Consciência contra mudança de

Consciência contra mudança de





12- Consciência contra mudança de hábito


Tudo no final de semana que passara foi notoriamente comum. Eva ficou entre o pátio, o salão comunal e o salão principal. Colocou suas tarefas em ordem, andou lendo um romance que Elektra a tinha enviado, auxiliou sua colega Ingrid em um dever de poções. O máximo de descomunal que pode ter acontecido foi ela ter evitado Régulo ao máximo, pois ainda se achava pensativa com relação a tudo o que havia acontecido com Cellin e não queria, sob nenhuma circunstância, que Régulo reparasse nisso.

Quanto à Cellin, raramente era encontrada pelo castelo. Não recebeu autorização para comparecer ao enterro de seus pais (não havia sobrado corpos para serem enterrados), assim sendo, resolveu se trancafiar em seu salão comunal e ficar remoendo seus pensamentos infelizes. Irvine tentava enviar bilhetes, recados, chocolates e etc, mas Cellin nem ao menos reparava, o máximo que fazia era temer por seus amigos que também fossem nascidos trouxas. Talvez... Talvez os pais deles seriam os próximos...

Na segunda-feira, Eva procurou almoçar antes de seus amigos, assim que havia saído das aulas de feitiços. Engoliu o arroz e o rosbife e virou um cálice de suco de uva. Saiu correndo do salão principal e trombou com o professor Otto, no caminho, fazendo com que os pergaminhos deste se espalhassem pelo corredor:

— Desculpe, professor — murmurou Eva.

— Não se preocupe — Otto recolhia seus pergaminhos — Aonde a srta. vai com tanta pressa? — ele a encarava, com um simpático sorriso.

— Eu... Estava pensando em escrever uma carta urgentemente — enrolava Eva.

— Espero que não esteja pensando em faltar à aula de runas... — o olhar de Candle era infantil e brincalhão.

— Mas é claro que não!

— E como vai a sua irmã, Saris?

— Ela vai bem, está de casamento marcado.

— Que saudades que tenho. Ela era uma das minhas melhores alunas. É claro que ela sempre preferiu as aulas do velho Slughorn, assim como você prefere as aulas do professor Cardiff, suponho?

— É uma verdade — Eva se sentia mais confiante, pois começavam a andar e a tomar distância do salão — Eu adoro poções. Runas é interessante, mas confesso que me inscrevi por insistência da Saris.

— Deve fazer aquilo que gosta... Mas quem sabe... Futuramente... Runas pode lhe vir a ser útil, hã?

Eva abria um sorriso agradável:

— O senhor tem razão.

— Ah! — Otto se confundia com os seus montes de pergaminhos nos braços — Querida Rookwood, acho que quando nos encontramos, acabei por pegar um pergaminho seu por engano. Veja, este mais recente, aqui. Mais perto do meu braço esquerdo.

— Sim! Deve ter caído do meu bolso — Eva pegava o pergaminho — Obrigada. Bem, agora eu vou indo, antes que comece a aula de runas. Preciso mesmo escrever aquela carta. Até logo.

— Até logo, e veja se não esquece do livro de runas desta vez!

Eva se distanciou, se queixando por não ter lembrado de ter mandado para arrumar a capa cuja o bolso havia sido furado pelo amuleto. Abriu o pergaminho para saber do que se tratava, mas antes de concluir já havia lembrado, pois o papel estava todo amassado e ainda úmido. Era a carta que Saris havia mandado na semana passada.

— Tenho certeza de que eu tinha colocado no bolso que estava bom... — resmungava ela, agora descendo as escadas — Deve ter caído com a trombada — parou no meio da escada que agora se movia, mudando seu rumo — Droga de escada! ... Saris estava certa... Sempre certa... Envenenei a maldita... — a escada havia parado — Hei! O que está havendo?!

— Esta escada está com problemas — uma voz sussurrava, logo abaixo de Eva.

