Um Natal enegrecido- Completo!

Um Natal enegrecido- Completo!





18- Um Natal enegrecido

Poucas palavras foram trocadas até que os quatro chegassem à mansão Stoneheaven. Christopher, assim como Eva, não parecia muito disposto a conversar, o que era definitivamente muito incompatível com sua personalidade. Porém o garoto sabia o que o esperava, seria a primeira vez, após a visita em St. Mungus, que ele se reuniria à família.

A mansão de Stoneheaven estava ligeiramente mudada. Ao invés da iluminada casa de pedra, agora havia uma enorme casa branca, completamente coberta de neve. Era uma paisagem incrível, capaz de fazer até o mais fanático por centros urbanos querer se mudar para o campo. O som dos pássaros e os pinheiros alinhados conquistavam qualquer um que por ali passasse. As montanhas ao fundo, o caminho de pedras que conduzia à porteira de carvalho, as janelinhas com seus vidros ensebados pela respiração daqueles que se encontravam dentro da casa.

Aliás, neste Natal a mansão estava definitivamente muito cheia. Assim que os quatro chegaram, foram cumprimentados por uma série de convidados ilustres: Paola e Julietta Gallo, Majeika Diderot, noiva de Peter, o casal Pfullendorf, amigos da família que tinham comprado a mansão vizinha e estavam de mudança. Os elfos domésticos, Wyvern e Kwin tinham trabalho triplicado e andavam tropeçando pela casa, ora com bandejas, ora com malas.

Um banho quente e aconchegante, um lanche levado em seu quarto por um dos elfos, malas jogadas pelos cantos de seu quarto, os livros novos colocados no lugar de alguns frascos de poções e em fim Eva pode descansar, disposta a enfrentar os convidados de sua família apenas no dia seguinte.

Logo pela manhã do dia que se seguiu, tudo parecia mais agitado. Eva fora acordada por seu irmão Peter, que lhe havia levado café na cama, com o auxílio de Kwin, o elfo. Ele também tinha reclamado pelo fato de ela não lhe ter escrito, além de dizer que se livrou dos problemas que o atormentaram no mês que Eva voltou a Hogwarts.

─ Mas claro que ele se livrou dos problemas, paguei todas as suas dívidas ─ dizia Majeika a Eva, se intrometendo na conversa sem ser convidada.

Assim que se vestiu e desceu, seguiram-se novos cumprimentos de “bom dia”. Pensou em se trancar em seu quarto e ficar em paz, mas mal teve tempo de colocar o pé no primeiro degrau da escada e logo Jane Rookwood, sua mãe, sussurrou algo em seu ouvido:

─ Eva, minha filha, estava com muitas saudades. Mas infelizmente não poderemos conversar, pois tenho que dar atenção aos convidados até seu pai chegar. Preciso de sua ajuda. Por que não mostra a casa à Julietta, enquanto eu levo a Sra. Gallo e os Pfullendorfs para um passeio no vilarejo?

O que há alguns tempos atrás teria sido muito divertido, hoje pareceu a Eva extremamente desagradável.

─ Claro ─ sua cara revelava claramente a falta de vontade. Deu meia volta e caminhou em direção à amiga. ─ Olá, Julietta, não tivemos tempo de conversar ontem, eu cheguei muito cansada ─ Nem mesmo Julietta desconfiaria que Eva estivesse sendo falsa, mas era evidente que alguma mudança havia ocorrido nela. ─ Venha, deixe-me mostrar-lhe a casa.

─ Não se preocupe, Eva ─ disse Julietta, polidamente ─ Reparei que tinha acabado de chegar de Hogwarts.

─ Por aqui, vamos subir, vou lhe mostrar meu quarto. Só lhe peço para que não repare na bagunça.

Mas Eva não tinha mais que se preocupar com a bagunça, pois tudo já estava muito bem arrumado. Seus caldeirões em miniatura continuavam alinhados, seus frascos multicoloridos alegravam o quarto, e sua pilha de livros agora disputava espaço com um abajur mágico em sua mesa de cabeceira.

─ Gostei do seu quarto, parece muito mesmo com você ─ comentou Julietta.

Eva pareceu não gostar do comentário, pois a decoração de seu quarto não estava de acordo com seus novos gostos, nem tampouco com seus novos objetivos.

─ Seguindo este corredor os quartos dos meus pais, o de Peter, onde estão Majeika e ele e o de Christopher. Já deste lado, temos o quarto de hóspedes, onde presumo que estejam sua mãe e você, o quarto de Saris e o quarto de Elektra.

