, Draco! – eu disse baixo pra ele enquanto fazíamos nossa poção. – Sua briga é apenas comigo.

– Errado. Não quero mais brigas entre a gente, Hermione. Agora somos namorados. – respondeu ele colocando as raízes cortadas dentro do caldeirão.

– Quer parar de ficar repetindo isso?!

– O que? Que somos namorados? Somos namorados! Somos namorados! Somos namorados! – disse ele rindo da minha cara.

– Você realmente não tem medo do que vai acontecer depois que essa aposta acabar? Você estará muito ferrado na minha mão!

– Se meus cálculos estiverem certos, quando a aposta acabar eu já terei ganho outra... Pois você já vai ter admitido que me ama.

– Colocaram seu cérebro ao contrário...

– Escuta. Como essa é a nossa única aula do dia juntos... – graças a merlin! – Quero que me espere na sua última aula antes do almoço. Vamos almoçar juntos.

– E se eu não tiver fome? 

– Eu tiro 50 pontos da Grifinória!

– Ok, vou estar faminta. Agora me dê isso e deixa que eu corto! – disse puxando a faca de prata e as raízes vermelhas.

– Não se esqueça que tem que monitorar o castelo hoje...

– Não precisa ficar me lembrando das minhas obrigações!

– Espero que eu não tenha que ficar te lembrando das suas obrigações de namorada também. – bati com força a faca na mesa, chamando a atenção de todos, então me virei pra cobra e disse baixo.



– Não abusa da minha paciência...


Mas o filho da mãe sem avisar nem nada me dera um estalindo! Que desgraçado! Essas merdas já estavam me irritando. Eu ia reclamar, mas ele fizera sinal pra que eu ficasse quieta, me lembrando novamente a aposta!


– Seu desgraçado! Imbecil! Estúpido! Babaca! Não pode ficar me beijando toda hora!

– Lógico que eu posso! E foi só um estalinho porque estamos em aula e não seria legal se... – ele pareceu meditar por um momento. – Quer saber? Dane-se! 



        E me puxou pela cintura grudando os lábios nos meus, com força, com desejo. Que ódio! Eu tentei debater, mas do nada o chão pareceu sumir, meu corpo esquentar, meu estômago parecia ter criado asas e agora estava arrumando um jeito de se livrar do meu corpo. Meu coração começou uma ópera no meu peito. Parecia que tudo ia explodir. O beijo do desgraçado era bom. Que droga, mas tenho que admitir... 
Ele me deixa fora de foco e eu sei que isso não são coisas que uma garota sensata deva escrever... Mas eu não sou uma garota sensata agora, pois estou sendo atormentada pelas lembranças que me tiraram de órbita.


       Como aquele idiota beija bem... Puta que pariu! E ele só tinha encostado seus lábios em mim ainda! Tentou aprofundar o beijo, o que com um pouco de sanidade que eu consegui reunir naquele momento tentei impedir, mas era praticamente impossível. A mão dele na minha cintura me puxando pra perto... A outra no meu rosto não me permitindo fugir... Sera que ninguém estava vendo e ia interromper aquilo? Eu não estava nas minhas melhores condições emocionais para tal proeza, sabe?


Sentir a respiração dele ali estava me deixando tonta! Respiração sufocante e finalmente... Infelizmente, quero dizer... Ele conseguiu passagem. Eu tentei enquanto pude, mas quando dei por mim já era um beijo forte, sufocante, apaixonado...


**


(Hermione apaga a palavra com raiva)


**


... Um beijo de arrepiar. E eu não conseguia não corresponder... ERA IMPOSSÍVEL! O beijo não acabava. Tinha vontade própria. Eu esqueci que precisava respirar. Tudo começava a queimar ao meu redor. Eu era a prisioneira mais infeliz do mundo mágico. 
Como fazem uma coisa dessas comigo?! Não é justo! Aquilo estava me deixando louca já. E então eu lembrei que provavelmente 50 cabeças estavam assistindo aquilo, incluindo Harry, Ron e o Seboso. Mas não tinha como parar. O coração dele batia violentamente contra a palma da minha mão, parecia que eu o estava segurando. Foi quando eu pensei que íamos morrer de falta de ar ali que nos afastamos aos poucos... As bocas, quero dizer. Porque os corpos continuavam imóveis. Respirávamos desesperadamente um em cima do outro. Caraca! Eu estava reaprendendo a respirar... Eu tinha esquecido.

Agora eu me permitia reparar nos detalhes daquele acontecimento, como os dedos dele entre meus cabelos, massageando-os; minha mão ainda no seu peito sentindo seu coração; nossas testas encostadas; minha outra mão perdida sozinha mal encostada ao seu pescoço; a outra mão dele na minha cintura, que cada movimento, por menor que fosse deixava mais uma onda de arrepios... Era tudo tão lindo, tão perfeito que chega a ser uma ofensa, porque foi com a pessoa errada. O único problema ali era ele. Era que se tratava de Draco Malfoy, o ser que eu mais detestava no universo e que para ele aquele foi só mais um gesto para contrariar, para se vingar, para mostrar o quanto ele é superior. Para se gabar diante de Harry e Ron. Tudo o que eu queria era largá-lo e dar um tapa na cara dele, mas o seu perfume estava me deixando louca, não deixando eu me afastar. Seu hálito de menta me atraindo ainda mais... Mas é lógico que eu não ia cair nessa de novo. E sua respiração rouca... Merlin! Eu não presto! Que filha da puta eu sou, que não consigo nem manter minha fuça afastada da fuça do ser que eu mais desprezo no mundo! 
Senti as palavras se formarem na minha boca e saírem com muita dificuldade. Era difícil manter o raciocínio com ele ali tão perto de mim. Céus! Nem com o Harry eu me sentia assim.

