Sorry



26. Sorry

A noite não melhorou para a Ordem da Fênix. Os Comensais subiram até a Torre de Astronomia, porem nenhum dos aliados de Dumbledore conseguiu chegar no lugar porque havia uma parede invisível impedindo-os de passarem. Na base da escada que dava para a torre, oito seguidores de Voldemort lutavam com Hermione, Rony, Luna, Neville, Minerva, Flitwick, Lupin e Tonks. Esta não conseguia ficar longe de Remo depois do que lhe aconteceu, mesmo assim lutou bravamente contra o inimigo. Quando o derrotou, foi ajudar o professor de feitiços, que passava por apuros, afinal não tinha mais idade para duelos. A moça não se saiu mal, pois sua matéria favorita na escola era feitiços. Talvez fosse injustiça dois lutarem contra um, mas desde quando Comensais eram justos? Snape, que havia subido para a Torre, passou despercebido, porque todos duelavam. Depois de alguns minutos, todos já terminaram de lutar, com exceção de Lupin e Hermione, que se defendiam muito bem. Do nada, Grayback e outros comensais fugiram apressadamente, com Snape em seu encalço. Ao terminar de descer as escadas, os olhares do professor e Ninfadora se encontraram por alguns instantes. Ele a encarava com um certo triunfo estampado no rosto, enquanto ela sentia o lábio inferior tremer. De repente, Ninfadora sentiu um impulso de ir atrás do professor e foi o que acabou fazendo. Ela começou a ir em sua direção e Snape iniciou uma corrida, porem tomou outro caminho que os demais Comensais. Tonks ia com a varinha empunhada e, à distancia, começou a jogar várias azarações nas costas do Ranhoso. Por algum motivo que ela não entendeu no momento, mesmo que os feitiços atingissem suas costas com clareza, ele não mostrava sinais de fraqueza. Foi então que Snape diminuiu o ritmo da corrida até parar e se virou para trás, encarando a bruxa com um sorriso no rosto. Ninfadora, que temia cair numa armadilha, ficou alguns metros longe dele caso precisasse se defender. Ela viu Severo tirar algo de dentro da gola de suas vestes. Parecia uma gargantilha de ouro, porem uma pequena pedra azulada anexada ao objeto: a Pedra Ônix, uma pedra que protegia quem usasse de todos feitiços, maldiçoes e tudo que prejudique um bruxo magicamente, o presente da auror de aniversário. No mesmo segundo que Tonks viu o motivo de Snape ser invulnerável pelo menos naquela noite, percebeu que Harry corria a toda velocidade atrás de Snape, que fora obrigado a fugir novamente. O garoto nem percebeu a presença da metamorfomaga, que decidiu voltar para a base da escada da Torre de Astronomia, pois ajudaria mais do que se ficasse ali ou se perseguisse Snape. Será que Harry conseguira alcança-lo? Será que Severo conseguiu chegar aos portões ileso? Quando Tonks voltou para junto dos outros, viu que Remo e Hermione eram os únicos que continuavam duelando ainda.
Quando Ninfadora ia dar indícios de começar a chorar, McGonagall, que até então ajudava Neville pois estava ferido, colocou sua mão no ombro direito da moça e sussurrou em seu ouvido:
- Não se preocupe Tonks. Severo os alcançará e Hagrid está lá fora também. Tenho certeza de que Alvo encontrará um meio de os fazer pagar por essa invasão. É melhor se espalharem pelo Castelo, pode ser que tenha mais deles.
Todos a obedeceram. Logo, Hermione também terminou por deixar seu oponente inconsciente e notou que a metamorfomaga estava parada no mesmo lugar, prestes a cair nas lágrimas. Ao ver sua tristeza, ela a abraçou, tentando reconforta-la, embora não soubesse o motivo que a deixou assim. Segundos depois, Lupin havia ganhado o duelo que participava e reparou nas duas se abraçando. Granger, quando percebeu que era observada pelo ex-professor, deixou Tonks e ele sozinhos, pois há muito tempo já percebera trocas de olhares suspeitos entre ambos e saiu em disparada pelos corredores à procura de mais Comensais.
- Você está bem, Ninfa?
- Não sei. Quando o vi, pensei que ele tentaria de novo. Estava tão seguro de si e tão satisfeito.
- Ele...ele passou por aqui?- perguntou o homem erguendo as sobrancelhas de surpresa.
- Sim, enquanto você duelava. Estava atrás dos outros, mas sei que os ajudava.Ele é um traidor, Remo.
- É. Se o tivesse visto, o teria seguido.
- Tive medo.- ela o abraçou.
- Isso passa. Vamos melhore de cara. Temos que informar a Dumbledore tudo.




Mas isso não foi possível. Mais tarde na Ala Hospitalar, todos estavam em volta de Gui, que permanecia desacordado desde então. Harry avisou que Snape matara o diretor de Hogwarts, fazendo com que todos se entristecessem. Remo se escondeu atrás das mãos, que lhe cobriam o rosto. Alvo tinha sido tão bom com ele. Graças a Dumbledore, conseguira permissão para estudar ali e conhecer seus verdadeiros amigos. Os únicos de sua vida toda. Lhe deu emprego quando precisou, aliviou sua barra quando Sirius fugiu montado num hipogrifo, mandou que lhe preparassem poção mata- cão para tomar na época que trabalhava para Grayback, isso e entre outras coisas. O que seria de Hogwarts? E da Ordem da Fênix? E do mundo mágico? Como poderia dizer a Ninfadora que tudo estaria bem, se ele próprio não acreditava nisso? Por uns instantes pensou que tudo estava perdido, mas logo se retificou. A esperança é a ultima que morre, não? O lobisomem torcia para que o ditado popular fosse verdade. E para Tonks? Seu professor, um dos bruxos que acreditou em seu talento para participar da Ordem, uma pessoa boa e justa falecera. Se alguém como Dumbledore não agüentou até o fim, quem poderia faze-lo? Que chances teria de salvar o mundo mágico, seus amigos, família e todos da comunidade? Sem duvidas, a noticia piorou ainda mais seu ânimo.
Depois que o casal Weasley foi chamado e chegou, junto com Fleur, Tonks não se controlou. Revelou a todos seus sentimentos pelo lobisomem, que retrucou, dizendo mais uma vez que o sonho de viverem juntos nunca seria possível. (N/A: Gente, como não estou com meu livro, não pude colocar a cena da enfermaria com detalhes). Mais uma vez a culpa era da maldição, da falta de dinheiro e da diferença de idade.
- Dumbledore ficaria muito feliz em saber que há mais amor no mundo, Remo.- comentou McGonagall
- Esse não é o momento.- afirmou Lupin, murmurando com a cabeça baixa.
Poucos minutos depois da declaração de Ninfadora, Minerva se retirou da enfermaria e foi conversar na sala do ex-diretor com Harry, Hagrid, Slughorn, Flitwick e Sprout para resolverem qual seria o destino de Hogwarts.