As duas desciam as escadas. Eva mostrava os aposentos, sem cerimônias.

─ É uma bela casa. ─ elogiou Julietta ─ E quanto ao subsolo?!

─ Nem mesmo eu entro lá. ─ Eva ficou pensativa, pensou que era estranho ela não conhecer determinadas partes de sua própria casa ─ Laboratório de trabalho de meu pai e também seu escritório pessoal, freqüentemente o ministério deixa trabalhos para ele fazer em casa.

─ Entendo ─ finalizou Julietta, com uma expressão distante, talvez partilhando do mesmo pensamento de Eva.

As duas saíram da casa e percorreram o caminho de pedras, passaram pela porteira de carvalho e rumaram para um belíssimo lago local:

─ Este é o lago Stone Shadow, onde costumamos esquiar no Natal. Não estamos muito longe do mar, fica a menos de dois quilômetros daqui seguindo nesta direção ─ Eva apontava no sentido em que o lago parecia percorrer.

─ O mar aqui deve ser muito diferente do mar da Itália! Podemos aparatar até lá?!

─ Claro.

Ao chegarem ao terreno arenoso que circundava o mar, as amigas caminharam silenciosamente. Julietta parecia compreender a mudança de Eva, como se fosse cúmplice dos fatos que a envolveram nos últimos meses. Mas Eva não se importava muito com que a amiga pensava ou deixava de pensar, apenas queria cumprir seu papel de anfitriã até o fim daquele terrível e desagradável feriado.

Julietta mostrava sua varinha e apontava para a areia, fazendo desenhos disformes enquanto andava, Eva parecia distante. Quando reparou no que a amiga estava fazendo, olhou curiosa para a varinha de Julieta, que era feita de várias camadas sobrepostas de uma lustrosa madeira negra.

─ Qual é o ingrediente mágico da sua varinha?

Julietta ria, balançava a cabeça. Parou de andar, subiu em uma rocha e encarou Eva.

─ Lágrima de Maximillian.

─ Como suspeitei. ─ Eva também ria.

─ E o da sua?

─ Esta varinha ridícula?! ─ Eva tirava a varinha das vestes ─ Não é exatamente minha, digo... Esta varinha não me escolheu, a herdei de minha madrinha Amélia, é composta por escama de sereianos, por isso a cor rosa.

Após mais algumas horas de caminhada, as duas finalmente voltaram para a mansão. Eva acreditando que seu tempo estava sendo perdido e Julietta muito intrigada por vê-la odiar sua própria varinha.

Mas Julietta não parecia tão surpresa quanto poderia estar...

As garotas voltaram caminhando para a mansão, pois assim Julietta poderia conhecer mais detalhes do vilarejo que na sua grande maioria era residido por famílias bruxas. A estrada de terra deixava claro que por ali não se passava carros. Tudo era muito bem conservado, os animais silvestres saltavam de galho em galho sem sentirem-se ameaçados. As raras flores de inverno permaneciam intactas em seus recantos pálidos, ainda não estava nevando e ao passar pelo lago podia-se ver o reflexo do pôr-do-sol em suas águas congeladas.

Julietta sentiu que seria inapropriado perturbar Eva com sua companhia, uma vez que esta estava dispersa e procurava ao máximo ficar sozinha. Ao chegar à mansão, Eva trocou suas vestes e trancou-se em seu quarto, como estivera pensando em fazer desde manhã. Já que mostrou tudo o que tinha para ser mostrado (mesmo que isso lhe tivesse custado absolutamente o dia inteiro), de agora em diante sua mãe não teria mais desculpas para incomodá-la, mesmo sem saber da existência de seu interesse em isolar-se.

Mas o seu tempo de sossego foi muito menor do que pensava. Uma forte batida na porta interrompeu a leitura de “Feitiços aplicados a poções”:

─ Posso saber por que sua porta está trancada? ─ perguntou Peter, ao entrar e encostar a porta.

─ Porque eu estou lendo ─ Eva balançou os ombros e levantou o livro empoeirado, deixando-o a vista do irmão.

─ Você está... lendo?! ─ Peter parecia incrédulo ─ O que está acontecendo com você? Hoje é véspera de Natal, se esqueceu?! Hoje é aquele dia em que os trouxas comemoram o nascimento do que para eles é um pai em determinadas religiões! E nós ganhamos e trocamos presentes!!!

