Desabafando



Virgínia Weasley escrevera uma carta aos pais dizendo que precisava visitar uma pessoa, mas que eles não ficassem preocupados, que estava tudo bem. E pediram que avisassem a quem desse falta dela que ela estava na Escola de Medibruxaria.

Ela deixou Hogwarts e aparatou na casa dos Glads ainda de madrugada, não sabia qual seria a reação de Draco, mas ela precisava vê-lo, não tinha notícias dele, tinha medo que os comensais tivessem achado seu esconderijo, que ele estivesse doente ou precisando de ajuda.

Quando entrou no quarto o viu dormindo calmamente, ela pensou que se os cabelos loiros fossem encaracolados ele daria um anjo perfeito, pois o seu semblante naquele momento era de pura paz. Obvio que acordado ele estava longe de parecer com isso, e era isso que ela temia.

Teve vontade de se deitar com ele, mas quando ele acordasse poderia realmente ficar chateado, então resolveu se sentar na beirada da cama e esperar ele acordar, mas pra sua surpresa isso foi quase que imediato.

- O que você está fazendo aqui Weasley? – falou ele sem disfarçar a surpresa.
- Oi pra você também Malfoy. Vim ver se você estava bem, sabe, você sozinho aqui podia estar precisando de alguma coisa.
- Não podia esperar até de manhã?
- Não seja ingrato Malfoy – ela retrucou.
- Você não precisa fazer isso por gratidão Weasley, me mostrar a casa já foi suficiente – disse ele friamente.
- Não estou fazendo isso por gratidão – respondeu ela com a voz receosa.
- Está fazendo por que então?
- Eu não sei – disse ela encarando os olhos cinzentos dele – Eu realmente não sei.

Ele se sentou e afastou um pouco as cobertas. Ela continuava a encara-lo como antes, ele não gostava desse olhar parecia que aqueles olhos castanhos podiam ver sua alma, mas isso ele não deixaria, ela não saberia de seus sentimentos.

- Como você está vendo, eu estou perfeitamente bem – disse ele desdenhoso – Pode ir agora.
- Nossa Malfoy como você é grosso! Eu fui uma burra de pensar que podia ser diferente não é mesmo? Você vai ser sempre esse cabeça dura arrogante. Quem manda eu ter o coração mole e me preocupar com você – disse a ruivinha com raiva e se levantando da cama.
- Não preciso da sua pena Weasley, não preciso que você venha aqui me atormentar na tentativa de fazer uma boa ação.
- Eu não tenho pena de você seu idiota!
- Oras Weasley, me deixe em paz e volte pro seu amado namoradinho.
- Ele não é mais meu namorado.
- Não é? – perguntou ele abobado.
- Não – respondeu ela firmemente.
- Ah não importa – disse ele tentando disfarçar – Como eu disse não precisa vir praticar sua boa ação do dia aqui.
- Eu não vim por nada disso Malfoy!
- Veio porque então?
- Porque eu senti sua falta – falou ela rápido antes que desistisse.

Aquelas palavras entraram na alma de Draco, ela sentiu a falta dele, gostava dele, tinha terminado com o namorado. Será que ele estava sonhando, que as preocupações da guerra o haviam enlouquecido?

- Bom, diga alguma coisa – falou ela nervosa com o silêncio dele.
- Eu não tenho nada pra dizer.
- Ok, me desculpe se eu ...
- Shhh... Não tenho nada pra dizer – falou ele interrompendo a garota, se levantando e indo em direção a ela - Mas não significa que eu não tenha nada pra fazer.

Ele a beijou sem cerimônia e com destreza, um beijo forte e apaixonado, eles se beijavam como se desabafassem todas as dúvidas, todos os desejos ocultos que eles haviam segurado naqueles dias.

Gina enfiava os dedos entre os cabelos platinados de Draco que beijava seu pescoço a fazendo perder o controle. Quando se deram conta já estavam de volta a cama e as peças de roupa que tanto atrapalhavam a ânsia de se tocarem estavam espalhadas pelo chão do quarto.

- Você quer isso mesmo Gina? – perguntou Draco estranhando o som do apelido da menina em sua boca.
- Quero, eu preciso de você – respondeu ela e voltou a beija-lo.

