O Presente de Pansy Parkinson



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Querido Diário...

Você já conseguiu se imaginar comprando um presente para um ser... Um ser... Um ser incrivelmente asqueroso? Sabe, não é assim uma experiência muito fácil ou divertida. Para falar a verdade eu não consigo pensar em nenhum objeto ali, no Artefatos Especialmente Mágicos para Presente, que pudesse agradar um sonserino esnobe e cafajeste como o Malfoy. Eu não sabia ao certo se devia ou não agradá-lo, quero dizer... Em aniversários agradamos, mas nunca me ocorreu de presentear um aniversariante que eu quisesse matar... Nunca fui no aniversário de alguém que eu quisesse matar..... Eu nunca namorei alguém que eu quisesse matar... Bem, eu nunca namorei

– Procura algo especial, querida? – perguntou aquela senhora de cabelos castanhos muito embaraçados e com o olhar meigo... Meigo demais, que irritantemente me lembrava um pouco a Trelawney.


Agora repare que pergunta idiota: “Procura algo especial, querida?”. Eu estou a mais ou menos 40 minutos rodando os olhos pelas prateleiras com o olhar ansioso. Será que ela esperava que eu dissesse: “Não. Só apostei com umas amigas quanto tempo eu consigo ficar rodando sem piscar no meio das prateleiras!”.

– Pra falar a verdade... Procuro sim... – caso não tenha percebido, sua tapada!


 
– Para dar de aniversário? – Eu confirmara com a cabeça. – Oh, sim! E qual é a sua relação com a pessoa? – perguntou ela animadamente. Não entendi.

– Como assim? – bem, eu quero matá-lo... Isso ajudaria?

– Amigos? Parentes? Namorado? – inimigo serve?!

– Ahh... – tive de ficar vermelha. – Namorado.

– Hm... Então deve ser fácil. Deve saber tudo o que o agrada, não é?

– Bem... Ele tem um gosto meio... Antiquado... – É. Como torturar criancinhas... Ou objetos das trevas... 

– Será que não consegue ser um pouquinho mais clara, querida? – ela estava começando a me irritar.

– Bem... Ele é um sonserino. De uma família bem tradicional e antiga... São muito reservados, sabe?

– Claro. Sonserinos. Eles realmente possuem um senso de humor negro, querida. O que acha desse livro de poções? Ele tem um método simples para qualquer preparo de poções.

– Acho que ele não precisa de muita ajuda em poções.

– Então... O que acha desse espelho? Ele mostra a quem se quiser ver a qualquer hora... – Céus! Tomara que ele não tenha um desses!

– Não acho que isso seja muito seguro nas mãos dele.

– Oh, sim... Meninos! E esse anel? Mostra o humor...

– Meio afeminado, não acha?

– Ah... Claro, querida. – se ela me chamar de querida mais uma vez...

– O que acha de uma penseira?

– É... Acho que seria uma boa. – disse esboçando um sorriso.

– Vai pagar em dinheiro? 

– Não tem outro jeito, não é... 

– Eu me lembro de quando era menina. Eu era monitora de Hogwarts... – quem liga. Vai começar a viajar como a Trelawney. – Eu gastava muito.

– Não entendi.

– Os monitores têm direito a notas promissórias de Hogwarts. – de repente virara primavera dentro daquela loja. Conseguia ouvir os anjos cantarem uma música aos meus ouvidos.

– Tem? Bem... Eu sou monitora de Hogwarts também.

– Então não precisa pagar em dinheiro. Você é monitora de que casa?

– Na verdade... Eu sou monitora-chefe de Hogwarts! 

– Ohh, sim... E em que nome eu deixo?

– D. Malfoy.

– D., querida?

– D de Daiana. 

– Oh... Sim... E a senhorita tem o distintivo de monitora-chefe, querida?

– Claro... – benditos Fred e Jorge! Eu acabara de confiscar de uns alunos do primeiro ano um distintivo ilegal de capitão de Quadribol. Ele possuía a forma que quisesse por exatos 5 minutos. EU AMO FRED E JORGE! – Aqui está... – eu disse entregando-lhe o falso distintivo que agora possuía a forma do distintivo de monitor-chefe de Hogwarts D. Malfoy do Draco. A senhora o observou por um tempo e eu comecei a ficar com medo. Era impressão minha ou eu estava roubando?Ha! Ladrão que rouba ladrão...

– Muito bem, querida. – ela disse sorrindo e eu respirei aliviada. – Aqui está o embrulho. 



