O Castigo de Hermione Granger



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Querido Diário,



Hoje foi um dia horrível, mas eu já esperava isso. Ontem, depois da festa, eu tinha decidido que não daria as caras por hoje, porém eu mal consegui dormir direito, e não aparecer seria adiar o confronto, fugir... E eu não faria isso.


Então eu desci até o Salão Comunal da Grifinória e lá eu fui invadida por perguntas e abraços. Ninguém parecia ter esquecido a música de ontem, já da peça ninguém comentou! A não ser...



– Mione, você estava tão linda ontem! Mas devo dizer que aquele beijo do Malfoy... Merlin... Você teve muita sorte! – palavras de Lilá Brown.


Sorte? Sorte?! Sorte ela teve de eu não ter dado uma porrada na cara dela! Se ela soubesse como eu me senti! Todo o esforço que eu fiz para voltar a odiá-lo, para esquecer tudo o que passamos juntos, tudo o que dissemos... Simplesmente foi tudo por água abaixo. Me beijou como se eu fosse uma égua que precisasse ser domada. Eu o odeio. Mas preferi ignorá-la. Dei as costas e fui para o Salão Principal tomar o meu café, mas no meio do caminho desisti. Eu não ia conseguir encará-lo, ver o rosto canalha dele me sorrindo vitorioso da mesa da Sonserina. Preferi ir direto para a aula e agradeci a Merlin por não ser com a Sonserina. 



E foi assim na maior parte do dia. Eu o evitei por todos os lados, até que na hora do almoço eu disse para Harry e Rony (que não conseguiu me olhar na cara) que não estava a fim de comer nada. Harry me entendeu e perguntou se eu não queria que eles fossem comigo para outro lugar, mas eu disse que não precisava. O pescoço virado do Rony estava me incomodando e isso não ia acabar bem. E eu fui para o lugar onde imaginei que teria algum sossego, mas parece que eu ainda não aprendi que aquela Biblioteca só falta ter o meu nome, porque todos sabem que se estiverem me procurando “é só ir à Biblioteca, Hermione estará lá!”

Eu abri o primeiro livro que vi na minha frente: Poções Absolutamente Apaixonantes. Já imaginou, não é? Fechei com um estrondo e peguei o próximo livro: Amor: A Maior Magia. Fechei novamente com um estrondo e peguei o próximo: Feitiços do Beijo...


– Caralho! – eu xinguei baixinho, mas não tão baixo quanto queria.


Peguei o próximo livro, dessa vez numa prateleira mais distante: O Beijo dos Animagos.


 – Não é possível! – peguei mais cinco livros de uma vez e todos continham no título ou a palavra ‘beijo’, ‘amor’‘apaixonante’ ou ‘animago’... Um ainda tinha o título O Loiro Vampiro. Só de ver a palavra ‘loiro’ foi o suficiente para eu dar um grito histérico na Biblioteca, o que fez Madame Prince quase me matar com o olhar. 



Então eu respirei fundo e peguei o último livro da última prateleira da última estante: As Verdades Sobre a Lua. Respirei aliviada e me sentei numa mesa próxima. Mas minha tranqüilidade não durou muito, lógico.

“A Lua, ou Yue (como é chamada pelos chineses, a quem devo o maior crédito desse livro), apresenta uma quantidade de segredos surpreendentes, que são passados de bruxo à bruxo no mundo da magia. Mas quantos deles são verdade? Tem certeza que conhece todos? 
Morgana Lan Fey certa vez dissera que a Lua era aquilo que nos representasse quando a víssemos pela primeira vez com atenção depois de uma tarde chuvosa. Mas como decifrar o que ela realmente representa a nós? 
Teríamos de pensar: quantas vezes esse ano ela nos pareceu ser a única luz? Quem estava ao nosso lado no momento? Quantas vezes isso se repetiu? Essa pessoa contém seu ódio ou seu amor? Era que Lua? Em que situação você estava? Você desmaiou? Você ainda lembra com clareza? Entre outras inúmeras perguntas que virão ao decorrer deste livro. 
A Lua controla as correntezas. Mas nosso corpo é composto por 70% de água, será que ela nos controla também? 
A Lua pode ser o instrumento mais importante em nossas magias. Os maiores acontecimentos foram presenciados pela Lua Cheia, assim como...”
 



