...Tinta, sangue e irmandade..

...Tinta, sangue e irmandade..



...Tinta, sangue e irmandade...

- Ela está terminando comigo. - disse Harry

- Ela o quê?

- Está terminando comigo. - repetiu Harry, com o mesmo tom de completo espanto.

- Ela não está fazendo isso, - replicou Draco, com convicção – Você leu errado. Dê-me aqui.

Ter entregado a carta a Draco fazendo um esforço mudo de segurá-la era, sem dúvida, uma prova do quão chocado Harry estava. Draco a puxou com força, e a leu rapidamente.

Caro Harry,

Eu vi Vítor esta tarde e me dei conta de que eu realmente o amei durante todos esses anos e ainda o amo. Estou indo com ele para sua casa na Bulgária onde podemos ficar juntos. Você sempre será um amigo muito querido, mas eu descobri que o meu coração pertence só ao Vítor. Por favor, não tente entrar em contato comigo.

Hermione

- Não há muito que interpretar aí. - disse Harry numa sentença fadada – Ela foi bastante franca.

- Ela não pode estar apaixonada por Vítor Krum. Simplesmente não pode, - protestou Draco, examinando a carta novamente, na tentativa de achar outra analise para a pequena carta de Hermione – Quero dizer, eu sempre imaginei que, se ela um dia te largasse, seria para ficar comigo. Me desculpe. - ele adicionou ao olhar para Harry – Mas, sério... Vítor Krum?

Harry só olhou para ele inexpressivamente.

- Por que não Vítor Krum?

- Porque ele é um grande homem de Neanderthal idiota que não consegue nem pronunciar o nome dela!

- Isso não importa. - disse Harry num tom abafado – Ela não me ama. Isso é o que importa. - ele pegou a carta de volta de Draco, olhou para ela como se fosse um objeto estranho, e a amarrotou no bolso – Eu acho que é melhor irmos para a aula.

- O quê?

- Aula. – disse Harry. - Nós temos aula com o Lupin as nove horas.

- Você quer dizer que você vai para a aula como se... como se nada...

Mas Harry já havia dado as costas e já estava andando pelo corredor. Draco o fitou, incrédulo. Ele não podia entender porque Harry estava agindo como se tivesse acabado de ter recebido o Beijo do Dementador. Se isso tivesse acontecido com ele próprio, ele já estaria gritando e quebrando objetos pesados. Será que Harry estava em estado de choque? Draco havia lido sobre pessoas em estado de choque. Você devia fazê-las deitar no chão e cobri-las com um cobertor pesado. Porém, derrubar Harry no chão e atirar um cobertor sobre ele parecia impraticável.

- Olá, Draco! - disse uma voz atrás de seu ombro.

Fleur. Exatamente quem ele não queria ver.

- Fleur, eu tenho que ir pra aula exatamente agora...

- Você tem aula com o Lupin, estou certa? Eu tenho a mesma aula. Podemos ir juntos! - ela anunciou gloriosamente, pegou o braço dele quando começaram a andar.

Draco apertou o passo, até que estava andando lado a lado com Harry, que ainda estava sem expressão alguma.

- Olá, Arry! - cumprimentou alegremente Fleur.

Harry não respondeu.

- O Arry está bem?­ - perguntou ela num tom baixo a Draco.

Ele estava se privando de responder, quando ela notou o professor Lupin vindo de um corredor transversal em direção a onde eles estavam. Ele os cumprimentou com um sinal de cabeça assim que os avistou, e em seguida, entrou na sala de aula.

- Ele é muito bonito. - disse Fleur, complacente – Não é como os outros professores. O Lupin tem um certo...

- Magnetismo animal? - sugeriu Draco.

- Exatamente. - concordou Fleur sorrindo.

Draco ficou aliviado quando ela soltou seu braço e entrou na sala de aula, logo após Lupin. Ele virou-se rapidamente para Harry, e perguntou:

- Potter, você tem certeza de que...?

- Estou bem, Malfoy.

Draco queria dizer a Harry que ele não estava bem. Harry parecia, na verdade, que ia ficar doente. Mas não teve oportunidade. Os alunos haviam começado a entrar na sala, e Harry os acompanhou. Draco foi atrás de Harry, e sentou-se onde pudesse ficar de olho nele. Ele não sabia o que essa estranha calma de Harry indicava, mas tinha certeza de que não era nada de bom.

O próprio Draco sentia-se um tanto atordoado. Hermione, fugindo com Krum? Apaixonada por Vítor Krum? Isso era tão estranho quanto se Hermione tivesse esquecido de estudar para as provas finais. Ninguém conhecia Hermione como ele, a observava como ele, via o modo com que ela olhava para Harry como ele. Tantas vezes Draco a contemplou contemplando Harry... Ela não podia não estar apaixonada pelo Harry, ao final das austero, mas mesmo assim, eram alicerces, e se Hermione tivesse mesmo fugido com Vítor Krum, então, tudo viria abaixo. Que diabos ela estava pensando?

-... muito feliz em estar lecionando para essa classe. - a voz de Lupin interrompeu a linha de pensamentos de Draco, e ele olhou para o professor.

Lupin estava atrás de sua mesa, onde havia um grande globo de vidro e uma pilha de livros. Ele havia acabado de escrever o título da aula na lousa: FUNDAMENTOS DE TRANSFORMAÇÕES MÁGICAS PARA MAGIDS.

Fleur estava sentada na fileira da frente, olhando fixamente para Lupin. Draco começou a imaginar o que aconteceria se Lupin percebesse. O olhar direto de Fleur tendia a fazer com que homens de quase todas as idades começassem a agir de modo excêntrico.

- Agora - continuou Lupin – Vocês todos, como Magids, sabem que têm acesso a habilidades que outros bruxos não têm. Se vocês escolherem utilizar esses poderes em sua totalidade ou não, isso é com vocês, mas vocês têm o potencial. Primeiramente, de todo modo, vocês têm que aprender quais são essas habilidades.

Ele virou-se, e escreveu outra palavra na lousa: TELEPATIA MÁGICA.

Um tênue sussurro de surpresa correu pela sala. Pensativo, Draco virou-se para olhar para Harry, que estava olhando fixamente para sua pena de escrever, como se ela guardasse todos os segredos do universo, e não pareceu ter ouvido uma palavra que Lupin havia dito.

- Costumava ser chamada de a Arte de Falar Silenciosamente. – Lupin continuou – Mas por muitos anos, foi considerada um mito. Contudo, para um Magid...

Draco parou de ouvir Lupin; ele estava olhando para Harry de novo. Harry ainda estava encarando a sua pena sem nenhuma expressão. Draco inclinou-se de lado em direção a ele, e disse, do canto da boca:

- Eu estava pensando sobre esse lance da Hermione, Potter, e eu...

Bang!

O pote de tinta de vidro da mesa de Harry explodiu como uma mini-bomba. Voou vidro e tinta para todo lado, borrando a mesa e as roupas de um Harry assustado. Draco levou a mão ao seu rosto, e ela voltou preta e vermelha: tinta e sangue. Um caco de vidro havia cortado sua bochecha.