E assim eu saí da loja com a penseira embrulhada em baixo do braço. Paga com o dinheiro do Malfoy. Espero ter presenteado a altura.



Logo eu estava andando pelos corredores de Hogwarts. Você consegue acreditar que eu matei uma aula só para comprar um presente para esse infeliz?
Eu estava andando pelos corredores tomando o cuidado para que não esbarrasse com nenhum professor ou até mesmo Filch, mas agora já acho melhor que tivesse tido essa sorte. Pois com quem eu esbarro? Preciso mesmo responder? E pela cara do loiro ele devia estar me procurando há um bom tempo, mas antes de começar o sermão ele me agarrou! Acredita? O filho da put* me agarrou do nada... E eu quase deixei a penseira tão carinha cair. 

Mas, sabe... Não foi um beijo. Foi... Como eu posso explicar...? Não sei se descrevo nesse diário o ardor dos seus lábios pressionando os meus e em como eles pareciam se conhecer a tanto tempo de forma que eu não sabia mais o meu nome... Ou se descrevo como suas mãos me agarravam pela cintura ao mesmo tempo que me pressionava contra a parede deixando um rastro por onde elas passavam. E eu não podia fazer muito porque tinha de proteger o presente dele que ele parecia nem sequer perceber que estava ali entre a gente. Mas o beijo demorou mais do que eu previa e dessa vez eu tive de reunir todas as minhas forças e empurrá-lo para então lembrar quem sou eu, onde estou e de que necessito de oxigênio.

– Draco... – eu briguei estupidamente sem ar. – Seu idiota. Precisamos mesmo dessas situações?

– Que... Que situações? – ele respondera com aquela voz arrastada e tão igualmente sem ar.

– Essas situações... Tão... Constrangedoras. – ele riu perigosamente e eu senti ficar sem ar de novo conforme ele vinha em minha direção, me encurralando na parede novamente.

– São constrangedoras porque são na frente dos outros. Mas podemos procurar um lugar mais reservado se quiser...

– Ha! Muito engraçado! Nem que me arranquem um braço! – eu disse me afastando dele. Ele suspirou mal humorado.

– Onde você estava afinal?

– Hogsmeade.

– Hogsmeade? Mas hoje é quarta.

– É. E é seu aniversário. Tinha de comprar o seu precioso presente. – eu disse ironicamente, ele riu como um menino que acaba de ganhar sua bola nova. 

– Quer dizer... Que esse aí é o meu presente?

– Si... – mas eu não conseguira nem terminar de falar, pois o desesperado já foi tentando tirar o pacote de mim. – Sai, Draco! Agora não. Depois eu entrego!

– Mas que diabos, Hermione. O presente é meu.

– Pois você só vai receber depois.

– Ah é?


Aí do nada ele começou a me fazer cócegas, acredita? Como se fosse meu amigo. Como se fosse Harry ansioso pra ver o que eu acabara de comprar para ele. E eu simplesmente odeio quando começamos a agir tão naturalmente como se não vivêssemos em guerra, e por mais que eu tentasse pensar em monte de respostas grosseiras na hora, eu não conseguia porque eu não conseguia parar de rir.


– Draco... Pá-pára! Pá... Ra! Por Merlin, pá... Tá bom. Toma. Toma. – eu entreguei finalmente o presente a ele, que o pegou animado ainda rindo da minha cara que estava saindo aos poucos de um ataque de risos também. – Seu i... Idiota...

– Uma penseira? Uau! Mas são muito caras!

– Bem... Eu não sou tão pobre quanto você imagina, sabe... – disse voltando ao meu porte. Ele sorriu meigo e veio em minha direção.

– Obrigado... Você é maravilhosa. – e adivinha... Me beijou de novo. Segurava a minha nunca de forma tão meiga e acolhedora que me doía. Não era do modo avassalador e provocativo, mas sim meigo, romântico... É lógico que eu fiquei desconcertada. 

– Pare de me tratar como se fossemos um casal apaixonado, Malfoy. – eu disse rabugenta saindo de perto dele. – Eu só fiz o que você mandou. Nada demais.

– Já disse que você fica uma graça quando está com vergonha? E é Draco!

– Vai a merda. Tenho que ir. Não pretendo perder mais uma aula por sua causa,Draco... E chega desses beijos! – eu disse indo para minha aula.


