Novos Rumos



Aos poucos todos estavam curados e alguns foram levados para o hospital. Grande parte dos bruxos do Ministério com uma chave de portal haviam levado os comensais direto para Azkaban enquanto outra parte cuidava dos falecidos. Quando o Sol começou a aparecer por trás do castelo os bruxos da Ordem estavam prontos para partir, se arrumaram em filas e Gina notou que elas pareciam bem menores agora, Dumbledore que estava mais abatido acionou a chave e todos voltaram a Hogwarts.

- Receio que não haja muito que dizer agora, descansem e amanhã teremos tempo para tudo – disse Dumbledore com a voz cansada.

Os bruxos se dissiparam para dentro do castelo e Gina logo encontrou Draco. Ele deu a mão a ela, não se importando que os outros vissem e a levou até o seu quarto.

- Encontrei o seu irmão Ronald, ele disse que todos na sua família estão bem. Se quiser ir vê-los agora eu vou entender – disse Draco.
- Não, eu vou ficar, eu preciso.

Ele a abraçou, era tão bom saber que tudo havia terminado, que dali pra frente ele não tinha mais nada a temer, ela estava ali, ele precisava dizer a ela o quanto a amava de novo. Mas seus lábios não se mexiam, ele não estava acostumado a lidar com aquilo. Draco gostaria de não parecer tão necessitado da presença dela.

- Preciso de um banho.
- Realmente, você está fedorenta!
- Draco!
- Eu estava brincando – riu ele – pode ir primeiro, eu gosto de ver você sair do banheiro enrolada na toalha, me lembra alguma coisa.

Assim que Gina saiu do banho Draco seguiu em direção ao banheiro, ela estranhou já que ele não havia dito nenhuma gracinha, mas logo se lembrou de como ele estava abalado, realmente não era muito fácil guerrear daquele jeito, achar que a pessoa que se ama está morta, descobrir que o próprio pai matou a mãe e depois matá-lo, ela realmente não podia imaginar como ele estava se sentindo.

Draco, como sempre, disfarçava muito bem suas emoções e parecia decidido a evitar se lembrar do acontecido enquanto tomava banho. Ele saiu já vestido com a calça do pijama e o peito nu, Gina estava deitada na cama e ele se deitou ao lado dela, mas não se moveu. Ele costumava tomar iniciativa quando tinha segundas intenções com as garotas, mas naquele momento ele só queria abraça-la e tê-la perto de si apesar de seus músculos parecerem se recusar a funcionar.

Gina sentindo que ele estava nervoso estendeu a mão e tocou o rosto dele carinhosamente. Ela olhou fundo naqueles olhos acinzentados, tão misteriosos, tão indecifráveis, podia ver no rosto dele o quanto os últimos acontecimentos tinham feito ele sofrer, ele na verdade parecia prestes a chorar mas disfarçava isso muito bem.

Então quando ela o beijou, sentiu as lágrimas quentes que escorriam pelo rosto dele, ela queria fazer alguma coisa pra tirar aquele sofrimento dele, mal sabia que só o fato daquele beijo acontecer com tanto carinho, com tanto amor, ele já se sentia melhor. Era verdade que ele chorava sim, mas era uma mistura de sentimentos que ele sentia e perto dela, da única pessoa que fora capaz de amá-lo, ele não conseguia esconder. Ela parou de beija-lo e enxugou suas lágrimas delicadamente.

- Não chore Draco, já acabou – falou ela lhe dando um abraço e passando a mão nos cabelos platinados dele.
- Eu sei. Me desculpe por fazer você sofrer, se eu não tivesse te seqüestrado e começado com isso, nada disso teria acontecido – disse Draco com um enorme esforço, pois admitir o que ele sentia, era a coisa mais difícil pra ele.
- Não precisa se desculpar, se isso não tivesse acontecido, nós não estaríamos juntos agora. Draco, eu sei que isso tudo está sendo difícil pra você.
- Não, não está – mentiu ele.
- Não seja orgulhoso, você não pode mentir pra mim. Sabe você não precisa ter vergonha de chorar ou de se sentir mal, você é humano sabia? – ele permaneceu calado então ela continuou – Eu só estou dizendo isso pra que você saiba que pode contar comigo Draco, pode contar comigo sempre.
- Obrigado Gina – disse ele pegando na mão dela – Tem mais uma meia dúzia de coisas que eu tenho vontade de lhe dizer, mas eu não consigo.
- Não precisa dizer nada, eu apenas sei Draco, eu sinto.

Draco a beijou novamente, ela tinha razão, não precisava dizer nada, ela sabia que ele a amava, isso bastava. Naquele momento ele agradeceu por ter dado ouvidos a ela naquelas masmorras, se não ele jamais teria sido beijado de maneira tão doce, senão ele jamais teria sido amado dessa maneira, se não ele jamais teria conhecido essa ruivinha que mudou o rumo da vida dele.