– Sabe,... Vai descobrir com esse livro também, que nenhuma magia pode ser realmente bem feita de estômago vazio.


         Eu ainda fiquei olhando para a frase na minha frente. Eu estava em choque, ele não estava ali... Não podia estar. Aquela voz arrastada, estranhamente e irritantemente carinhosa, como se fosse meu grande amigo. Como se ele não soubesse que eu estava louca pra matá-lo. Meus neurônios começaram a trabalhar desesperadamente. Ele não... Por favor... Ele não. Ignorar.


– Toma. Trouxe para você. Não vai conseguir passar do terceiro parágrafo se não comer alguma coisa.


 “... Pela Lua Cheia, assim como...”, ele respirou pesadamente e jogou o próprio material na mesa. “... Pela Lua Cheia,...”, eu conseguia sentir ele me encarando. “... Assim como...”


– Pára de ler isso! – ele disse finalmente irritado tirando o livro de minhas mãos e jogando-o longe. Foi então que reparei na bandeja a minha frente. Era um almoço caprichado, com direito a uma maçã, suco de abóbora e até um musse de chocolate. – Agora come. Onde estava com a cabeça para não aparecer para o café da manhã nem para o almoço?


 Não tinha mais como ignorar. Ele estava ali me olhando com aqueles olhos azuis, gesticulando com aquela boca tentadoramente irritante e aquele cabelo claro e despenteado. Ele se sentou na minha frente, emburrado, e empurrou a bandeja para mais perto de mim.


 – Não se importa se eu te fizer companhia, não é?

– Na verdade... Eu me importo sim! – eu disse me controlando. E olhei novamente para bandeja e logo depois para ele. – O que pensa que está fazendo? – o filho da puta fez uma cara de quem não tinha entendido e eu levantei revoltada da cadeira. – Sabe muito bem que a última coisa que quero no momento é a sua companhia. Que olhar para você só faz aumentar minha vontade de matá-lo! Eu odeio você, Malfoy! Odeio a sua presença! Odeio o que você fez ontem! Odeio tudo em você! O que te faz pensar que eu tocaria numa comida trazida por você? – eu estava bufando, mas falava baixo e ameaçadoramente. 

– A comida vai esfriar, sabe?

– Vai pro inferno! – eu sibilei, recolhendo as minhas coisas.

– Você quer desmaiar, é? Precisa comer alguma coisa! – ele dissera isso me segurando. E o contato da mão dele com a minha só fez aumentar a minha raiva.

– Pára de tentar ser meu amigo!

– Eu não quero ser seu amigo. – eu não entendi o que ele queria dizer. Mas eu não gostei nem um pouco do tom dele no “amigo”. 



– O que você...

– Isso é uma conversa pra outra hora. Agora come! – disse ele entediado, me jogando de volta na cadeira como se eu fosse uma criança mal criada. E se sentou na minha frente. Eu ri debochada.

– Eu não vou comer isso! Se eu quisesse comer iria até o Salão Principal.

– Você não foi porque está me evitando. O que é idiotice uma vez que estudamos no mesmo lugar... Ou você pensou que nunca cruzaria comigo nos corredores?!

– Se você sabe que não quero nem cruzar nos corredores com você, por que veio até aqui?

– Porque pelo visto seus amiguinhos não se importam muito se você fica sem comer o dia todo.

– Eu não estou com fome! E isso não é da sua conta!

– Vamos fazer o seguinte: como eu sou monitor-chefe se você não comer tudo eu tiro 10 pontos da Grifinória. – e deu um sorrisinho vitorioso. Lógico, estava demorando. Lá estava o enorme e prateado distintivo dele. 

– Pois fique a vontade. Não pode me controlar só porque tem essa lata no peito agora.

– Então eu tiro 50! – ele disse quando eu estava indo em direção a porta. 

– Não pode fazer isso! Falarei com a Profª. McGonnagal! 

– Ahh... Você não soube? Ela viajou por ordem de Dumbledore. Devem estar armando alguma coisa, no mínimo. – tudo bem eu estava sem uma droga de uma saída. Eu me aproximei dele, nossos narizes quase se tocando. Minha raiva explodindo no peito.

– Por que não me deixa em paz? Apenas me deixa em paz?

– Hermione pedindo clemência?