– Nunca. Mais. Faça. Is-so. – eu disse em meio a respiração. Ele deixou escapar uma risadinha que só fez aumentar minha tensão. Eu estava sendo marcada a ferro!



– 50 pontos a menos para a Grifinória e 20 pontos a menos para a Sonserina. – houve muitos protestos às palavras de Snape, ele estava em choque. 



Foi então que eu e Draco nos endireitamos nos nossos lugares. Eu roxa. Draco não parecia se afetar com o comentário do professor, mantinha um ar mais calmo e satisfeito, e um pequeno risinho abobado irritante que não queria sair do rosto dele. Um risinho típico de...


Me atrevi a olhar para Harry. Ele tinha a cabeça baixa, a franja sombriamente caída sob os olhos, e Ron tinha o punho fechado, nem cheguei a olhar para ele diretamente. A expressão de Harry me fizera mal, me fizera entender o quanto aquele loiro não prestava... O quanto ele estava fazendo as pessoas que eu amo sofrer. E conseqüentemente... Eu sofrer. Mas que beijo...

– Se vocês acham mais interessante se agarrarem do que prestar atenção na aula, não vejo porque continuarem dentro de sala.. – nem eu nem Draco respondemos. Eu realmente pensei sobre o assunto. Tanto porque Snape estava num tom estranhamente desesperado, como se tivesse levado um tapa na cara. – De qualquer forma... A turma está dispensada.

– A aula de Poções mais longa da minha vida. – deixei escapar antes de sair da sala. No corredor Draco me virara pra ele com um sorriso gentil no rosto... Será que ele esqueceu que eu odeio ele?

– Nos vemos na hora do almoço. – e assim me dera mais um beijo... 



      E meus sentidos não tinham voltado totalmente. Que porra é essa? Deu pra ficar me beijando direto agora? Só o que me faltava. Aquela mesma sensação, porém nova... Difícil de explicar. Era forte. Sugava meu pulmão pra algum lugar. Senti seu rosto mudar de posição sem exatamente separar os lábios... Era torturante. Dava vontade de sair gritando coisas que eu sei que não sinto e nunca vou sentir nem que a vida humana dependa disso. E antes de separar ainda deu uma pequena mordidinha no meu lábio inferior.. Puta que pariu! Ele tinha o meu manual de instruções? Como deixar Hermione Granger totalmente louca?! Agora eu entendo porque ele é tão confiante... (depois do que eu vou escrever agora ele realmente nunca mais poderá chegar 3 metros perto desse diário), ele sabe.

– Por um momento... Eu realmente achei que estava tendo um pesadelo, mas vocês realmente estão juntos. – meu mundo desabou. Virei e vi Harry com aquele olhar magoado, terrivelmente magoado. Eu quis morrer. Engoli seco, tentando arrumar as palavras certas.

– Harry... – o começo não foi tão ruim. – Se eu pudesse explicar... Eu... Eu sei que isso é inesperado, mas eu preciso que você confie em mim.

– Mas ele? Hermione... Eu achei que você odiasse ele!

– E odeio!

– Poxa, você demonstra isso de um jeito estranho.

– Confia em mim. – Supliquei.

– Como? Você não escondia nada de mim.

– Harry, por favor! Confia em mim! Eu tenho os meus motivos!

– Ele não pode estar te obrigando, pode? – ele riu nervoso. – Não tem como! – eu senti meus olhos arderem e ele respirar pesadamente. – Eu preciso ir pra aula... – se despediu. Ele ainda com aquele olhar magoado.


Se ele não estivesse indo para Adivinhação e eu para Estudo dos Trouxas eu me sentiria magoada, mas agora pensando no assunto... E se fossemos para mesma aula? Ele iria querer a minha companhia? Eu fico tentando pensar em algo realmente grave que eu fiz ao Malfoy pra ele estar me fazendo pagar desse jeito... Mas não consigo pensar em nada que realmente pode ter afetado ele todos esses anos, vindo de mim, sério. Ele sempre me desprezou! 

O resto do meu dia não foi nada emocionante. As aulas que eu normalmente assisto com os meninos, preferi sentar com Lilá, dando a Harry e Ron um pouco mais de espaço para formularem qualquer idéia, por mais malévola que seja, sobre mim. Eu mereço. Mas sentar ao lado de Lilá não foi assim tão agradável. Uma vez que só me fazia perguntas sobre Malfoy. Mas para essas perguntinhas eu já tinha uma musiquinha da Xuxa preparada na cabeça.

Draco estava me esperando, como prometido, do lado de fora da sala na hora do almoço. Ele sorriu e me roubou um outro beijo nada tímido. E todo o meu corpo começou a entrar em transe de novo. Eu estava sem ação. Eu não podia reagir. Ele que mandava. E eu era sua prisioneira. Eu tentava pensar em um meio de escapar dessa aposta maldita, mas não achava nenhum e parecia que alguns dos beijos que ele dava eram para me tirar mesmo o raciocínio e não conseguir encontrar uma saída. 

De mãos dadas íamos até o Salão Principal. Ele praticamente apertando a minha, já que eu a segurava de má vontade. Má não, péssima.

– Qual parte do ‘nunca mais faça isso’ você não entendeu? – eu disse depois de um tempo. Ele jogou os cabelos pra trás de modo desleixado.

– Namorados se beijam.

– Não acha baixo ficar me obrigando a isso?

– Você não desiste nunca? Eu não vou te libertar! – eu parei na frente dele nervosa.

– Não pode ficar brincando com os sentimentos dos outros assim! – ele sorriu.

– Quer dizer que estou mexendo com os seus sentimentos?

– Quer que eu me apaixone por você, mas a cada minuto eu te odeio mais! Não se ganha o coração de ninguém forçadamente, Draco!