— Problemas? Não me diga que terei de pular?

— Pule, e caía lá embaixo, morra e venha nos fazer companhia — o barão sangrento atravessava o chão da escada e se posicionava na frente de Eva. Por sobre sua imagem translúcida e brilhante, Eva podia vislumbrar a profundidade em que cairia, caso tentasse pular.

— Não desta vez — tirava a varinha da capa e apontava para a escada — Paralovalius soprannis — a escada estremecia, e com um rangido, voltava a se mover.

— Morrer... Ora essas... — caminhava e procurava recapitular o antigo caminho, se encontrava no corredor que conduzia à enfermaria — Aproveitando que estou aqui — olhava para a carta semi-destruída que estava em sua mão — Não custa nada saber... — e voltou a caminhar.

Após alguns metros, entrou na ala hospitalar e procurou a enfermeira com o olhar. Ela estava na janela, aparentemente contemplando a paisagem. Eva pigarreou , coçando a cabeça, e a enfermeira logo saiu de seus devaneios particulares.

— Em que posso ajuda-la, criança? — seu rosto jovem demonstrava eficiência e determinação. Ela arrumava o lenço branco na cabeça, enquanto se aproximava lentamente de Eva.

— Na verdade... — Eva olhava para os próprios pés — Estava curiosa a respeito de uma poção que vi aqui... Será que a senhorita se lembra... Eu ministrei um remédio à Medaline Emburgo, da Grifinória... Eu queria saber o que era aquela poção e principalmente o último ingrediente. Acho que nunca o vi antes.

— Como é bom ver uma aluna assim, tão dedicada! Bem, aquela era uma poção que costuma acalmar o sistema nervoso... O último ingrediente era Enicquos, uma semente que é utilizada para neutralizar o efeito de algumas poções que podem ser nocivas a organismos frágeis.

— Quer dizer que aquela poção independe do último ingrediente? Como ela se chama?

— Sim, claro... São coisas independentes... A poção é Hanelarium, indicada para distúrbios emocionais, nervosos, mentais...

— Certo! Hanelarium e Enicquos... Ok! — Eva guardava mentalmente os nomes. Seu rosto meigo contorcido em uma expressão concentrada.

— Mais alguma coisa?! — a enfermeira começava a desconfiar do interesse excessivo de Eva.

— Ah, não, não. Isto é tudo. Muito obrigada... Até logo — e ela se retirava apressada. Saia da ala hospitalar repetindo para si mesma os nomes que ouvira. Passava por portas e mais portas, quadros, alunos, aurores. Andava a passos de gigante pelo corredor.

Esperançosa, não mais se preocupava com um possível encontro com seus amigos da Sonserina, ela andava o mais rápido que podia para poder encontrar-se com o pessoal que terminava o almoço. Precisava se encontrar com Cellin. Desviando-se do batalhão que usava o mesmo corredor, ela espichava o pescoço para ver se localizava a amiga sumida. Não tardou para que ela identificasse o broxe reluzente entre vários alunos da Grifinória, sem exitar, ela ergueu os dois braços para cima e fez sinal para que Cellin a reparasse:

— Ora, apareceu... Não veio almoçar? — Cellin se aproximava. Já estava um pouco mais corada. Os olhos castanhos refletiam a iluminação intensa que vinha do teto invisível do salão. Alunos de todos os tamanhos passavam por entre as duas, dificultando a comunicação.

— Vim mais cedo hoje... Venha — e puxava Cellin pelo braço — Preciso lhe fazer uma pergunta...

— Ca-calma. Por que a pressa? Ainda falta meia hora para a próxima aula...

Eva encostou Cellin em uma estátua, bem longe do fluxo de alunos que se dispersavam do salão principal.

— Eu preciso saber... Quando você esteve na ala hospitalar... Você esteve tomando uma poção, não é?

— Sim — Vicker estranhara a pergunta — Por quê?