─ Não sou trouxa, logo não tenho nada para comemorar. ─ ela fechava o livro, pausadamente ─ Mas interesso-me pelos presentes ─ abriu um sorrisinho desdenhoso ─ Desde que não sejam roupas, ou essências, ou frascos!

─ Você sofreu algum acidente nesse trimestre?! ─ Peter aumentava o tom de voz ─ Sempre amou ganhar frascos, desde que tinha dois anos de idade!

─ Caso não tenha reparado, eu não tenho mais dois anos de idade. ─ ela se levantava.

Peter segurava firme no braço direito da irmã:

─ Pare com isso! Existem dezenas de presentes esperando por você lá em baixo. Papai e o Sr. Gallo chegaram e eu exijo que você desça comigo agora!

Peter vencera. Eva desceu, contra sua vontade. Estavam todos reunidos à mesa. Uma tradicional mesa de ceia de Natal, com tudo o que tinha direito. Enormes perus decorados com cerejas, chester com abacaxi, vinhos italianos, purê de abóbora... Sete metros de iguarias e petiscos que deixaria qualquer um com água na boca. A neve começava a cair lá fora, todos pareciam muito contentes, o casal Pfullendorf, ambos albinos e aristocráticos, já estavam completamente integrados com a família Gallo.

─ Pena que Mítchel não pode vir ─ comentou Elektra.

─ Ele anda ocupado, querida ─ respondeu a Sra. Gallo, gentilmente.

─ Mas fico muito feliz que Peter Rookwood esteja presente ─ disse Michelangelo, encarando o filho de seu amigo com um brilho de admiração nos olhos.

─ Meu filho mais velho é de fato digno de estar a esta mesa conosco! ─ Augusto disse em alto tom para todos, após beber sua segunda taça de vinho ─ Mas infelizmente não posso dizer o mesmo de meu filho mais novo ─ Augusto encarava Christopher, que se encolhia em sua cadeira, evitando o olhar do pai ─ Sabe, Michelangelo, qual a profissão que meu filho almeja seguir? ─ perguntava ele ao amigo, como se estivesse interpretando um personagem muito expressivo ─ Ele diz querer ser auror! Não é por menos que seja o único Rookwood a não pertencer a Sonserina!

O menino não sabia como reagir, em seus olhos as lágrimas estavam contidas, pois seu orgulho não permitia derramá-las.

─ Tendo uma família com um histórico tão honrado, querer fazer parte de uma classe tão desprezível como os aurores, sempre arrogantes e acreditando que o nosso mundo necessita de suas nobres tarefas! ─ o constrangimento de Christopher já estava passando aos outros membros da família, Saris se remexia em sua cadeira, desconcertada, e Eva não via a hora de tudo aquilo terminar. Mas os Gallo e os Pfullendorfs pareciam concordar com absolutamente tudo que Augusto Rookwood pronunciava, e sentiam certo prazer ao ver o filho mais novo ser humilhado por querer ser diferente.

─ Definitivamente, acho que até os elfos domésticos desta casa são mais parecidos conosco do que meu filho mais novo, se é que posso chamá-lo de filho!

─ Já chega papai! ─ cortou Peter ─ ele ainda é criança, é natural que queira seguir outros caminhos, mas vai amadurecer.

Christopher não mais agüentou, as lágrimas contidas rolaram por sua face vermelha. Por sobre os olhares de todos, ele saiu chorando da mesa rumo ao seu quarto.

─ Oh. Perdoem-me por isso ─ desculpou-se, constrangida, Jane Rookwood ─ Ele sempre foi um bom menino, não está acostumado a ter sua atenção chamada desta forma ─ tentava amenizar a situação ─ com licença, volto em um minuto ─ e retirava-se da mesa.

─ Bem... ─ Eva se manifestava ─ Então... ─ tentava concentrar a atenção de todos de volta à mesa ─ Mas a final, para onde foi Mítchel? Por que ele não pode vir?

Por um momento todos ficaram em absoluto silêncio, como se a pergunta tivesse sido inoportuna. A Sra. Gallo encarou Augusto Rookwood, como quem pede autorização para responder, mas antes que Augusto pudesse falar qualquer coisa, Julietta decidiu-se por responder honestamente:

─ Meu irmão teve que ficar escondido na Itália. Ele fez parte de um ataque aqui no Reino Unido e foi identificado. O ministério está a sua procura.

─ Por que não vamos todos abrir os presentes? Mal conseguimos passar pela sala da lareira de tão cheia que está, não é mesmo? ─ convidava César, ao ver que a conversa podia se tornar mais densa do que todos gostariam.