– Pode argumentar o quanto quiser! – disse ele voltando a andar.

– Pois que seja! Eu não vou mais deixar você me beijar!

– Deixar? Você não tem que deixar nada! – ele disse vindo em minha direção, mas eu o empurrei. Ele riu. – Não me faça dar a aposta por vencida.

– Nada de beijos!

– Pois quanto mais você reclamar mais eu vou te beijar!

– Como ass... – mas tarde mais, ele já havia me empurrado contra a parede e me beijado e foi tudo aquilo de novo. – Seu idiota! Babaca! – mas aí ele me beijara de novo! – Pára com is.. – me beijara de novo e agora eu tentava bater nele. – Pára, Dra... – me beijara de novo. – Seu... Tá bom, tá bom. Não reclamo mais! – eu disse antes que ele me beijasse de novo.
E aquela mania idiota de ter vontade de chorar já estava começando a me aborrecer. Ele estava me tratando realmente como uma égua que ele estava disposto a domar. Como eu o odiava. Como eu o odiava. Eu precisava arrumar um jeito de escapar dessa o mais rápido possível!

No Salão Principal a gente meio que fico indeciso pra que mesa ir. Até mesmo Malfoy parecia não querer ir pra mesa da Sonserina.

– Eu que não volto pra aquele antro de cobras. – eu disse a ele.

– Tudo bem. Vamos pegar algumas coisas e comer em outro lugar. – O QUE? Ficar sozinha com o Malfoy



– Não, tudo bem! Tudo bem! Vamos pra mesa! Até que eles são bem simpáticos. – eu disse tentando puxar ele de volta.

– Você acha que eu sou trouxa? – realmente, eu conseguia pensar em um milhão de xingamentos pra ele, mas trouxa não era um deles. Afinal a trouxa da história estava sendo eu.

Fomos comer sob uma árvore de frente para o lago. Muito romântico pro meu gosto, mas eu ali ao ar puro, sentada na graminha de frente pra ele com o almoço ali em cima de uma toalha, naquele ambiente suave com a água do lago tão tranqüilizadora, só conseguia pensar em eu afogando o Malfoy dentro dele. Isso fez com que eu desse um ligeiro sorrisinho que ele percebeu.

– No que está pensando?

– Agora também tenho que compartilhar meus pensamentos com você? – eu respondi grossa. Ele respirou aborrecido.

– Olha, nem todas as nossas conversas precisam ser brigas.

– Pra começar, Draco,... Não devia haver conversas! – e sem falar mais nada me servi de um pouco da comida. Afinal eu estava morrendo de fome.

– Realmente. Não precisamos conversar muito. Desde que eu possa te be...

– Nada de beijos! A aposta diz que temos que ser namorados na frente dos outros, não fala nada sobre sermos namorados de verdade enquanto estamos a sós. 



Ele pareceu ter perdido o pomo de ouro pra Harry com uma bela cara revoltada e eu adorei. Isso bastou pra passarmos o almoço em silêncio, ele bem mal humorado. Depois disso a cobra disse que ia me buscar no final da próxima aula, aproveitando pra me beijar na frente dos outros antes de eu entrar na sala. Vingativo. Me buscar depois da aula?! Como se eu não soubesse andar por Hogwarts sozinha. Idiota.



– Posso saber o que você pretende dessa vez?

– Te mostrar o meu mundo. Você é minha namorada agora, precisa participar dele. – ou seja, ele queria levar a prisioneira pra passear. Que empolgante.

– Hum... Mal posso esperar. – respondi sarcástica. Ele sorriu. Ele realmente devia estar se divertindo muito. Me ter como prisioneira e ainda nem estávamos perto do Natal... Apenas o primeiro dia!

**



Hermione parara de escrever massageando a mão direita. Levantara de um salto ao ver quem entrara pelo buraco do quadro.

– Harry! – dissera ela correndo ao encontro do amigo que tentou sorrir simpático, sem sucesso.

– Oi. Não devia estar monitorando o castelo?

– Eu... Eu queria falar com você antes. – ela disse o acompanhando até uma poltrona perto da lareira. – Cadê o Rony?

– Snape implicou com ele... Vai ter que ficar mais tempo.

– Hum...

– Como foi seu dia? – disse o moreno com certa raiva, ela logo vira do que ele estava se referindo e engolira em seco.

– Horrível claro, mas não tenho escolha.

– Não tem escolha? Como assim?

– Já disse que não posso explicar... – ele bufara revoltado e se levantara. 

– Você disse que ia se vingar! Era ‘isso’ o que você tinha em mente? Porque se for, se vingue de mim também.

– Não era isso que eu tinha em mente, lógico que não, eu nem tinha pensado em nada direito... Mas o destino tem sido cruel comigo. – Hermione dissera sentindo os olhos arderem, como se dizer tal coisa a tornasse ainda mais real.

Cruel com você? Estou vendo a garota que eu amo com um dos meus maiores inimigos! – Harry explodira. E Hermione não pode segurar mais as lágrimas.

– Ele é o meu maior inimigo! Mas... É só até o final do ano letivo, Harry!

– Mas por quê? Eu vou ter que te ver beijando ele todos os dias? – Hermione não respondera e fora a vez de Harry deixar uma lágrima escapar. – Como pode beijá-lo? Alguém que você odeia... E eu...


       Hermione e Harry se olharam por um tempo, ambos perdidos em pensamentos. O tempo parecia aproximá-los e seus lábios quase se tocavam... Foi quando uma coruja negra sem aviso atropelara em cheio a cabeça de Harry, que soltara um palavrão baixinho, e fora até Hermione soltando um pergaminho em suas mãos. 

Antes de abrir o pergaminho Hermione memorizava o que quase acontecera e se sentira corar e logo olhara para os olhos muito cinza da coruja.