— Qual? — Eva a cortava — Qual era a poção?

— Hum... — Cellin parecia pensativa — Acho que era Hibernus, só para dormir — ela abria um sorriso especulativo — O que é que você está aprontando?

— Não é nada! — Eva beijava a face de sua amiga e saia correndo pelo corredor, saltitante.

— Hei, é contra as regras correr pelos corredores do castelo — Cellin gritava, rindo, admirando a repentina alegria da amiga — Ah, Evinha... como eu queria estar feliz como você....

Até que tinha sido benéfica a sua idéia de almoçar mais cedo. Sobrara tempo para uma pesquisa rápida na biblioteca. Andando devagar, para recuperar o fôlego, ela parou em frente à estante reservada aos livros de poções medicinais. Apontando para as capas com o dedo, ela as lia rapidamente para localizar o título que mais se adequava à finalidade de sua pesquisa, até que finalmente encontrou algo que parecia servir:

— “Cálculos Específicos para Poções Medicinais” — murmurava ela, retirando o pesado livro da estante.

Conduziu o livro até a responsável pela biblioteca. Locou-o e guardou-o na mochila. No verso de um pergaminho usado, anotou os nomes: “Hanelarium, Enicquos e Hibernus”. Rumou para sua aula de runas, a qual assistiu extremamente entediada. Teve vontade de faltar em sua próxima aula, que seria história da magia, mas respirou fundo e decidiu que se foi capaz de aturar aulas duplas de runas, o que seria uma aulinha de história?

Ao fim daquele dia, que parecia ter sido o mais alegre desde seu retorno a Hogwarts, Eva sentou-se em uma escrivaninha vazia, no salão comunal, e depositou sobre ela o velho exemplar do livro que pegara. Retirou o pergaminho do bolso e procurou pelas páginas amareladas os nomes referentes ás poções que pretendia encontrar... Anotava logo abaixo tudo o que precisava saber e em fim, pôde calcular qual seria o resultado da mistura que tinha dado a Medaline na semana passada.

— Não é possível!!! — Eva socava a mesa.

— O que não é possível?! — Régulo encostava-se na cadeira em que Eva estava sentada, olhando para o pergaminho em que ela escrevia — Não conseguiu terminar o dever de poções? — ele estranhava.

— Não, não é nada disso — ela parecia irritada. Colocava o pergaminho dentro do livro e fechava-o — Terminei o dever faz tempo.

— Tenho uma ótima notícia!!! — ele tirou a capa e colocou-a na cadeira, agora dobrava as mangas da camisa com meticulosa perfeição.

— Conta! — Eva jogava o livro na bolsa. Analisava a expressão charmosa de Régulo e concluía que ele iria enrola-la até que implorasse — Não faça mistérios!!!

—Vou jogar quadribol na Irlanda!!! — dizia ele, com uma nota de entusiasmo forçada.

— O quê? — A expressão dela era de um desespero evidente.

— Brincadeira... — ele soltava uma risada espontânea — Já temos um novo apanhador... Ou melhor,uma nova apanhadora... E adivinha quem é?— Régulo nem parecia reparar na expressão de alívio que tomava conta do rosto de Eva — A Francesinha do terceiro ano! Sue Ellen Flaubert.

— Ah… Que bom — sua voz soava desanimada. Seus pensamentos se concentravam no novo livro que tinha sob sua posse. No resultado da sua tão esperada pesquisa. No seu fracasso... — Estou cansada, acho que já vou dormir...

Régulo, boquiaberto, encarava Eva pelas costas enquanto esta recolhia a mochila e se retirava. Sem entender, ele fez menção de chama-la, mas decidiu segui-la para saber se ela realmente iria dormir. Acompanhou seus passos até o dormitório feminino. Ela largava a mochila na cama no momento em que ele se rastejava pelo chão, pegava a varinha e abria uma brecha sobre o escudo que protegia o quarto das garotas. Agachado, ele se escondia embaixo da cama mais próxima e observava Eva, com cautela.