Jane conseguira acalmar Christopher, e os dois se encontraram com o resto do grupo na ampla sala da lareira. De fato, estava repleta de pacotes e sacos multicoloridos. Os presentes estavam identificados por nomes. Peter foi o primeiro a abrir um embrulho. Ganhou um belo par de luvas aveludadas de sua noiva.

─ Ah, muito obrigada, querida ─ ele sorria, gentilmente, ao dar um selinho em sua noiva ─ Sabe que estas luvas são de grande utilidade para mim, não é? ─ ele encarou-a, com uma expressão de cumplicidade, que Majeika pareceu entender muito bem.

Aquele fora o único momento do feriado que chegaria mais próximo de diversão para Eva. Ganhou muitas coisas interessantes: um novo diário de sua mãe, um belíssimo chapéu que muda de cor, de Majeika, um frasco especial para poções a frio em formato de ampulheta, de Peter (entendera então porque ele se sentira tão ofendido quando ela menosprezou os frascos de poções, sentiu-se culpada).

E ainda tinha mais! Ganhou uma esplendida adaga prateada de César, o que definitivamente ela gostou muito, pois as adagas tinham uma grande utilidade em alguns rituais mágicos. De Saris, ganhou um porta jóias em forma de unicórnio, de Elektra, um disco da banda bruxa Conciliábulos, de Julietta, um livro sobre poções medicinais, dos Pfullendorfs, um vestido de inverno, de Paola, uma tiara, de Christopher, um saquinho para armazenamento de pó-de-flu. E por fim, os dois presentes que mais apreciara, o de Michelangelo Gallo e o de Régulo:

─ Mas é esplendida, ele deve ter pagado uma fortuna por ela! ─ exclamou impressionada a Sra. Rookwood.

─ Os Black sempre tiveram um ótimo gosto. Já viram as cabeças de elfos que eles têm em sua casa?! ─ elogiou Augusto.

Eva segurava seu presente com orgulho. Nunca aprendera a jogar quadribol, mas a linda Comet 180 que segurava em suas mãos representava para ela um tesouro inestimável. Era o primeiro natal que ganhava um presente de Régulo, e estava tão feliz que mal conseguia conter-se dentro de si mesma. Segurava a vassoura com as duas mãos, analisando cada detalhe da madeira lustrosa, ficava a imaginar como ela iria agradecer e como seria quando eles se reencontrassem em Hogwarts.

Já o presente que ganhara do Sr. Gallo representava para ela o início de uma coleção muito mais interessante do que a de frascos de poções. Era algo raro e muitíssimo poderoso, algo que antes para ela seria inútil, mas agora representava o que havia de mais interessante no mundo da magia. Mal pode acreditar no que seus olhos viam, seus amigos da Sonserina iam ficar loucos quando soubessem, principalmente Régulo e Ulisses.

Eva segurava-as com cuidado, admirava suas diferentes formas e brilhos, o conteúdo era opaco e fluído, algumas eram quentes, outras muito geladas. Manuseava as bolas elementais com cuidado e lançava ao Sr. Gallo um profundo olhar de gratidão.

─ Sr. Gallo, muito obrigada! Nem sei como agradecer ─ seus olhos brilhavam.

─ Não seja boba, criança. Sei que já deve saber como usá-las. E, por favor, chame-me de Michelangelo.

A sala ficara cheia de papeis de presentes. Wyvern e Kwin recolhiam os presentes e levavam aos quartos de seus respectivos donos. Eva estava sentada entre César e Peter, fazendo comentários empolgados sobre os presentes que ganhara, quando Kwin surgiu repentinamente com um singelo pacote em mãos:

─ Senhorita Eva, senhorita Eva─ disse o elfo ─ encontrei este presente atrás da poltrona ─ ele erguia o pacote acima da cabeça ─ ele tem seu nome, senhorita Eva.

─ Obrigada, Kwin ─ intrometia-se Peter, encarando o elfo com desprezo ─ agora volte ao trabalho ─ continuou, sério, ao pegar o presente das mãos surradas do elfo.

─ Imediatamente, meu Sr., Kwin apenas cumpriu com sua obrigação─ o elfo voltava tropeçando para suas tarefas.

Peter entregou o presente a Eva. Ela não exitou e desembrulhou-o imediatamente. Dentro do embrulho havia a identificação do remetente:

─ Sue Ellen Flaubert ─ Eva lia, pausadamente.