Algumas pessoas sentadas perto de Harry e de Draco começaram a sussurrar entre si, surpresas. Ignorando-as, Draco olhou para Harry com um alerta repentino. Harry não era nada bom em matéria de controlar suas emoções, na verdade, ele era terrível nisso. O efeito do choque estava começando a gastar-se quando...

BANG!

O globo de vidro da mesa de Lupin quebrou-se. Lupin pulou para trás, e vários alunos se esquivaram quando grandes cacos de vidro voaram por cima de suas cabeças e se despedaçaram na parede oposta. Draco se levantou e agarrou as vestes de Harry.

- Vamos, Potter! - ele disse.

- Mas eu não...

- Vamos!

Meio que arrastando Harry, Draco saiu da sala de aula enquanto Lupin e o resto da turma olhava para eles, assustados. Logo que se viu no corredor, Draco fechou a porta da sala e soltou Harry, que sentou pesadamente no chão e olhou para Draco com uma expressão de atordoamento.

- Que diabos você pensa que está fazendo, Potter? - berrou Draco, soltando fumaça. Ele estava coberto de tinta e cacos de vidro, e tinha quase certeza de que sua camisa estava permanentemente arruinada – Se controle!

- Eu não fiz nada! - replicou Harry, furioso e aos gritos.

CRASH!

Uma das janelas de vitral quebrou na parede sobre as cabeças deles, deixando chover cacos de vidro.

- Pare com isso! - gritou Draco, protegendo sua cabeça – Você quer a escola inteira reclamando com a gente, seu pirralho estúpido?

Harry parecia começar a ficar preocupado.

- Mas eu não tive a intenção de... - ele parou quando outro estalido ameaçador veio da direção de outra janela.

Draco estava seriamente alarmado. Visto as já provadas habilidades de Harry de fazer chover corujas e neve azul, ele temia que a qualquer momento fosse chover sapos. Ou tijolos. Ou objetos pontudos, afiados.

- Potter - ele disse – Eu queria que você soubesse de uma coisa. Sem brincadeira, é para o seu próprio bem.

- O quê é? - perguntou Harry, olhando para Draco, confuso.

- Isso. - disse Draco, chutando Harry com força nas costelas.

- Uhh! - disse Harry, ou algo bem parecido com isso, se contorcendo e ofegando. Quando ele tomou fôlego, olhou para Draco com raiva – Você é um babaca, Malfoy! - disse ele, levantou-se, e deu um soco no olho de Draco.

Não era da natureza de Draco apanhar sem dar o troco. Ele virou-se para Harry e o atingiu no queixo. Isso era conclusivo, entretanto, uma proposta de perda; Draco era mais alto e tinha um maior alcance, mas Harry tinha a força vinda de uma raiva cega, não só de Draco, mas da vida, em geral. No momento em que Lupin e o resto da classe haviam saído da sala para ver o que estava acontecendo, Harry estava sentado em Draco, batendo nele com os dois punhos.

- Harry! – Fleur gritou estridentemente; ela não gostava de ver garotos brigando, a menos que fosse por causa dela – Não bata no Draco, você vai arruinar o rosto dele!

- HARRY! - berrou Lupin, cuja voz parecia gotejar gelo – DRACO. EXPLIQUEM-SE.

Harry parou de bater em Draco e olhou para Lupin, atordoado.

- PARA O MEU ESCRITÓRIO, AGORA! - ordenou Lupin

Harry levantou-se, e o mesmo fez Draco. Ambos estavam sangrando, embora Draco estivesse bem pior que Harry. Eles relutantemente seguiram Lupin até seu escritório, pelo corredor, cientes dos olhares curiosos dos outros alunos as suas costas. Lupin abriu com força a porta de seu aposento, conduziu-os para dentro, e sibilou:

- SENTEM-SE E NÃO SE MEXAM ATÉ QUE EU VOLTE.

E bateu a porta.

De repente, tudo ficou muito quieto, exceto pelo suave tique-taque do relógio da parede. Draco olhou parta Harry pelo canto de seu olho. Harry olhou para Draco pelo canto de seu olho. E viu que ele estava sorrindo.

- O que é engraçado, Malfoy? - ele perguntou, num misto de curiosidade e indignação.

- Te impedi de enterrar a todos nós numa montanha de estilhaços, não impedi? - falou Draco, que só podia sorrir com um lado da boca, o que deu a ele um ar assimétrico e vagamente psicótico – Te distraí no momento crucial. Está se sentindo melhor, agora?

Harry, que de fato se sentia melhor, olhou para suas articulações sangrentas, e depois para Draco, e sentiu-se repentinamente culpado.

- Malfoy - ele falou, hesitante – Eu sinto muito mesmo pelo que eu...

- Esqueça isso! - exclamou Draco alegremente – A cara que você fez quando eu te chutei nas costelas, fez valer a pena!

O sentimento de culpa de Harry desapareceu na hora.

- É irrelevante pedir desculpas para você, não é?

Draco mexeu a mão num gesto de rejeição.

- Eu nunca peço desculpas, por que você deveria?

- Você não pede desculpas? Do mesmo modo que você não desmaia?

- Exatamente. - disse Draco.

- O que mais você não faz?

- Eu não choro. - disse Draco – E eu não danço. Detesto dançar. - ele estremeceu – E eu também não acho que a Hermione está apaixonada pelo Vítor Krum.

Harry pestanejou e disse:

- Podemos não falar sobre isso?

- Qual é, Potter! - falou Draco, que havia caminhado até a mesa de Lupin e estava casualmente examinando os objetos que lá estavam – Pensa um pouco. Isso não faz nenhum sentido. - ele parou de falar – Ei, Potter! Veja isso!

Harry foi até lá para ver o que Draco estava vendo, e olhou pelo ombro dele. Um livro grande um tanto quanto mofado estava aberto sobre a mesa de Lupin. Harry o tocou com cautela; o livro tinha uma espessa capa de couro, bem dura, e as páginas estavam velhas, amareladas e empoeiradas. O livro estava aberto numa página que mostrava ilustrações de gravuras em madeira de vários objetos: um que parecia uma luva rústica de armadura, outra que parecia um crânio de aparência asquerosa, e, abaixo de tudo, um desenho de uma espada. Não estava detalhada, mas as jóias no cabo eram definitivamente muito verdes.

O título no topo da página dizia: Artefatos Demoníacos: Manual do Usuário. A Lâmina Vivente. Era difícil ler o que havia escrito abaixo disso, pois as letras estavam manchadas com cera de vela e ocasionalmente com a duvidosa mancha de tinta marrom.

... Visto que esta espada foi ou ainda é, alguma parte ou pedaço do corpo ou espírito de um demônio... qualquer indivíduo que possua tal lâmina deve conhecer sua natureza. Tal lâmina pode nascer; mas a grande custo ao portador, seja esse custo de corpo, ou de alma, na natureza de uma Troca. Qualquer indivíduo que se depare com tal objeto deve saber que ele é um Talismã do Mais Puro Mal, e só deveria ser usado de modo que levasse a sua destruição.

- “Mais Puro Mal.” - disse Harry pensativo – Isso não soa nada bem.

- O que não soa nada bem é que ele vai destruir a minha espada. - disse Draco, furioso – Eu jamais deveria tê-la emprestado a ele... o que eu estava pensando?

