Invasão no galinheiro II





19-Invasão no galinheiro

Eva voou até seus membros ficarem dormentes, atravessou o norte da Escócia no que pareceram longas duas horas. O frio era cortante, sua face já não tinha mais sensibilidade. A baixo de si, conseguia ver apenas enormes tapetes brancos, manchados de verde, no que seriam condados gélidos e cheios de neve. Vez ou outra passava por lagos congelados e desabitados. Tudo era escuro e cinzento, exceto pela varinha de Eva, que se mantinha firme em sua mão.

Após voar por horas, sua mente parecia clarear e o ódio se dissipar, até que enfim Eva pode determinar exatamente qual seria seu objetivo: primeiramente passaria em Gringotes e pegaria uma boa reserva de galeões (seu pai iria matá-la, mas ela não mais temia aqueles em que não podia confiar), não poderia voar em cidades, pois seria vista por trouxas, então decidiu que pegaria um trem para o oriente. Desceria na estação de Trento, em Verona e seguiria caminhando até a mansão Gallo, se fosse possível.

O Beco Diagonal estava repleto de bruxos e bruxas, parecia um lugar seguro, uma vez que havia aurores patrulhando o local. Eva temia encontrar alguém conhecido que a fizesse perder tempo, então cobriu seu rosto com o capuz de sua capa e seguiu caminhando apressadamente. Chegou ao banco, que não estava menos cheio do que as lojas, e se adiantou para uma das filas. Passaram-se dez minutos e a fila parecia não andar, pois alguém muito confuso discutia com o duende, alegando que tinha enfeitiçado seus galeões para parecerem sicles. Eva, muito entediada, voltou-se para o duende:

— Com licença — encarava-o, puxando o capuz para trás e revelando seu rosto — Eu sou Eva Rookwood — fazia uma pausa e analisava a expressão do duende — Estou com muitíssima pressa e preciso apenas retirar alguns galeões do cofre de minha família. Será que preciso realmente esperar nesta fila?

— Precisa esperar — disse o duende, rispidamente.

— Srta. Rookwood?! — perguntou o homem confuso que estava ao caixa — Ah, por favor, pode passar à minha frente — o homem retirava suas bugigangas do balcão e dava passagem a Eva, que agradeceu com um sorriso amarelo. Ninguém na fila parecia ter feito objeção ao fato de Eva ter passado à frente, mas o duende agiu como se tivesse sido insultado.

Eva prosseguiu com a retirada do dinheiro. Jamais seus pais teriam lhe dado tantos galeões de uma só vez. Trocou parte do dinheiro por euros, comprou pó-de-flu e guardou-o no saquinho que Christopher lhe dera. Atravessou a passagem para O caldeirão furado, onde se voltou para o lado dos trouxas. Dirigiu-se à estação e comprou a passagem para a Itália. Embarcou no Expresso do Oriente, foi logo ao restaurante do trem para poder tomar o chá das cinco.

A viagem tinha sido confortável, apesar de estar em meio a um grande número de trouxas, tudo era silencioso e tranqüilo. Eva reparava que sua coruja não a tinha abandonado, pois assim que a noite começou a cair, ela podia vê-la a voar ao lado do trem, como se estivesse fazendo sua guarda. Sentiu-se feliz por isso.

Em sua cabine privada, teve uma ótima noite de sono. Assim que amanheceu podia-se notar que o trem já não estava no Reino Unido. Por volta do meio-dia finalmente a última parada era atingida. Foi o único momento em que Eva teve dúvidas a cerca do que estava prestes a fazer. Muitas coisas vieram em sua mente neste momento. A morte dos pais de Cellin e de Marrie Valence, do professor Garner, os alunos mortos e feridos no ataque a Hogsmeade. - O que exatamente este tal de Voldemort pretendia? E por que minha família parece estar do lado dele? O que fazer agora, ficar ao lado de uma família que me exclui de seus objetivos, escolher o outro lado? Mentir? Apenas levar a vida como sempre...? – estes eram os pensamentos que assombravam a mente de Eva. Contudo ela permaneceu firme na missão que assumira.

Pelo mapa que recebeu no trem, concluiu que a mansão Gallo definitivamente não ficava próxima à estação de Trento, e para seu azar, ela estava em uma cidade com muitos trouxas curiosos, o que significava que vassoura não era uma opção, ao menos que...

Eva sentou-se num banco de madeira na saída da plataforma. De sua mala tirou a bolsa que continha seus presentes de natal, manteve seu olhar fixo nas bolas elementais.