O resto do dia foi normal. Malfoy não anda mais preocupado em me exibir a cada um de Hogwarts, uma vez que todos já perceberam que estamos juntos. Agora está agindo como um namorado normal. O que eu detesto mais ainda, uma vez que era pra eu ficar gritando com ele a cada minuto que estou sendo forçada a isso e ele me obrigando a dizer coisas feias aos grifinórios. Mas não. Às vezes parece até que eu me conformei com a idéia. Mas aí eu volto ao normal e brigamos. Até, claro, aparecer um imbecil qualquer que não tem nada haver com a história para Draco me beijar sem que eu possa reclamar... Mas é lógico que eu reclamo. Afinal,... Como ele é cachorro!



Eu nem consigo acreditar ainda que eu esteja sendo escrava dele. A cada minuto vejo que ele não presta. O incrível é que quando eu penso que as novidades acabaram sempre acontece alguma coisa. Por exemplo, hoje todos vinham dar tapinhas nas costas de Draco por causa do seu aniversário e eu consegui contar 14 garotas que se jogaram ao seu pescoço depositando um beijinho no rosto dele e dando-lhe os parabéns. Eu por acaso sou invisível?! Porra! Não é porque nosso namoro é mais forjado do que qualquer predição da Trelawney que ele não me deve o respeito. Quero dizer... Elas ficavam se esfregando nele e ele não fazia nada. Com certeza ele paga alguma coisa a essas quengas pra ver se eu vou ter alguma reação.

É aí que eu fico com pena do coitado. Que idiota! Será que ele pensa mesmo que vai conseguir fazer com que eu me apaixone por ele? Céus! Seria melhor se ele acreditasse em Papai Noel. O que eu ainda preciso fazer para ele entender que eu o odeio?

Eu nunca me apaixonaria por um ser tão idiota, covarde, galinha, convencido, imbecil, babaca, invasor de diários, animago clandestino, oxigenado... E muitos outros xingamentos dos quais eu não estou me lembrando agora. Mas o pior é que eu tenho que começar a tomar cuidado com esses momentos naturais e esses beijos neutralizadores dele, porque senão vou acabar esquecendo do meu grande objetivo, da minha grande vingança, a única coisa que me mantém firme nessa aposta, suportando todas as suas canalhices, porque então um dia será a minha vez... 

Depois da aula de Transfiguração eu consegui ficar com Harry e Ron no intervalo uma vez que a minha turma foi dispensada antes da de Draco, o que o fez se atrasar, e é claro que eu não ia ficar esperando pela serpente.

– Sabe de uma coisa, Hermione? Às vezes eu tenho a impressão de que pra quem está namorando tão firme o Malfoy até que você faz muita pouca questão da presença dele. – disse Ron e eu cheguei a incrível conclusão que, de fato, Ronald Weasley não era burro e sim comia capim por puro esporte.

– Nosso  namoro não é assim tão firme. – eu resmunguei enquanto virava a página do Profeta Diário. De fato aquela estava sendo uma tarde muito gostosa. Nós três ao pé da árvore de frente para o lago, longe de Draco.

– Quando é que você vai nos explicar essa história? – perguntou o ruivo nervoso.

– Quando eu puder...

– Mas você precisa ficar se agarrando com ele toda hora? – retrucou o ruivo.

– Eu não fico me agarrando com ele não! – eu briguei.

– Ah! Fica sim, Hermione. Nós já entendemos que você sabe beijar na boca, sabe?

– Vai se fuder, Ron! Eu também sei azarar os outros, sabia? – eu ameacei.


Como aquela besta ruiva podia tirar uma com a minha cara desse jeito? Ele não sabia o quanto eu sofria, o quanto eu estava desesperada por uma saída e de como eu detestava os beijos árduos e possessivos daquele loiro idiota. 
Fala como se fosse bom ser invadida por toda aquela sensação, todo aquele calor, toda aquela discórdia e tremores ao mesmo tempo. Como se fosse bom estar em contato com aquela boca, com aquela espessura tão bem desenhada. Como se fosse bom estar inútil aos braços dele podendo apenas usufruir do oxigênio dele, dos lábios dele. Como se...

– Não liga para ele, Hermione. Isso é ciúme. – disse Harry ao meu lado, me salvando, como sempre, de algum transe vergonhoso.

– O que? Desculpe...

– O que o Ron disse... É por puro ciúme.

– Olha quem fala... – disse o ruivo. – Você tem que ver a cara do Harry quando vocês... – o ruivo se calou por um momento. – Taí uma coisa que eu sempre quis perguntar a vocês, mas tudo aconteceu tão rápido...

– O que? – perguntamos juntos.

– O que afinal foi toda aquela briga na Ala-Hospitalar? Quero dizer... Vocês estavam juntos? Mas ao mesmo tempo você estava com a minha irmã.... – disse apontando para Harry. – Daí do nada você me aparece namorando o Malfoy... – disse agora para mim. – O que aconteceu afinal?