– Não me chame pelo primeiro nome, Malfoy! Não somos amigos!

– Já disse que não quero ser seu amigo... Hermione. Agora come, ou a comida vai esfriar.

– Sabe o que você faz com essa comida? – mas eu não consegui terminar a frase porque o FILHO DA MÃE DEU UMA GARFADA DE COMIDA DENTRO DA MINHA BOCA! – Pár-ra com i-sso...!

– Então come logo que daqui a pouco temos aula! 

– Eu já disse que não vou comer! MADAME PRIN... – mas ele tapara a minha boca com a mão.

– Tem idéia do quanto foi difícil trazer essa bandeja pra cá? E se não comer agora vou tirar todos os pontos da Grifinória até ela não conseguir ficar nem em quarto lugar. – filho de uma égua! Dei uma rugida histérica e com má vontade comecei a comer a comida. – E come mais devagar ou vai acabar engasgando. – eu preferi não responder, senão ia mesmo acabar engasgando com os palavrões que viriam. E ele ficou me observando comer. QUE IRRITANTE!

– Pronto! Agora vê se larga do meu pé! – eu disse me levantando. Mas é lógico que ele veio atrás de mim.

– Calma. Temos alguns assuntos inacabados, sabe?

– Não tenho nenhum assunto com você, Malfoy! – ele simplesmente estava andando comigo pelos corredores como se fossemos grandes amigos, e todos ficavam nos olhando daquele jeito... Também depois do beijo de ontem o que eles poderiam pensar? Grr!

– Sabe, não foi nada sensato sair ontem daquele jeito. Nem ouviu as instruções da McGonnagal...

– Quem trocou de cargo aqui foi você, Malfoy.

– Ahh, é mesmo! – disse ele debochado. – O que me faz lembrar uma coisa, Hermione...

– Não me chame de Hermione!

– Eu ganhei a aposta. – disse ele sombriamente me ignorando. E eu do nada comecei entrar numa espécie de pânico. Minha garganta ficou seca, eu comecei a sentir meus olhos arderem. Eu tinha esquecido, tinha esquecido da maldita aposta! Estava perdida! Ele pareceu entender o que eu sentia e deu um pequeno sorrisinho. – É... Temos muito o que fazer, não?

– Você não entendeu? Chega! Chega dessa guerrinha ridícula! Eu não quero mais brigar com você! – ele sorriu nessa parte, não entendi. – Não quero nada que tenha relação com você! Eu não quero lembrar que você existe! Nos odiamos, lembra? Não temos mais motivo nenhum para nos falarmos! Você salvou a minha vida e só! Você mesmo disse! Isso não muda nada!

– Eu estava errado. Não foi só isso. Você sabe que não foi. Tudo o que dissemos, Herm...

– Não! Nada daquilo foi sério! Eu achava errado! Mas você me convenceu! Abriu os meus olhos. Obrigada! – e continuei meu caminho, mas ele não deixou de novo.

– Pára com isso! Não é o que você realmente sente! E já está na hora de admitir isso!

– Não é o que eu realmente sinto? E o que eu realmente sinto?

– Você gosta de mim. Tanto quanto eu gosto de você.

 – Como um caçador cruel gosta da cabeça empalhada de sua pobre presa?

– Não, bobinha. Como Bella ama o Vinic.

– Hsuahsuahsuahsuhaushaushaushaushuashuahsuahsuahsuahsuahsua... VOCÊ É LOUCO! – mas minha raiva parecia atingir todos naquele corredor, menos a ele. Mas é lógico que ele estava longe da sanidade. – Ou eu sou mesmo uma boa atriz... Quantas vezes eu preciso te dizer Malfoy? A única coisa que eu sinto por você é ódio. 

– Sabe... Eu não faria tanto escândalo assim se fosse você ou vai acabar se contradizendo.

– Eu nunca vou me contradizer sobre isso! Se tem uma coisa da qual eu tenho total certeza nesse mundo, Malfoy, é do meu ódio por você.

– Não é o seu ódio que está em discussão aqui, Hermione.

– NÃO ME CHAME...

– Sei que vocês dois tem toda uma relação, por mais estranha que seja, para resolver... Mas se os pombinhos permitirem eu gostaria de dar a minha aula. – eu ouvi a voz nojenta e esnobe do prof. Snape dizer e muitos risinhos virem depois disso. Só então percebi que já estávamos na sala de aula.