Andromeca... O que ele quer agora

– De quem é? – disse Harry se sentando direito.

– Draco. – Harry fechara a expressão. E vira Hermione abrir o pergaminho.

Onde é que você se meteu?
Precisa monitorar o castelo, sabia? Passe na minha sala quando vier...
Não demore.
Com Amor,
Draco.


– Com amor... Aff! O que está acontecendo? Tudo virou de pernas pro ar? – perguntara Harry mal humorado.

– É, mais ou menos isso. Tenho que ir. – e dando um beijo no rosto do amigo saiu pelo quadro da Mulher Gorda, sem muita coragem de encará-lo e se lembrar do que quase acabara de acontecer.




Hermione ia a passos rápidos pelos corredores de Hogwarts, pensando que logicamente essa pressa não tinha nada haver com Draco. Batera na porta da sua tão sonhada sala, recuperando o ar, e logo ouvira a voz da serpente dizendo que podia entrar.

– Que foi?

– Onde você estava?- perguntou Draco no seu jeito despojado sobre a mesa, mas mesmo assim chateado.

– Não é da sua conta! – disse a castanha e logo suspirara entediada. – Tá bom, eu estava no Salão Comunal.

– Fazendo o que? Está há quase 40 minutos atrasada. E se algum professor desse por sua falta?!

– Mas quem deu foi você, não é? – cortou ela seca.

– Com quem você estava?

– Como assim? Do que está me acusando?

– Quero saber quem te atrasou oras. – mas logo Draco percebera a expressão desconsertada da namorada e se revoltara. – O que é que ele queria com você? Não desiste de tentar te afastar de mim, não é?

– Eu é quem o procurei. Queria conversar.

– Queria conversar... Vocês sempre tem realmente muito o que conversar, não é mesmo?

– O que é que você tem? Está com ciúmes? – perguntara ela debochada e o loiro apenas ficara mais mal humorado, mas tentara disfarçar.

– Eu? Com ciúmes? Por favor, estamos falando do Potter! Ele não me representa nenhum perigo...

– E você sempre tem certeza de tudo o que diz?

– Você não ama mais ele. Você mesma disse na Ala Hospitalar... Quero dizer... Não exatamente com essas palavras, mas... Enfim... Você não ama mais ele.

– Como você pode ter tanta certeza? – o loiro sorrira perigosamente.

– Eu tenho.

– Se não tem mais nada pra me falar... Eu vou monitorar o castelo.

– Amanhã você vai sair comigo – Hermione respirara pesadamente.

– Posso saber pra onde?

– É meu aniversário. Vão dar uma festa pra mim na Sala Precisa. Nada muito grande. Às nove horas... Esteja perfeita. 

– É no horário da minha monitoração.

– Hermione... Quantas vezes eu tenho que dizer? Sou eu quem monitora o seu trabalho.

– Mas se algum professor der por falta...

– Não vão dar...

– Muito bem... – disse ela já saindo.

– Hermione.

– Que? – disse parando novamente.

– Não vai me dar um beijo? – disse o loiro cinicamente e a castanha respondera apenas com um sinal feio que fez o loiro gargalhar.

**



Bem continuando, eu sei que devia estar monitorando o castelo, mas dane-se, agora isso é mais importante. Todos estavam me olhando. Francamente, eu não tinha noção do quanto Draco era popular. Como pode?


Simplesmente eu virara a garota mais comentada de Hogwarts. Umas garotas na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas me chamavam de heroína, outras de traidora... Era uma combinação estranha, mas fazer o que.


E dessa vez eu tentara passar a aula com Neville para que Lilá não me torrasse a paciência perguntando certas intimidades do Draco... Intimidades não, Raio X do Draco. De onde ela tirara tanta curiosidade? Francamente. E Padma me fizera prestar atenção em cada detalhe do idiota que eu nem sequer sabia que existia. Perguntando coisas do tipo...


 ‘Já reparou que no sol os olhos do Malfoy parecem os de um lobo?’... ‘Já reparou que quando ele começa a ficar nervoso uma veia no pescoço dele fica bem visível?’... ‘Já reparou que quando ele sorri parece um menino de 10 anos no Natal?’... ‘Já reparou em como os ombros dele são largos?’... ‘Já reparou que o peito e a barriga dele são desprovidos de pêlos?’... ‘Já reparou em como ele às vezes levanta apenas a sobrancelha esquerda?’...


 Cara, eu nunca havia reparado nessas coisas,... Mas eram verdades, agora lembrando de certas situações e brigas me lembro bem da tal veia no pescoço e da sobrancelha,... Mas nunca vi Draco sem camisa, então quanto a esses detalhes não sei se é verdade... E nem faço questão de saber.

O bom era que Neville não ficava descrevendo Draco como um Deus grego muito pelo contrário, me tratava com todo um cuidado como se eu estivesse passando por algo muito difícil e doloroso... COMO É QUE ELE PERCEBEU?! Mas logo dera o intervalo e eu tive de novamente encontrar com o meu namorado Deus Grego.

– O que exatamente você chama de “seu mundo”?

– O que você chama de seu? 



Eu logo pensei nas aventuras em que eu Harry e Rony nos metíamos e na minha preciosa Biblioteca. Mas o que seria o mundo do Draco? No mínimo se resumia em azarar os alunos de Hogwarts que não fossem da Sonserina e implicar com Harry. De certa forma eu não estava errada.

– Fala aí, Draco. – disse um sonserino que eu só conhecia de vista, tinha os olhos azuis e os cabelos castanhos escuros. Seria muito gato se não andasse com aquele ar de nojo na cara. Ele estava sentado ao pé de uma árvore no jardim.