- Você não sabe se ele vai destruir sua espada. - falou Harry sensatamente – Ela pode nem ser uma dessas... Lâminas Viventes.

Draco olhou para Harry. Harry parecia envergonhado.

- Certo, certo. Provavelmente é. Mas se sua espada é um Talismã do Mais Puro Mal, você ainda vai querer ficar com ela?

- Claro que sim! - respondeu Draco.

Harry balançou sua cabeça.

- Eu não te entendo, Malfoy.

A porta do escritório se abriu e os dois garotos pularam alguns passos para trás. Era obviamente Lupin, parecendo muito ameaçador. Ele entrou no escritório, fechou a porta atrás de si, e sentou-se a sua mesa. Ele olhou de Harry, que estava curvado numa parede, para Draco, que estava curvado na parede oposta, e disse:

- Me desculpem por ter gritado com vocês. Vocês... me assustaram. Eu não sou muito fã de violência física, e, Harry eu pensei que você também não era.

- Ah, geralmente ele não é! - disse Draco alegremente – Mas Hermione pisou no coração dele com botas cravadas, então ele está um pouco irritado.

- Hermione...? - Lupin ecoou, pasmo. Harry, que havia ficado vermelho, franziu as sobrancelhas e não disse nada – Certo. - continuou Lupin – Deixe para lá. Eu sempre achei lamentável que os poderes de Magid de um indivíduo, que estão intimamente ligados tanto aos poderes de bruxaria desse indivíduo quanto ao controle de suas emoções, tendam a aparecer exatamente na adolescência, quando essa pessoa tem muito pouco tanto de controle quanto de poderes. Harry, pare de franzir as sobrancelhas! Tenho certeza de que Hermione jamais... hã... faria nada para... - ele parou – Certo, isso não é da minha conta. Mas se você está mesmo chateado, Harry, não seria melhor que você fosse falar com o Sirius?

- Oh! - exclamou Harry – Acho melhor não.

- Na verdade, não é má idéia. - disse Draco – Ele podia bater no Vítor Krum por você, Potter!

- Vítor Krum? – repetiu Lupin, levantando uma sobrancelha.

- Hermione foi para a Bulgária com o Vítor Krum ontem. - disse Draco, que parecia determinado a agir em coro grego – E ela enviou uma carta ao Harry, mas eu estou dizendo a ele que eu não acho que ela quis dizer isso, porque... se você já viu alguma foto do Krum, ele só tem uma sobrancelha, e o Potter aqui pode não vencer nenhum concurso de beleza, mas...

- Isso é impossível! - exclamou Lupin, exasperado e entretido.

- Não é, não! - disse Draco – Ele realmente só tem uma sobrancelha.

- Eu quis dizer... - disse Lupin – que Hermione... hã... ter fugido com Vítor Krum é impossível.

Harry sobressaltou-se e perguntou:

- Por que você diz isso?

- Porque...- respondeu Lupin – Vítor Krum está em Londres. Ele levou o time de Quadribol da Bulgária a uma atordoante vitória contra a Suíça esta exata manhã. Eu escutei o jogo pelo Rádio Bruxo. Ele definitivamente - Lupin continuou – NÃO está na Bulgária.


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- Percy, qual é! - pediu Rony, exasperado – Você não pode ser prestativo pelo menos uma vez na vida?

- Percy, por favor! - Gina adicionou, com um olhar suplicante direcionado ao seu irmão mais velho, ou para, ao menos o que estava visível dele: sua cabeça flutuando na lareira. Rony e Gina estavam ajoelhados em frente a lareira, tentando não tossir por causa da fuligem.

- Não. - respondeu Percy firmemente, parecendo bastante mal-humorado – Eu NÃO vou dar a vocês o endereço da casa do Vítor Krum na Bulgária. Vocês sabem que tipo de problemas eu poderia ter com o Departamento de Esportes e Jogos Mágicos?

- Nós não vamos capturá-lo e fazer uma carnificina, Percy. - disse Rony, irritado – Nós só queremos enviar uma coruja para a Hermione, ver se ela está bem.

Percy fez um barulho irritado e falou:

- Olha, Rony, eu sinto muito que sua namorada fugiu com o Vítor Krum, mas ele é muito famoso e rico, e você não pode culpá-la. Tente encarar bem a situação como um bom garoto, certo?

- Hermione não é minha namorada. - disse Rony, rangendo os dentes – Ela é namorada do Harry.

- Bem, - disse Percy num tom de voz condescendente – agora ela é namorada do Vítor Krum, não é?

- É exatamente isso! - exclamou Rony, precipitando-se sobre sua afirmação como Pichinho por um saboroso camundongo – Eu não acho que ela seja pelo menos não voluntariamente. Eu acho - ele prosseguiu, abaixando o tom de voz – que ela está sob o efeito de algum feitiço... ou Poção do Amor!

- Rony! - disse Percy, horrorizado – O uso de poções do amor é completamente ilegal, você sabe disso! Vítor Krum jamais faria isso, ele é... ele é... uma imagem famosa mundialmente!

- Voldemort também é! - disse Gina, esquisita.

- Não fale esse nome! - Percy e Rony gritaram ao mesmo tempo.

- Por que não? Harry sempre fala!

- Você não é o Harry! - disse Rony, virando-se em seguida para Percy novamente – Percy, o fato dele ser um jogador de Quadribol famoso não quer dizer nada. Ele era obcecado por Hermione há dois anos atrás, e isso era realmente nojento, ele é muito mais velho que ela...

- Rony! - Percy interrompeu – Você tem idéia do quão ocupado eu estou? O Ministério está um tumulto! As ruas estão um caos! Esta manhã, o Ministro Fudge recebeu quinhentas corujas! Quinhentas! E adivinhe quem tem que respondê-las? Eu!

Rony e Gina entreolharam-se, e depois olharam de volta para Percy.

- Quinhentas corujas? - perguntou Rony, surpreso – Por quê? O que está acontecendo?

Percy tomou uma cor roxa apopléctica.

- Você não lê mais os jornais?

- Nós estávamos muito preocupados com Hermione. - respondeu Gina, assustada.

- Bem, leiam! - Percy falou rispidamente – E não me aborreçam novamente antes de terem feito isso!

E desapareceu.

Gina e Rony se entreolharam, e em seguida, se levantaram. Sem dizer uma única palavra, Gina caminhou até a porta da frente, pegou o Profeta Diário, trouxe-o para dentro, onde ela o abriu sobre a mesa da cozinha.

- Oh! - ela exclamou fracamente, ao ver a manchete – Rony!

Rony caminhou pelo aposento até chegar perto dela, em seguida, observou a primeira página do jornal, na qual estava escrito, em letras grandes:

DEMENTADORES ABANDONAM AZKABAN.