Ficamos em silêncio por um longo tempo. Eu não me atrevia a olhar para o Harry e lembrar de tudo aquilo. De tudo o que aconteceu na noite em que a escola fora atacada, afinal... Fazia tanto tempo.

–Longa história. – disse Harry meio vermelho. – Nós não ficamos juntos... Exatamente.

– Não? – perguntou o ruivo. De que planeta ele era?

– É... Acontece que eu amava o Harry. – eu comecei a explicar.

– É. Mas eu achava que amava Gina.

– Aí ele foi e ficou com ela... Como você sabe.

– Daí a Mione não conseguiu disfarçar e eu descobri que ela me amava.

– É aí eu já estava por demais envergonhada e triste, e resolvi superar tudo sozinha.

– Daí eu percebi que não amava a Gina... Amava Hermione.

– E nós quase ficamos juntos.

– Só que a escola foi atacada.

– E eu não queria passar por tudo de novo porque eu já havia sofrido demais.

– Então ela me fez escolher entre ela e ir atrás de Voldemort.

– E você viu qual ele escolheu.

– Aí ela foi parar na Ala-Hospitalar e você viu que eu tentei voltar.

– Mas aí eu percebi que não podia mais ficar a disposição dele para quando ele enfim me quisesse, pois o que ele mais quer é matar Voldemort e eu pretendo lutar junto dele sem ter outra coisa na cabeça.

– E daí voltamos a ser amigos.

– Esperando que se o que sentíamos tiver de durar, então não temos que nos preocupar se um dia ficaremos juntos ou não.

– Porque de fato sempre estaremos juntos e nos amaremos... Do nosso jeito. – explicamos rapidamente para o Ron, que recebeu a mensagem final meio pasmo.

– Entendo.... – disse o ruivo. – E o que o Malfoy tem haver com tudo isso?

– Ah! Ele estava me ensinando a mentir. – eu disse bem natural, mas ao ver que Ron andava meio perdido resolvi explicar. – Eu estava tendo aulas particulares de teatro com ele... Sabe, para a peça.

– Você pediu ajuda ao Malfoy? – ele disse com uma cara bem cômica.

– É. E ele ajudou porque isso também seria ponto pra ele ser monitor-chefe. – Harry completara pra mim.

– Hum... Entendo. Bem, você não vai nos explicar mesmo como começou esse namoro, não é? – ele perguntou e eu fiz sinal de não com a cabeça. – Ok. Mas... Harry, Hermione... Eu entendo que vocês passaram por muita coisa. Afinal que história, hein... Mas o que eu não entendi é... Por que vocês não estão juntos agora? – aquilo sim surpreendera, afinal era o Rony mesmo que estava falando? Tanto eu como Harry não conseguimos responder aquilo e eu não conseguia me lembrar de nada.

– Porque ela está comigo. – disse uma voz arrastada acima da gente. Foi então que percebemos a presença do meu tão querido namorado. Eu me levantei.

– Draco... Há quanto tempo você está aqui? – mas ele não respondeu, ele apenas me beijou arduamente naquele beijo possessivo que eu sabia que ele tinha reservado apenas para Harry e Ron assistirem. 



Senti toda uma corrente elétrica me possuir. Eu nem consigo mais descrever esses beijos. E no final o que ele fez foi morder meu lábio inferior, o que me fez quase chegar a Marte. Não sei explicar, mas acho que ele ouviu alguma exclamação minha e acho que ele gostou de ter ouvido. Só sei que ele me deixou louca. No começo eu queria protestar por aquele desrespeito na frente dos meus amigos, mas tudo fora esquecido. Eu não sabia nem mais quem eu era. Só sabia que sentia um desejo tão grande dentro de mim que se alguém não me desse um tiro naquele momento eu ia estuprar aquele garoto. Entende? O que está acontecendo comigo?

– O aniversário é seu ou meu? – eu deixei escapar muito baixo enquanto ainda nos recuperávamos, eu ainda nos braços dele. Graças a Merlin nossas respirações estavam tão altas que ninguém ali ouviu essa atrocidade que eu disse! Draco não ouviu.

– O que disse? – ele me perguntou.

– Nada... 

– Eu vim te buscar. Eu pensei que fosse passar o dia do meu aniversário comigo.

– Como se seu aniversário tivesse alguma importância para mim. – eu alfinetei e ele riu debochado dizendo alto.