Eu sempre soube que era ali que o grupinho popular de sonserinos ficava nos intervalos. Também estavam Pansy Parkinson, Jack Milliton (o que me decepcionou muito por andar com eles), Mary Festron que parecia irmã de Draco, Dan Conl demasiadamente gato, loiro, olhos verdes, corpo perfeito, mas um completo canalha, e um outro que também só conhecia de vista. Com os cabelos negros presos num rabo de cavalo e olhos castanhos bem sedutores. 
A única coisa que eu sabia sobre eles era que não prestavam e eram filhos de Comensais. Eles me olharam bem intrigados... Esperando que a qualquer momento Draco me azarasse, mas isso não aconteceu. E eu realmente me pergunto se não era melhor assim.

– Luke. Como vai? – dissera Draco me puxando pela mão. – Jack... – olhou pra cima onde os outros dois estavam, sentados nos galhos como panteras espiando a presa. – Dan. Roger... – e olhara para as garotas de modo galanteador que as fizeram suspirar,... Aff. – Ladies... Acho que já conhecem minha namorada... Hermione.

– Draco? Namorando? Não creio! – debochou Daniel em um sotaque frânces fazendo o tal Roger sorrir.



– A surpresa não é ele estar namorando... E sim estar namorando só uma. – completou Luke. 

– Ah, mas as coisas mudaram, agora é só uma. – disse Draco passando a mão pelo cabelo bem preguiçosamente. 

– Ouviu isso, Pansy? Você já era! Agora ele só tem olhos para uma! – disse Dan pousando os olhos em mim de modo safado, o que me causou uma tremedeira na espinha. – Não que eu o culpe, é claro. – completou com um sorrisinho. 



Qual é o problema desses sonserinos, afinal? Mas logo Pansy se jogara aos braços de Draco, com os braços sobre o pescoço dele de modo sedutor... Sedutor não, piranhesco mesmo! Eu achei que ele fosse se afastar, se dar ao respeito perante aquela nojenta, mas não... Não fez nada! Quem ela pensa que é? Por mais que Draco não fosse meu namorado de verdade, eu não estava representando à toa, não é?

– Draco namorando, é... Eu quase não acreditei... – e por que será? – Mas quando sentir saudades, Draco... Pode deixar que...

– Eu sei porque não acreditou... – eu ouvi a voz de uma lunática alto, e tal estava vindo da minha própria boca. Uma sincope! Atrapalhando o contato da Pansy com o meu namorado. Até agora não acredito que fiz isso. Ele sorriu de lado. Fingi não perceber. Pansy por sua vez me olhou com raiva. Parecia achar que eu não sabia falar, mas eu disse no meu alto som confiante. – Porque sua mente se limita a mudanças. Ainda mais tão radicais, não é mesmo, Pansy?

– Ela me chamou pelo primeiro nome? – disse a garota revoltada para a loira.

– Controle-se, Pansy. Ela é minha namorada agora. – disse Malfoy me puxando para me sentar ao seu lado, de modo que seu braço ficou em torno da minha cintura e completou com aquela maldita voz arrastada no meu ouvido. – Ciumenta, não é? – eu sorri e disse no mesmo tom pra ele “Sonha!”.

– Adivinha com quem eu estou saindo, Draco. – disse Roger.

– Quem?

– Chang! – eu fiz uma cara de nojo, me lembrando dela e Harry.

– Restos do Potter? Fala sério!



– Pára, Draco. Até você já saiu com ela...

– Mas isso foi antes do Diggory. Ela nem sonhava em sair com o Potter.

– Falando nisso, Hermione... – me virei para Dan – Você não ia sair com nosso colega aqui no sábado. – olhei para Jack, que ficou vermelho. Ouvi a voz de Draco um pouco nervosa atrás de mim.

– Não vai mais. 

– Acho que quem decide isso sou eu! – eu disse e muitos ali deixaram um assobio escapar. – Jack... Eu acabei esquecendo...

– Eu entendo. Tudo bem. – disse ele brincando com a varinha e sorrindo carinhosamente. 

– Mas isso aqui está um tédio mesmo! – disse Draco jogando a cabeça loira pra trás.

– Ah! Pode deixar que eu te animo, cara... Olha só. – olhamos para onde Luke apontara e vimos um garoto da Lufa-Lufa do segundo ano carregado de livros. Logo Luke azarara o garoto que agora dançara no meio do pátio. Todos ali riram, inclusive Draco.

– Pare! – eu gritei cara a cara com Luke. – Deixe ele em paz!

– Por quê? É divertido!

– É? Isso também é divertido. 



Eu deixara Luke de cabeça pra baixo pendurado pelo tornozelo com uma maldição. Logo o menino da Lufa-Lufa voltara ao normal e saíra correndo, enquanto Luke gritava para voltar ao normal. Eu continuava com minha varinha apontada para a cara de Luke.

– Qual foi, gata. Me tira daqui.

– Por que? É divertido. – logo vi Pansy vindo com a varinha apontada pra mim, mas Malfoy já estava de pé ao meu lado. E ela voltara para o lugar. Voltei minha atenção para Luke. – Quem você pensa que é para implicar desse jeito com os outros? Se acha melhor que ele é?

– Me tira logo daqui! – gritou ele muito vermelho. Draco apontara a varinha pra ele que caíra sentado. – Valeu, Draco. Mas que namoradinha, hein? – por incrível que pareça Draco se divertira com o comentário.

– Uma típica Grifinória! – alfinetou Mary.

– Obrigada! – eu respondi e todos riram menos ela e Pansy.

Sabe o que eu descobri? Que os sonserinos não são exatamente aqueles asquerosos seres que eu imaginava, quero dizer... Eles não prestam, se acham, são falsos, escrotos e tudo de ruim... Mas não são exatamente o que esperamos de Comensais da Morte. Não consigo vê-los se tornando assassinos, eles apenas tiveram uma educação muito escrota vinda dos escrotos dos pais deles. 