Na enfermaria porem, quase nenhuma palavra era trocada. Fleur continuava atirada sobre Gui, massageando seu ombro com uma mão e brincando tristemente com seus fios ruivos dos cabelos com a outra; Molly estava sentada numa cadeira próxima. Seu rosto era impossível de se ver pois ela segurava um lenço para limpar as lágrimas muito próximo aos olhos, fazendo que o pano lhe cobrisse a face. Artur permanecia de pé ao lado da esposa, colocando suas mãos em seus ombros, tentando consola-la. Granger e os Weasleys jovens estavam encostados em outras cadeiras, já dormindo, um apoiando a cabeça no ombro do outro. Sem perceberem, Rony e Hermione estavam muito próximos durante o cochilo. Com certeza, se ficassem acordados não permitiriam tal aproximação. Remo continuava isolado numa cadeira distante da cama de Gui. Estava encolhido, cansado, com sono e queria ir muito para seu quarto de pensão que conseguira a pouco tempo, mas mesmo assim não queria largar aquela família que tanto precisava de apoio. Pobre garoto Weasley, também sofreu com a maldição dos lobisomens. Era verdade que Grayback o atacou de propósito, mas o que ele, Lupin, sentiria se machucasse Tonks, mesmo que acidentalmente? Não, não podia arriscar a vida de quem mais amava e condena-la desse jeito. Seria melhor se Ninfadora se apaixonasse por outra pessoa e o esquecesse. Enquanto esses pensamentos invadiam a cabeça de Remo, era fácil encontrar a metamorfomaga com as costas encostada numa das paredes, em pé e coçando a cabeça, pensativa. O que faria de sua vida? Com certeza, já havia perdido o emprego na Zonko’s e teria que começar novamente sua jornada em busca de trabalho. Se Remo estivesse com ela.... A moça o fitou discretamente e, aproveitando, deu um olhada no ambiente. Todos estavam exaustos, sua presença não faria diferença e o mais sensato seria ir embora e descansar o fim da noite em seu apartamento antes de voltar para Azkaban. Sim, teria que voltar para Azkaban, pois iria ser encontrada mais cedo ou mais tarde caso fugisse, alem de deixar Kim numa situação embaraçosa. Se aproximou do senhor Weasley e falou:
- Artur, preciso ir embora. Amanha terei que voltar para a prisão e estou muito cansada. Mas se precisarem de ajuda para qualquer coisa, farei o Maximo que puder.
- Obrigada, Tonks. Você sabe que você é como se fosse nossa filha mais velha. Te conhecemos a muitos anos, desde quando entrou para Hogwarts e conheceu Gui. Seu apoio é muito importante para Molly e eu.- e o ruivo a abraçou.
Por algum motivo, Ninfadora não se sentiu bem com aqueles braços masculinos à sua volta, apertando-a. Uma vaga lembrança do que aconteceu no quarto de Snape fez com que seu coração disparasse e num reflexo, empurrou Artur para longe com força, o que fez Molly tirar o lenço que segurava em sua cara e olhar a moça de um modo surpreso. Tonks começou a chorar e saiu dali em alta velocidade. Suas solas das botas fizeram eco nos corredores, tirando Lupin de seus pensamentos e colocando sua atenção em Artur, que ajeitava sua roupa por causa do empurrão. Remo se levantou e caminhou até o casal Weasley. Molly agora já possuía o rosto livre das lágrimas, mas inchado por causa delas.
- O que houve?- perguntou Remo, olhando para a porta vazia que a moça acabara de fugir.
- Não sei. Apenas a abracei e a agradeci pela ajuda. De repente ela me empurrou e saiu correndo.
Remo suspirou.
- Tudo bem. Eu vou ver o que foi. Talvez ela tenha se lembrado de algo urgente para fazer.
Mas Lupin sabia que não era esse o motivo da fuga de Tonks. Por alguma razão, pensou que Snape estaria por trás disso, mesmo que indiretamente. Correu a atrás dela e embora não soubesse a direção que ela havia tomado. Verificou alguns corredores próximos à enfermaria, correndo para achar a moça logo. Depois de alguns segundos com seu fracasso, apoiou suas mãos em um parapeito de uma das janelas de um corredor para tomar ar. Através do vidro,olhou a lua que iluminava grande parte da extensão de Hogwarts. Viu um pontinho correndo em direção ao portão e ele identificou longos cabelos negros ondulados balançando nas costas de alguém de acordo com a corrida da pessoa. Só poderia ser Ninfadora e com essa idéia, Lupin começou uma nova maratona mas na direção dos portões.
Por sorte, a distancia entre Remo e Tonks ia diminuindo, até que ele começou a chamar seu nome.
- Tonks... Ei, Tonks. Espera... Ninfa!
Ao ouvir seu apelido, que só era dito por apenas uma pessoa, a garota diminuiu o ritmo até parar e Lupin logo a alcançou. Ela apenas fitava suas próprias botas, porem Remo por causa da luz do luar notou seu rosto molhado por lagrimas.
- Tonks, o qu...o que aconteceu?- disse se aproximando dela.- Por que tratou Artur assim?
Ninfadora deu um soluço.
- Eu..eu..
- Eu sei o que foi. Foi o Snape. Algo me diz que ele está envolvido.
- Bem, não...sim....oras, eu não sei. Quando Artur me abraçou senti algo ruim em mim. Foi como se uma onda de pânico tomasse conta do meu corpo. Acho que ser abraçada por um homem me faz lembrar daquilo . – e ela deu uma fungada com o nariz.- Não sei por que o tratei assim. Acho que foi um impulso.
- Ninfa, você está traumatizada, é isso. Depois do que aconteceu, você se sente insegura, tem medo de ficar só e isso é normal. Agora acha que todos irão fazer mal para você tenho certeza que isso não é verdade. Artur nunca faria...
- Eu também pensava isso do Snape e olha só o que aconteceu.
- Calma, você apenas sofreu uma tentativa. Sei que é difícil, mas já está tudo bem. Snape nunca se aproximará de você.
Tonks enxugou outra lágrima. Lupin se aproximou lentamente da metamorfomaga e a abraçou devagar e com cuidado. Sentiu sua amada recuar alguns passos discretamente até que ela se acostumou com aquele calor irresistível tomando conta de seu corpo e com desespero, abraçou seu salvador, não querendo que nunca mais a deixasse. Sem saber o que fazer, o bruxo começou a afagar a raiz de seus longos cabelos negros.
- Remo, por favor, acabe com essa idiotice que nos separa. Eu te amo e te quero. Não me deixe. Pare de colocar obstáculos que não existem e vamos começar uma vida nova. Chega de tanto sofrimento.
À medida que Ninfadora lhe dizia cada palavra, Lupin a sentia se apegar cada vez mais em seu corpo, como se alguém a tivesse pressionando contra ele. Não podia fazer o que ela queria. Era loucura. Já haviam tentado uma vez e não houve sucesso. Por que ela tinha que ter se apaixonado por ele? Eram tão diferentes...
- Não, Tonks. Não devemos ficar juntos e você sabe muito bem os motivos. Apenas quero que melhore desse trauma. Por que não passa essa noite com seus pais? Estará protegida.- ele falou isso enquanto desgrudava o corpo de Tonks do seu.
- Não posso voltar para casa. Minha mãe está de cama por minha culpa e eu se voltar nesse estado ela vai perceber que há algo errado comigo. Poderia piorar se visse que eu não contei a verdade do que aconteceu e se eu falar tudo, tenho certeza que ela vai piorar. Minha mãe me conhece muito bem.
- Vá para a casa da Sarah então.
- Não posso. Que explicação eu diria para os meus tios que estaria chegando nessa hora e nesse estado? Eles não sabem que sou bruxa, Remo. Não se preocupe, irei para meu apartamento e de manhã voltarei para Azkaban. Ao menos, lá sempre estarei sendo vigiada e segura.
Era uma situação complicada. Tudo que a bruxa dizia era verdade, mas o que ele poderia fazer? Pensou em sugerir passar a noite com ela, porem ficaria no sofá e ela na cama, como fizeram a anos atrás na noite em que o noivado de Tiago e Lílian fora atacado por Comensais e ele teve que proteger a pequena Ninfadora daqueles bruxos. Lupin também sabia que sugerisse para acompanha-la naquela noite, com certeza não iria resistir à Tonks e faria uma loucura, como sempre. Ultimamente, nas poucas vezes que ficava a sós com Ninfadora, ele não resistia ao seu charme e caia em tentação: faziam amor ou ficavam a ponto de faze-lo. Remo sabia que na hora H não conseguiria se conter, então era melhor descartar logo a hipótese de ficar uma noite com ela, embora seus grandes olhos verdes encharcados de água lhe pedissem que viesse com ela. Caso o fizesse, mais uma vez deixaria de protege-la e afasta-la de si.
Tonks entendeu exatamente o que passava na mente de Aluado, apenas encarando aqueles olhos azuis profundos. Não queria que ela virasse um peso para ele e então finalmente desistiu da idéia de passar sua ultima noite livre, até o próximo ano, acompanhada.
- Ninfa, tranque suas portas e janelas e não se separe de sua varinha, entendeu? – perguntou Remo, segurando os ombros a mulher e a encarando sério. Sabia que ela tinha treinamento de uma auror, porem não era por que estavam separados que deveriam deixar de cuidar da segurança um do outro.
- Eu vou me cuidar.- e jogou um ultimo olhar para o amado.- Adeus, Remo.
E desaparatou. Remo havia demorado tanto para alcança-la que a moça já havia passado pelos portões da escola há tempo. Talvez, ela pensou que com uma corrida no meio da madrugada faria com que suas lembranças se apagassem.



Quando chegou pela segunda vez naquela noite no seu apartamento, trancado há um mês, somente agora viu que tinham camadas de poeira em todo lugar: nos moveis, no chão, nos porta retratos. No momento em que Tonks viera ali mais cedo para trocar de roupa, nem havia percebido tal falta de limpeza, pois estava com muita pressa. Mesmo com o ambiente assim, não poderia abrir a janela para ventilar, afinal concordara em seguir os conselhos sensatos de Lupin. Conforme andava, pequenas nuvens de poeira se levantavam em seus pés e com o resto da sujeira no lugar, Tonks começou a espirrar. Tirou sua varinha das vestes, e com um movimento, fez com que toda a poeira desaparecesse.
- Assim está melhor.-disse enquanto esfregava o nariz.
Verificou se todas janelas e a porta de entrada estavam fechadas. Em seu quarto, jogou novamente o feitiço para limpa-lo. Decidiu tomar um banho decente, portanto pegou um pijama e foi para o banheiro. Despiu-se, entrou debaixo do chuveiro, e molhou a cabeça, pois também queria lava- la por causa da imundice, apesar de seu relógio marcar quatro horas da madrugada. Pegou o sabonete feito por elfos e sua esponja derivada de escamas de sereianos, que eram ótimas para limpeza. Começou a chorar e a se esfregar dolorosamente com o objeto. Esfregou-se tanto que sua pele começou a ficar vermelha, quase a ponto de ficar esfolada. Não queria que nenhum átomo vindo de Snape ficasse em seu corpo. Queria que todo o seu cheiro, seu óleo capilar, restos de sua saliva, tudo desaparecesse. Lavou sua cabeça como nunca havia feito, do modo mais caprichado que encontrou. Não por causa de estética, mas pelo mesmo motivo de não querer nada de Snape em si. Quando terminou, quase uma hora depois do inicio, secou seus cabelos com um feitiço, os prendeu numa trança nem tão bem feita, se enxugou com uma toalha fofa que estava no armário e vestiu seu baby-doll com estampas de ursinhos, roupa que a muito tempo não usava.
Apesar de estar cheirosa, quentinha, muito confortável em sua cama de casal e embaixo dos lençóis, demorou duas horas para dormir. Tudo naquela noite a abalava: a morte de Dumbledore, o problema de Gui, a negação de Remo em ser feliz e, é claro, a tentativa de Snape. Como ela poderia ter sido tão burra? Todos haviam avisado e nunca quis acreditar. Com certeza, se tivesse dado ouvidos aos outros, nada daquilo teria acontecido. Agora entendia o que Severo lhe disse em seu quarto: faltava pouco tempo para Dumbledrore. Todo mínimo barulho que ouvia, Tonks empunhava sua varinha, que estava embaixo de seu travesseiro, à procura de algum invasor. Será que Snape tentaria ataca-la novamente? Com medo, ela não conseguia pregar seus olhos e apenas o fez quando o sol já havia nascido e mesmo assim acordava a cada meia hora.