Todos na sala pareciam ter parado seja lá o que estivessem fazendo para prestar atenção em Eva. Por um momento ela pensou que todos já soubessem o que havia no embrulho, pois por suas expressões de espanto, poderia ser facilmente uma bomba. Mas ao ver que o conteúdo do embrulho era um simples porta-varinha, foi obrigada a admitir que era apenas sua imaginação.

Eva entregou o presente para que Wyvern levasse ao seu quarto e reparou que algumas pessoas ficaram estranhamente constrangidas por terem-na observado com tanta curiosidade. Ela não tinha entendido o porquê de Sue lhe ter dado um presente, pois nem ao menos eram amigas. Sentiu-se sem graça, pois não lhe havia enviado nada. Pensou em mandar-lhe um cartão de Natal por Max, para não passar em branco.

Todos acabaram por dormir muito tarde, e no dia vinte e cinco acordaram muito depois do horário que costumavam tomar café-da-manhã. Eva analisou seus presentes, lamentou por ter ganhado apenas um livro. Deixou separado o que ela mais tinha gostado: as bolas elementais, a comet 180, a adaga prateada, o saquinho de pó-de-flu. Apanhou o único livro que ganhara e saiu para dar uma volta.

Caminhou até o lago, onde sentou-se para folhear o livro de poções. O clima era bastante frio, mas nada insuportável, e ela pensou que ficaria mais tempo sozinha no lago do que em seu quarto.

Pensou errado.

─ O lorde das trevas apenas queria ter mais influencia em Hogwarts, mas sabe que com Dumbledore lá, terá que agir com cautela...

─ Mas papai, o que tem em Hogwarts de tão importante?! ─ a voz era de Saris.

─ Nosso mestre quer assim, minha filha, não adianta questionar!

─ Apenas estamos deixando nossos contatos em Hogwarts muito expostos, a morte de Artemis Garner deveria ter parecido acidental, eles são jovens ainda!

─ O que importa é que não foram descobertos ─ respondeu Augusto, rispidamente.

─ Mas a escola está apinhada de aurores!

Augusto ficara em silêncio por alguns instantes.

─ Malditos aurores! Já não basta a dificuldade que tenho para atuar no ministério por causa deles! Aquele Moody me deixa louco, sempre metendo o nariz onde não é chamado!

Eva ouvia tudo boquiaberta. Sua cabeça estava em turbilhão. ¬─ Saris então sabia quem foi o responsável pela morte do professor Artemis? ─ ela pensava, confusa ─ Seu pai sabia, também. Então, então... seu pai e sua irmã estavam do lado...

Eva ficou alguns minutos esperando as idéias esfriarem em sua cabeça. Quando conseguiu se concentrar, a primeira coisa que lhe veio em mente, foi uma frase dita por Marrie Valence, da Corvinal, após o ataque ao St. Mungus.

— O seu pai está vivo, Eva. Não aconteceu nada com ele, ele apenas estava no hospital na hora do ataque!

Claro que não aconteceu nada com meu pai, era ele quem estava atacando! ─ Eva concluía em pensamento ─ Pelas barbas de Sonserina, como fui burra, nunca nem percebi! Minha própria família!!!

Seu pai e sua irmã estavam cada vez mais perto de Eva, que resolveu fingir estar concentrada em seu livro. Pai e filha avistaram-na por entre as árvores e vieram caminhando lentamente em sua direção.

─ Tão cedo aqui, minha querida? ─ perguntou Augusto, com um sorriso paterno nos lábios.

─ Vim curtir o lago, um pouco. ─ respondeu ela, seca.

─ Esta tudo bem, minha filha? ─ Augusto passava as mãos pela cabeça da filha, reparara que seu comportamento estava muito diferente nos últimos dias.

─ Sim. Só me sinto um pouco deslocada, como se eu estivesse em um lugar onde ninguém confia em mim.

─ Mas do que é que você está falando, Eva? ─ perguntou Saris, olhando para trás e percebendo que o resto da família e os convidados vinham chegando.

─ Não é nada! ─ ela levantava-se, com uma expressão séria ─ Vocês vão voar sobre o lago, ou esquiar? ─ ela queria sair logo dali, e deixava isso claro.

─ Vamos esquiar ─ respondeu Saris, sem entender o porquê de sua irmã estar mal humorada.

Todos chegaram e partiram para o lago congelado. Era engraçado ver o reflexo das roupas coloridas refletindo no gelo. Christopher era um esquiador exemplar, ele fazia movimentos incríveis, talvez tentando chamar a atenção de seu pai, para que este recuperasse o orgulho que tinha do filho. Mas se foi essa a intenção de Chris, ele não obteve sucesso, pois Augusto travava uma conversa séria com Mackenzie Pfullendorf.