Ela pegou umas peças de roupa que estavam sobre o criado-mudo e passou para o banheiro que não ficava muito distante. De onde Régulo estava não se podia ver nada o que ali se passava, mas isto não o intimidou. Saiu de seu esconderijo e apontou sua varinha para um quadro distante.

— Substinarun — sibilou ele, sorrindo — Em seu lugar agora estava uma estátua, exatamente da mesma forma em que ele se encontrava quando executou o feitiço que invocava artes-das-trevas. A alma de Régulo, e também seus olhos, estavam agora no quadro que ficava no banheiro, representada por sua imagem exata. O quadro, que era originalmente um dragão que cuspia água, agora era de Régulo, que se escondia atrás do mesmo dragão.

Para seu azar, de onde ele estava, não se via nada além dos pés brancos e femininos de Eva, por debaixo do boxe onde ela tomava banho. Mas suas esperanças possuíam fonte inesgotável. Ele teria pouco tempo até que seu feitiço acabasse, e esperava arduamente que ninguém reparasse na nova estátua que decorava o dormitório feminino.

Poucos minutos depois, Eva saía do boxe, enrolada em uma toalha azul marinho. Com um sorriso nos lábios, Régulo acompanhava cada movimento que ela fazia. Ela se dirigia a um divã que ficava no fundo do banheiro, se desenrolava cuidadosamente e pegava o pijama que ali deixara. Régulo observava o corpo firme e jovem de Eva sem pudor, analisando cada detalhe com toda atenção. Ela tinha pernas finas e delicadas, sua cintura era bem delineada, seus seios eram pálidos e a forma lembrava uma gota. Ela ficava ainda mais linda com os cabelos presos, parecia mais velha e madura, principalmente quando estava sem roupa.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo pijama de Eva, que agora cobria o seu corpo, deixando a mostra apenas seus braços longos e suaves. Bem a tempo! O feitiço havia acabado... Régulo agora se encontrava no mesmo lugar de antes, onde a estátua não mais estava. O quadro, agora, só portava o dragão. Eva retornava para o dormitório.

—Régulo??? — Com sua roupa nas mãos, os olhos arregalados, a mente em turbilhão, ela buscava entender o que ele fazia sentado em sua cama.

— Você se esqueceu de se despedir de mim quando saiu do salão comunal — dizia ele, com o semblante sério.

— Você me assustou. Não ouvi você entrando... — ela procurava se manter em seu padrão normal. Guardava as roupas na mala, sem desviar a atenção do rosto de Régulo.

— Você anda distraída. Não acha?

— Muitos deveres, eu acho... — sentava-se na cama ao lado.

— Bom, você vai dormir, não é? Então vou indo...

— Espera!

— O que? — já em pé, ele tornou a sentar-se, olhando bem dentro dos olhos verdes de Eva.

— Eu queria lhe fazer uma pergunta.

— Pergunte o que quiser ...

— É... Bem... Você gostava de Medaline Emburgo? — a pergunta não apenas tinha assustado Régulo, como assustara também a própria Eva, que não acreditava que havia tomado coragem para tanto.

— Ah...Er... É que...Bem, você sabe como estas coisas são complicadas, não é...? Mas a resposta é... Não!... Eu não gostava dela... O Philip que gostava, entende?— ele parecia procurar palavras mais convincentes — Eu queria apresenta-la a ele, mas no final das contas, acho que ela não tinha muito interesse pelo Phil.

— Ahn — o tom dela era vazio.

— Bem, eu vou indo — ele se levantou rapidamente e procurou escapar dali o mais rápido possível, antes que fosse questionado com mais minúcia a respeito de Medaline.