Lupin chegou exausto no seu quarto de pensão, atirou sua capa de viagem e a jogou em cima de uma cadeira solitária num canto, trancou a porta, abriu alguns botões de sua camisa velha e se jogou na cama. Estava tão exausto que nem tinha vontade e forças para tomar um banho. Assim como Tonks, entrou debaixo das cobertas ainda com a roupa que usara na noite, mas demorou para dormir e ficou pensando em como tudo seria dali para frente. Pobre Ninfa, apesar de não escuta-lo na época, ficou triste dela cair no plano de Snape. Que raiva daquele Seboso! Uma vingança contra os Marotos? Era verdade que Sirius e Tiago pegavam pesado com ele de vez em quando, porem ninguém tinha o direito de fazer o que Snape estava a ponto de fazer com nenhuma mulher. Talvez devesse dormir com Tonks, pelo menos naquela noite, pois ela estava sozinha e abatida. Abraça-la e lhe mostrar que apesar de tudo sempre estaria ali para protegê-la. Com um impulso, Lupin se livrou das cobertas cheirando a mofo e ia pegar novamente sua capa de viagem na cadeira, porem parou. Como poderia convencer Tonks de que o relacionamento deles era um erro se ele próprio não deixava ela em paz? Como poderia parar de iludi-la se quando ele chegasse no apartamento a encheria de mimos e com certeza terminariam a noite de um jeito agradável? Por mais que tentasse resistir, sabia que acabaria se entregando à paixão que sente pela moça e isso não poderia acontecer.
Resolveu deixar a capa no mesmo lugar e foi para sua cama novamente, desistindo assim de ajudar Tonks. Rolou por algum tempo, mas depois o sono veio.