– O que foi desta vez? – perguntou Harry quando me sentei ao seu lado.

– Estou com medo do que ainda será. 

– Como assim? – perguntou Ron. Mas eu não pude responder, pois Snape, aquele seboso, perturbou a aula inteira, sem contar que eu podia sentir o olhar de Draco Malfoy perfurar a minha nuca.


 “Tudo bem... Ele não faria isso, não é? Não me mandaria mergulhar nua no lago de frente pra todos da escola. Não ele não pode fazer isso... Ou... Ou que raspe a cabeça e comece a pagar paixão pro Filch? Ai, Céus... Madame Prince nunca mais me permitiria entrar na Biblioteca...”.

– Srta. Granger!

– Sim, professor..

– Eu te fiz uma pergunta... –“ ... Ou que eu xingue todos os professores incluindo Dumbledore em pleno café da manhã... Merlin... Adeus, Hogwarts...” 
– E quando faço uma pergunta gosto de receber uma resposta.

– Sim, professor.. – “... E se ele me mandar dizer que matei Madame Norra e que sou apaixonada pelo Longbottom? Aii...”

– Então, pela última vez... qual é a resposta da questão 15 do livro? – “... Agora... Ele mencionou algo sobre sair gritando pela escola pelada dizendo que sou um lobisomem... O que o “pelada” tem haver com a questão afinal? Tudo envolve a minha nudez?!”

– Sim, professor... –“ ... Agora... Anunciar que estou grávida do Pirraça... Bem, isso sim seria um problema, mas pelo menos ninguém acreditaria. Quero dizer, acreditariam pelo menos que eu sou maluca...”.

– Srta Granger, eu por acaso tenho cara de idiota?

– Sim, professor... – então finalmente eu ouvi um estrondo na mesa e voltei a realidade vendo que o seboso tinha batido com o livro na própria mesa e que muitos ali terminavam de rir, inclusive Harry e Ron que estavam muito vermelhos.

– Srta. Granger, você definitivamente passou dos limites. – disse ele com a voz calculada.

– Passei? Ahh... Me desculpe, professor. Eu não estava prestando atenção.

– Isso está muito claro, Srta. Granger. Você com certeza deve estar pensando em coisas de maior importância... Como, por exemplo, nos seus problemas amorosos com o Sr. Malfoy, não é mesmo?! – é claro que eu estava com vontade de responder e de um jeito bem educado, mas Harry foi mais rápido.

– Acho que os problemas dela não são da sua conta, professor. Experimente cuidar da sua própria vida! – no meu lado Ron gemera alguma coisa inaudível.

– Ciúmes, Potter? Sempre achei que quem gostava da Srta. Granger fosse o Sr. Weasley. – Ron gemera novamente.

– O que o senhor acha não me interessa em nada. – eles ficaram se encarando por um bom tempo até que o seboso se virou para o outro lado da sala.

– Sr. Malfoy, estou curioso. Quanto a Trelawney te ofereceu para atuar daquele jeito? Ou será que realmente você está se envolvendo com a Srta. Granger?


 
Eu sentia meu coração bater em direção a minha varinha, e eu estava prestes a ter um ataque de tanto nervosismo. Foi um silêncio perturbador, quando para o meu terror Malfoy responde com a sua voz arrastada.

– Não, eu realmente estou me envolvendo com a Granger



“O QUE?!” foi o que muitos exclamaram. Ron e Harry levantaram revoltados com os punhos ameaçadores ignorando a ordem de Snape para que sentassem. Eu também levantei e dei alguns passos a frente com minha varinha apontada pra cara dele.

– O que você pensa que está dizendo?

– Querida... Na boa, aqui não... – os sonserinos percebendo a piada do Malfoy começaram a darem gargalhadas.

– Querida? Malfoy... Agora você assinou sua sentença de morte. – ele riu maroto.

– E a senhorita acaba de assinar sua sentença de detenção. – disse Snape às minhas costas. – E você também, Sr. Malfoy. Por ter um péssimo gosto. – mais risadas. Dino, Simas e Neville agarravam Harry e Ron para que esses não atacassem o professor.

– Eu discordo, professor... Ela realmente beija bem, sabe?