O Ministério da Magia confirmou dessa vez que os dementadores, há muito guardiões da prisão mágica de Azkaban, abandonaram seus postos de protetores de mais de duzentos prisioneiros. Segundo Cornélio Fudge, Ministro da Magia, não se tem idéia de onde eles podem ter ido. “Parece que eles simplesmente desapareceram. Não temos idéia de onde eles foram; de todo modo, nenhum prisioneiro escapou, e os dementadores foram substituídos por bruxos altamente qualificados da Agência Mágica de Cumprimento da Lei.” Fudge reforçou que a comunidade mágica deveria permanecer calma; todos os prisioneiros permaneciam intactos em Azkaban, e não havia nenhuma notícia de fuga. “Há muito tempo, vínhamos discutindo a substituição dos dementadores por bruxos qualificados, aqui no Ministério” enfatiza Percy Weasley, assistente do Ministro da Magia “De fato, isso é até bom, porque nos dá a oportunidade de implantar nosso novo programa”.

- Percy, seu imbecil! - disse Rony, sob a própria respiração – Como ele pode dizer que isso é uma coisa boa? Dementadores andando por aí, livres, leves e soltos pelo país...

- Mas eles não estão! - exclamou Gina – Aqui diz que eles desapareceram!

Rony, que estava mordendo o nó de seus dedos, pensativo.

- Assim como Hermione. – disse Rony.

- Sinceramente, você não acha que essas duas coisas estão relacionadas, acha? Ou você acha que todos os dementadores também fugiram com o Vítor Krum?

- Claro que não, mas se tem uma coisa que eu aprendi nesses anos todos sendo amigo de Harry Potter foi que quando coisas estranhas começam a acontecer ao mesmo tempo, elas estão na maioria das vezes ligadas. Isso, e uma aranha gigante, não é amiga de ninguém.

Gina balançou a cabeça observando o céu que ainda não havia trazido Pichinho de volta.

- Eu só queria ter notícias de Harry. - ela disse, irritada – Eu queria saber o que ela falou para ele.

Rony olhou para ela com o canto de seu olho.

- Se ela realmente terminou com Harry – disse Rony, devagar - você estaria tão chateada, Gina?

Ela não respondeu.


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- Se você continuar a andar desse jeito, Potter, - disse Draco, sem abrir seus olhos – Eu vou pregar seus pés no chão. E não pense que não vou.

Harry virou-se e olhou para Draco, que estava deitado em sua cama, com roupa de dormir, e na exata posição na qual ele costumava dormir: de barriga pra cima, com os braços cruzados sobre seu peito.

- Como você pode dormir assim? - Harry perguntou, estranhando – Você dorme como um vampiro em forma de morcego. Isso é... fora do comum.

- Mamãe costumava dizer que eu dormia como um anjinho. - disse Draco, sem se perturbar.

Harry começou a andar compassadamente de novo. Ele estava andando desse jeito de um lado para o outro do quarto desde que eles saíram do escritório de Lupin, e já eram cinco horas da tarde. Draco respirou fundo, sentou-se e descruzou seus braços. Ele, na verdade, não estava com vontade de dormir, estava francamente com medo de ter outro pesadelo daqueles.

- Potter...

- Eu não posso acreditar que Rony ainda não me mandou uma coruja. Quer dizer, ela estava passando uns dias com eles na Toca, se ela tivesse ido a algum lugar, ele devia saber sobre isso...

- Bem, ela usou a coruja dele essa manhã para te enviar aquela carta. Talvez ele não tenha outra coruja.

Harry suspirou e tirou seu cabelo de cima de seus olhos.

- Eu acho que é possível. - ele olhou para Draco – Sabe do que mais? Você está certo. Andar desse jeito é idiotice. Eu não vou mais andar assim.

- Ainda bem. - disse Draco, aliviado.

- Em vez disso, eu vou voar até a Toca.

- O quê? Essa é a idéia mais idiota... - Draco interrompeu a si mesmo – Na verdade, - ele falou de má vontade – isso faz bastante sentido. Não vai levar mais de quatro horas até lá via vassoura. Se sairmos agora, podemos chegar lá às nove, e estar de volta aqui a tempo do café da manhã. É bem melhor do que ficar aqui esperando por uma coruja idiota.

Harry estava olhando para Draco, num meio sorriso.

- Nós?

- Eu vou com você. - disse Draco, levantando-se, e pegando sua capa de viagem em seu malão.

Harry pegou sua capa e falou:

- Essa é a parte em que você me fala que agora somos um time?

- Não. - respondeu Draco, se endireitando – Essa é a parte que eu te falo que se você não me levar contigo, eu vou direto pro Lupin dizer que você viajou para a Inglaterra, e quando você voltar, será expulso.

Harry pegou sua vassoura.

- Você não me deduraria, não é, Malfoy?

- Eu tenho uma longa e brilhante carreira dedurando você, Potter. Não pense que eu pararia agora.


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Quando escutou a batida na porta, Gina correu para atender, meio que esperando que fosse Hermione, que teria tomado juízo e voltado para A Toca.

Mas não era Hermione.

Ela reconheceu a pessoa atrás da porta imediatamente. Odiando alguém tanto quanto ela o odiava, tinha feito que ela tivesse uma imagem dele guardada na memória. A aparência dele era diferente da de um ano atrás: ele estava mais alto, bem mais moreno, e se possível, ainda mais louro. Definitivamente era Draco Malfoy, vestido com uma capa de viagem preta, e segurando uma vassoura em uma de suas mãos.

- Olá. - ele cumprimentou, olhando para ela como se ele não lembrasse de quem ela era – Você é a Gina, não é? Seu irmão está em casa?

Ela bateu a porta na cara dele, e ficou olhando-a depois disso.

Por um momento, houve um atordoante silêncio vindo do outro lado da porta. Então, outra voz falou. Era uma voz muito familiar, que fez Gina pular.

- Gina. - disse Harry, cautelosamente – Sou eu. Estou, hã... aqui fora com o Malfoy. Você se importaria de deixar-nos entrar?

Se Harry tivesse pedido que Gina incendiasse a casa, ela provavelmente teria obedecido. Ela abriu a porta e olhou, desconfiada, para os dois garotos que estavam a sua frente: Draco, um tanto assustado, e Harry, cansado e pálido, mas ainda familiarmente Harry, com os mesmos olhos verdes, com o mesmo cabeço bagunçado, e com a mesma cicatriz em forma de raio. Ele também estava mais alto, e estava segurando sua Firebolt em uma de suas mãos.

- É bom te ver, Gina. - ele cumprimentou, embora estivesse um pouco desconfiado – Está tudo bem?

Gina sentiu seus lábios tremerem.

- Harry. Oh, Harry! Nós estivemos tão preocupados! Hermione...

Rony apareceu atrás de Gina. Ele viu Harry, e depois viu Draco. Ele não sorriu, mas falou:

- É melhor que vocês dois entrem.

Draco olhou para Harry, que parecia assustado, em sua opinião. Harry deu de ombros, e os dois deram um passo sobre a soleira, e foram atrás de Rony e Gina até a cozinha.


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- Aposto que vocês se encontraram com a coruja que enviamos no ar. - disse Rony.

Os quatro estavam sentados em volta da mesa da cozinha da família Weasley, tomando chá. Draco também estava metodicamente tentando pegar uns amendoins de dentro de uma tigela pequena. Harry que não estava com fome, havia acabado de trocar informações com Rony e Gina, considerando os acontecimentos dos últimos dois dias, desde a manchete do Profeta Diário até o conteúdo da carta de Hermione a Harry.