Lupin caminhava lentamente em direção a uma casa muito bonita em Godric’s Hollow, havia um vasto jardim na frente e as cores da fachada eram azuis e brancas. “Tomara que Harry goste do presente. É simples, mas de coração”pensou Remo, que parou em frente à porta do lugar, apertou a campainha e escutou seu som dentro da casa. Ninguém respondeu, porem conseguiu ouvir algumas vozes distantes vindas no interior. Decidiu então tocar novamente a campainha e ouviu seu som mais uma vez. Porem alguém o recebeu depois que o toque do aparelho desapareceu. Uma mulher muito bonita que aparentava ter uns trinta e cinco anos abriu a porta. Ela tinha cabelos espessos e vermelhos, estatura média e olhos como pedras de esmeraldas.
- Remo! Que bom que chegou.
- Olá Lily. Espero não ter chegado muito cedo.- respondeu o lobisomem enquanto entrava.
- Não, não. Está no horário, mas acho que os outros se atrasaram.- disse a ruiva enquanto fechava a porta.
- E o Tiago?
- Lá trás arrumando tudo. Vem comigo.
E Remo a seguiu. Era impressionante como Lílian ainda permanecia bonita depois de tanto tempo, afinal ela já tinha quase quarenta anos. Ao entrar no quintal de trás da casa, viu Tiago vestindo um avental e colocando alguns hambúrgueres numa churrasqueira. O espaço era aconchegante e havia ali uma grande piscina, com cadeiras de sol ao seu redor, porem o senhor Potter estava numa casinha típica de churrasco. Ao notar a presença do recém chegado, Tiago parou o que fazia e se aproximou do amigo.
- Aluado! Que bom que veio!- disse Tiago enquanto abraçava o amigo.
- Pontas, como vai?
- Bem, bem, vejo que ainda está um pouco abatido por causa da lua cheia. Depois que me casei não pude mais te acompanhar.
- Sim, faz poucos dias que ela apareceu, mas eu me sinto ótimo, sério. E cadê o aniversariante?
- Ah, o Harry foi buscar a namorada.
- Quem é?
- Gina Weasley. Você a conheceu, estava no segundo ano em Hogwarts quando você lecionou lá.
- Ah sim, a irmã de Rony.
- Essa mesma. Harry foi busca-la de vassoura. Comprei uma Nimbus Milenium para ele de aniversário. Esse garoto adora voar, não sei quem puxou. – e fez uma cara de quem fingia pensar no assunto. Lily apenas riu.
- Tio Remo!
Uma menina de uns sete anos de idade veio correndo até ele e o abraçou. A garotinha tinha cabelos longos e cor de fogo vivo, olhos castanhos e era muito graciosa.
- Olá, como está minha afilhada favorita?- perguntou Lupin pegando a menina no colo e se sentando em uma das cadeiras de plástico embaixo da casinha para churrasco.
A menina riu.
- Estou ótima. Comprou algo para mim?
- Alana!- censurou Lílian, que separava os copos na mesa em que Remo estava.
- Está tudo bem Lily. Ah...não...não comprei nada para você, só para o Harry.
- O que é?
- Você terá que ver quando seu irmão abrir o presente.
- É brinquedo?
- Não.
- Ah, então não tem graça!- a menina cruzou os braços enraivecida, fazendo biquinho e franzindo o cenho.
E todos riram com a braveza da pequena. Uma outra menina também se aproximou do grupo, mas ela era diferente da pequena Alana. Era uma adolescente que tinha uns quinze anos, olhos castanhos, cabelos da mesma cor, mas longos e lisos e seu corpo era muito bem definido.
- Remo, que bom que já chegou. Tudo bem?
- Sim e você Ann?- perguntou o bruxo se levantando e trocando beijinhos com a adolescente depois de ter posto Alana no chão, para desgosto dela.
- Ótima. Estudando muito. Os N.O.M’s estão chegando, acho que vou enlouquecer antes do fim do ano.
- Mas nem começaram suas aulas deste ano em Hogwarts.
- Eu sei, mas se deixar tudo para a ultima hora não terei tempo.
- Enquanto Harry puxou o Tiago por gostar tanto de voar, você puxou sua mãe que é tão certinha.
- Pior que é verdade Remo. Se não fosse a Hermione, o Harry já tinha repetido de ano junto com o Rony.- contou Lily.
- Ah, eu também era bastante estudioso, tá Lily?- falou o marido virando os hambúrgueres com uma espátula.
- Você era exibido, isso sim. Só o Remo e eu estudávamos. Você, o Sirius e o Pedro só farreavam.- defendeu-se a ruiva.
- Eu ouvi meu nomizinho por acaso?- perguntou uma voz nova no grupinho.
- Finalmente você chegou Almofadinhas.- disse Tiago abraçando o melhor amigo.
Sirius ainda continuava lindo apesar dos anos e talvez mais charmoso. O maroto cumprimentou cada um, junto com um rapaz e uma menininha da mesma idade que Alana. Ela, ao ver quem estava ali disse para a recém-chegada, que era morena e tinha os cabelos acinzentados iguais aos de Sirius.
- Que bom que você chegou Stefanni. Ganhei uma boneca nova e meu pai a enfeitiçou, agora ela anda sozinha e até fala!- contou Alana agitada ao ver a amiguinha.
- Oba, eu quero ver.- respondeu Stefanni.
- Vem.
- Sem bagunça. – falou Sirius ao ver as duas se afastarem e entrarem na casa.
O rapaz que acompanhava Sirius continuou saudando todos do lugar, mas se deteve em Ann.
- Olá? Como vai a minha princesa?
- Eu não sou sua princesa!
- Por que tão rebelde hoje? Você devia estar feliz porque seu irmão está fazendo aniversario.
- Eu não sou o Harry, sabia John?- retrucou a moça.
John, o filho de Sirius mais velho era idêntico ao pai quando tinha a mesma idade, sem pôr nem tirar. Olhos acinzentados, cabelos negros que lhe caíam no rosto e era um menino muito mais bonito que Harry.
- Por que não pode ser legal comigo pelo menos uma vez?- perguntou o rapaz fazendo cara de triste para Ann.
- Porque eu te conheço. Fica dando em cima de mim, mas é o maior galinha de toda a Hogwarts.
- Como você me interpreta mal, Ann.- se defendeu John sacudindo a cabeça.
- Pai, dá um jeito no seu afilhado?
- Não sei o quê seu pai pode fazer, Ann.- Falou Sirius.- ele e sua mãe eram idênticos a você e ao John quando tinham a idade de vocês.
- Mas papai mudou, tanto que se casou com minha mãe e tem três filhos.
- E estamos casados até hoje, não minha ruivinha?- perguntou Tiago, enquanto abraçava a esposa e lhe dava um selinho.
- Tiago!-ralhou Lily, pois todos olhavam.
- É pai. Estão casados a tanto tempo e ficam se agarrando por ai.- argumentou Ann.
- Você vai ver que quando se casar pode não ser diferente, filha. Pensou num casamento entre os Potter e os Black?- falou Tiago.
- É princesa. Pensou nisso? -falou John.
Ann apenas bufou. Odiava o filho do padrinho do irmão, pois ele era bem persistente.
- Por falar em casamento, sabiam que Rabicho está na China?- perguntou Tiago enquanto retirava os hambúrgueres do fogo e os serviam.
- Não. Está sozinho? – indagou Lupin.
- Não, foi com uma mulher. Eu não a conheço, mas por foto digo que ela não é muito bonita não.- falou Tiago.
- O Rabicho nunca teve bom gosto para escolher mulheres e posso dizer isso porque entendo do assunto. Me casei uma vez, tive um filho, me separei, me casei de novo, tive uma filha, me separei. Isso fora os namoros a parte. Ainda estou à procura da minha alma gêmea.– disse Sirius fazendo uma cara de falso apaixonado.
- É uma pena que Pedro não está aqui. Eu acho ele legal.- comentou Ann.
- Ao menos está acompanhado. E você Aluado? Já está com quarenta anos e nada de se acertar com nenhuma moça- disse Tiago ajeitando o avental.
- Acho que meu caso não é mais para moças, Pontas.
- Nada a ver. Se é moça ou não, não importa. O importante é ficar com alguém que você goste e que goste de você. Não adianta você se isolar todo por causa de uma maldição. O Gui também não foi mordido por um lobisomem? E ele está casado e você sabe que a família Weasley não tem a melhor situação financeira, mesmo assim ele está com uma mulher e se amam.
Lupin deu um suspiro. Por que seus amigos sempre tinham
Que tentar lhe ajudar nesse assunto? Ele estava bem, não precisava de ninguém para dividir nada. O grupo foi conversando por alguns minutos sobre quadribol até que Harry chegou de braços dados com Gina Weasley, sua namorada. Atrás do casal também vinham Hermione Granger e Rony Weasley andando de mãos dadas. Todos cumprimentaram o aniversariante e lhe entregaram presentes. Lily, Tiago e Ann já haviam lhe dado os seus antes da festa. Sirius deu ao afilhado um livro sobre a historia do Quadribol e John lhe deu uma roupa própria para voar, parecida com o velho uniforme dele para os jogos de quadribol na escola. Gina lhe deu um livro sobre aurores, Hermione deu um relógio de ouro e Rony um aparelho que ajudaria Harry em suas missões como auror no Ministério.
- Grande Harry, como você cresceu! Parabéns, quantos anos está completando?- perguntou o padrinho, abraçando-o .
- Vinte.
- Vinte? Estamos ficando velhos, heim marotos?
- Realmente, aqui está o meu presente. Espero que goste. Felicidades Harry.- falou Lupin, entregando ao rapaz um embrulho marrom.
- Obrigado Remo.
Ao desembrulhar, Harry viu que era uma jaqueta. Não era roupa de marca, na verdade era bem simples, mas elegante.
- E os Weasley’s filho?- perguntou Tiago.
- Os gêmeos tiveram que trabalhar na loja de logros hoje. O Percy também tinha trabalho no Ministério com o Scrimgeor e o Carlinhos está na Romênia. Nenhum deles vêm. Só o Gui.
- Mas que pena!
- Quando chegamos na sala, Hermione e Rony saiam da lareira e os trouxe até aqui.- completou Harry.
- Seus pais vêm Rony? – perguntou Lily.
- Sim, senhora. Virão com o Gui.
- Não me chamem de Senhora. Me chamem de Lily.- falou a ruiva.- Hermione, quando o Harry me disse que você estava namorando o Rony eu não acreditei.
A garota riu. Praticamente não havia mudado nada desde que saiu da escola, diferente que Rony, que usava cavanhaque. Harry continuava a cara de Tiago, mas com os olhos de Lílian.
- Bem, depois de tantas brigas....- e Hermione riu.
- Gina, sirva-se.
- Obrigada, querido.- disse ela agradecendo a gentileza do namorado, que lhe servia petiscos.
- É, Gina sinta-se em casa. – pediu Tiago.
Dez minutos depois, Molly e Artur Weasley chegaram e cumprimentaram todos. Logo atrás, veio Gui com sua esposa de braços dados, como Harry e Gina haviam feito. O olhar de Lupin se estreitou ao ver o casal: Gui Weasley com Ninfadora Tonks Weasley. Eles se aproximavam sorrindo e Tonks meio que fez menção de torcer o tornozelo enquanto caminhava, mas o marido a segurou e ambos riram da cena. O que mais surpreendeu Remo não foi apenas saber que Tonks e Gui estavam casados mas também foi constatar outra coisa: Tonks estava grávida. Um grande barrigão era exibido na frente de seu peito. Sua roupa era um vestido amarelo simples, contudo combinavam com seus cabelos loiros e seus olhos azuis, que irradiavam felicidade para todos os lugares em que passava.
Algo em Lupin, mudou. Não estava mais gostando da festa, queria sair dali. Por que Tonks tinha que ter casado com Gui? Era horrível vê-la com outro, porem todos pareciam apreciar o casal.
- Olhem só a mamãe do ano!- falou Tiago enquanto cumprimentava com cuidado Ninfadora.
- Já sabem se será menina ou menino?- perguntou Lily, fazendo carinho na barriga da amiga.
- Será menina. Por sorte, esse era o desejo de Gui: ter uma menina primeiro.
Na verdade, também era o desejo de Lupin ter com Tonks uma menina primeiro. Ao olhar de esgueira, ele viu Gui felicitando Harry por mais um ano de vida e justificar a falta de presente, pois não trazia nada nas mãos.
- Prometo que lhe trarei na outra semana. Como esses dias foram lua cheia, não fiquei com uma boa disposição e enquanto não acho emprego só estamos vivendo com o salário de Ninfadora.
- Tonks!- exclamou a esposa.
- Não tem problema. Guardem o dinheiro do presente para o bebê. Sabe, fico feliz que estejam bem apesar de todos os problemas que vocês têm.- disse Harry.
- Temos que enfrentar nossos problemas e não fugir deles. Não existiria felicidade para ninguém se eles não fossem enfrentados. É uma pena que nem todos pensam assim, não é Remo?- falou Tonks para Harry, porem nas ultimas palavras lançou um olhar mortal para Lupin e o encarou, assim como todos, fazendo todo e qualquer vestígio de uma festa animada evaporar.
Lupin ergueu ambas sobrancelhas ao ver que todos mostravam ódio ao fita-lo.
- Você me abandonou quando eu mais precisei. Negou todo meu amor por causa de uma maldição estúpida! Mas saiba que agora estou muito feliz ao lado de quem realmente me ama. EU TE ODEIO REMO LUPIN! – as lagrimas rolavam no rosto da matamorfomaga.
- Como pôde fazer isso Aluado? Com a minha prima? Você não tem coração!- disse Sirius irritado.
- Sempre foi um covarde e nunca assumiu nada na vida e o pior é que agora fez a Tonks sofrer. Não acha que foi muita infantilidade? – atacou Tiago, jogando os espetos de ferro no chão.
- Eu diria que foi covardia.- disse Harry.
- Não é porque cresceu fisicamente que tudo o que faz é certo- foi a vez de Lily.
- Você tem noção de quantas vezes tive que enxugar as lágrimas da Tonks por sua causa? – perguntou Hermione.
- Eu e a Sarah sempre quisemos te ajudar, mas você ignorou tudo. Nunca se esforçou realmente.- Molly dizia com o dedo em riste para Lupin.
- Volte agora para seus lobisomens! Não é isso que você gosta tanto de afirmar?Que não passa de um mestiço?- falou Gina.
- Saiba que depois de tudo que você fez essa mulher sofrer, eu a transformei. Fiz dela uma pessoa feliz, coisa que você não fez. Não por falta de dinheiro, idade ou maldições, mas por causa de falta de vontade- alfinetou Gui.
- Não podia deixar de protege-la. Se eu a mordesse..- tentou argumentar Lupin.
- Mentira, fez por que você não presta, senão iria mostrar seus amor com ações: me fazendo feliz. Não importa se é certo ou errado para a sociedade, o que importa para duas pessoas que se amam é uma fazer feliz a outra- avançava Tonks enquanto empunhava sua varinha.
Lupin não acreditava em toda aquela fúria deles. Num momento, tudo estava bem e no outro, aquilo. De repente, todos começaram imitar Tonks, apontando para ele suas varinhas e o deixando encurralado. Tentou procurar sua própria varinha, mas foi em vão, não estava em nenhuma parte de sua roupa, porem tinha certeza que a trouxera.
- Procura por isso, Tio Remo? – Alana, a filha mais nova dos Potter lhe mostrava a varinha do lobisomem, sorrindo ameaçadoramente.
- Não, vocês não entendem...por...por ....por favor. Eu te amo Tonks.- o maroto olhava aterrorizado para a menina.
- Agora é tarde Remo. Parece que não, mas chega uma hora em nossas vidas que não conseguimos mais reparar os danos. Não é ruim ver quem amamos com outra pessoa? Agora, eu sou feliz, tenho um marido que mesmo sendo um lobisomem e pobre, ele me completa e me deu um filho. Nada dos seus motivos são reais para sermos separados -disse Ninfadora.
- Não.....esperem....não ..não podem... eu não tive escolha...
E todos avançavam armados para cima dele.
Remo finalmente abriu os olhos e se levantou numa fração de segundo na cama. Passou a mão na testa e viu que seu corpo estava coberto por suor e sua camisa se encontrava jogada num canto do quarto. Não soube exatamente em que momento do pesadelo se livrou dela. Tonks com outro? E grávida? Não, isso não poderia acontecer....seus melhores amigos estavam mortos. Tudo não passou de um sonho ruim, sim era só isso. Olhou para o relógio no criado mudo e viu que eram seis e meia ainda. Voltou a se deitar e tentou dormir novamente.