Na manhã seguinte Gina acordara renovada, Draco dormia tão tranqüilamente que ela achou melhor não acordá-lo. Depois de se arrumar ela saiu para o café, os Weasleys comiam juntos e assim que Molly a viu começou a chorar e correu para abraça-la.

- Gina! Desculpe-me filha, por ser tão cabeça dura, se tivesse acontecido alguma coisa a você eu jamais me perdoaria. Não podemos mandar no seu coração, mas Harry nos contou o que aconteceu, como Malfoy salvou a vida de vocês, então, decidimos que vamos respeitar sua escolha filha. Queremos que você seja feliz.

Um a um os Weasleys a abraçaram, alguns murmuraram desculpas e ela se sentia tão feliz de ter todo aquele carinho de volta. Agora ela só precisava conversar com Harry, além de agradece-lo por ter dito aquilo aos seus pais e irmãos. Ela estava comendo panquecas quando Harry entrou no salão, ele parecia super abatido e se sentou entre Rony e Molly que logo que notou seu estado começou a aconselha-lo a ir para a enfermaria.

- Estou só cansado – respondeu Harry com uma voz que Gina conhecia muito bem, sabia que ele estava arrasado.

Depois de tomar alguns goles de café Harry seguiu para os jardins, Gina o acompanhou com os olhos e logo depois foi atrás dele, ele se sentou perto do lago onde gostava de ficar e observou Gina se aproximar.

- Harry eu preciso falar com você.
- Não, não precisa – disse ele frio.
- Harry, por favor, não me trate assim – respondeu ela se sentando ao lado dele.
- Malfoy veio conversar comigo.
- O quê? – perguntou ela espantada.
- Veio dizer que eu não precisava agradecer por ele ter me salvado a vida, mas que ele esperava que eu reconhecesse que ele realmente gostava de você e que não estava contigo pra me atingir ou algo assim.
- E você?
- Eu concordei. Há algo mais a se fazer? – disse o menino cabisbaixo.
- Harry, me desculpa, você não merecia isso. Eu sinto muito mesmo por tudo que eu te fiz.
- Não, eu não merecia mesmo Gina.
- Me perdoe Harry, eu não queria te magoar – falou ela sem conseguir mais segurar as lágrimas – Eu sinto falta de você, não podemos ser nem amigos?
- Quem sabe um dia.
- Harry não faça isso comigo, por favor – disse sem encara-lo.
- Olha Gina, não estou fazendo nada. Você não entende que eu te amo? Está ouvindo? Eu te amo! – disse ele a agarrando seu rosto e a forçando a olhar pra ele que tinha lágrimas nos olhos – Eu não quero e nem consigo ser seu amigo. Eu não te quero como amiga, eu fico perto de você e tenho vontade de te beijar, de te fazer carinho, de amar você, de ficar junto, como antes.
- Ah Harry, você sabe o quanto você foi importante pra mim, você foi minha primeira paixão, meu primeiro namorado, eu me entreguei a você Harry, coisa que jurava que só teria confiança depois que casasse. Eu sei que eu errei e eu me arrependo. Mas isso tudo é tão difícil – respondeu ela quando ele soltou seu rosto.
- Pode ter certeza que pra mim é muito mais difícil imaginar que a garota que eu amo está aos beijos com Malfoy e que ela fez isso enquanto era minha namorada! Você me pede para sermos amigos? Não Gina, é demais pra mim, eu não posso agüentar tudo isso.
- O que eu posso fazer?
- Gina se você não consegue me amar como antes, você não tem nada há fazer, a não ser esperar que isso tudo que eu sinto passe, e vai passar, eu não preciso de tanto sofrimento assim.

Eles ficaram em silêncio encarando a lula que se mexia preguiçosamente pelo lago, Gina se sentia tentada a pegar a mão dele ou abraça-lo, mas temia a reação que ele teria com o gesto. Então antes que ela pudesse perguntar ele jogou os braços ao redor dela e a puxou pra perto dele, ela não se mexeu, apenas continuou ali, com a cabeça recostada no ombro dele, sabia o quanto ele estava sofrendo.

Ela tinha vontade de abraça-lo também, mas tinha medo de ser carinhosa e alimentar alguma esperança nele. Então quando ela virou o rosto e viu que ele chorava retribuiu o abraço, ela sabia o quanto de sofrimento ele já tinha tido e o quanto ele era bom e merecia ser feliz. O abraço era firme, mas não era forte do tipo que machuca, Harry tinha os braços mais musculosos do que os de Draco o que fazia Gina se sentir menor do que ela já era, ele tinha um cheiro tão leve, algo como sabonete, não usava perfumes caros e coisas assim. Abraçada a ele Gina voltava a se sentir aquela menininha que ele salvará na câmera secreta, ele era realmente como um irmão pra ela e ela torcia que aquele abraço também tivesse esse significado para ele.

Ele se afastou dela e disse com um sorriso depois de limpar as lágrimas:

- Não force muito, eu preciso de um tempo pra isso tudo passar, mas sim, vamos ser amigos.

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