Cativa



Em vão tentou destrancar a porta com magia (o cromo do devorador esquecera-se por completo da desarmar, ou então… achavam-na tão insignificante que a sua varinha protegê-la-ia tanto como palito).

Já farta de tentar arranjar feitiços que arrombassem, destrancassem, escancarassem, partissem ou explodissem com a porta, passou à acção manual…

Acabara de ficar com a maçaneta na mão, quando explodiu de raiva, pontapeando a porta com toda a força… ao invés de se ver livre daquele sentimento que a corroía por dentro, encheu-se de uma dor aguda que lhe percorreu a perna fazendo-a gritar.

Coxeou até à cama e atirou-se para cima da mesma. Esta partiu-se sobre o peso inesperado, e ela sentiu-se cair no chão com um embate doloroso para a sua coluna.

Levantou-se praguejando, arranjando a cama com a varinha.

Quanto tempo teria de ficar ali fechada, naquele quarto deprimente, sem janelas e cujas paredes manchadas de humidade exalavam um cheiro pouco agradável?

Sentou-se lentamente na cama, que constituía a única mobília existente, e pousou a cabeça sobre a almofada.

Na sua cabeça fervilhavam ideias para cada possível encontro com o Lord das trevas… sempre o imaginara como um assassino sanguinário, e sempre acreditara que se um dia fosse levada à sua presença, cairia morta antes de conseguir chama-lo de troll… mas afinal… sentia-se desiludida.

No fundo, o seu sangue Slytherin, aclamava Voldemort como um ídolo, e por outro a sua veia de Auror, chamava-a para o lado do bem fazendo-a vê-lo como um alvo a ser destruído.

No entanto, nunca imaginava que na primeira vez que o visse frente a frente ele a tentaria beijar à força!

Riu quando o seu cérebro pensou paralelamente: “Se ele tivesse pedido com gentileza… talvez!”

Naquele pensamento acabou por cair no sono, cansada com todos os acontecimentos daquele dia. Talvez amanhã quando acordasse
percebesse que tudo aquilo não havia passado de um sonho.

Enganara-se.

Na manhã seguinte, quando acordou, sem saber que horas eram devido à ausência das janelas, ainda se encontrava no mesmo quarto repugnante.

Tentou levantar-se, caiu imediatamente, devido aos pés acorrentados.

_Mas que raio?!...

Levantou-se pegando na varinha e tocando na corrente com a ponta da mesma, ao soltar o feitiço não viu as suas correntes soltas, mas a sua varinha atirada ao ar, indo bater na parede para cair pesadamente no chão.

Aos saltos, agarrou-a e voltou a guarda-la no bolso, já irritada com todas aquelas coisas anti feitiço!

_São as porcarias das correntes que não se partem! A porcaria da cama que se parte! A porra porta que não abre!

A porta abriu-se.

Uma cobra gigante sibilou do outro lado da porta, mais assustadora do que alguma vez ela pudesse ter imaginado.

O seu sibilo fê-la tremer até aos ossos. Girou os olhos de aflição tentando atrapalhadamente agarrar a varinha, implorando para que a cobra não fosse também anti feitiço.

Antes que pudesse lançar algum feitiço alguém atirou um rato morto para trás da cobra gritando:

_Má Nagini! Não comas as presas do papá!

_Ah! – gritou Orion arrastando-se ainda no chão, até à parede mais próxima.

Voldemort apareceu na ombreira da porta, sorrindo maliciosamente, ostentando no rosto a expressão feliz de quem estava a adorar aquilo tudo.

_Eu não sabia que além de assassino também eras canibal!

_É… - afirmou ele – Apesar de tu não pareceres nem um pouco apetitosa! Aposto que és dura que nem galinha velha.

_Como te atreves?! – gritou-lhe ela tentando levantar-se mas em vez de erguer-se, conseguiu apenas cair para a frente. – E solta-me destas correntes! – praguejou com voz fanhosa devido ao nariz assente no chão.

_Só se me deres um beijo.

Ela voltou-se de barriga para cima usando as mãos para pôr-se de gatas.

_Nunca. Preferia beijar a Nagini!

_Como queiras… - ele voltou-se assobiando para a cobra que por trás dele se moveu imediatamente.

_Nã.. não… era uma maneira de falar!

Ele arqueou as sobrancelhas.

_Pensava que não me achavas apetitosa. – comentou.

_E não acho. De qualquer maneira não pretendia comer-te os lábios! Mas deixa mudei de ideias.

Ela deixou escapar um rosto de desilusão, mas não percebeu se ele reparara ou não.

_Vais soltar-me?

Ele balançou a cabeça negativamente.

_Vá lá!

_Logo. Quando tiver tempo para a nossa conversinha… entretanto vim ver se tinhas sobrevivido à noite, nunca se sabe, com esse bicharocos que andam à solta nestes corredores… poderias estar mortalmente ferida.

Fechou a porta deixando-a de olhar arregalado enquanto perguntava:

_Bicharocos?! Tom… que bicharocos?!

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