E o que mais me dói, é que apesar de o Malfoy ser tudo de ruim, um ser realmente desprezível, eu não consigo imaginar ele um assassino também, não consigo me imaginar colocando ele contra a parede depois de um duelo (sim, porque serei auror) decidindo se ele deve morrer ou não... E o mais terrível, apesar de não conseguir imaginar isso tudo, eu sei que ele será e como é horrível olhá-lo assim, vê-lo sem nenhuma preocupação, rindo das piadas sem graças do Luke... Como é horrível saber que talvez tal destino lhe proporcione a morte, como é horrível saber que talvez eu tenha de machucá-lo ou mesmo causá-la... Isso tudo é horrível até mesmo para o Malfoy. Meu coração dói tanto por causa disso e às vezes eu acabo esquecendo que o odeio.

Depois de passarmos o intervalo com a turminha do Draco percebi que eles meio que começaram a gostar um pouco de mim, do jeito deles, quero dizer... Agem como crianças mal criadas e como se eu fosse uma tia legal dando broncas. É meio estranho, mas por meio de tantas lições que dei neles, foras na Pansy e respostas mal criadas a Luke e Dan não posso deixar de admitir que eu realmente acabei dando algumas gargalhadas com eles. Quero dizer... Eu continuo não gostando deles, mas é mais fácil suportar Malfoy estando ao lado deles, compreende?

– Aonde vamos agora? – Draco viera me buscar novamente.

– Você vai ver... – respondeu ele. 



Começava a chuviscar mais isso não impedia ele de seguir o seu rumo. Subimos a mais alta torre de Hogwarts, e ele me fez atravessar uma passagem secreta que dava para uma estreita varanda. Eu sabia que ela existia, mas nunca houvera porta visível e agora eu estava ali vendo tudo e todos bem pequenininhos e o lago refletir as nuvens carregadas e por detrás delas um sol morrendo aos poucos.


Era incrível! Eu nunca vira nada tão lindo. O lago continha raios dourados, mas meio cinzenta. E tinha um som. Um canto que eu não sabia se vinha do sol, do lago ou de alguém escondido sob uma capa de invisibilidade ao meu lado... Mas era lindo. 



– Se chama ‘O Uivo das Sereias’ – disse ele ao meu lado olhando para o mar como se dividissem um segredo, me olhou com aquele olhar de professor sem ligar para os fios que batiam em seu rosto. Ventava demais e meu rosto já estava gelado e percebi que logo choveria forte. Mas nada me faria parar de ouvir aquela música. – Acontece quando o sol está se pondo e seus raios batem na água ao mesmo tempo em que o reflexo das nuvens. As sereias começam um canto que só conseguem cantar uma vez. Nenhum uivo das sereias é igual ao outro. Elas cantam para o sol. Para que ele tenha coragem e atravesse as nuvens, vencendo-as e transformando-as em chuva. Uivam para o sol. O mesmo acontece com os lobos. Mas para a lua. Por isso o nome uivo... Porque lembra o uivo dos lobos. – ele nunca estivera tão lindo como naquela hora. Como se ele fizesse parte daquele ritual... O sol, a chuva e o lamento das sereias.

– É lindo... – foi tudo o que eu consegui dizer... Estava sendo sincera e estava falando da música e da vista... A vista do lago. – Mas como eles não conseguem ouvir?... – me referi aos demais lá em baixo.

– Certa vez Salazar Slytherin – não era possível! Como um ser tão demoníaco como Slytherin podia ter algo a ver com isso?! – Trouxe uma bruxa aqui... Pra mostrá-la a vista. Acho que para conquistá-la, então ele ouviu o uivo das sereias... Ele pesquisou e entendeu que aqui era o único lugar do qual a música dava eco... Sob essas estátuas. – disse apontando para as gárgulas. – E não sei se você percebeu, são as únicas em todo o castelo.

– É mesmo... Por quê?

– Havia mais, mas os fundadores da escola acharam melhor retirá-las, pois dava incentivo a falsas lendas e maldições, sem contar que davam um aspecto sombrio à escola. Mas depois que Slytherin fez a descoberta do eco nas gárgulas, ele não permitiu que tirassem essas duas. 

– Hum... Interessante. – eu disse quase hipnotizada com o canto que agora parecia aprofundar. Como um choro. – Quer dizer que o único meio de ouvir o ‘uivo das sereias’ é vindo aqui em cima...

– Foi o que Slytherin achou... – completou o loiro com um meio sorrisinho. – Então ele perguntara a amada se ela ouvira o canto. E ela não entendera do que ele estava falando.

– Ela não conseguia ouvir? Mas como?

– É... Ele ficara por mais um bom tempo tentando compreender isso... Então ele entendeu que os uivos em especial de certos lobos só são ouvidos pelo seu lobo ideal... Seu parceiro. Ele pesquisou mais e descobriu que os sereiânos não possuem um parceiro em especial... O que dificultava a teoria de só seu parceiro poder ouvir o canto. Então ele pesquisou mais e mais, e descobriu que os sereiânos não possuem parceiros, mas conseguem compartilhar sentimentos. E que esses uivos só são ouvidos pelos que estiverem aqui em cima, por causa do eco, e por aqueles que compartilharem do mesmo sentimento do deles.

– E como saber que sentimento é esse? 

– Você vai ver... – ele disse misterioso apontando pro lago...


 Logo começou a chover muito forte e os raios de sol pareceram ficar só em certo lugar do lago, como um arco-íris. Eu nunca vira algo tão lindo. Logo vi que os raios de sol começaram a formar uma palavra no lago... Roma.

Roma?

