Aquele com o incêndio

Aquele com o incêndio



FRIENDS
10- Aquele com o incêndio

- Tenho certeza que é esta que a senhora estava procurando! - disse Luna, tirando uma bola de cristal de baixo do balcão e colocando-a em cima dele.
- Será? - a velha senhora segurava seu monóculo com uma mão e girava a bola com a outra.
- Sim! Confie em mim. Agora olhe profundamente para ela e me diga o que você vê.
- Ahn... - a senhora forçou a vista. - Nada.
- Como, nada!?
- Nada! Essa bola é uma enganação! Francamente, o que você está querendo me empurrar, senhorita?
- Escuta aqui, dona! A minha loja é de respeito! Eu não tenho culpa se você não tem poderes mágicos o suficiente!
- Oh! Como você ousa? Eu vou embora daqui!
A mulher deu as costas à Luna e saiu andando com o queixo empinado. Luna soltou um longo suspiro e jogou-se sobre o balcão.
- O que foi? - perguntou Neville, saindo dos fundos da loja.
- O de sempre.
- Está tudo tão ruim assim, é?
- Pior, se você quer saber - ela se ergueu com dificuldade e olhou para a bola de cristal em sua frente. - Eu sempre achei que elas funcionassem... Mas parece que só eu vejo alguma coisa nelas.
- Esse é o seu dom, Luna. Ver coisas que ninguém mais pode ver.
- Será?
- Claro! Mas antes de achar que ninguém pode ver nada aí, porque não testa com outra pessoa?
- Sim... Nev, por que você não tenta?
- Eu!? Não, não... Eu nunca fui bom em adivinhação...
- Por isso mesmo. Vamos, aproxime-se.
Ele foi cautelosamente até o balcão e sentou-se de Luna, olhando para a bola de cristal.
- Agora me diga o que você vê.
Neville concentrou-se o máximo que pôde, mas não enxergava nada. Para não desapontar a amiga, tentou mais um pouco. Foi quando arregalou os olhos para o que via.
- Que foi? - perguntou Luna, esperançosa.
- Fogo! - sussurrou Neville.
- Bom, muito bom! O que mais você vê?
- Fogo! - repetiu ele num tom mais alto.
- Eu já entendi, Neville. Concentre-se mais um pouco que...
- FOGO!
Ele puxou Luna para o outro lado do balcão para que ela pudesse ver as labaredas que vinham do depósito da loja. Os dois correram para longe, mas Neville voltou para tentar parar o fogo. Encontrou um balde embaixo do balcão e preparou-se para jogar seu conteúdo no fogo.
- Não! Isso é... - gritou Luna.
Mas era tarde para qualquer informação. Neville atirou tudo que tinha no balde para dentro do depósito. Luna agarrou o amigo pelas costas e correu para fora da loja, deitando-se na calçada protegendo a cabeça.
BUM.
Os pedestres que estavam a até 3 quarteirões de distância pararam para ouvir o grande barulho da explosão. Quando os últimos escombros caíram perto de Neville e Luna, os dois se levantaram e olharam com grande choque para o que há pouco tempo fora a loja de Luna.
- Vocês estão bem? - perguntou um rapaz que passava pela rua no momento do acidente.
- Sim, acho que sim... - disse Neville, segurando Luna que estava muito trêmula.
- Nós já chamamos os bombeiros. Vocês vão precisar ir para o hospital?
- Não será preciso...
- Certo... Vamos, vou acompanhá-los até a casa de vocês.
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Neville deitou Luna na cama dela e sentou-se na ponta. Não sabia o que dizer naquele momento.
- Luna, eu... - começou.
- Está tudo bem. Eu sei que não foi culpa sua - a voz de Luna ainda estava um pouco trêmula.
- Me desculpe - disse ele, finalmente. - Eu não fazia idéia de que aquilo era pó de fadas e que poderia ter o mesmo efeito que gás.
- Eu já imaginava que você não ia ter a intenção de colocar fogo no lugar que você trabalha.
- Eu jamais teria a intenção de colocar fogo no estabelecimento da minha melhor amiga.
Luna sentou-se ao lado de Neville e deitou a cabeça em seu ombro. Ele sentiu um leve tremor subir pela sua espinha.
- E agora, Nev? - sussurrou ela com uma voz trêmula. - O que vai ser de mim? Tudo que eu tinha era aquela loja...
- Isso não é verdade - ele levantou o queixo dela e olhou no fundo dos olhos dela. - Não importa o que aconteça, você sempre terá a mim.
Ela sorriu e deixou um lágrima cair. Ele imediatamente limpou a lágrima, passando delicadamente a mão por seu rosto. Os dois se aproximaram na mesma hora e beijaram-se suavemente.
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- Aí ele disse que eu não deveria reclamar tanto dessas besteiras características dele, porque isso nunca dava certo e arruinava as relações... - tagarelava Gina, sentada de frente para Mione numa mesa da lanchonete da escola Alvo Dumbledore.
Mione não via a amiga fazia muito tempo, mas nesse tempo em que começaram a morar juntas ela conhecera todo os detalhes do jeito da versão adulta de sua amiga colegial. Uma de suas mais fortes características era sair com caras complicados e depois contar a história inteira da relação conturbada para sua colega de quarto. Esse último que ela se referia era Matt, o estudante, com o qual ela desmanchara ontem à noite.