Naquela cama onde tudo havia começado, naquela cama onde Draco passara noites pensando nela, naquela cama os dois se amaram. Se amaram como se fosse o último dia de suas vidas, como se todo o amor que sentiam um pelo outro precisasse ser demonstrado naquele momento.

- Eu pensei em você todo esse tempo e fui um estúpido de não me convencer da verdade – disse Draco deixando o orgulho de lado.
- Isso não importa mais Draco. Vamos esquecer isso, só importa o agora.
- Tem outra coisa que importa. – falou ele tomando coragem pra dizer uma coisa que nunca havia saído de sua boca.
- O que? – perguntou ela acariciando o rosto dele.
- Eu te amo – disse ele baixinho, talvez ela não ouvisse.
- Isso sim é importante – ela sorriu da vergonha dele.
- Bom, você não vai dizer eu também? – perguntou ele com a sobrancelha arqueada.
- Eu também te amo Draco Malfoy – respondeu ela rindo, mas pensando que as palavras te amo e Draco Malfoy na mesma frase não pareciam boa coisa.

Gina tinha razão, nada mais era importante naquele momento, só havia os dois e eles se amavam e era só isso que importava, afastando de suas cabeça todos os pensamentos e preocupações eles adormeceram juntos.

A ruiva acordou primeiro que ele e decidiu ir tomar um banho e depois ir preparar uma coisa para o almoço. Teve um pouco de dificuldade para encontrar as panelas e os alimentos, mas logo um delicioso cheiro enchia a cozinha.

Ela mexia o conteúdo de uma panela distraidamente quando sentiu duas mãos na sua cintura e percebeu que era Draco, ele deu um beijo no pescoço de Gina e perguntou:

- O que temos pro almoço?
- Estrogonofe e arroz.
- Estrogonofe?
- É, uma comida trouxa que eu achei naquele livro de receitas em cima da mesa, parece ser uma delícia. É como um ensopado de carne só que o caldo é um creme muito gostoso.
- Hummm, vamos ver se eu vou aprovar – falou ele com seu tom esnobe.
- Seu idiota, você não muda mesmo – falou ela rindo.
- Mudar pra que? Se isso é o que me torna irresistível pra qualquer mulher.
- Oras, mas você é muito convencido! – falou ela largando a panela e virando para ele.
- Não sou convencido, eu sou sincero. Eu sei que sou gostoso. – ela ia responder indignada, mas foi calada com um beijo dele.

Os dois almoçaram tranqüilamente, Gina se divertia muito com Draco que não parava de faze-la rir. Era tão bom estarem ali, só os dois, conversando, sem culpa, livres. Enquanto tomavam o sorvete que Gina achara no congelador, começaram a conversar:

- Você já sabe o que vai fazer? – perguntou a ruiva.
- Como assim?
- Bom, você não pode ficar aqui esperando até a guerra acabar, os Glads vão voltar no mês que vem – falou ela e deu uma lambida na colher.
- Eu sei, vou para outro lugar antes disso.
- Pra onde?
- Não sei ainda. E para de comer desse jeito Gina, daqui a pouco você se engasga com a colher! – falou ele se fingindo de irritado.
- É que eu adoro sorvete de chocolate! – disse ela rindo – Porque você não vai pra Hogwarts?
- Nem pensar – disse ele decidido.
- Mas porque Draco? Você poderia dar muitas informações que ajudariam a Ordem de Fênix a acabar logo com essa loucura! E eu tenho certeza que você seria inocentado pelo seu passado como comensal! Você se arrependeu, Dumbledore acredita que as pessoas possam mudar. Veja o Snape, por exemplo, já foi um comensal e é uma pessoa de extrema confiança na Ordem.
- Não é tão fácil quanto parece Gina.
- Largue esse orgulho Draco! Me diga, o que você tem a perder? Ir para Hogwarts é a melhor solução, se você voltar para Durmstrang vai ser morto, se você ficar fugindo e em cima do muro ou a Ordem ou os comensais te encontram e você morre, agora se você vier para Hogwarts além de contribuir com a Ordem você vai ser perdoado e poderá viver em paz, e ter sua vida normal.
- Você acha mesmo que eles não vão me mandar direto a Azkaban quando eu chegar lá? – perguntou ele apreensivo, mas compreendendo que a ruivinha tinha razão.
- Eu tenho certeza que não, confie em mim Draco, eu quero o melhor pra você e para nós – disse ela pegando a mão dele por cima da mesa.

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