A campainha soou alta em todo o apartamento. Foram necessários quatro toques para despertar Tonks, que estava esparramada em sua cama, com os pés na cabeceira, fora das cobertas e segurando um dos travesseiros junto ao peito. A bruxa abriu os olhos com muito esforço e se levantou, depois de gritar um “Já vai!”. Assim, a visita parou de tocar a campainha e aguardou do lado de fora do apartamento, esperando ser atendida.
Ninfadora colocou seu penhoar vinho e se direcionou para a porta da sala, porem sentiu uma forte dor de cabeça devido à noite mal dormida, pois se revirara a noite inteira por causa das más lembranças e pelo choro. Seus olhos verdes estavam inchados e seu corpo bastante dolorido devido à força de Snape, sua luta em Hogwarts e suas várias noites dormidas em posições ruins em Azkaban. Ainda se espreguiçando e bocejando, Tonks abriu a porta de visitas e viu a silhueta de dois homens que ela não conseguiu identificar por causa da falta de luz no corredor de seu andar. “Que cabeça” pensou “estou sem minha varinha”. Ela estava com a cabeça tão nas nuvens e esquecera de que haviam Comensais soltos e um novo assassino e estuprador entre eles. Deu alguns passos para trás ainda tentando identificar os rostos, porem um dos estranho lhe disse:
- Podemos entrar, Srta Tonks?- perguntou uma voz conhecida.
- Senhor Scrimgeor?- disse a moça insegura.
- Sim.
- Entrem.- convidou e logo fechou a porta.
Um homem com a aparência de um leão velho entrou no apartamento mancando, seguido de um rapaz negro e alto, que empunhava uma varinha na mão esquerda. A metamorfomaga olhou para seu relógio de parede, que marcavam duas da tarde. “Ah não, esqueci de voltar para Azkaban e vieram me buscar!” pensou.
- O senhor Shackebolt aqui me contou o que aconteceu na noite passada, Srta Tonks – começou o Ministro, fazendo uma breve indicação com a cabeça para Kim, que estava ao seu lado.
- Senhor, posso explicar, não foi culpa do...- Tonks tentou defender seu amigo, mas foi impedida por Rufo, que levantou a mão para cala-la.
- Shackebolt me disse que a senhorita insistiu muito em ir para Hogwarts ajudar no combate contra os Comensais, estou correto?
- Sim, senhor.
- E que você tinha todas as chances de escapar da prisão fugindo, não?
- Senhor, eu juro que ia...
- Não terminei Srta Tonks.- disse o bruxo novamente interrompendo Ninfadora.- O que acha que deveria fazer agora, que te encontro longe da prisão e no seu apartamento?
- Não sei....ficarei presa mais alguns anos?- perguntou enquanto fitava o chão.
- Talvez, mas acho que na ocasião, o mais certo a fazer é devolver seu emprego de auror.
- O QUÊ? –
- Não gostou da idéia, senhorita?
- Não é isso. É que ....eu não esperava. Pensei que houvesse me despedido por andar me envolvendo com lobisomens.
- Não foi apenas por isso. Soube que a escola foi atacada por um monte deles, mas a professora McGonagall me contou que também que havia um deles que lutou a favor de Hogwarts.
Tonks não pôde evitar um sorriso.
- Lamento muito a forma em que lhe tratei nos nossos últimos encontros, mas ao constatar que não fugiu enquanto podia, que fez um trabalho fundamental ontem na escola e que precisa de um emprego, você voltará a ser auror, se quiser.
- Eu...eu...não entendo...- era muita informação para o seu cérebro de uma vez só. Voltar a ser auror? Era verdade que amava sua antiga profissão e que financeiramente era muito gratificante, mas assim? Do nada? Tonks deixou escapar uma pergunta que ao mesmo tempo sentiu que não devia faze-la. – Mas eu não estou presa?
- Seus serviços prestados à comunidade ontem foram perfeitos e todos da sociedade bruxa está muito grata por nenhum aluno ter sido ferido e mandaram centenas de corujas essa manha para meu escritório para que eu recompensasse os responsáveis por tal feito. Mesmo o Ministério não ter lhe dado o melhor tratamento ultimamente, ele concordou que Ninfadora Tonks deveria voltar a fazer parte de seu quartel general e quanto à sua pena de prisão, eu a considero suspensa, pois afinal o que é um ano?
Tonks refletiu aquelas palavras. Sabia muito bem que o Ministério precisava de reforços urgentemente, ainda mais com a ausência permanente de Dumbledore. Ao mesmo tempo, precisava de emprego e ter sua liberdade de volta era tudo o que mais almejava naquele momento.
- Está bem senhor. Eu concordo em voltar a trabalhar para o Ministério.
- Excelente. Vá depois mais tarde na sede do Ministério acertar o seu contrato. Shackebolt cuidará disso.
O outro bruxo começou a falar.
- É bom ter você novamente na equipe. Posso lhe adiantar que seu salário teve um reajuste e que você receberá quinhentos galeões por serviços prestados à comunidade voluntariamente quando vier assinar seu contrato como gratificação.
Ela só poderia estar sonhando. Voltara a ser livre, a ter seu emprego e ainda receber um bônus, isso era muito bom.
- Você está bem Tonks? Está com uma cara de choro.- perguntou Kim.
- Apenas cansada, fiquei muito triste com o que aconteceu com Dumbledore ontem.
- Sim, foi horrível- e ele deu um suspiro.
- Como foi sue trabalho em Lisboa?- perguntou a bruxa.
- Foi tudo uma armadilha. Comensais enfeitiçaram trouxas para que o Ministério levassem seus aurores para Portugal enquanto havia um ataque em Hogwarts. Queriam nos despistar, por isso que a escola ficou sem ninguém do Quartel General dos aurores.
- Muito espertos esses Comensais.- comentou Tonks alisando seu queixo.
- Bom, é isso Srta Tonks. Lhe esperamos essa tarde no Nível dois da Sede do Ministério. Tenha um bom dia- falou Scrimgeor cortante.
- Ate mais Tonks.- disse o amigo da Ordem da Fênix.
- Até.
A bruxa estava ainda abobada com o que lhe aconteceu nos últimos dez minutos. Remo tinha razão, não poderia ficar afundada em seu trauma para sempre, a vida continuava e coisas boas poderiam acontecer. Finalmente poderia ir visitar sua mãe e lhe contar que já estava tudo bem, fazendo-a se recuperar. E aproveitando o dinheiro extra que ganharia, poderia pagar parte da divida que tinha com ela quando Andrômeda lhe emprestou galeões para comprar a pedra Ônix para Snape. Como Tonks se arrependia de ter comprado aquela pedra agora.