- Píchi estava muito cansado para voar de novo até a Irlanda, então usamos uma coruja municipal do correio da cidade. - continuou Rony.

Harry parecia mal ouvir isso, parecia perdido em seus pensamentos.

- Então, quando ela saiu, ela parecia estranha, pra você?

- Eu já te contei isso! - disse Rony com um sinal de impaciência – Quer dizer, fora a enorme estranheza dela fugir com Vítor Krum, sim, ela parecia estranha.

- Eu acho que ele deu uma poção do amor a ela. - disse Gina firmemente – Eu sei que isso é ilegal, mas ele tem muito dinheiro, e conhece muita gente, aposto que ele podia conseguir uma!

- Mas se tudo o que ele queria era que Hermione se apaixonasse por ele, então por que inventar toda essa maluquice deles irem pra Bulgária, quando na verdade, ele está bem aqui, em Londres? E se ele está em Londres, então onde está Hermione? - questionou Draco.

- Talvez ela não queira que saibamos onde ela está. - disse Harry - Talvez ela queira que deixemo-la em paz.

- Não seja ridículo! - disse Draco asperamente – Olha aqui, se ela realmente estivesse apaixonada pelo Vítor Krum durante esse tempo todo, então... - ele interrompeu-se ele estava pra dizer “Então ela teria visto Krum no espelho de Ojesed, e não você”. Mas ele não sabia se Rony e Gina sabiam da história do espelho, e isso era um tanto pessoal para Harry. Era estranho saber algo sobre ele que eles não sabiam – Bem, então porque ela não ficou com ele na Bulgária quando ela teve a chance, há dois anos? Ao invés de ter feito Rony ir busca-la? Ela não devia estar se divertindo muito.

- Ela só tinha catorze anos! - disse Harry em tom muito baixo.

- Por que será - falou Draco, cuja voz ficava cada vez mais impaciente – que de todos nós, VOCÊ é o único que parece preparado a acreditar que ela saiu daqui por livre e espontânea vontade?

- Não é bem assim. - disse Harry, irritado – Eu só não acho que ir atrás do Vítor Krum num ódio ciumento vai...

- Ir atrás do Vítor Krum num ódio ciumento era exatamente o que você deveria estar fazendo! - replicou Draco – A pergunta que não quer calar é: ela fugiu ou não com o Vítor Krum? E quem sabe a resposta melhor que o próprio cara? Eu sugiro irmos atrás dele, a toda pressa, e perguntarmos com educação. Se ele não cooperar, nós acabamos com ele, e ameaçamos raspar a sobrancelha dele.

Rony limpou sua garganta.

- Eu concordo com o Malfoy. - ele disse, olhando meio enjoado para seu próprio estômago, como se a frase “Eu concordo com o Malfoy.” harmonizasse com ele tanto quanto ajuda dupla de um grupo de baratas – Quando lemos no jornal que o Vítor Krum estava em Londres, afinal de contas, logo entramos em contato com o Percy, que nos disse que todos os jogadores internacionais estão no Clube Mundial de Quadribol, no Beco Diagonal. Eu acho que deveríamos ir lá falar com ele e...

- Eu já estive lá - disse Draco – com meu pai. Há muitos seguranças, quer dizer, essas estrelas do Quadribol são verdadeiras celebridades. Nós não podemos simplesmente passear lá.

- Bem, eu pensei que eu poderia fingir ser o Percy. - disse Rony, esperançoso – Quero dizer, nós nos parecemos um pouco, e eu poderia dizer que eu era o Percy Weasley precisava falar com o Vítor Krum...

- Por quê? - interrompeu Draco. Ele estava olhando para o Rony com os olhos espremidos – Por que você precisa falar com o Vítor Krum?

- Bem, - disse Rony – eu ainda não pensei nisso, mas...

- É por isso, - disse Draco – que você deveria deixar que eu bolasse o plano.

- Você? - perguntou Rony, levantando-se e olhando para ele.

- Eu sou o único aqui que é da Sonserina. - disse Draco friamente, levantando-se do mesmo jeito e retribuindo o olhar – Eu sou o astuto, o que sabe ser clandestino aqui. Eu que traço os planos engenhosos, e não você. Você não reconheceria um plano engenhoso nem se o pintassem de azul e dançasse pelado, cantando “Aqui tem planos engenhosos”!

- Isso não é verdade! - berrou Rony, perdendo a cabeça – Eu tenho muitos planos engenhosos!

- Você está na Grifinória! - gozou Draco – Sua idéia de planos engenhosos é “Todo mundo quando eu contar três”!

Rony deu um passo à frente para bater em Draco, exatamente quando Harry se posicionou entre os dois. Rony colidiu com Harry, arremessando-o para o fogão, e machucando seu próprio cotovelo no processo. Uma porção de panelas e frigideiras caiu no chão fazendo um barulho irritante, e então, o espelho que ficava pendurado na parede do fogão, gritou:

- Veja o que você fez, seu desastrado!

Rony massageou seu cotovelo machucado.

- Que droga, Harry! - ele reclamou, furioso – Por que você tinha que fazer isso?

Harry levantou-se, parecendo furioso.

- Certo, Rony. Precisamos conversar. Lá fora. Agora.

Ainda massageando seu cotovelo, Rony foi atrás de Harry até o jardim escuro, deixando Gina e Draco sozinhos na cozinha, inseguros. Harry e Rony haviam dado cerca de dez passos para fora da casa, quando Harry virou-se e falou:

- O que diabos está acontecendo com você, Rony? Pra deixar o Malfoy te atacar desse jeito? Você sabe que ele só está tentando te deixar irritado! Ele provavelmente sequer tem um plano!

- O que diabos está acontecendo comigo! - indignou-se Rony. Geralmente, quando ele ficava com raiva, ele ficava tão vermelho quanto seu cabelo, mas parecia que ele havia passado do estado de mera raiva para um lívido estado de fúria no qual cada sarda sobressaia-se em seu rosto branco como um borrão de tinta – O que diabos está acontecendo com você, Harry? Por um acaso, eu te dei permissão para trazer o Malfoy até a minha casa? Dei? Você sabe o que o pai dele fez pro meu! Você sabe o que a minha família sente a respeito dos Malfoy! O que você acha que meus pais diriam se soubessem que ele esteve aqui?

Harry ficou pálido.

- Ron, eu não pensei que...

- É exatamente isso, você não pensou! Você sequer pensa mais! O que aconteceu com você, Harry?

- Além da minha namorada ter fugido com um jogador de quadribol búlgaro de três metros?

Rony jogou suas mãos para o ar.

- Nem tente usar como desculpa a fuga de Hermione. - ele disse rispidamente. Ele estava positivamente tremendo de raiva – Você chega aqui, todo amiguinho do Malfoy, “Oh, o Malfoy é o meu companheiro de quarto, o Malfoy é o meu melhor amigo, o Malfoy vai ser meu irmão, Malfoy, Malfoy, Malfoy”. O pior é que você sabe o tipo de gente que ele é!

- Ele salvou a minha vida! - retrucou Harry.

- Ele só salvou sua vida para impressionar a Hermione. - replicou Rony, num tom de voz gelado.

- Não funcionou, então. - retrucou Harry, tentando sorrir.

- Você não sabe disso. - disse Rony categoricamente.