– Uma das únicas palavras sereiânas que podem ser compreendidas pelo ser humano... Pois pode ser lida de trás pra frente... – parei para ler a palavra novamente na ordem que ele dissera.

– Amor? As sereias estão amando?

– As que estão cantando sim... 

– Isso quer dizer que os únicos que podem ouvir...

– São os que estão amando... – ele disse me encarando sério.


E eu comecei a entender onde ele estava querendo chegar... Estava me persuadindo a dizer que o amava. Olha só até onde aquela cobra chegou pra fazer isso. Muito esperto, me enrolou pra caraca. Eu dei uma pequena risada seca.

– Muito engraçado, Draco... Mas eu não estou amando ninguém...

– Você está ouvindo a música... – ele disse sorrindo maroto.

– Acha mesmo que vou acreditar nessa história? Pois então veja aquilo. – eu apontei para um passarinho azul pousado na gárgula. – Se chama Katnuim. Os únicos que conseguem vê-lo são os mentirosos. Eu admito que tenho mentido para todos, sabe, essa história de namoro... E pelo visto você também é um baita de um mentiroso, hein?! – ele riu.

– Você realmente não tem jeito, Hermione. Pois eu estou falando a verdade. Pesquise sobre isso na Biblioteca se não acredita.

– E eu o farei... – disse rindo. E novamente ficamos debruçados sobre a varanda ouvindo a canção e vendo a paisagem. A chuva nem parecia incomodar. – Por quem Slytherin estava apaixonado, afinal? Quem era a tal bruxa?

– Não sei. Só conheço a história até esse ponto e que eu saiba ele nunca casou.

– Talvez fosse um bruxo. – ele gargalhara e era muito gostoso ouvir a gargalhada dele... Ok, parei. Era o efeito da canção.

– Cala a boca, Hermione – disse ele ainda rindo.

– Eu queria entender o que elas dizem. – eu disse pra mim mesma, mas ele respondera.

– É algo sobre amor, de certa forma... Se nos concentrarmos dar pra entender... Pelo menos o sentimento.

– Não vou cair nessa sua história, Draco. Encare a realidade... Eu não estou apaixonada. Muito menos por você.

– “E você sempre tem certeza de tudo o que diz”? – disse ele me encarando, eu desviei rápido.

– Por que afinal me trouxe aqui? – eu disse já me estressando. Ele era impossível!

– Porque eu gosto daqui. E você e o lugar tem isso em comum. – disse como se estivesse dando mais um detalhe da história da cobra mestre e suas gárgulas. Não deu pra não ficar vermelha. Eu já ia xingá-lo de algo quando ele me cortou. – Acontece, Granger. Que para me conhecer você tem que conhecer o meu mundo. E não tem como fazê-lo sem conhecer as coisas que eu gosto.

– Eu nunca disse que queria conhecer você. – eu retruquei ameaçadoramente, era inacreditável que eu estava tendo uma conversa amigável com Draco sem briga nenhuma. Com direito a risadas e tudo. Claro que eu tinha que mudar isso.

Acontece, Hermione... – ele disse com seu sorrisinho vitorioso e seu ar esnobe que eu tanto detesto. O vento gelado deixara sua boca seca o que não passou despercebida principalmente agora que parara de chover, mas continuava aquele ar gelado. – Que a escolha não cabe a você... Uma vez que você é minha prisioneira. 



Ainda ficamos nos encarando por um tempo e percebi que a música acabara assim como a chuva, mas eu não sentia frio, pois o olhar dele estava me queimando toda por dentro, me fazendo lembrar de todos os acontecimentos daquele dia e eu dei graças a Merlin que não havia mais ninguém ali, pois eu tinha certeza que se houvesse ele me beijaria... Afinal ele não podia fazer isso enquanto estávamos a sós. E eu percebi com gosto depois de um tempo que ele parecia desesperadamente lutar consigo mesmo por uma saída. Agora já estava de noite e tudo ficara escuro do nada. 

– É melhor irmos...

– Medo das Gárgulas? – debochou ele.

– Elas assustam menos que você... 

– Cala a boca, Hermione.





– Posso achar minha casa sozinha, Draco! – eu briguei. Enquanto virávamos um corredor.

– Não esqueça da monitoria mais tarde. – ele disse parando.

– Ok. Tchau! – eu me despedi grossa. Mas ele não saiu do lugar. – Tchau, Draco! – eu disse novamente, insinuando que ele tinha de ir embora pra eu dizer a minha senha pra Mulher Gorda. – O que afinal você está olhando?

– Cara... – ele suspirou. – Você fica muito sexy toda molhada desse jeito.


Lembrei então que eu não estava de capa e a camisa era branca. Sorte que inventaram algo muito inteligente chamado sutiã. Deu pra imaginar, não é?! Sabe quando você quer azarar alguém, mas não pode por causa de uma maldita aposta? Não, é claro que você não sabe, porque você nunca esteve numa puta de uma situação igual a minha... Sorte sua.

– Morra! – foi tudo o que minha mente conseguiu produzir. Virei para falar a senha, mas então percebi que a presença dele não parecia ter se evaporado. – O que foi agora? 

– Não vai me dar um beijo de despedida? – eu entrei em pânico.


Eu realmente havia esquecido dessa punição tão odiosa. Por um tempo tentei procurar algum argumento, mas descobri que não havia nenhum, que eu realmente estava lascada até o pescoço. 
Fui até ele em passos rápidos com a cara amarrada e depositei um estalinho rápido... Mas quem disse que eu consegui escapar?!