Tirou de dentro da bolsa uma esfera arroxeada, cuja o conteúdo perolado parecia querer sair de dentro de seu refúgio. Discretamente, Eva tirou sua varinha da capa, deixando apenas sua ponta à vista, apontou a varinha para a esfera:

— Libertus! — seus olhos ficaram fechados por alguns momentos, o conteúdo da esfera parecia possuí-la. Eva mentalizou o que pretendia que o feitiço de ilusão fizesse, exatamente como havia lido em seus livros.

A esfera ficou fazia e transparente. Aparentemente nada tinha acontecido.

Mas Eva precisava saber se havia dado certo. De seu diário, rasgou uma folha, amassou-a e jogou no primeiro trouxa que olhou para ela. Era um homem magro e intelectual, olhou para os lados desnorteado, e quando se convenceu de que só o vento poderia ter jogado aquela bola de papel ali, depositou-a no lixo ao lado do banco em que Eva estava sentada.

Funcionou. Estava invisível!

Recolheu os objetos mala adentro, saiu da estação. Pegou sua vassoura, que havia sido reduzida para caber na mala, fez-la voltar ao normal, montou-a e rumou para a mansão Gallo.

Max, a coruja, parecia saber o que fazia, conduzia Eva por um caminho certo e ao que pareceram ser trinta ou quarenta minutos notava-se a estrutura da mansão Gallo em meio às árvores densas e estradinhas de terra. Tinha sido muito mais fácil do que imaginava. O difícil estava por vir.

Diante daquela imensa porta de madeira, Eva sentia-se apenas humana. Bateu três vezes e enquanto aguardava, passava as mãos pelos cabelos e pelas vestes, tentando garantir uma boa impressão.

Ninguém respondeu.

Bateu novamente na porta. Olhava para trás e para os lados, buscando sinais que comprovassem que o local não estava totalmente deserto. Mas tudo o que conseguia ver eram as árvores com suas belas folhagens balançando, o único som presente era o do vento. Colocou a mão no trinco da porta com certo receio e girou-o. Estava aberta. Entrou lentamente, seus pertences bem seguros em sua mala, que estava presa ao corpo. O átrio da mansão Gallo definitivamente era maior que a de qualquer outra mansão que Eva já visitara. Mas somente agora que a residência se encontrava vazia é que ela podia sentir a imponência de sua grandeza. Eva se sentia como uma boneca em uma imensa casa de brinquedos.

— Olá?! — sua voz ecoava pelos corredores profundos, tornando o ambiente ainda mais sombrio.

Eva sabia que Mítchel Gallo estaria ali, então se esforçou para lembrar o caminho até o jardim que ficava dentro da mansão. Andou por entre corredores repletos de portas, muitos quadros a acompanhavam com o olhar, trazendo uma ligeira sensação de desconforto. Ao fim do corredor, virou à direita e finalmente esteve em um cômodo familiar, a sala de jantar circular. Foi então que Eva viu algo que perturbou seus sentidos, um quadro com um rosto conhecido: olhos azuis elétrico, sorriso simpático, cabelos claros... Professor Richard Goldsmith!

Mas o que estava fazendo um quadro do professor Richard Goldsmith em uma residência dos Gallo?

Já tivera surpresas demais neste feriado, não queria nem imaginar a razão de aquele quadro estar ali, guardaria a informação para trabalhar nela mais tarde. Conseguiu encontrar o jardim, estava exatamente como se lembrava. Era realmente formidável, as escadas que conduziam ao interior da casa lembravam-na de sua primeira conversa com Julietta, a fonte em forma de harpia... As rosas negras estavam grandes e vistosas, balançavam com a brisa, como se soubessem que estavam sozinhas. Eva caminhou tranquilamente por entre os corredores do jardim e admirava o esplendor de sua magnitude.

Deixou seus pertences aos pés da fonte e caminhou pelos corredores de braços abertos, sorrindo. Sentia-se mais confortável agora, estava sendo dominada por uma felicidade incontrolável, tudo parecia mais quente e aconchegante.

Um grande estrondo. Um barulho inexplicável parecia ter vindo dos andares superiores da mansão. Eva despertara. Pegou sua varinha, agachou-se junto às rosas e, apontado para as raízes, executava o feitiço para extraí-las, recolhia uma por uma, até juntar um belo buquê de rosas negras. Levantou-se e começou a caminhar rumo aos seus pertences. Sombras surgiram à escadaria. Eram elfos domésticos, três ou quatro vinham em sua direção falando frases grosseiras em italiano.

Eva nada compreendia, prendeu sua mala ao corpo e começou a caminhar no sentido contrário.

— Não entendo! Preciso ver o Mítchel! Estou aqui para vê-lo!! — ela gritava, mas os elfos pareciam hostis, como se quisessem que ela largasse as lágrimas no chão — Droga, eu já disse que quero ver Mítchel, não falo italiano!!!

Ela sabia que não ia adiantar, e não estava disposta a perder tempo. De sua mala, tirou algo:

— Libertus! — gritou, jogando a bola Elemental no chão, próximo aos elfos.