Eva ficou parada na cama, observando ele se retirar. Ele era realmente incrível! Mas é claro que ele não gostava de Medaline, só podia ser outra pessoa, de repente foi ela quem deu em cima dele... Isto era o que se passava na mente apaixonada e cega de Eva. Sua mente estava atordoada, precisava desabafar... Correu até a sua mala, retirou sua bolsinha branca e pegou seu diário:

“ Querido diário,

Hoje tive um dia agitado. Vou resumir: Estive pesquisando a respeito da mistura que dei a Medaline... Cheguei à conclusão de que ERA INOFENSÍVEL!!! Mas que falta de sorte!!! Que droga, ela podia estar no St. Mungus agora, mas não! O máximo que aquela mistura pode ter causado é sonolência e calmaria, francamente...

Bem, eu tenho plena consciência de que se acontecesse algo a Medaline eu seria a primeira suspeita, mas... Eu seria capaz de mata-la na frente do ministro da magia... Agora eu sei, ela deve ter dado uma poção do amor ao Reg... Foi ela! Tenho certeza!!!

Não mais permitirei que alguém se aproxime dele! Os meus hábitos não serão mais os mesmos, não tenho medo das conseqüências. Estou com ódio! Ódio!!! Ele me confessou hoje, exatamente a cinco minutos, que ele não gostava dela...” .

Como sempre aparece alguém para interromper, desta vez, foram as irmãs Andrade, que entraram abruptamente no quarto, se jogando na cama e fazendo o diário voar longe, deixando um enorme borrão na página em que Eva escrevia.

— Será que aquele jovem alto de cabelos pretos...

— Que vimos sair daqui a alguns minutos...

— Era o Régulo? — concluía Allana.

— Suas... — Eva começava a rir — Sim! Era o Régulo, sim... Por quê?

— Por nada... — Aline disfarçava sua cara de escárnio — Apenas uma observação...

— Realmente uma observação... Que coisa feia... observando os outros... Isso não é legal...

— Ora, ora, ora... Eva estava sozinha no quarto com o seu príncipe encantado... Sem se importar com as regras e com o Taylor que estava logo ali...

— O monitor que estava encobrindo Régulo, por sinal. Pois todos viram ele entrando no dormitório feminino — completava Allana.

— E nós é que não fazemos coisas “legais”?

— Eu e Régulo estávamos apenas conversando...

— Também acho... — ironizou Allana.

— Bem... Graças ao nosso instinto de observação... Temos uma novidade quentinha para você!!!

— Ah é?! O que? O que? — Eva deu um salto, cheia de energia.

— Medaline... Pobrezinha... — zombava Allana...

— Alineeeee, Allaaaaaana — gritava uma voz distante — Vamos logo... A partida já começou.

— Essa não! O jogo! — Allana se levantou — Eva, temos que ir... Ulisses e Philip conseguiram um rádio. Nós vamos para os limites da propriedade tentar ouvir o jogo da Escócia... Como eu sei que você não vai querer ir, até porque Régulo não irá, vou contar a novidade logo...

— Acaba logo com isso! — gritava Aline, já na porta — Medaline Emburgo foi para o St. Mungus... Vamos Lana — E as duas sumiram pela porta.

Com os olhos arregalados, o corpo estático e a mente paralisada, Eva se abraçou em seu travesseiro e murmurou, sozinha no quarto:

— Por Merlin... O que foi que eu fiz?

No dia seguinte, uma terça-feira, após a aula de trato das criaturas mágicas, Eva retornou à biblioteca, iria recomeçar os cálculos sobre a mistura de Medaline. Já estava ali a cinco minutos, quando um rosto conhecido se sentou na cadeira ao lado.

Cellin sorriu para Eva, que não tirava os olhos dos pergaminhos onde rascunhava números e nomes. Cellin olhou com atenção, para ver se identificava a matéria como sendo a mesma que estava vendo, mas se espantou ao concluir que era um assunto completamente avançado e complexo. Resolveu ir logo ao assunto que a levara até ali e decidiu não comentar nada sobre a estranha matéria que Eva estudava com tanto fervor.