O sorriso de Harry desapareceu.

- Isso não é engraçado.

- Eu não estou tentando ser engraçado. - berrou Rony – Estou tentando te fazer acordar e ver sensatamente! Ele não é seu amigo!

- Eu sei que ele não é! - disse Harry.

Rony parou e olhou para Harry, surpreso.

- Ele não é meu amigo. - continuou Harry – Eu não sei o que ele é. Mas eu sei que posso confiar nele, pelo menos até onde Hermione está envolvida. E onde eu estou envolvido. Ele estava disposto a morrer por mim. Você não pode dizer isso sobre muitas pessoas. – Harry respirou fundo e passou uma mão sobre seu cabelo, que estava realmente para cima, de maneira gótica – Você é o meu melhor amigo. - ele disse – E você sabe por quê? Porque eu te escolhi para ser meu amigo. Eu não escolhi o Malfoy para fazer parte da minha vida, mas ele faz e não tem nada que eu possa fazer para impedir isso.

Boa parte da raiva tinha deixado a expressão de Rony. Ele parecia cansado, agora, encostado num lado da casa, com sua mão esquerda embalando seu cotovelo machucado.

- Eu só não entendi onde o Malfoy é confiável.

- Por duas razões. - disse Harry – Primeiro: Hermione o ama, e como todos nós sabemos, ela não é burra.

- Você está me confundindo de novo. - disse Rony – Por que está tudo bem Hermione amar ele?

- Eu disse que ela o amava, e não que ela estava apaixonada por ele. Ela também te ama, e nem por isso eu vou te bater.

Ron respirou fundo.

- Ou você é muitíssimo confiante em si mesmo ou está deploravelmente iludido. - ele disse – mas eu ainda não tenho certeza de qual.

- O segundo motivo, - disse Harry com um dedo estendido – e o mais importante... - ele abriu sua jaqueta, abriu o fecho de um bolso interno, e tirou de dentro um objeto bem usado, velho, o qual ele entregou a Rony.

Rony examinou o objeto.

- O Bisbilhoscópio... aquele que eu comprei pra você no Cairo! Eu nem sabia que você ainda tinha isso.

Harry estava sorrindo.

- Ele nunca apita quando o Malfoy está por perto. - ele disse – Isso quer dizer que o Malfoy é confiável.

- Não, quer dizer que está quebrado. - disse Rony, que sorriu de má vontade.

- Não não. - disse Harry – Ele apitou várias outras vezes. Quando Malfoy e eu estávamos falando com o Lupin; e eu tenho certeza que tinha muita coisa que ele não estava contando pra gente.

- Sério? - perguntou Rony, interessado – Como o quê?

- Bem, várias coisas. Quando entramos na sala dele, ele empurrou seu exemplar do Profeta Diário para dentro de sua gaveta. Eu acho que ele não queria que eu lesse sobre essa história dos dementadores desaparecerem.

- Bem, ele sabe que você é meio... alérgico a dementadores. - disse Rony.

- Verdade. - afirmou Harry – Mas eu não acredito que ele ache que eu sou tão frágil assim. Quer dizer, depois de tudo o que eu passei. - ele olhou para Rony – depois de tudo que nós passamos, devo dizer. Eu não estaria aqui se não fosse por você. - Harry parecia um pouco envergonhado, mas continuou corajosamente – Quando Sirius e Narcissa se casarem, Malfoy será meu irmão, tecnicamente... mas você que é meu irmão. Quer dizer, se eu pudesse escolher um irmão, seria você.

Rony estava um pouco rosado em volta das orelhas, mas parecia satisfeito.

- Bem, - ele disse – Digo o mesmo de você.

Harry olhou para ele e sorriu.

- E agora? Nós nos abraçamos?

Rony balançou sua cabeça.

- Acho que somos muito inibidos. - ele deu um tapinha leve no ombro de Harry – Invés de abraçar a gente faz isso. – disse ele se referindo ao tapa.

- Certo! - concordou Harry, dando um tapinha igual em Rony – Agora acho melhor voltarmos lá para dentro antes que sua irmã rasgue o Malfoy com um garfo.


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Harry não estava tão longe assim ao imaginar como seria a interação entre Gina e Draco. Logo que Harry e Rony deixaram a cozinha, Gina andou até a mesa, sentou-se em uma cadeira, cruzou seus braços, e olhou para Draco.

Ele retribuiu o olhar, sem se perturbar. Ele estava acostumado a ser admirado.

- Você está diferente. - ele disse.

- Diferente pra melhor ou pra pior? - perguntou Gina, com uma curiosidade involuntária.

- Pra melhor. - disse Draco – Você acabou de voltar de algum programa de intercâmbio, não foi?

- Foi. - confirmou Gina, que estava brincando, distraída, com seu pires – Você já esteve em algum?

- Não, a não ser que você conte a vez que meu pai tentou me vender para trolls viajantes?

Gina franziu suas sobrancelhas para Draco, que estava olhando para ela com uma cara de tênue entretenimento.

- Você está tentando ser engraçado? - ela perguntou.

- Se eu estivesse tentando ser engraçado, - Draco garantiu – você estaria rolando no chão de tanto rir.

- Pelo que vejo, você ainda se acha o melhor. - disse Gina – O velho Malfoy de sempre.

Os olhos de Draco relampejaram.

- Pelo que vejo, você ainda está apaixonada pelo Harry. - ele disse com suave malícia – A velha Gina de sempre.

Vermelha, Gina jogou seu pires em cima da mesa e levantou-se.

- Não me espanta que Hermione tenha preferido o Harry a você. - ela disse, o mais detestavelmente que podia – Você é nojento!

E ela saiu correndo.

Draco observou-a partir.

- Será que foi alguma coisa que eu disse? - ele gritou, mas os ouvidos dela já estavam fora de alcance de som, então isso foi em vão.

Nesse exato momento, a porta de tela abriu-se, e Rony e Harry entraram. Rony olhou diretamente para o espaço vazio na mesa, onde sua irmã estivera sentada.

- Onde está a Gina?

Draco não estava mais com cara de raiva, estava agora com a cara mais inocente que podia fazer, disse:

- Ela saiu correndo.

- O que você fez para assustá-la, Malfoy?

- Nada - respondeu Draco afavelmente – Ela está com medo de seu amor por mim.

Ron parecia querer dizer alguma coisa, mas Harry o interrompeu:

- Podemos voltar ao assunto? Sobre Hermione e para onde ela foi?

- Certo. - responderam Rony e Draco ao mesmo tempo.

Harry respirou fundo.

- Ok. Teremos que dar uma olhada nas coisas de Hermione. Procurar alguma pista de onde ela possa estar. Mas eu... hã... não quero fazer isso. Draco... como você se sente de dar uma olhada nas coisas dela sem permissão?

- Eu me sinto bem em fazê-lo. - respondeu Draco.

- De alguma maneira, isso não é surpreendente. - disse Harry.

- Certo, então. - disse Draco, levantando-se – Estou indo.

E ele saiu correndo pelas escadas. Eles o escutaram abrir a porta do quarto de Hermione e fecha-la. Depois, silêncio.

Os dois se entreolharam.

- Você está pensando o que eu estou pensando? – perguntou Rony.