– Cala a boca! Isso tudo é mentira! Nós não temos nada! Seu idiota!

– Não precisa me defender, Mi. Não me importo de ficar em detenção com você... – disse ele meloso. QUE MORRA!!

– SEU FILHO DA PUTA!

– Senhorita Granger!! – gritou Snape, voltei ao normal. Percebi a merda que tinha feito. A sala entrara em silêncio. – A senhorita realmente me surpreendeu. É claro que não mais do que o Sr. Malfoy. Achei que o senhor andasse com garotas de classe, sabe? Não com qualquer depravada que nem sabe honrar o cargo de monitora. Tsii tsii... Eu teria muita vergonha de tê-la na Grifinória, se eu fosse diretor de sua casa, Srta. Granger. Para falar a verdade, agora eu tenho vergonha de ser seu professor.

Consegue imaginar? Eu não agüentei, explodi em lágrimas e saí correndo dali. Antes ainda consegui ver a cara de fúria do Malfoy, fingida claro. Não sei por que ele se dá a esse trabalho, mas eu não tinha tempo para pensar, apenas saí correndo e me sentei na beira do lago, chorando compulsivamente.
Eu chorava tanto, tanto. Tudo estava dando errado. Tudo por causa daquele idiota que fazia da minha vida um inferno, e ainda estava espalhando mentiras ao meu respeito. Por que? Pra que? Eu não estava agüentando. E olhar para ele doía tanto... Ainda mais agora que ele adotou esse falso ar amigável ou... Que porra era essa agora de gostar de mim? 

Eu nem vi às horas passarem, e Harry e Ron logo vieram ao meu encontro dizendo que estavam em detenção, pois acabaram explodindo na Sala do Snape. E que eu perdera todos os pontos da Grifinória pelo meu pequeno palavrão. Agora nessa escola não se pode nem dizer a verdade... Puta que pariu! O bom é que com isso Snape parecia ter esquecido das detenções. Deve ter achado que ficar em 5º lugar (sim, porque até os elfos domésticos de Hogwarts tinham mais crédito que a gente) já era o bastante.
Mas de tarde eu fui abordada no corredor do sétimo andar pelo moreno Jack Millinton, a única coisa boa das falecidas aulas de teatro com a louca.

– Hermione...

– Ahh, Jack... Oi. – e também o único sonserino que presta no mundo.

– Olha, eu só queria que você soubesse que eu achei ridículo o que o Snape fez, ele não presta. – e o único sonserino que detesta o Snape e o acha ridículo.

– Obrigada, Jack. Obrigada mesmo... Bem... Eu vou indo.

– Ok... – e o único sonserino com quem consigo ter uma conversa normal sem ter vontades de ofender ou azarar. – Hei, Hermione! – me chamou novamente.

– Sim...

– É... Trelawney disse para irmos até a Sala de teatro, hoje às oito da noite
.
– O que? Mas eu não vou mais as aulas! Só estava por causa do cargo de monitora-chefe... Que eu perdi. – ... Para aquele desgraçado!

– É... Eu estranhei também, mas ela disse que era importante.

– Ok. E obrigada de novo, Jack, por me avisar.

– Ok... Hei, Hermione! – ele me chamou de novo. Ele riu achando graça do fato de ter me atrapalhado de novo a ir embora.

– Sim...

– Er... Eu só queria saber... Bem, te perguntar... Você e o Draco... É verdade? – meu sorriso sumiu do nada.

– Jack... Eu tenho cara de quem se envolve com serpentes? – ele riu.

– Bem, é que aquele beijo...

– JACK! Na boa... Não me lembre disso! 

– Ok... Desculpe.

– Tudo bem...

– Hei, Hermione! – ele chamou novamente. Agora foi a minha vez de rir.

– Simm...

– Gostaria de ir a Hogsmeade comigo? No próximo sábado? – eu fiquei sem fala e eu senti que o meu rosto corou. O que? O lindo e gostoso do Jack Millinton me chamando pra sair? Ahh, pára né!

– Bem... Ir? Com você? Hogsmeade?

– É. Algum problema?

– Não, nenhum... 

– Vamos então?

– Claro.

– Ótimo! Até então... – e do nada ele me deu um beijo no rosto. Foi... Lindo! É, parecia que Merlin não me odeia tanto.