– É isso o que eu mais gosto em você, querida... O seu carinho. – eu ri com desprezo pra ele, mas ultimamente minhas ofensas não o tem atingindo o bastante e isso anda me dando certo desconforto. – Bem, depois do jantar eu vou me arrumar para a festa e seria bom você fazer o mesmo para não nos atrasarmos. – ele disse mais pra Harry e Ron do que pra mim. Imbecil!

– Sabe, Draco... Eu estava pensando... Alguém tem de fazer a monitoração do castelo, sabe?

– Às nove em frente ao Salão. – ele disse colando os lábios nos meus antes de ir embora e me ignorando completamente. 



Que namorado compreensivo eu fui arrumar. É nessas horas que tomo de minha carência e crise existencial e convoco Merlin para um particular entre ele e minha mente e faço aquela perguntinha tão famosa entre meu ser: Por que ele simplesmente não morre?


**



Hermione descia o último lance de escadas até a porta do Salão Principal onde Draco Malfoy a esperava com seu cabelo jogado aos olhos, seu jeans e sua jaqueta de couro negra por cima da sua camiseta branca. Estava encostado de mal jeito na parede olhando para o relógio de pulso. 

– Sabe... – disse a castanha o surpreendendo, ela estava com uma blusa azul de alça que mostrava o contorno perfeito das curvas da garota, uma calça jeans escura e uma jaqueta jeans escura. Uma leve maquiagem, nada além de um simples lápis nos olhos e um batom, os cabelos soltos, num cacheado perfeito um pouco abaixo dos ombros. – Se vendesse esse relógio poderia sustentar um país do terceiro mundo. – Draco rira divertido.

– Eu já posso sustentar um país do terceiro mundo se quiser, Hermione. Mas gosto mais de gastar o meu tempo torturando grifinórias sabe-tudo. 

– Eu sinto saudade de quando me chamava de Granger. Meu nome não fica bem saindo de você.

– Pois é do que vou te chamar. Afinal, se tiver de culpar alguém culpe Helena de Tróia.

– Helena de Tróia? – a castanha perguntara, enquanto Draco a levava pela mão até a Sala Precisa.

– É. Ou não sabia que essa é a origem do teu nome? Hermione foi a filha dela  com aquele príncipe lá de Tróia. Falando nisso, nunca vi causar tanto problema por causa de uma mulher... Merlin!

– Eu não sabia que eles haviam tido uma filha... Você está mentindo, Draco!

– Você não acredita em nada do que eu digo? – ele disse com fingida revolta. – Chegamos.


 Draco meditara um pouco. Pedindo passagem a sua festa. Antes de entrarem Draco a impedira.



– O que foi agora?

– Você levou mesmo a sério.

– O que?

– Quando eu disse para que ficasse perfeita. – e então a olhou de cima a baixo. – Está mesmo perfeita.

– Ah! Cala essa boca! E vamos. – disse a castanha muito vermelha.

A festa lembrava à castanha um seriado que ela assistiu num canal da TV a cabo trouxa. Ela não conseguia identificar quem estava dançando, quem estava se agarrando com alguém ou quem estava bebendo e rindo jogado nos pufes, só sabia que nunca estivera num lugar igual. Era cômico imaginar que ali, no ano passado ela tivera aulas com a AD... Ou que ali, meses antes Harry e Gina tivessem... 

– Draco! Feliz aniversário, cara! – gritou Luke vendo que eles haviam chegado. Muitos foram ao encontro deles. – E aí, Hermigatinha? Tudo bem?

– Do que foi que você me chamou? – disse a castanha invocada. 

– Draco! Parabéns! – disse uma garota de cabelos curtos e negros que Hermione identificara como Pansy. Ela o abraçara e beijava-o cada canto da face.

– Ah! Calma Pansy... Se controla!

– É, Pansy. Se controla. – Hermione deixara escapar de forma que ninguém ouvira.

– Cara, vem beber com a gente... – disse Dan puxando o loiro pelo braço.


 Draco puxara a castanha junto. “Vem, Hermi...”. Eles se sentaram no bar onde um barman fazia alguns drinques para eles. Hermione olhara para Draco que entornara o seu com naturalidade. E olhara para sua própria taça com certo medo.

– O que exatamente é isso? Tem cheiro de acetona com limão.

– Acetona? O que é isso? – perguntou Dan.

– Isso é caipivodka. É uma bebida trouxa, você devia conhecer.

– Não, não devia. Porque tem álcool e eu sou menor de idade.

– Está querendo dizer que você não bebe? – perguntou Pansy. E a castanha começou a sentir o rosto esquentar.

– Não. É claro que eu bebo, mas não com tanta... Freqüência.