- Sim. – disse Harry levantando-se. Eles subiram as escadas e pararam na frente da porta do dormitório de Hermione.

- Malfoy! - berrou Harry – Você já achou alguma coisa?

- Não! - respondeu Draco, aos berros – Mas eu já li o diário dela e também já experimentei todas as roupas dela!

Revirando seus olhos, Rony abriu a porta. Draco estava parado no meio do quarto, de braços cruzados, e uma expressão muito estranha no rosto. O quarto estava bem arrumado, como ela deixara. O malão dela permanecia intocado, sobre a cama.

Harry não podia deixar de sorrir.

- Você não conseguiu fazer isso! – disse Harry, num tom de satisfação.

De fato, Draco parecia estar bastante mal-humorado.

- Eu tentei. - ele disse – Eu tentei mexer nas coisas dela, mas aí eu comecei a sentir umas coisas estranhas na barriga.

- Aqui na Terra, nós chamamos isso de escrúpulos. - disse Rony.

- Ah, pelo amor de Deus! - exclamou uma voz impaciente. Era Gina. Ela passou meio espremida por entre Harry e Rony e andou pelo quarto – Deixem-me fazer isso. Eu sou uma garota, ela é uma garota, isso é para o próprio bem dela. Agora, saia de perto, Malfoy! - ela disse rispidamente, e Draco, para sua própria surpresa, obedeceu, dando espaço a Gina para destrancar o malão de Hermione, e mexer nele.

Ela mexeu no malão, e, como não achou nada, transferiu sua atenção para a escrivaninha, cujas gavetas estavam todas vazias. Sob a escrivaninha, ela achou um pedaço de papel amarrotado, o qual ela desdobrou, leu, e entregou, muda, a Harry.

Ele os examinou, e mordeu seu lábio. Era a carta que Hermione havia começado a escrever no dia anterior e nunca terminara, por não ter achado uma apelação adequada a Harry. Tudo o que havia era: Queridíssimo Harry... Amado Harry... Harry, meu amor...

Ele desviou seu olhar da carta e encontrou os olhos de Gina, do outro lado do quarto.

- Você não acha que há nem uma pequena chance dela ter fugido com o Vítor Krum por livre e espontânea vontade, acha? - Gina perguntou, soando cansada – Harry? Você acha?

Ele examinou as cartas novamente, depois as dobrou e as colocou dentro de seu bolso.

- Vamos conversar com o Vítor Krum. - ele disse

- Hurra! - exclamou Draco – Vamos lá dar um chute na bunda do Vítor Krum!

- Nós não vamos lá chutar a bunda dele. - disse Rony – Nós vamos lá pedir informação.

- Certo. - concordou Draco alegremente – E se isso não der certo, então o chute na bunda é o nosso plano B.

- Falando em planos... - disse Harry, virando-se para Draco – Qual era o seu brilhante plano para nos fazer entrar no Clube Londrino de Quadribol?


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- Hã... oi! - disse Harry ao segurança bruxo da recepção do Clube de Quadribol, que na verdade era um grande e belo edifício, estilo hotel, fora do Beco Diagonal. Ficava longe da estrada, mas eles o reconheceram pela bandeira que estava sobre seu telhado: duas vassouras cruzadas num fundo vermelho, rodeada por um circulo de estrelas douradas – Eu sou Harry Potter e eu quero falar com o Vítor Krum.

O segurança riu com desdém.

- Eu me dou bem com você. - ele disse, sem olhar para o garoto.

Harry virou-se e olhou para Rony e Draco, que estavam logo atrás dele, tentando encorajá-lo. (Gina ainda estava na Toca, para o caso de Hermione tentar comunicar-se com eles.).

Harry virou-se novamente para o segurança.

- Eu sou Harry Potter. - ele repetiu – E eu quero falar com o Vítor Krum. Ele está me esperando.

- Você não é o... - disse o segurança, mas ao olhar para Harry, de seus óculos até sua cicatriz, parou a frase no meio – Nossa! - ele exclamou – Você é o Harry Potter, não é?

- Há dezesseis anos, eu sou. - confirmou Harry imparcialmente.

- É verdade que você deve estar jogando Quadribol pela Inglaterra no ano que vem?- perguntou o bruxo, olhando boquiaberto para Harry.

Harry piscou para ele e falou:

- É bem possível. Vítor ficou de me apresentar a uns jogadores ingleses, você sabe. Tentar exercer alguma influência.

O segurança parecia extasiado.

- Harry Potter, jogando Quadribol pela Inglaterra! - ele exclamou.

- Bem, não conte a ninguém. - pediu Harry, encostando um cotovelo na mesa – Isso é para ser um segredo.

- Certo, claro! - acatou o segurança apressadamente – E eu vou te anunciar ao senhor Krum agora mesmo. - ele continuou ansiosamente – Ele disse que não queria ser incomodado, mas sendo você, Harry... posso te chamar de Harry?

- Claro que pode. - disse Harry, sorrindo benevolentemente.

Normalmente, ele odiava tudo o que tivesse a ver com sua fama no mundo mágico, mas no momento, ele até gostou de ser famoso.

O segurança virou-se para a parede atrás dele, na qual havia um painel com fileiras de botões. Ele apertou um com sua mão, e falou:

- Senhor Krum? O senhor está aí?

Uma minúscula imagem do rosto de Vítor Krum apareceu sobre a lisa superfície do botão. Ele parecia estar mal-humorado.

- O que você quer?

- Harry Potter e...- ele olhou com olhar questionador para Draco e Rony.

- São meus amigos.

- ... e seus amigos estão aqui para falar com o senhor.

Houve um breve silêncio. Então Krum falou:

- Muito bem. Eu vou falar com ele.

Harry respirou aliviado quando o segurança virou-se para ele, sorrindo, e falando:

- O time búlgaro está no segundo andar. O quarto de Krum é o da primeira porta a sua direita. E... me dá um autógrafo?


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- Viram! - disse Draco, quando eles começaram a subir as escadas – Os melhores planos são os mais simples. Assim como as melhores mentiras nascem de uma semente de verdade.

- Isso é um ditado da família Malfoy? - perguntou Rony – Eu gostaria de ouvir os outros.

- O meu favorito sempre foi “Você ganha mais com uma palavra amável e um pau bem grande do que só com uma palavra amável. - disse Draco alegremente – Meu pai costumava dizer isso. Oh, vejam! Chegamos!

Harry bateu na porta, que foi aberta segundos depois por Vítor Krum, vestindo suas vestes do time búlgaro de quadribol, e parecendo irritado.

- Harry - ele falou, olhando e reconhecendo Rony e olhando e desconhecendo Draco – é bom te ver, mas já é um tanto tarde, não?

- Eu preciso te perguntar uma coisa, Vítor. - disse Harry – É... é sobre Hermione.

Assustado, Vítor deu um passo para trás e deixou que todos os três entrassem em seu quarto, o qual, visto todo o luxo do resto do Clube, era um tanto espartano. Havia uma cama simples, assim como uma mesa e algumas cadeiras, e equipamento de Quadribol por todos os cantos.

Vítor não os convidou a sentar e nem soou hospitaleiro em nenhum momento.