- Hermione - disse um homem de aparentemente 40 e poucos anos que acabara de se aproximar da mesa e interromper a emocionante narração de Gina.
- Oi, Gregor.
- Bom dia. Eu só queria saber quando que Potter chega.
- Ele está em reunião com os diretores das escolas de magia da Ingleterra há uma hora e meia. Provavelmente vai voltar pouco depois do sinal para a primeira aula da tarde.
- Droga.
- O que foi?
- Não, é que eu precisava falar com ele antes da aula... Mas, tudo bem, eu resolvo isso mais tarde. Muito obrigado, de qualquer forma - ele olhou para Gina com curiosidade. - E essa moça é nova por aqui?
- Oh, essa é minha amiga Gina.
- Muito prazer, senhorita.
- O prazer é meu - Gina estava encantada com o charmoso quarentão.
- Bom, preciso ir. Até mais Hermione! Até mais, amiga da Hermione!
- Uhuhuhuhu - riu Gina. - Quem é esse?
- Gregor Grey, coordenador geral, mais conhecido como "O Homem Mau" da escola".
- Hum... Eu gosto de homens maus.
- Gina, se toca, o cara tem 45 anos!
- Ele é casado, tem problemas mentais ou é um criminoso?
- Não...
- Então está tudo certo! Mas me explique essa história de homem mau...
- É ele que dá as suspensões e detenções aqui na escola. Todos os alunos têm medo dele. Ele também conversa com os pais do aluno quando ele se excede...
- Ele está aberto a relações?
- Como eu te disse, ele não é casado. Ele foi por 20 anos, mas está divorciado há 6.
- Muito bom saber de tudo isso... Pode ser útil mais tarde!
- Você não tem vergonha, menina? - perguntou Mione, as duas estavam rindo. - Primeiro um molecote, agora um velho!
- Quieta! Senão eu conto todos os seus podres para o meu irmão!
- Você não teria coragem!
- Ah, teria, sim!
- Ótimo. Me sinto de volta à escola!
- Você está em uma, querida!
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- Não, não está certo - disse Luna, finalizando o beijo.
- Eu sei que não... Mas foi tão bom!
- Neville, eu e você... Nós... Somos amigos.
- Existem algumas amizades que crescem para algo mais, você sabe disso!
- É, talvez você tenha razão... Quem sabe se a gente tentasse?
- Acho que é por aí!
Os dois se aproximaram novamente, mas a porta do quarto abriu abruptamente e Rony entrou.
- Fiquei sabendo do que aconteceu! Vocês estão bem?
- Sim, Rony, nós estamos muito bem - disse Neville, emburrado.
- Que bom! Vim o mais rápido que pude. O que vocês vão fazer agora?
- Você quer mesmo saber? - perguntou Neville, sendo beliscado por Luna com muita força.
- Nós não sabemos ainda - disse Luna, abafando o grito de dor de Neville.
- Se vocês quiserem qualquer ajuda, por favor, não hesitem em me chamar! Afinal, amigos são para isso, não é?
- Sim, obrigada, Rony.
- Eu liguei para Mione agora pouco. Ela e Gina estão chegando a qualquer momento. Harry não poderá vir agora porque ele está numa reunião, mas tenho certeza de que ele virá assim que puder!
- Luna! Neville! - gritou Gina, entrando no apartamento e chegando no quarto. - Oh, o que aconteceu? Vocês não se feriram, né!?
- Não, está tudo bem mesmo, pessoal.
- Rony já deve ter dito, mas eu faço questão de repetir - disse Mione. - Nós estamos sempre aí pra quando vocês precisarem.
- Obrigada, pessoal. Mesmo.
- Bom, eu vou beber alguma coisa na cozinha - Rony tirou o casaco e jogou-o sobre uma cadeira. - Cansou vir correndo até aqui.
- Eu vou com você - disse Mione, seguindo o namorado pelo corredor.
- Eu não gosto muito de segurar vela - disse Gina. - Mas também estou morrendo de sede. Luna, quando você estiver melhor, vá até lá com a gente!
- OK.
Ela saiu do quarto e fechou a porta. No mesmo momento, Neville e Luna voltaram a se beijar. Porém, não puderam deixar de ouvir o que seus amigos diziam lá fora.
- Vai ser bem difícil reconstruir a loja e comprar as mercadorias - era a voz de Rony. - Até porque eles estavam passando por um período difícil.
- Não deveríamos nos preocupar com isso - agora e voz de Gina atravessava a parede. - Luna raramente vai precisar da nossa ajuda com Neville ao seu lado.
Neville e Luna agora apenas olhavam para as paredes para escutar atentamente.
- Com certeza - disse Mione. - Ele está sempre lá, pronto para ajudar no que ela precisar.
- Os dois tem uma amizade muito forte.
- É, esse tipo de amizade pura e bonita como a deles é difícil de se achar hoje em dia. Quer dizer, o que tem entre eles é diferente do que tem entre nós. Eles simplesmente abririam mão de tudo pelo outro sem esperar nada em troca.
Luna olhou para Neville sem expressão. Ele pegou as mãos dela e suspirou.
- Eles têm razão.
- É. Acho que devemos parar por aqui.
- Isso poderia estragar nossa amizade.
- Sim, então vamos deixar tudo como está.
Ele pressionou mais forte as mãos dela e os dois se abraçaram.
- Eu te amo - disse ele.
- Eu também te amo.
E os dois saíram do quarto para se unirem aos amigos.

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