Mesmo com as solas de seus sapatos estarem gastas, o som do eco que elas faziam ao tocar o chão eram perfeitamente audíveis. Os corredores estavam desertos, pois provavelmente os alunos já deveriam saber da morte do diretor e isso fazia com que ficassem em suas salas comunais. Remo procurava a Professora Minerva para comunicar que viajaria por um tempo. O que lhe prendia ali? A Ordem da Fênix provavelmente terminaria, porque alem da morte de Dumbledore, que era o maior cooperador e fundador, Snape também deveria estar ao par de todas estratégias da Ordem para deter o Lord das Trevas. Era obvio que contaria tudo para Voldemort. Lupin foi até a sala da professora para dizer sobre sua decisão, mas não a encontrou. Deveria estar muito atarefada por causa dos últimos acontecimentos. Talvez ela estivesse na sala do diretor e seguindo essa idéia, o lobisomem se direcionou para lá, contudo encontrou com uma pessoa inesperada no meio dos corredores. Hagrid tinha uma cara péssima, parecia que não dormira nada na ultima noite e seus olhos negros estavam bem inchados. Dando passos largos e pesados, parecia ir para o mesmo lugar que Lupin.
- Hagrid?
O meio gigante, que andava cabisbaixo, ergueu a cabeça à procura de quem lhe chamou.
- Ah, olá Lupin.-disse ao avistar o colega, depois voltou a andar de cabeça baixa.
- Você está bem?- perguntou Remo, embora já imaginasse a resposta.
Rubeo apenas suspirou. Era evidente que a ausência do professor o incomodava e muito.
- Posso fazer algo por você?
Hagrid parou de andar e fitou Remo.
- Pode me fazer um favor?
- Claro, me diga.
- Bem, eu não consigo fazer nada hoje. A morte do professor Dumbledore me despedaçou, nem tenho mais coragem de entrar em sua sala sozinho. Na verdade, eu a evito agora. Ele foi uma pessoa tão boa comigo e não merecia ser traído daquela maneira.- e grande gotas da lagrimas começaram a cair de seus olhos. Nem parecia aquele bravo ser que enfrentou Comensais há algumas horas- Você poderia...poderia...levar este pacote para a sala do diretor? É para o funeral amanhã. A professora McGonagall me pediu ajuda, mas não consigo mais entrar naquele lugar.
- Bem, para falar a verdade, eu precisava mesmo ir até o escritório do diretor falar com Minerva.
- Ah, mas ela não está aqui. Foi para o Ministério resolver alguns problemas relacionados com ontem a noite.
Que ótimo! Perdera sua viagem indo até a escola, contudo Hagrid passava por um momento difícil e precisava de ajuda. O que custava levar um embrulho azul para um escritório?
- Tudo bem, eu levo.
- Obrigado, Remo. De verdade, obrigado.
- Sem problema- disse o lobisomem pegando o embrulho das mãos do professor, que enxugava as lagrimas com uma das mãos.
Ambos tomaram rumos diferentes: Hagrid foi para fora e Lupin para a sala com uma Gárgula na frente. Falou a senha, que há pouco tempo Dumbledore fez questão de dizer a todos da Ordem da Fênix à senha de sua sala para o caso de procurarem-no para uma emergência. A gárgula se movimentou para o lado, dando espaço para Lupin subir a escada em espiral. Ao chegar em seu topo, ele empurrou a porta que dava na sala do diretor.
Um profundo silencio estava ali. Não havia mais Dumbledore, Fênix e até os aparelhos de prata que o diretor usava pareciam estar fora de controle com sua ausência. Lupin depositou o embrulho em cima da mesa principal e sentiu uma leve curiosidade em saber o que era, porem não se atreveria a abrir. Ainda olhando para o pacote, lobisomem foi se afastando dele, mas sem tirar seus olhos do objeto.
- Pronto, minha missão aqui já terminou.
- Você é que pensa Remo.
O homem deu um pulo. Conhecia aquela voz muito bem. Olhou ao seu redor desesperadamente, como se esperasse encontrar uma fortuna em galeões perdida no chão, contudo não encontrou ninguém.
- A sua missão não é apenas lutar contra Lord Voldemort.
A mesma voz falou. Remo, talvez acostumado em reconhecer sons com mais facilidade que os outros por causa de sua maldição, se voltou para as paredes, à procura da pessoa que lhe falara. Viu vários quadros de todos os tipos de diretores e diretoras, porem seus olhos azuis caíram sobre um novo quadro com fundo azul. Tinha uma poltrona vermelha no centro e nela, um velhinho com longa barba branca, oclinhos meia lua, vestia uma roupa típica de bruxos prata e a pontas de seus dedos estavam unidas sobre o joelho, com seus cotovelos se apoiando nos braços da poltrona.
Lupin olhou admirado para aquela imagem. Como poderia ter se esquecido que ele voltaria.
- Professor Dumbledore?- um sorriso nasceu em seus lábios.
O quadro apenas assentiu.
- O que ...o que quer dizer com isso? Minha missão aqui terminou sim. Não vou desistir de lutar contra os partidos das trevas.
- Então por quê vai viajar, meu caro Remo?
Como ele poderia saber disso? Realmente, havia muito no mundo mágico que o lobisomem desconhecia.
- Eu..eu..não posso mais ficar aqui. Ajudarei em outro lugar a combater Voldemort.
- Não duvido. Mas quem disse que a missão que me refiro tem a ver com Lord Voldemort?- e a imagem do quadro sorriu.
- Eu ...não estou entendendo.
- Ah...entendeu sim, Remo.
Lupin engoliu em seco. O que mais o prenderia ali?
- Talvez uma certa auror precise de você.
- Senhor, por favor, não quero falar sobre isso.- Remo desviou o olhar.- Não é possível eu e Tonks ficarmos juntos.
- E por que não?
- Ela merece alguém melhor.
- Alguém melhor que você? Acho difícil. Você é um excelente bruxo, é inteligente, nobre, bom, tudo o que é necessário para merecer alguém.
- O senhor esqueceu de mencionar que sou um lobisomem também- disse entediado, se sentando numa cadeira do escritório.
Um breve silencio se instalou na sala.
- Remo, você se lembra do que eu lhe disse no seu primeiro dia como aluno aqui em Hogwarts?
Ele assentiu. Como era possível esquecer?
- Disse que você poderia estudar aqui sem problema, mas teria que ter alguns cuidados. Todas as pessoas têm defeitos e sofrem por causa disso. Você não é nenhuma exceção. Disse que temos que saber usa-los para algo que nos seja conveniente. Com o tanto que você me ajudou espionando o grupo de Grayback este ano pude salvar muitas vidas.
- Então está dizendo que devo agradecer por seu um mestiço?- disse Lupin com sarcasmo.
- Não, estou dizendo que mesmo com nossos problemas, podemos dar um jeito na situação e sermos felizes. Você não encontrou os marotos em seus anos de escola? Garanto que a amizade de vocês ficou mais forte depois que passaram a acompanha-lo em aventuras noturnas durante a lua cheia. Você não fez amigos verdadeiros, mesmo eles sabendo que você era um lobisomem? Você poderia ter feito amigos sim, independente de saberem de seu probleminha, mas Tiago, Sirius e Pedro sempre estiveram com você, não foi? Por que Tonks não pode fazer o mesmo?
- É diferente. Eu poderia machuca-la por acidente.
- E com os marotos também não poderia?
Remo desviou seu olhar para o chão. Aquilo era diferente. O quê exatamente, ele não sabia, mas tinha que ser diferente.
- A sociedade me despreza, não quero que isso aconteça com ela, que acabou perdendo o emprego por minha causa.
Um outro quadro começou a falar.
- A jovem colorida voltou a ser auror. Tenho um correspondente na sede do Ministério e ele me contou. Ouviu uma conversa da menina com Fudge falando sobre a recontratação e que ela não voltará mais para Azkaban
Era incrível como aqueles ex diretores adoravam uma fofoca.
- Fillius está certo. Nos dias de hoje, o que importa é o que a pessoa realmente é. Tonks é uma ótima auror e por isso foi contratada. Ninguém está interessado em saber se ela é puro sangue ou não, apenas a querem por causa de seu profissionalismo.- voltou a falar Dumbledore.
- Comigo é diferente.
- Sim. Não nego que há preconceito para os lobisomens, mas acho que o maior preconceito vem de você mesmo, Remo.
Lupin se calou alguns minutos. Não podia se deixar convencer, era errado Tonks voltar com ele. Ela merecia alguém melhor.
- Eu não tenho dinheiro. Como posso sustentar uma família?
- Algum tempo atrás , os Weasley’s também passavam por dificuldade financeiras. Artur e Molly estão casados a mais de vinte e cinco anos e eles têm sete filhos. Dois deles já trabalhavam nessa época, porem eles ainda estão juntos e muito bruxos não gostam dessa família por causa de sua pobreza. Mesmo assim, Molly e Artur estão juntos ate hoje e não se importam com a opinião dos outros. Dinheiro é o de menos, o importante é o amor. Esse exemplo já te satisfaz?
Lupin respirou fundo. Mesmo assim, era impossível a união dos dois e tinha que provar isso para Alvo.
- Apesar de tudo, sou mais velho que ela. Já me disseram que sou o pai de Tonks. Ela merece alguém mais jovem.
- Por acaso, amor tem idade? Nos últimos anos de Ninfadora aqui na escola, sempre a vi com rapazes mais jovens nos corredores, porem eram garotos mais novos do que ela ou da mesma idade. Seus relacionamentos nunca duravam. Tonks sempre foi madura, embora às vezes ainda aja como uma adolescente. Apesar disso, ela sempre tinha idéias mais avançadas para alguém de sua idade. Se Tonks quer ficar com você é porque achou alguém com quem se identifica.
Dumbledore, falando sobre os sentimentos de alguém? O que ele poderia saber sobre os relacionamentos de Tonks? Uma breve lembrança veio à cabeça de Lupin. Quando Ninfadora entrou na Ordem da Fênix e depois terminou com seu namorado mais novo, ela mencionou que iria só namorar homens mais velhos ( N/A: Gente, na minha outra fic R/L terá essa parte melhor explicada, pois como eu disse, é uma anterior à essa) O lobisomem não estava mais tão seguro se fizera a coisa certa terminando seu relacionamento com Tonks. Alvo começava a convence-lo a mudar de atitude, porem ainda faltava um “empurrãozinho”para que isso acontecesse.
- Mesmo sendo assim, ela deveria encontrar uma pessoa mais velha e que não seja eu.
Alvo ajeitou os oclinhos e falou.
- Tem certeza?
- Claro.
- Então não se importaria de me contar do seu sonho ontem à noite.
Remo piscou. Como ele sabia disso? Como sabia que sonhara com Tonks e Gui formando uma família? Será que ele lhe mandou o sonho? Não, isso era impossível. Ele estava morto. Remo tinha certeza também que não ingeriu nenhuma poção de Sonhos, pois tinha muito cuidado com o que bebia desde a falsa poção mata-cão que Snape lhe enviou. Realmente, havia muito do mundo bruxo a aprender.
- Eu, aquilo foi só um sonho- argumentou Remo, que estava certo de que Dumbledore sabia do sonho da noite passada.
- Será? O que você viu na outra noite, não é nada mais do que seria a vida de seus amigos se não houvesse existido Voldemort. Tiago e Lílian estariam vivos e com mais filhos, Sirius também, Pedro estaria viajando, mesmo assim Tonks teria se apaixonado por você, que por sua vez a teria desprezado, fazendo-a se casar com Gui e ter um filho dele. Tem coisas na nossa vida não conseguimos mudar no nosso destino e um exemplo disso é que Gui foi mordido. Com ou sem Voldemort, isso iria acontecer, assim como o casamento de Lílian e Tiago.
- Como soube do sonho?
- Ah, Remo. Isso é o que acontece quando se tem anos de experiência.
Lupin odiava quando alguém lhe falava em código, porem percebeu que não era hora de ficar entrando em detalhe.
- Escute, não deixe para fazer algo amanhã que você pode fazer hoje. Pode se arrepender e o seu sonho é uma boa amostra do que lhe digo. Você queria estudar em Hogwarts, eu lhe dei a oportunidade e você acabou conseguindo concluir seus estudos. É a mesma coisa agora. Você gostaria de formar uma família com Tonks, ela lhe deu a oportunidade, mas você está desperdiçando-a.
O lobisomem pensou por alguns minutos. Isso foi o empurrãozinho para convencer Lupin de que agia errado durante todos esses meses. Ele tinha razão. O que faria se ela aparecesse com outra pessoa? Não podia deixar acontecer algo assim. Como sempre deixava a razão comandar seus atos, agora era a vez do coração faze-lo. Ao ver que suas palavras tocaram Remo, Dumbledore deu um leve sorriso e encorajou o ex aluno.
- Vá. Acho que a minha missão terminou.
Lupin saiu sem demora, sem nem mesmo agradecer, porem Alvo sabia que ele estava agradecido.