Ao invés disso, ele virou-se, de braços cruzados, e resmungou:

- Bem? O que vocês querem de mim?

Olhando para Krum em frente a Harry e Draco, Rony começou a ver a imprudência inata do plano. Depois de toda a ladainha de Draco, de chutar o traseiro de Krum, isso parecia agora algo meio difícil. Harry e Draco eram fortes do mesmo modo: os dois eram encorpados e esbeltos. Vítor Krum, por outro lado, era extremamente alto e extremamente forte, e não gordo, mas sim, robusto. Ele poderia ter amassado Harry e ainda teria forças para jogar Draco de lado a distância de uma piscina olímpica.

Sem palavras, Harry mexeu em seu bolso, tirou a carta de Hermione, e entregou-a a Vítor Krum, que a tomou de sua mão e a leu. Quando ele olhou para eles, novamente, era visível o atordoamento em seu rosto.

- Essa carta - ele perguntou – é mesmo de Her-mi-ô-nini?

Harry fez que sim com a cabeça e disse:

- Eu reconheceria a letra dela em qualquer lugar.

- Então, é uma piada. - concluiu Vítor, devolvendo a carta a Harry – Eu não a vejo há dois anos, - ele deu de ombros – Quando eu falo que não a vejo, eu digo eu nunca a vi – ele encolheu os ombros - Bem, como podem ver, eu não estou na Bulgária. Eu não sei qual o significado dessa carta.

- Você escreveu para ela pedindo-lhe que te encontrasse no Caldeirão Furado? - perguntou Draco.

Krum balançou sua cabeça, e respondeu:

- Não.

- Eu vi Hermione. - disse Rony – Ontem a noite. Ela disse que estava indo para a Bulgária com você. Ela montou numa vassoura, que você estava dirigindo... bem, estava escuro, mas aquilo parecia muito com você.

Vítor estava distintamente constrangido.

- Eu não sei onde ela está. - disse ele – E repito: eu não vejo Her-mi-ô-nini faz tempo... eu não me lembro de tê-la visto...

- Então se você não se importa com a minha pergunta - perguntou Harry. - onde você estava na noite passada?

Vítor abriu sua boca, depois a fechou novamente. Ele olhou de Harry para Draco e de Draco para Rony. Todos eles o estavam olhando. Então, ele disse:

- Não me lembro.

- Não se lembra? - perguntou Rony.

- Não. - respondeu Krum, parecendo um tanto chateado – Ontem, eu tive treino de quadribol pela manhã. Depois, voltei aqui, pro quarto. Eu acho que talvez, eu tenha ido dormir, pois quando acordei hoje de manhã, não me lembrava nada a respeito de ontem. Talvez eu estivesse gripado, ou excessivamente cansado.

- Você está me dizendo que não se lembra de nada que aconteceu ontem ou na noite passada? - perguntou Harry, incrédulo.

- Exatamente. - disse Krum.

- E no dia que a expressão “desculpa esfarrapada” for reinventada, - disse Draco – todos ficaremos parados, aterrorizados, assistindo.

- Eu estou falando a verdade! - gritou Krum, agitado – Eu não me lembro de ontem! E quando acordei hoje, fiquei muito assutado por causa de...

- Por causa de quê? - perguntou Harry, apertando seus olhos.

A expressão de infelicidade de Krum intensificou-se. Era evidente que ele estava lutando contra alguma coisa dentro de si. Finalmente, ele suspirou, e disse, meio que para si mesmo:

- Eu acho que devo... acho que provavelmente...

- O quê? - instigou Harry, que estava quase desesperado, de tão aflito.

- Quando acordei pela manhã, eu vi isso. - disse Krum, arregaçando suas mangas.

Ele deixou que inspecionassem seus braços.

Havia profundos arranhões no antebraço de Krum, e seu punho esquerdo estava com cinco entalhes vermelho-escuros, em forma de meia-lua. Harry se deu conta imediatamente do que eram aqueles entalhes. As marcas de unha que haviam sido deixadas no punho de Krum... por alguém que tentou tirar as mãos dele de perto? Ele imaginou, repentinamente, Hermione fazendo um esforço violento, quando Krum tapou a boca dela, e sentiu-se, de repente, violentamente fraco.

Mas foi Draco quem reagiu primeiro. Ele já estava com a varinha apontada para Krum, antes que Harry ou Rony tivessem sequer pensado em se mexer.

- Já disse - falou Krum, desesperadamente infeliz, e ainda deixando a mostra seus punhos retalhados – Eu não me lembro de nada!

- Bem, veremos! - exclamou Draco, apontando sua varinha para o peito de Krum – Veritas!


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Acordar foi como erguer-se vagarosamente por uma água escura e suja. Hermione permaneceu deitada por algum tempo, perambulando entre o dormir e o estar acordada. Imagens vagas passaram pela mente dela: fumaça preta, uma clareira no meio da escuridão, árvores úmidas, um trem. Rostos que ela não reconhecia. Então, o rosto de Harry, cansado e preocupado. Mas por quê?

Hermione abriu seus olhos. Eles demoraram um pouco para focalizarem o ambiente. Então, ela sentou-se e olhou em volta, assustada.

Ela estava sobre o chão de um pequeno quarto circular, nada maior que seu quarto na Toca, embora o teto deste aposento tivesse pelo menos uns de cinco metros. Mas esse quarto era feito de blocos de pedra, que pareciam muito antigos. Havia uma porta de carvalho com tiras de ferro em uma das paredes, que parecia ser quase tão velha quanto as paredes. Uma janela, cheia de grades, bem acima da cabeça dela, deixava entrar um pouco de luz acinzentada. O aposento estava completamente sem mobília, havia somente um pouco de palha no chão. Era nessa palha onde Hermione estivera deitada.

Ela sentiu-se desnorteada, como nunca se sentira antes. Esse ambiente não só não lhe era familiar, como alienígena, e de modo algum correspondia ao lugar onde ela esperava ter acordado: seguramente esparramada em sua cama na Toca. Hermione remontou o que havia feito, mentalmente, desesperada... onde ela poderia estar? A última coisa que ela lembrava-se de ter feito era ter entrado no Caldeirão Furado com a Gina, encontrado com o Vítor lá, e entrado com ele num aposento dos fundos e então...

Escutou-se um alto barulho crepitante. Hermione olhou em volta, em estado de pânico, e viu a maçaneta da enorme porta começar a virar. Ela tentou levantar-se, mas não conseguiu, suas pernas ainda estavam muito trêmulas. Então, ela se arrastou para trás, montada em seus cotovelos, para longe da porta.

Pela porta passou uma figura alta e encapuzada. Ele - se é que era ele - vestia vestes de bruxo feitas de um veludo verde bem grosso, com uma facha prateada na altura do pescoço, e luvas de cetim preto.

Hermione abriu sua boca para perguntar onde estava, como havia chegado lá, mas sua garganta parecia ter se fechado, e nenhum som saia de lá.

O bruxo ergueu sua mão vagarosamente, e tirou o capuz de sua cabeça, jogando-o para trás.

Hermione berrou.

N/T: aqui a frase em inglês é muito mais forte do que eu pude traduzir: He just saved your life to get in Hermione's pants. Só por curiosidade mesmo.

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