Do chão brotaram raízes espessas, elas cresciam em tamanho anormal e se enrolavam ao corpo dos elfos, prendendo-os ao chão. Eva começou a correr, tinha um mau pressentimento. Se Mítchel estivesse na casa com certeza já teria aparecido.

Eva começou a correr, não ia a toda velocidade, pois sua mala não estava leve. Parecia ter se perdido novamente. Se viu em um ambiente repleto de árvores, parecia ser a parte de trás da casa, não se lembrava de ter conhecido aquele lugar da última vez que viera. Ouvia gritos, sua respiração estava ofegante, definitivamente havia alguém ali.

Ao recuperar o fôlego voltou a correr, tinha a varinha em mãos. Parou em um corredor e entrou em um aposento, o qual parecia ser um escritório. Tirou de sua mala outra bola Elemental de coloração azulada:

— Não, essa não — suspirava com pressa — Onde você está, eu sei que existe uma eletromaga aqui.

Mexia compulsivamente em sua mala em busca do objeto que possivelmente poderia deter seja lá quem estivesse na casa. Concentrada em seus pertences, teve sua atenção voltada para uma mão que tocara seu ombro. Seu coração havia acelerado e seus músculos estavam contraídos.

— Por Merlin! Eva Rookwood???

Respirava aliviada agora. Estava diante de Mítchel Gallo.

— Que bom que o encontrei, preciso conversar com você, tenho...

— Espera — ele caminhava até a porta do escritório, apontava a varinha para a fechadura e enfeitiçava-a. Voltava-se para Eva — Bom, eu não esperava visitas — sorria — muito menos quando estou sendo perseguido...

— Você estava no ataque a Hogsmeade... Por quê? — Eva deixava seu corpo relaxar, sentando-se no chão. Mítchel aproximava-se e agachava ao seu lado.

— É tudo muito complexo. Não sei se sou a pessoa certa para lhe dizer — Mítchel encolhia-se, ao ouvir um tremendo estrondo no que parecia ser o andar superior.

— O que foi isso?! — Eva levantava, assustada.

— Tranquei grande parte das portas com um feitiço selador. A casa tem 67 aposentos e o feitiço não é fácil de ser quebrado. Eles vão demorar um pouco para nos encontrar.

— Eles? Eles quem?!

— Aurores.

Eva ficara atônita. Sua cabeça continuava confusa. Caminhou lentamente até a escrivaninha de mogno e sentou-se na cadeira. Mítchel acompanhou seus movimentos e sentou-se na cadeira de frente a escrivaninha. Parecia que estavam entrando em reunião.

— Por que tudo isto está acontecendo?! — Eva encarava Mítchel, com certa fúria no olhar.

— Bom. Acho que já é madura o bastante... — ele a encarava, agora com uma expressão séria — Vou ser claro. Se me pegarem, eu tenho inúmeros mecanismos para fugir, e é por isso que eu estou em casa e não em outro lugar. Agora, se você for vista aqui, colocará a sua família em risco, uma vez que você é uma Rookwood e está na residência de bruxos das trevas.

— Bruxos das trevas?! — ela pulava da cadeira.

— Ora, o que acha que somos, duendes encantados?! — ele ficava cada vez mais agitado.

— Então... Vocês tem ligação direta aos assassinatos?! — ela ficava sem ar.

— Somos chamados de comensais da morte... — ele prosseguia — Seguidores de Lord Voldemort, seguimos seu plano rumo a um mundo de puros-sangue — as explosões pareciam estar cada vez mais próximas — Escuta, não temos muito tempo. Eu deveria estar fugindo pela floresta que fica aos fundos da casa. — ele segurava a varinha firmemente — Não posso levá-la comigo e não posso deixá-la aqui, irão relacioná-la diretamente ao seu pai e... Augusto Rookwood é fundamental, não podemos nos arriscar a perdê-lo.

— O que está pensando em fazer?! — ela olhava assustada para a varinha que estava nas mãos do rapaz.

— Eva, é para o seu próprio bem! — ele apontava a varinha para ela — Não vou machucá-la.

— Mas eu vou...
“ Libertus!” — Eva jogava a bola elemental na direção de Mítchel, ela parecia voar em câmera lenta, tornando-se maior e mais brilhante até que explodia em um show de luminosidade. Inúmeros raios percorriam seu corpo até que ele caísse inerte no chão. Eva pegava sua vassoura, abria a enorme janela que ali havia.

— Devia ter pensado nisso antes.

E rumava para o céu.










N/A: Este é apenas o começo do cap... O meio e o fim estão por vir... \o/


N\A: Pessoal, só para não ficar sem atualizar, postei o meio do cap...




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