Ele me puxou de volta com força de encontro ao corpo dele. O pior é que dessa vez estávamos encharcados até os ossos e sentir meu corpo fervendo de encontro ao dele não era nada reconfortante, uma vez que eu desconfiava seriamente que ele conseguisse sentir isso também. Pude sentir o peitoral dele através da fina camisa molhada o que era... Nossa! E o beijo me deixava tonta. A espessura de seus lábios unidos aos meus num beijo carinhoso e acolhedor a um beijo selvagem e possessivo. 
As mãos deles estrategicamente me prendendo da cintura às costas, deixando um rastro de fogo. Ele me jogara na parede tornando o beijo cada vez mais ardente e era impossível escapar. Ele me deixara encurralada, onde tudo que eu pudesse recorrer fosse a sua boca... E que boca! A mão dele chegou a minha nuca, agarrando os meus cabelos enquanto me beijava, e eu sentia que tinha de fazer alguma coisa, porque eu não podia deixar ele ter tanto controle assim sobre mim... Sobre o meu corpo... Sobre meus sentimentos...


NÃO! Isso nunca! Ele nunca tomaria controle dos meus sentimentos! E essa foi a fonte de força e coragem que recorri para empurrá-lo! Escapando do melhor beijo da minha vida! Vindo do ser que eu mais odiava em todo o mundo! Em pensar que eu passara uma tarde normal com ele! Compartilhando de um momento tão lindo!
Estupidamente sem ar, as únicas coisas que se podiam ouvir naquele corredor eram nossas respirações ofegantes.

– Você é... Um... Um idiota! – eu disse tentando respirar.

– E você é... Linda! – ele disse tão sem ar quanto eu.

– Não pode ficar fazendo essas coisas. Quantas vezes tenho que dizer?! – eu disse explodindo de raiva, quase chorando... Quando eu peço por balas perdidas eu espero que elas cheguem, sabe? – Até mesmo inimigos podem se respeitar, sabe?



– Não somos inimigos... Seu único inimigo é o seu coração, o qual você se nega terminantemente a ouvir. – ele disse agora entediado. Ah! Mas eu queria matar ele. Draco Malfoy conselheiro sentimentalista!

– Você não sabe nada sobre meus sentimentos...

– Hermione,você NÃO É uma boa mentirosa! Já te falaram isso? – eu tentei umas três vezes responder aquilo, mas sem sucesso, e ao ver meu fracasso deixei no ar apenas um rugido histérico gritando a senha pra Mulher Gorda.

– Calma, menina! – disse o quadro.

– Cala boca, sua gorda! – eu gritei, entrando apressada no Salão Comunal sem prestar atenção nas palavras grosseiras daquele quadro abusado.

Na pratica é isso, Diário.


Agora eu estou é com medo do que está por vir amanhã no aniversário do meu namoradinho. Falando nisso... Acho que ele espera um presente. Merda! O que eu posso dar de presente pra ele? Ele já tem a minha vida! Ah... Mas agora tenho que parar de escrever e ir pro dormitório já que minha monitoria acabou e...
**



Hermione parara de escrever ao ver novamente uma coruja negra de grandes olhos azuis pousar em seu ombro. 

– Falando no diabo. – dissera a castanha abrindo o pergaminho.

“E não se esqueça do meu presente!
Draco.”


– E como é humilde... – disse Hermione debochada e respondendo o pergaminho.

Eu jamais esqueceria, Draquinho...
O que prefere? Injeção na testa, veneno ou o mesmo destino da Madame Norra?
Hermione.

E assim despachara Andromeca, voltando sua atenção para o seu diário.



**



... Preciso dormir, pois hoje foi um dia bem cansativo sabe. Então, querido diário... Boa...



**

Mas Hermione novamente parara de escrever, pois a coruja voltara.

“Ah. Engraçadinha.
Posso mesmo escolher qualquer coisa? Só não vá reclamar depois...
Draco.”


Hermione rira com deboche e raiva pro nada e respondera em apenas uma linha.

Vai pro Inferno!- Hermione.



**

Bem... Onde eu estava? Ah! Sim, claro... Boa noite!



**

Mas Hermione não tivera sossego imediato ao voltar para o dormitório, pois as cartas continuaram.

Vem comigo?!
Draco!

Vai primeiro e me espera lá!
Hermione.

Era só uma pergunta!
Draco.

Não, Draco. Você não pode escolher...
Eu não seria tão idiota a esse ponto...
Hermione.

Só não vale planejar a minha morte!
Draco.

Boa Noite! 
Hermione.

Tanto porque você não teria coragem de matar o amor da sua vida.
Draco.

Não tenha tanta certeza!
Hermione.

Ah! Então você admite que eu sou o amor da sua vida?
Obs: Tive de usar uma coruja da Torre, Andromeca desmaiou.
Draco.

Se Mata! Prefiro as Gárgulas! 
Obs: E por que será?
Hermione.

Acho que elas não estão muito interessadas, sabe?
Draco.

Ok, namorado do ano. Vai conversar com elas então e me deixe dormir!
Hermione.

Ha-ha-ha! Muito engraçada...
Boa noite, namorada do ano. E sonhe comigo.
Draco.

Isso seria um pesadelo.
Hermione.

Eu também te amo.
Draco.


_|_
Hermione.

Sabe... As Grifinórias costumavam ser mais educadas...
Draco.

Eu sou a única Grifinória sua prisioneira.
Hermione.

Não será minha prisioneira por muito tempo.
Draco.

Que Merlin te ouça!
Hermione.

Você logo se tornará minha namorada por vontade própria.
Draco.

Tenho pena de você...
Hermione.

Aceite o óbvio.
Draco.

Ok. Boa noite.
Hermione.

Chata...
Draco.

...
Hermione.

...
Draco.


Mas você ouviu o uivo.
Isso você não pode negar.
Draco.

Logo você vai sentir é a minha mão ardendo na tua cara.
Hermione...

É. As quietinhas são as piores...!
Draco.

ME DEIXE DORMIR!
Hermione.

XD
Ok... ;*
Draco.

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