— Eva... — Cellin respirava fundo, tirava os cabelos castanhos dos olhos e prendia-os em um rabo de cavalo — Preciso falar um assunto muito sério com você — Seu tom era muito baixo e vacilante, pois não queria chamar a atenção de Mm. Pince.

— Pode falar — Eva fechava o livro, desanimada e encarava Cellin, já sabendo que não ouviria coisas boas.

— É sobre a morte dos meus pais... Eva... eu acho que sei quem está por trás disso... — Cellin abaixara a cabeça, seu tom era cada vez mais vacilante.

— Pelas barbas de Sonserina!! Quem?!

— Sabe... Eu andei lendo umas matérias...Eu até recortei... — tirava do bolso uns recortes de Profeta Diário — Sobre... a família Black — O título de uma da matérias era: Família Famosa Deve Explicações ao Ministério — Bem, Eva... Só existe uma pessoa que pode querer fazer mal a mim...

Eva, já compreendendo onde Cellin queria chegar, balançava a cabeça negativamente, esboçando um sorriso de zombaria.

— Você não está querendo insinuar que...

— Pense!!! Eu sei que você não vai querer acreditar. Mas se me ajudar... Podemos provar... Juntas!

—Não!!! — Eva gritava, todos olhavam para as amigas. Mm. Pince aproximava-se com uma cara de quem queria engolir as duas.

— Calma, Eva... Me escute — Cellin apelava, mas Eva ficava vermelha, parecia que iria explodir — Por favor...

— Jamais! Régulo jamais faria uma coisa dessas!! — Eva gritava, sem se dar conta do escândalo que estava promovendo.

— Será que você não enxerga? Está cega por acaso?! — Cellin também começava a gritar.

— Você é que está maluca! Ficou louca depois que perdeu seus pais e está colocando a culpa no primeiro que aparece à sua frente!

— Não! Não!!! Eu não sou a única que pensa assim! Irvine também acha e Kail!

— Bando de sangues-ruins! Isso é o que vocês são! Deixem o Régulo em paz.

— Meninas!!! — se intrometia a madame — Mas o que significa isto? Sua voz era rouca e agressiva.

Em uma muvuca de gritarias, que envolvia Cellin, Eva e Mm. Pince, Aline e Allana se precipitaram de onde se encontravam e avançaram para Eva, puxando-a pelos ombros e conduzindo-a para fora da biblioteca. Eva estava furiosa. Como ela podia acusar Régulo? Não, isto não podia estar acontecendo!!! Sua melhor amiga acusando o homem que amava de ser um assassino! Que ridículo!

Já a uns vinte metros da biblioteca, de Cellin e da confusão, Eva respirava em paz, buscando afastar de sua mente a cena que acabara de participar.

— Ual... O que foi tudo aquilo? — perguntou Allana.

— É uma longa história... — respondia Eva, enigmática.

O trio entrou no salão principal, onde o almoço já estava na mesa. Sentaram-se junto ao grupo de sempre, onde rostos entusiasmados comentavam sobre o jogo que ouviram na noite anterior e em como haviam escapado dos centauros para poder sair do castelo.

— Espera, espera... Precisamos brindar a nossa nova apanhadora!!! — dizia Philip.

—Isso! — concordava Ulisses — Um brinde a Sue Ellen Flaubert, a apanhadora mais linda e fantástica de Hogwarts.

As palavras que antes soavam distantes e frias agora explodiam na cabeça de Eva... Nova apanhadora? Sim! Régulo havia dito... O que a estava incomodando? Sue Ellen... Flaubert... Sue Ellen Flaubert… Maximillian Flaubert… Sim! Era o mesmo sobrenome… A Lágrima de Maximillian… Maximillian Flaubert, o mesmo sobrenome!!
















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