Depois que saiu da sala de Dumbledore, Remo rumava feliz pelo segundo andar. Na verdade, ele sempre quis ficar com Tonks, mas algo nunca o deixava e agora tinha todos os argumentos para que essa união desse certo. Entrava em um corredor, saía, ele fazia praticamente com ronda pela escola, pois estava tão distraído pensando que finalmente tudo se ajeitaria. Por sorte, ou não, Remo viu uma mulher muito conhecida num dos corredores e gritou.
- Tonks.
A moça de longos cabelos negros e olhos verdes se virou para o lobisomem, porem ela não sorriu, diferente de Remo.
- O que está fazendo aqui? – perguntou o bruxo.
- Estou vigiando a escola conforme Minerva me pediu. Ela foi para o Ministério e acha que agora mais do que nunca Hogwarts corre perigo. Estamos passando por um período difícil com a morte de Dumbledore e Você –sabe- quem pode aproveitar qualquer brecha para nos atacar.
- Soube que saiu de Azkaban e que voltou a ser auror. Parabéns.
- Obrigada- disse a garota dando um sorriso amarelo. Era obvio que não queria estar ali com ele.
Permaneceram em silencio por alguns segundos. Lupin queria muito lhe falar sobre seus sentimentos, mas morria de vergonha. Diferente de Tiago e Sirius, nunca tivera muito jeito para pedir para ficar com alguma mulher. Tentando fazer com que tudo fosse perfeito e que não fossem interrompidos, Remo sugeriu:
- Posso conversar um momento com você?
- Claro, pode falar.
- É...bem...não aqui. É pessoal. Podemos conversarmos a sós numa sala?
A metamorfomaga refletiu por alguns instantes. Não gostou muito da idéia de ficar sozinha com um homem num lugar fechado por causa de sua ultima experiência. Percebendo a hesitação de Tonks, Remo acrescentou:
- Só quero conversar, eu juro.
- Tenho que continuar a ronda.
- Por favor.- ele suplicou.
Depois de alguns segundos ainda de pensamentos, a bruxa concordou com a cabeça. A sala mais próxima era a de defesa contra as artes das trevas e foram até ela. Ao abrir a porta, Lupin recordou das vezes em que lecionara ali e bons momentos de sua vida profissional que passou. Teve medo de que Ninfadora não tivesse a melhor das reações, pois Snape também trabalhou naquele lugar nos últimos meses, mas se fosse assim, ela nem entraria mais no Castelo, pois o Ranhoso já havia estado em cada canto dele. Felizmente, Tonks agiu normal. Ambos caminharam até a mesas do professor, onde a moça se sentou e Remo ficou de pé.
- E então? O que quer me falar?- perguntou de maneira bem direta.
- Bem, eu....queria....na verdade...não sei como falar....
- Assim fica difícil Remo. Quando conseguir falar me avisa, ok?- disse enquanto ela
saiu de cima da mesa e se fez menção de ir para a porta. Por que ela estaria tão objetiva?
- Espera- o maroto segurou seus pulsos, a obrigando a voltar se sentar. – Eu tenho que lhe falar.
- Então fale- ela desviava seu olhar daqueles olhos incrivelmente azuis.
- Eu ..eu queria me desculpar com você. Fui um idiota inventando artifícios para nos separar. Perdoe-me, eu te amo e quero que comecemos uma vida nova, nós dois.
Ao ouvir aquilo, Tonks não se moveu continuou fitando o chão e seus olhos começavam a ficar marejados.
- Remo....eu...
- Não...espera. Eu sei que fiz tudo errado, que fiz você sofrer muito, mas agora podemos deixar tudo isso para trás e iniciar uma nova vida. Eu ia até viajar, mas mudei de idéia por sua causa.
- Re...
- É eu sei que terei que dar um jeito na minha aparência para quando for te pedir em namoro para os seus pais. Continuarei tomando a poção na mesma rotina. Já conversei com Slughorn e ele concordou em faze-la ainda.
- Remo...
- Eu sei que você também sempre quis isso e finalmente tudo agora vai se acertar, você vai ver. No começo vai ser difícil, mas vamos ficar bem.
- Remo, espera, deixe-me falar.
- Eu sei o que é. Não vamos morar juntos, só depois do casamento.
- Não é isso. Esse não é o problema.
- Então qual é?
- Eu..eu..eu..não quero mais que fiquemos juntos.- murmurou.
- Perdão?
Ela finalmente o olhou nos olhos e duas lágrimas saíram de seus olhos.
- Não quero mais saber de você.


Sorry – Madonna


Je suis désolé
Me perdoe
Lo siento
Me perdoe
Iek ben droevig
Me perdoe
Sono spiacente
Me perdoe
Perdóname
Me perdoe

I’ve heard it all before ( repeat)
Eu já ouvi tudo isso antes

Lupin pensou sentir seu coração travar e seu rosto empalidecer. Como assim não queria mais? Ela queria isso há algumas horas.
- O quê? Por que?
- Remo, não agüento mais essa pressão. Eu te conheço. Sei que me magoará de novo. Que quando qualquer coisinha der errado vai querer se afastar e me deixar de reserva. Foi assim em todas às vezes.
- Eu ..eu não estou te entendendo.
- É simples. Quando fui demitida, você já quis terminar tudo. Depois quando foi atacado nós nos entendemos na Ala Hospitalar- Tonks deu um breve sorriso, mas prosseguiu- Quando houve aquela confusão da morte daquela tal de Alicia, você me disse mais uma vez que nossa união era impossível. Acha que depois de tudo o que me falou posso te aceitar de volta e fingir que está tudo bem?
- Eu ...eu..
- Eu sei que logo você vai arranjar uma nova desculpa para nos separar e eu não agüento mais isso. Não agüento.

I don’t wanna hear, I don’t wanna know
Eu não quero ouvir, eu não quero saber
Please don’t say you’re sorry
Por favor não diga que você lamenta
I’ve heard it all before
Eu já ouvi tudo isso antes
And i can take care of myself
E eu posso cuidar de mim
I don’t wanna hear, i don’t wanna know
Eu não quero ouvir, eu não quero saber
Please don’t say forgive me
Por favor não diga me perdoe
I’ve seen it all before
Eu já ouvi tudo isso antes
And i can’t take it anymore
E eu não agüento mais


- Não vou mais te magoar, eu juro.
- Não Remo. Não posso mais acreditar no que me diz, você perdeu minha confiança.
- Por favor...
- Você me humilhou ontem. Precisava falar aquilo na frente de todos?
- Eu queria que você entendesse...
- Oh, eu entendo. Me usou e depois jogou fora
- NÃO FALE ISSO.
- É a verdade. O que o faria mudar de idéia?
- Eu tive um sonho.

