Aquele com a poção do Neville

Aquele com a poção do Neville



FRIENDS
3- Aquele com a poção do Neville

Hermione levantou-se cedo naquela manhã, se é que realmente havia dormido. Precisava ajeitar o problema de seu emprego, desfazer suas malas, acostumar-se com sua nova vida e nova condição... O que não seria nada fácil. Gina tinha sido muito hospitaleira e gentil, pois fazia anos que não tinha contato com ela e mesmo assim não negou ajuda. Os outros também pareciam muito simpáticos, o que fez ela pensar que talvez não fosse tão difícil fazer essa transição com tantos amigos por perto para apoiá-la. Exceto, talvez, Luna Lovegood. Mas elas tinham suas razões para não se entenderem, apesar de ser um assunto que já deveria ter sido deixado para trás junto com Hogwarts.
- ...então ele disse que não sabia do que eu estava falando, eu o chamei de insensível e nós terminamos, só que depois de uma semana ele me ligou e... Mione? Você não estava ouvindo uma palavra do que eu estava falando, não é?
Mione olhou para Gina, que estava vestindo seu robe rosa, segurava um bule de café e tinha os cabelos vermelhos bem desgrenhados. Foi aí que saiu de seus pensamentos para voltar ao mundo real.
- Desculpe, Gina... É que eu tenho tanta coisa para resolver, tanto para planejar... Minha cabeça está uma confusão.
- Tudo bem, eu compreendo. Minha história com o Tony não deve ser o que você está precisando ouvir nesse momento.
- Não, acho que seria ótimo! Assim eu relaxo um pouco.
- Tony e eu sempre tivemos uma relação conturbada, sempre brigando e tal... A gente vai e volta, mas eu gosto muito dele... O problema é que ele tem dupla personalidade.
- Você namora um cara com dupla personalidade?
- Eu sei que isso soa um pouco estranho, mas você não tem idéia de como isso pode ser divertido em certas ocasiões...
- Gina! Gente assim pode ser perigosa!
- Eu sei, eu sei... É por isso que a gente briga... A outra personalidade dele, Mark, o terrível, toma conta do corpo de Tony e fica indomável. Mark é muito possessivo e esquentado.
- Você gosta do Tony?
- Sim! É por isso que eu aceitei sair com ele hoje à noite!
- Jura!? Você vai reatar com esse cara apesar do Mark?
- Pode ser, depende...
- Bom, Gina, eu queria ficar aqui conversando com você, mas tenho que ir até o ministério ver os detalhes da minha transferência. Se eu não estiver de volta até a hora do seu encontro, já desejo boa sorte!
- Obrigada! Boa sorte pra você também!
- Eu vou precisar...

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- Harry! Harry, acorda, cara!
Neville gritava e batia na porta do quarto de seu amigo, mas ele apenas se virava e tentava voltar a dormir. Quando finalmente percebeu que o colega não desistiria, Harry levantou-se e colocou seus óculos para encará-lo.
- Harry, onde está o frasco da poção de mandrágora?
- Eu não acredito que você me acordou de madrugada pra falar dessas plantas outra vez!
- Pra começar, não é de madrugada!
- Ah não? E por que está tudo escuro?
- Por acaso é porque as janelas estão fechadas!
- Isso não importa! O que importa é que... - Harry pegou o relógio em sua mesa de cabeceira e arregalou os olhos. - Ah meu Deus, estou atrasado!
- Assim como eu!
Harry foi andando em direção ao banheiro com Neville na sua cola.
- Será que agora você pode me dizer onde colocou minha poção?
- Ô infeliz, eu já disse que não sei de poção de planta nenhuma!
- Mas eu tenho que entregá-la hoje! É um experimento muito importante para... para... Bom, é uma coisa importante!
- Se é tão importante, por que você ficou responsável por ele?
- Alguém tinha que levá-lo da estufa! Aí a senhorita Schulz perguntou...
- Senhorita Schulz! Ah, sabia que tinha rabo de saia no meio! Essa é aquela que você arrasta uma asa desde que começou a trabalhar na estufa?
- Para a sua informação, ela é apenas minha chefe! E outra que eu já saí com a irmã mais nova dela...
- Já sei, uma das que você esqueceu de ligar de volta!
- E esqueci mesmo! Cara, você sabe que eu sou um pouquinho esquecido...
- Sei, sei... Olha, eu vou pra escola e quando eu voltar a gente resolve essa parada. Por enquanto vai enrolando a tua paquerinha.
- Ela não é... - Harry bateu a porta do banheiro na cara de Neville e ligou o chuveiro com pressa.