– Mas o aniversário do Draquinho é outra coisa. – disse a morena se esfregando em Draco, e numa vontade descontrolada de quebrar aquela taça na cabeça dela, Hermione fizera a única coisa digna de se fazer naquele momento. Para tirar qualquer pensamento de sua cabeça, qualquer idéia ridícula de sua cabeça, não seria ela que ia quebrar as tradições do aniversário do Draquinho. E de uma vez só entornara toda a bebida garganta a baixo.

– Forte... Mas bom. – ela dissera pra si mesma. 

Para Hermione o aniversário do sonserino não passava de uma reunião com barman e uma banda onde outros sonserinos pudessem se embebedar, se esfregar um no outro e quebrar outras centenas de regras daquela escola. Ela não conseguia imaginar que ela e Draco fossem monitores e que nada estavam fazendo sobre isso. E Draco era monitor-chefe!
Mas é claro que tais pensamentos começaram a escapar da mente da garota uma vez que percebera que já estava no 4º copo de caipivodka. 



– É melhor parar por aqui. – disse Draco tirando uma taça da mão dela. – Quantas você já tomou?

– Quantas o que?

– É... Bastante. Tome. Isso vai te fazer melhorar um pouco. – disse o loiro oferecendo uma barra de chocolate. – É chocolate elfo. Tira o efeito do álcool. Só não funciona com Fugaz-Mandras. – disse apontando a bebida que Dan estava bebendo com um risinho divertido.

– Não entendo o que exatamente eu tenho que melhorar. – disse a castanha debochada e completamente bêbada.

– Você está bêbada!

– Aquilo que ele está bebendo é bom?

– Daquilo você não chega perto nem por cima do meu cadáver! – disse o loiro segurando a namorada. – E se você não comer isso agora eu vou pensar que você está bebendo só pra ter desculpa para me seduzir e conseguir algo mais comigo.

– Como assim ‘algo mais’?

– Como dormir comigo, sua safada!

– Eu precisaria ser a mais bêbada e desesperada do universo, sua cobra asquerosa!

– É pelo visto mesmo bêbada você não perde os modos, não é? Agora come isso....

– Como vou saber se você não quer me deixar pi...

– Hermione! Come isso! – ele brigara cortando a castanha. Mas alguém interrompera aquela agradável conversa.

– Hermione... Você pode vir comigo, por favor? – disse uma voz amável atrás dela, que a castanha odiara e reconhecera na hora: Pansy.

– Aonde? – perguntou a castanha.

– É um minuto. Preciso falar com você. – a castanha dera uma última olhada para um Draco confuso e fora com a morena. Logo Dan sentara com Draco trazendo uma bebida para ele.

– O que a Pan quer com a castanha? – perguntou antes de um gole.

– Não sei. E tenho até medo de descobrir.

– Aí, Draco... Vou te falar. Não sei o que te deu para sair com uma grifinória, ainda mais nascida trouxa, ainda mais uma que você sempre detestou. Mas, cara... Como ela é gata... – disse ele e Draco esboçara um sorriso orgulhoso.

– Eu sei... – e se serviu de um gole da bebida.

– Com todo o respeito, cara... Ela é muito gostosa. Que pernas... Que cintura... Que corpo... Ela é perfeita, cara. 

– É. E é minha. – cortou Draco já aborrecido com os comentários do colega. E se servindo de mais um longo gole. Sem se importar com a cara de sem graça do colega ao lado.

Logo a sua atenção e a de todos fora chamada para o palco. Não era mais a banda que tocava. Ou melhor, era. Mas o vocalista trocara... No seu lugar estava uma garota de cabelos castanhos e com uma cara tão perdida e surpresa como a de todos ali. O som começava a tocar. Um som sensual e provocativo e Hermione parecia não saber exatamente o que fazer com o microfone ao seu lado. Algumas garotas atrás dela começavam a dançar sensualmente enquanto ela tentava se manter em pé perante todo o álcool na sua cabeça. 

– Eu vou matar a Pansy! – Draco deixara escapar, mas antes que Draco pudesse chegar ao palco já era tarde demais.




– O que exatamente você pretende com isso, Pansy? – perguntara sua amiga loira, mexendo nos seus longos cabelos graciosamente.

– Não é óbvio? Vai ser um vexame.

–Vexame? A garota canta bem. Todos sabem. Lembra do Halloween?

– É. Mas ela não estava bêbada e nem fora pega de surpresa... Muito menos entre sonserinos. E esse... Esse vai ser o meu presente para Draco. Imagina que honra. Ele não gosta de vê-la cantar? No aniversário dele, então... Que romântico. – Pansy sorriu maldosamente. – Não acha?