Continuei meu caminho... Ou pelo menos consegui dar 3 passos.

– Millinton? Jack Millinton? Você só deve estar curtindo com a minha cara!


       Malfoy simplesmente estava escondido atrás da parede ouvindo tudo. Cara, eu nem sei mais o que escrever. Acho que já escrevi todos os xingamentos existentes nesse diário.

– Você ouviu? Quem você pensa que é?

– O fato dele também ser um sonserino não te incomoda nem um pouco, não é?

– Ele é diferente e... HEI, ISSO NÃO É DA SUA CONTA!

– Você não está pensando mesmo em sair com ele?

– Você não me ouviu dizendo que ia?

– Ele é um idiota pela-saco! Quer sair com você porque agora você é popular, por causa da peça!

– Você está mesmo se metendo na minha vida? DE NOVO?

– Vamos fazer um acordo: enquanto você escrever sobre mim no seu diário, eu continuo a me meter na sua vida. – disse ele com um sorrisinho, aquele sorrisinho.

– EU NÃO ESCREVO SOBRE VOCÊ! – ele me olhou lembrando que já leu o meu diário. – Bem, não escrevo mais...

– Ahh, valeu! Aposto que esse diálogo vai ocupar a página 67 do seu diário daqui a pouco. – no coments!

– Quer saber... Eu não tenho tempo pra ficar discutindo com você! – vi o relógio que marcava 19h45min. E comecei a ir em direção a Sala de teatro. Mas ele veio atrás de mim me acompanhando. Respire... Apenas respire...

– A propósito... Eu não sabia que você achava o meu sorriso tão lindo assim... Mentira. É claro que eu sabia.

– Do que é que você está falando? E quer parar com essa mania agora de ficar me acompanhando pelos corredores? Não quero que me vejam mais com você! Já demos motivos demais para pensarem merda de mim, não acha?

– Não lembra? Estava na música: “... mas, meu Deus, é tão bonito quando o garoto sorri...”.

– Eu não estava falando de você, Malfoy. Acorda! – disse com a espinha gelada, é claro que eu estava. Ele soltou uma risada seca.

– Tá bom... – disse debochado. – E que tal isso: “... porque estas palavras são meu diário, gritadas bem alto para fora, e eu sei que você as usará, como você quiser...”? É, acho que você acertou quanto a isso.

– Malfoy, eu estava falando da personagem! Mas como você é estúpido!

– É mesmo? Eu não sabia que a Bella tinha um diário.

– Se eu te mandar a merda agora, você promete ir?

– Se eu te pedir um beijo agora, você promete dar? – ele perguntou no mesmo tom debochado. Eu disse um palavrão qualquer unido a um grito histérico e tomei outro rumo apressada me afastando ainda mais daquele ser nojento. – Ahh, é mesmo... – eu ouvi a voz dele de longe e logo seus passos atrás de mim. – Eu nunca peço permissão! 



E com isso me puxou de encontro ao seu corpo do qual eu me senti bater de frente. Senti sua respiração em cima de mim. Foi tudo muito rápido, não deu para impedir, mas então eu fui salva. A voz da louca surgiu aos nossos ouvidos, atrapalhando qualquer que fosse sua intenção.

– Meus Queridos! Vocês vieram! 

– Fui obrigado! – dissemos os dois juntos. Eu já livre dos braços dele, que olhava emburrado para Sibila, e eu ainda sem ar. Caraca, foi quase... Ele quase me beijou. TEM NOÇÃO? Aquele desgraçado.

**
– O que ela queria, afinal? – perguntou Harry ao entrar pelo quadro da Mulher Gorda junto de Ron. Hermione fechara o diário e encostara-se na poltrona, exausta. 

– Nada de mais. Nos elogiar e nos escalar para outra peça no ano que vem.

– E qual vai ser? – perguntou Ron.

– Não me interessa. Eu disse não. – Os dois riram. Hermione se levantara. – Agora eu tenho que ir.

– Para onde?

– Monitorar o castelo, esqueceram?

– Ok. Boa noite, então. – Hermione beijara os dois no rosto e saíra pelo quadro da Mulher Gorda.