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Hermione entrou na casa de Gina e jogou-se no sofá, parecendo muito abatida. E realmente estava. Gina estava terminando de se arrumar e saiu do quarto quando ouviu o barulho da porta.
- Oi, Mione! E aí, como foi?
- Uma droga. Esses caras do Ministério são um bando de imbecis.
- O que houve?
- Robert fez a cabeça do chefão do meu departamento aqui em Londres, dizendo que eu sou incompetente e tudo mais... Eles são amigos, companheiros de rugby, os imprestáveis... E eu não fui aceita.
- Que coisa horrível! Não sabia que o pessoal do Ministério era desse tipo...
- Mas é, e agora eu estou numa enrascada... Preciso de um emprego novo! Mas terei que começar tudo do zero...
- Mione, você sempre foi uma excelente aluna! Vai arranjar um emprego fácil, fácil.
- Obrigada...
As duas se abraçaram e, nesse momento, Luna entrou no apartamento.
- Oh! - disse ela. - Desculpem por interromper esse momento fraterno.
- Entra, Luna - falou Gina, sorrindo.
- Estava andando pela redondeza e senti que más vibrações vinham de algum lugar... Fui seguindo-as e acabei aqui!
- É, Mione não conseguiu o emprego...
- Sério? - por um momento ela pareceu feliz, mas logo sua expressão séria voltou. - Que pena.
- Uma pena... Eu apenas queria um trabalho para poder ajudar Gina com as contas da casa, afinal, ela foi muito hospitaleira e gentil... Não seria justo viver aqui de graça.
Luna pareceu refletir e meditar por alguns instantes, até que resolveu sentar-se ao lado de Hermione. Ela abriu a bolsa multi-colorida, tirou um pacote de biscoitos dela e ofereceu-os para Mione.
- São biscoitos feitos com açúcar das fadas, gengibre e mais alguns ingredientes especiais. Pegue alguns, talvez faça você se sentir melhor.
Mione hesitou um pouco mas aceitou a proposta e pegou um biscoito, assim como Gina e a própria Luna. Comeram juntas e ficaram em silêncio por alguns instantes, até que Neville e Harry entraram correndo pelo apartamento.
- Mas o que é isso! - gritou Gina. - O que é essa confusão no meu apartamento?
- Gina... - disse o ofegante Neville. - Você... viu... a... poção de mandrágoras... por aqui?
- Poção... de mandrágoras? Lógico que não! Por que eu teria uma coisa dessas na minha casa?
- É do trabalho dele - explicou Harry. - Talvez seja demitido se perder essa poção.
- Não acho que esteja por aqui... Mas se vocês quiserem procurar, tudo bem. Desde que não façam bagunça!
- Vocês bem que podiam nos ajudar, né!?
- Como é essa tal poção? Seu recipiente?
- É um pote azul, na forma de um cilindro, com uma etiqueta branca com o desenho de uma mandrágora nela.
- Um pote igual ao do gengibre... - sussurrou Luna, olhando para o chão.
- Isso mesmo! Só que tinha uma mandrágora desenhada ao invés daquela coisa que tem no pote de gengibre.
- Eu achei que aquilo fosse o pote de gengibre! - gritou Luna. - Neville, você trocou o pote de gengibre pelo da poção! Ah!!!!! Eu coloquei a poção nos biscoitos!
- Você... o quê?
- Minha poção! Meu emprego! - Neville puxava os cabelos descontroladamente.
- Meu estômago... - gemeu Gina.
- Ahn... Agora que eu sou o único controlado nessa sala, o que devo fazer? - indagou Harry.
- Que tal começar nos levando para o hospital? - disse Luna, sentindo as saliências vermelhas em seu rosto.
- Certo, certo... Vamos!
Os cinco saíram do apartamento às pressas e seguiram para o hospital.

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- Harry! O que aconteceu? - perguntou Rony entrando no hospital.
- As meninas comeram biscoitos de mandrágora - respondeu Harry, mal conseguindo segurar o riso.
- Ria, ria mesmo! Agora o que é que eu vou dizer para a senhora Schulz? - disse Neville, sentado numa cadeira com os braços cruzados.
- Diga que você quer levá-la para jantar.
- Quando eu estiver desempregado, isso não vai ser muito fácil de acontecer! E você vai pagar as contas de casa sozinho.
Harry parou de rir imediatamente, mas foi a vez de Neville gargalhar.
- Será que vocês poderiam parar com isso e me dizer como elas estão? - Rony estava impaciente observando os amigos brigarem e rirem.
- Calma, Roniqinho. Sua namoradinha vai sobreviver. - disse Harry com uma voz fina.
- Namorada? Ei, Rony, Carol também está aqui no hospital? O que houve com ela? - perguntou o ingênuo Neville.
- Nada, Nev, Harry está confundindo as coisas. Por falar nisso, Harry, será que eu poderia dar uma palavrinha com você em particular?
- Claro, eu sempre gosto de uma conversa sincera antes de deixar os caras saírem com as minhas amigas.
Enquanto Harry ria, ia sendo puxado por Rony até um canto da sala de espera.
- Harry, será que você poderia parar com essas piadinhas cretinas?
- Desculpe, cara, elas saem sem querer.
- Você ficou muito engraçadinho depois de se formar. Acho que o convívio com seus alunos adolescentes está te deixando meio retardado.
- Ah, sim. Você gosta de uma menina por milhões de anos, não conta pra ela, deixa ela ir embora da sua vida, voltar e continua sem dizer nada e eu é que sou o retardado!
- Quem disse que eu gostava da Mione?
- Ahn... Calma, deixa eu contar... Ah, a escola inteira.
- Jura? Tava tão na cara assim?
- Tão nítido quanto essa cicatriz na minha. Eu só acho que você não deveria repetir a besteira, Rony. Você deixou ela escapar uma vez e teve uma tremenda sorte de ela não ter se casado. Agora tem uma chance única para conquistá-la e fica aí que nem um molóide.
- As coisas mudaram bastante... Naquela época eu era um adolescente, o mundo era bem diferente. Aí eu conheci a Carol, aconteceu tudo aquilo, tive minha primeira relação séria... Minha paixão pela Mione adormeceu e eu ainda estou muito sentido pelo fim da minha relação com a Carol. Por enquanto não tenho ânimo para conquistar ninguém.
- Falou bem, meu amigo, “por enquanto”... Mas quando você precisar, eu estarei aqui pra te dar uma força!
- Valeu...
- Ei, meninos! - gritou Luna da sala de espera. - Vocês não vêm? Ou preferem ficar nesse hospital pra sempre?
- A gente vai se você prometer que nunca mais vai fazer biscoitos! - disse Harry, fazendo todos rirem.

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