You’re not half the man you thing you are
Você não é a metade do homem que pensa que é
Save your words because you’ve gone too far
Salve suas palavras porque você já foi muito longe
I’ve listened to your lies and all your stories
Eu escutei suas mentiras e todas suas historias
( listen to your stories)
escute suas historias
You’re not half the man you’d like to be
Você não é a metade do homem que gostaria de ser

- Um sonho? Acha que é o suficiente?
- Eu te vi com outra pessoa e grávida.
Ela refletiu por alguns momentos.
- Quer saber? Estou torcendo para que isso aconteça. Adoraria encontrar uma pessoa que não fosse covarde.
- É isso que pensa de mim? Que sou um covarde?
- Sim. Falar é fácil, mas e depois? Eu te conheço. Você tem razão quando me disse que mereço alguém melhor. Eu já ouvi tudo isso antes, já me acostumei. Me diz que me ama, que me adora, mas depois me larga, mas dessa vez não vou cair nessa.
Remo suspirou ao ver Tonks encharcada pelas lágrimas.

I don’t wanna hear, I don’t wanna know
Eu não quero ouvir, eu não quero saber
Please don’t say you’re sorry
Por favor não diga que você lamenta
I’ve heard it all before
Eu já ouvi tudo isso antes
And i can take care of myself
E eu posso cuidar de mim
I don’t wanna hear, i don’t wanna know
Eu não quero ouvir, eu não quero saber
Please don’t say forgive me
Por favor não diga me perdoe
I’ve seen it all before
Eu já ouvi tudo isso antes
And i can’t take it anymore
E eu não agüento mais


Don’t explain yourself cause talk is cheap
Não se explique porque falar é fácil
There's more important things than hearing you speak
Há coisas mais importantes que ouvir você falar
Mistake me cause i made it so convenient
Me engane porque isso é tão conveniente
Don’t explain yourself, you’ll never see
Não se explique, você nunca etenderá

- É sua ultima palavra?
- Sim. Dessa vez quem nega um romance sou eu. Quero que saia da minha vida. Vá viajar e me deixe em paz.
Ele a segurou pelos pulsos ao ver que a moça se descontrolava.
- Tonks, Tonks, me escuta, me dê a ultima chance. Eu não vou falhar.
- Não, não. Você diz que vai mudar e me pede outra oportunidade, mas no fundo sempre será o mesmo. Não adianta mudar isso.
Gomen nasai
Me perdoe
Mujhe maph kardo
Me perdoe
Przepraszam
Me perdoe
Slicha
Me perdoe
Forgive me
Me perdoe

( sorry, sorry, sorry)
( desculpa, desculpa, desculpa)
I’ve heard it all before ( repeat)
Eu já ouvi tudo isso antes

I don’t wanna hear, I don’t wanna know
Eu não quero ouvir, eu não quero saber
Please don’t say you’re sorry
Por favor não diga que você lamenta
I’ve heard it all before
Eu já ouvi tudo isso antes
And i can take care of myself
E eu posso cuidar de mim
I don’t wanna hear, i don’t wanna know
Eu não quero ouvir, eu não quero saber
Please don’t say forgive me
Por favor não diga me perdoe
I’ve seen it all before
Eu já ouvi tudo isso antes
And i can’t take it anymore
E eu não agüento mais

- Tonks...
- Não, eu não quero mais ouvir, chega.
Colocando as mãos em seus próprios ouvidos, ela se desvencilhou dele e saiu correndo para fora da sala, deixando Remo com seus pensamentos.

I don’t wanna hear, I don’t wanna know
Eu não quero ouvir, eu não quero saber
Please don’t say you’re sorry
Por favor não diga que lamenta
( Don’t explain yourself cause talk is cheap)
Não se explique porque falar é fácil
I’ve heard it all before.
Eu já ouvi tudo isso antes
And i can take care of myself
E eu posso cuidar de mim
(There’s more important things than hearing you speak)
Há coisas mais importantes do que ouvir você falar
I don’t wanna hear, i don’t wanna know
Eu não quero ouvir, eu não quero saber
Please don’t say forgive me
Por favor não diga me perdoe






Como se atreveu a pedir aquilo depois de tudo que fez a ela? Até quando iria durar a felicidade de ambos até Remo desistir dela? Não foi ele mesmo que pediu que o esquecesse? Por que fazia aquilo? Tonks pisava duro num corredor do Castelo em busca da lareira mais próxima e logo chegou no primeiro andar e entrou na sala de aula de Historia da Magia. Um lareira de bronze estava num dos cantos. Ninfadora a acendeu com a ajuda de sua varinha e, com raiva, jogou um pouco de pó de flu que trazia na bolsa no fogo. Segundos depois a moça entrou nas chamas verde- esmeraldas e murmurou o lugar aonde queria ir.


N/A: O q acharam da musicaaaaa? Eu a amo muito, não sou tão fã da Madonna, porem me apaixonei pela musica e acho q caiu como uma luva aqui no contexto da fic.
O q vcs acharam?
E eu mesma traduzi....nossa....toh melhorando ( q feliz!)

Sei que estou sendo xingada agora....talvez por causa da reação da Tonks, talvez por causa da proteção da Pedra Ônix sobre o Snape, pela demora do capitulo......e quem sabe até pela finalização dele....mas tenho uma boa explicação...

1o caso: Achei q seria interessante vermos uma imagem de uma Tonks chateada com Lupin e q o desprezasse. Adoro ver esses dois juntos, mas acho q ela tinha q mostrar dignidade e dizer um Não p/ ele. Sempre q foi ela q correu atrás dele. Achei legal inverter os papeis.

2o Caso: Eu jah tinha pensado em algo para proteger o Ranhoso, há algo melhor q uma pedra mágica dada pela Tonks? Pq vcs acham q ele não sofreu nenhum arranhão, tanto da Tonks como do Harry, no livro no caso? Essa é minha teoria.
3o caso: Demorei p/ atualizar pq meu computador pegou um vírus. Sim, isso mesmo, sorte q salvei num diskete senão.....ia demorar MESES p/ mim reescrever o capitulo....ele tava prontinho p/ ser postado, porem.....faio. Desculpem.

4o caso: O fim do capitulo foi assim pq não era minha intenção escrever capítulos 26 e 27. Eu queria terminar a fic com o 26 e fui escrevendo o melhor que pude. Quando terminei, vi que tinha 40 paginas então resolvi dividir ao meio. Ia ficar algo cansativo. Agora, se meu computador se comportar bem essa semana, vcs lerão no sábado os finais de Tonks, Lupin e Snape....sim, Snape também tem seu final. Eu adorei o fim dele, acho que combinou muito com seu jeito de ser.

Não escrevi mais sobre a noite da morte do Alvo pq o resto tah no livro, e o meu não está comigo, como jah disse.
Desculpem se tiver erros gritantes d coerência.

Gente, eu li essa fic e me apaixonei...li o primeiro capitulo e gostei. Li o segundo e adorei. LI o terceiro e não resisti.LI TUDO!!! É viciante e o shipper dela é Lily/ Tiago.....eu recomendo.

http://www.floreioseborroes.com.br/menufic.php?id=6315

Minha outra fic, de amizade à atração, ficou parada tambem pelo mesmo problema de computador.....eu me dediquei tanto ao ultimo capitulo dessa fic q nem pude escrever a outra.....tentarei escrever 2 essa semana.

Agradecimentos:

Fefa Black: Desculpa pela demora, mas minha justificativa está aqui em cima. Obrigada pelo incentivo, mas não eskeci d vcs não. Desculpa pela confusão dos nomes....eu não sabia.

Sâmya Carvalho: Ah, temos uma leitora ate então escondida! Bem vinda aos comentários. Obrigada pelo elogio e seja bem vinda aqui na fic. Desculpa pela demora.

livia souza Andrade: Q bom q vc gostou da fic......q feliz me deixa!!! Agora, capitulo novo soh semana q vem.

Isabela Bichara: Obrigada, que legal q vc goste do meu modo de escrever. Soh mais uma coisinha: eu sou mulher.

Flu e Mits: Realmente eu não conhecia aquele bicho de nenhuma mitologia, mas sabia q seu esforço em inventa-lo teve êxito e ficou muito bom.

Maria Luiza Araújo: O q aconteceu com sua fic?????? Parou? Não faz isso. O Remo sempre protegeria qualquer pessoa, mas acho q a Tonks ele o faz com um certo carinho a mais.

Sophie Tonks: Ah, eu escrevi grifinórios no outro capitulo sim. Agora, eu não sei qual o nome dos alunos da Corvinal.



Clara: Obrigada pelo apoio com minha prima....ela jah saiu do hospital e tah melhor. O Snape sempre escondeu ser um homem sinistro por trás e olha soh o q deu! Malvado, mas continua sendo meu personagem favorito.

Espero não ter eskecido de ninguém...se isso aconteceu, desculpa. Faz tempo q não atualizo.

Não percam o ultimo capitulo semana q vem!!!!

Obrigada a todoooooooooooosssssssssss pelo carinho e incentivo e desculpem de novo.

Comentem sim???? Fiquei um tempão digitando a fic.

Beijos

Gude Potter

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