Hermione andara por todos os corredores até que ficou apenas observando a Floresta Proibida, no mesmo local em que encontrara Malfoy uma vez. “Não lembre desse dia!”. Logo sua atenção foi roubada por uma coruja negra de olhos bem claros que pousara no seu braço estendido. “Ai, Merlin... O que será que ele quer agora?”. Pegou o pergaminho e viu a coruja partir. Respirou pesadamente antes de abrir.

Cara Hermione...(Como assim “Cara?”)
Lamento interromper seus pensamentos no momento...
Que no caso se baseiam em mim, lógico. Mas é por uma causa justa:
Reunião na minha sala agora.
E eu disse AGORA!
Tente não quebrar nenhuma estátua pelo caminho.
Com Amor,
 (Com amor? Pro inferno com o amor dele!)
Draco.

– Reunião... – murmurou indignada.

Hermione foi até a Elegantíssima Sala da Monitoria Chefe no 5º andar, com a qual ela sempre sonhara ter, e bateu na porta. De lá de dentro ouviu a voz arrastada do sonserino dizendo que entrasse.

– Boa noite! – disse o loiro, relaxado na própria cadeira de couro com os pés em cima da mesa.

– Pelo visto ninguém chegou ainda.

– Essa reunião é só entre eu e você, Hermione.

– Granger! Me chame de Granger! E o que é que você quer, Malfoy? Está atrapalhando o meu trabalho.

– Eu sou o monitor–chefe, Hermione. Eu supervisiono o seu trabalho.

– Ok, desisto! Me chame da merda que quiser! – ele riu. – O que você quer, afinal?

– Temos um assunto a tratar.

– Um assunto...

– Hermione, quando é que você vai admitir que me ama?

– Pois é, eu estava pensando em fazer isso em... – fingi meditar. – Nunca! – ele respirou entediado. – Eu não tenho porque mentir para você.

– Você só está mentindo para si mesma.

– É só isso? Posso voltar pro meu trabalho?

– Na verdade tem mais uma coisa sim. Tenho que te cobrar o meu prêmio da aposta. 



Finalmente os maiores medos de Hermione se concretizaram. Ela sentiu um arrepio por toda a espinha... “Lá vem... Droga! Droga! Droga!”.

– Muito bem. E qual seria? – ele sorriu. “Merda, esse sorriso ainda tem efeito sobre mim.”

– De agora em diante... Perante todos... – medo... Muito medo. – Seremos namorados!

Silêncio.

– Hsuahsuahsuahsuhaushaushaushaushuashuahsuahsuahsuahsuahsua... 

– Não vejo onde está a graça.

– Tudo bem, Malfoy... Sem piadas.

– Não é piada.

Novamente silêncio.

– VOCÊ SÓ PODE ESTAR DE SACANAGEM!

– Não estou, a partir de agora, somos namorados.

– HA! NUNCA!

– Foi uma aposta legal, Hermione, como um voto perpétuo. Se não cumprir, você morre.

Nos encaramos, novamente em silêncio. 

– Namorar você? Você pirou? Tudo bem, eu saio gritando pelo colégio todo dizendo que estou grávida do Pirraça! É, Eu faço isso amanha no café da manhã!

– Seria engraçado, mas eu não aproveitaria o bastante.

– Malfoy, nunca. Agora você passou dos limites! – Hermione dizia dividida entre a calma controlada e o estresse. - EU NUNCA TE PERDOAREI!

– Ok, eu posso conviver com isso. As regras são: ninguém além de nós dois pode saber da aposta, devemos nos tratar como verdadeiros namorados, fará tudo o que eu mandar quanto a isso e...

– Por quanto tempo isso?

– Até o final do ano, oras. E nem é muito tempo.

– E pra que tudo isso?

– Pra você cair na real e ver que me ama! E também pra curtir com a sua cara, lógico!

– Malfoy... Seu...

– Me chame de Draco, Mi... A partir de agora.

– E se eu disser não?

– Qual é, Mi, você conhece melhor do que eu as apostas mágicas.

Novo silêncio.

– Pois muito bem... Draco, você vai desejar nunca ter nascido! – ele respondeu apenas com sorriso cínico.

– Boa Noite, Mi. E vai ensaiando o que você vai dizer para todos amanhã. Se bem que duvido que muitos se surpreendam. Como você mesma disse: já demos motivos demais, não é?

– Isso vai ter troco, pode ter certeza!

– É, acho que você vai ter muito que escrever agora.

Continua... 


***


 

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