─ Ganhou um presente de Régulo, heim? ─ Saris recomeçava ─ Então estiveram mais próximos este ano?

─ Um pouco ─ respondeu Eva.

─ Mandou algum presente para ele?

─ Sim.

─ E o que mandou? ─ Saris insistia na conversa.

─ Uma camiseta do Space Elementals.

─ Ele deve ter adorado! ─ Saris parecia empolgada ─ espero que vocês comecem a namorar logo!

─ O que foi que você disse?! ─ Eva se exaltara ─ Por que não cuida do seu casamento e me deixa em paz?!

─ Calma, eu só estava brincando! ─ zombava Saris.

Os olhos de Eva estavam quase saltando das órbitas, fechava sua mão com força, como se quisesse dar um soco na irmã. Elektra, ao lado da Sra. Gallo reparou na expressão de ódio de Eva e se assustou.

Tudo aconteceu muito rápido na cabeça de Eva. Foi dominada por um ódio intenso e incontrolável. Não queria mais compartilhar aquele ambiente com seus familiares, sentia raiva de todos que estavam ali, provavelmente todos ali sabiam, pois Mítchel e o Sr. Gallo eram partidários de Voldemort. Agora tudo fazia sentido. Todos mentiam para ela, com certeza concordavam com Régulo, achavam-na burra... Lembrou-se das palavras de Estephanie Mainz, a sangue-ruim ─ “Régulo precisa de uma garota inteligente... Não que você não seja! Mas... Ele precisa de alguém para enfrentar estas mudanças que estão acontecendo no mundo bruxo, mudanças que você nem ao menos sabe do que se tratam”.

Não, de fato, não sabia, pois ninguém jamais contara a ela.

Nem mesmo seus pais.

─ Luvriu Exunerariun ─ gritou ela, apontando a varinha para o lago.

Ninguém teve tempo de se defender. Eva tinha certeza de que conseguiria executar o feitiço de explosão, pois já havia explodido aquele tinteiro, quando Estephanie falara o que não devia. O que tinha dúvidas era em relação ao feitiço Luvriu, mas ao ver o resultado de sua feitoria, sentiu-se orgulhosa.

O lago inteiro havia rachado.

Por muito pouco a explosão não feriu alguém. Todos saíram do lago imediatamente, com medo de serem engolidos pela água que se revelava por entre os blocos de gelo. O Sr. Rookwood, com uma expressão que teria assustado até mesmo um bicho papão, voltou-se para onde Eva estivera, esperando dar o maior castigo que já dera para um de seus filhos.

Mas Eva já não estava mais lá.

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Correu o máximo que pode, entre risadas e um profundo calor que sentia. Chegou a sua casa absolutamente suada, empurrou a porta com força, jogou o livro em um canto qualquer.

─ Wyvern! Wyveeeeern ─ gritava ela ─ Quero minha mala agora, coloque roupas, rápido!!! ─ ela parecia estar louca.

Subiu para seu quarto, recolheu os presentes de natal que havia separado. Desceu as escadarias em disparada. Uma voz agourenta era lembrada por sua mente:

Você não vai agüentar sua família no Natal, eles acham que você é apenas uma menininha. Mas você não é. EU NÃO SOU. Fuja, fuja, FUJA

Seu lado negro refletido pelo espelho estava certo. Eva não agüentava mais, e estava fugindo.







N/A:

Viram??? Estou conseguindo atualizar com mais frequencia! Eu disse que estava me esforçando bastante, não disse?
Pessoal, obrigada pelos comentários!!!
Só respondendo o comentário da Mary Black: as gêmeas entram em Hogwarts um ano antes de Harry Potter, mas não penso em criar um romance entre ele e uma delas. Talvez até se conheçam, mas elas seriam da turma da Cho, o que não seria mto legal... Bem, eu posso mudar de idéia... Obrigada pela dica em relação ao Ulisses, prometo pensar no caso com carinho, apesar de eu já ter um plano para ele e seu par romântico (que está na história, por sinal);

Kristina, a sua fic está ótima, parabéns!!!
Igor, a sua fic tbm é mto legal!!!
E Isis, tbm adoro a sua fic!
Helessima, finalmente consegui postar o 18 (apesar de ainda faltar uma parte), espero que goste!

Um gde beijo a todos o/

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