– Você é terrível, Pansy! – disse a loira rindo com a amiga.




A castanha não sabia o que fazer, o que pensar... E pensar não era bem o seu forte, naquela hora ela nem se dava conta exatamente do tamanho do problema em que se metera, só tinha noção de que todos eles estavam ali esperando que ela fizesse algo e que a única coisa que lhe parecia possível era seguir seus instintos por mais loucos e livres que eles parecessem no momento. E as únicas coisas que surgiam na sua cabeça naquele minuto eram:



“Que ótimo, Hermione! Você está bêbada... Todos os sonserinos mais filhos da puta estão te assistindo, Pansy esperando que você dê com a fuça no chão, os editores do Profeta de Hogwarts estão aqui pra descrever detalhes do aniversário do Sr. Malfoy e acabam de ter a incrível surpresa de que terão uma matéria e tanto de brinde envolvendo a namoradinha do próprio, ou seja, todos vão saber que você monitora da Grifinória estava pagando chacota na festa mais comentada do mês. Como se você já não tivesse sido comentada o bastante esse ano... Afinal, se não se pode contra eles... Se junte a eles...”.


Ouvir a música



Saturday steppin' into the club
The music makes me wanna tell the DJ Turn It Up
I feel the energy all around
And my body can't stop moving to the sound

But I can tell that you're watching me
And you're probably gonna write what you didn't see
Well I just need a little space to breathe
Can you please respect my privacy
(Você pode, por favor, respeitar minha privacidade?)


Todos ali, Draco podia ver, estavam gostando da música e ele ficava cada vez mais receoso, pois parecia ser o único preocupado com a quantidade de álcool contido no sangue da castanha. Ele não podia negar estava ficando intimidado com toda aquela ousadia e sensualidade da castanha, principalmente aquele rebolado e provocação, e se perguntava por que ela não podia ser assim mais vezes. Mas o que mais o incomodava era o fato de que todos os seres do sexo masculino ali presentes pareciam pensar igual ou pior. Principalmente agora que ela tirara a jaqueta sensualmente e ficara só com a blusa de alça que caíab sobre os ombros nus da garota. E ele não podia simplesmente meter a porrada em todos ali, podia? Por mais que essa opção fosse por demais tentadora. Mas estando bêbada ou não, ela tinha o talento de atrair e conquistar todos que a assistiam... Mas ela precisava rebolar tanto desse jeito? Ele sabia que os homens ali só não tinham subido ao palco e a agarrado na mesmo hora porque se tratava da namorada dele, mas eles pareciam bem relutantes a essa questão.



Why can't you just let me
(Por que você apenas não me deixa)
Do the things I wanna do
(Fazer as coisas que eu quero fazer?)
I just wanna be me
(Eu só quero ser eu)
I don't understand why
(E não entendo porque)
Would you wanna bring me down
(Você quer me colocar pra baixo)
I'm only having fun
(Se eu estou apenas me divertindo)
I'm gonna live my life (but not the way you want me to)
(Eu vou viver a minha vida) (mas não do jeito que você quer)



Nessa hora todos já gritavam e dançavam, concentrados no show, anestesiados pelo o que ela cantava, hipnotizados pelos seus movimentos... Ela brilhava e controlava o show. Seus cabelos já estavam suados e ela não conseguia escapar dela mesma... Ninguém conseguia. 



I'm tired of rumors starting
(Eu estou cansada de rumores começando)
I'm sick of being followed
(Estou doente de estar sendo seguida)
I'm tired of people lying
(Estou cansada das pessoas ficarem mentindo)
Saying what they want about me
(Dizendo o que elas querem de mim)
Why can't they back up off me
(Por que elas não se enchem de mim?)
Why can't they let me live
(Por que elas não me deixam viver?)
I'm gonna do it my way
(Eu vou fazer isso do meu jeito)
Take this for just what it is
(Pegue isso somente para o que isso é)



Hermione ficava cada vez mais provocante e sexy com todos aqueles passos de dança e insinuações... E Draco apesar de também estar anestesiado por tudo aquilo começava a pedir a Merlin receoso para que aquele show terminasse logo e ele pudesse levar a sua menina “tão inocente”, que se encontrava em algum lugar ali dentro daquele corpo propositalmente delinqüente e perturbado, pra longe daqueles olhos famintos. 



Here we are back up in the club
People taking pictures
Don't you think they get enough
I just wanna be all over the floor
And throw my hands up in the air to a beat like (What?)

I've gotta say respectfully
I would like it if you take the cameras
 off of me
'Cause I just want a little room to breathe
Can you please respect my privacy

Why can't you just let me
Do the things I wanna do
I just wanna be me
I don't understand why
Would you wanna bring me down
I'm only having fun
I'm gonna live my life (but not the way you want me to)

I'm tired of rumors starting
I'm sick of being followed
I'm tired of people lying
Saying what they want about me
Why can't they back up off me
Why can't they let me live
I'm gonna do it my way
Take this for just what it is


Então de uma hora para outra todas as outras dançarinas ficaram paradas e Hermione começou a caminhar sensualmente até o outro lado do palco cantando seu trecho mais lento antes de recomeçar a dançar e tirar gritos de todos.



I just need to free my mind (my mind)
(Eu só preciso libertar minha mente) (minha mente)
Just wanna dance and have a good time (good time)
(Só quero dançar e ter um momento legal) (momento legal)

I'm tired of rumors (rumors)
Followed (followed, followed, followed, followed, followed)

What they follow me
Why can't they (they they they-they-they)
Take this for just what it is



E assim o refrão se repetiu por mais algumas vezes até que Hermione desse seu passo final e a música cessasse e todos gritassem por mais. Mas Hermione já correra para fora do palco respirando fundo na primeira parede escondida que entrara. Respire. Apenas... O que você acabou de fazer? O que eu acabei de fazer?Logo sentira uma mão sobre o seu ombro e dera de cara com Draco, quem ela abraçara desesperadamente, como se fosse um príncipe prestes a salvá-la. 

– Definitivamente foi o aniversário mais marcante da minha vida. – ele disse rindo da reação dela e abraçando-a de volta.

– Eu não sei o que me deu... Estou tonta.

– Eu sei. Álcool... Foi isso o que te deu. – e os dois riram. – Ande, tome isso e vamos pra casa. Já enchemos páginas do Profeta de Hogwarts o bastante por hoje. – eles riram novamente e ela comera em fim o chocolate elfo voltando assim ao seu estado sóbrio.

– Amanhã todos vão saber... – ela resmungara quando saíram da Sala Precisa com muita dificuldade, pois todos queriam mais da castanha (N/A: hehe soou engraçado neh?).

– Todos vão é ficar desapontados por terem perdido um show desses. Ou você se esqueceu que é um sucesso desde o Halloween? – os dois riram. – Tome sua jaqueta. – ele carinhosamente ajudou-a a vestir a peça. – Você devia cantar mais, sabe. Fazer mais shows... Sóbria é claro! – ele completara. Os dois riram.

– Estou com tanta vergonha... – ela disse cobrindo o rosto. – Nunca mais vou beber na vida.

–Calma! Não foi um desastre. Pelo menos você não tomou o Fulgaz-Mandras, se tivesse tomado até a roupa no palco você ia querer tirar e eu teria de bater em muita gente. – a garota rira gostosamente. 

– Chegamos. – ele disse indicando o quadro da Mulher Gorda.

– É... – disse Hermione. “A senhorita tem noção que já passou das 4 da manhã?”, mas eles não estavam prestando atenção na Mulher Gorda. – Bem, boa noite então.

– Boa noite. – e algo muito estranho e desconcertante acontecera.


Eles naturalmente, terrivelmente, se aproximaram como se fossem se beijar... Como namorados de verdade. Então Hermione se lembrara da realidade dos fatos... Ambos se lembraram e pareceram meio confusos, afinal como puderam esquecer? Esquecer algo tão importante... Como ela podia esquecer?



– Ah... – ela ficara vermelha, voltando ao seu estado normal. Se afastando mais um pouco como se fosse perigoso ficar muito tempo perto dele. – É... Boa noite então.

– Boa noite... – ele dissera novamente seguindo aos poucos e com dificuldade seu caminho. 

– Ah! Draco. – ela o chamara. E ele se virara instantaneamente.

– Que? – ela sorrira meiga e tímida, o que o fez sentir um redemoinho no estômago.

– Feliz Aniversário. – disse e desaparecera de vista por detrás do quadro da Mulher Gorda. Draco ainda ficara por um tempo só com o olhar perdido no quadro por onde a castanha entrara.

– Sabe, eu não vou fazer nada de interessante, se é o que senhor está esperando. Eu sou um quadro não um produto do Gemialidades Weasley. – dissera a Mulher Gorda despertando Draco de qualquer que fosse seu transe.



Afinal, fora o aniversário mais interessante de sua vida...

Continua...

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