Capítulo II



Capítulo II



Era Peter Hounstin, o entregador de flores da loja que ficava a dois ou três quarteirões dali; isso foi um detalhe insignificante perto do que ele trazia: um buquê de flores juntas por uma grande fita e um laço. Várias cores e tipos de flores cobriam a cabeça que usava um chapéu padrão de qualquer entregador - quadrado e com o slogan da loja - e cobriam seus cabelos loiros enrolados e rebelde, que pareciam querer-lhe fugir da cabeça.

- Srta. Granger? - perguntou, dando um pequeno sorriso de surpresa - que coincidência, não?

Ele não sabia onde ela morava: passava lá para ir ao trabalho e mandava flores e presentes de sua loja à Gina e Parvati, nos respectivos aniversários. Porém, nos últimos dias, quase não o vira, definiu que estava cheio de entregas a fazer, época de Natal.

- Sim - respondeu o sorriso com uma pequena elevância de espírito: Peter a fazia rir, e sempre estava de bom-humor estampado à cara - quem as mandou, Peter? - perguntou curiosa, dando passagem ao amigo entrar com a preciosidade.

- Hmmm... - ele murmurou, pensativo - terá que ler o cartão. - falou, um pequeno sorriso.

Ele tinha colocado o vaso em cima da mesa-de-centro de madeira polida que Hermione concervava entre uns sofás fofos e grandes na tentativa de uma sala, bem-sucedida. Ela avançou para quegar um grande e delicado cartão que se encaixava perfeitamente entre as flores. Segurou-o com as mãos trêmulas; fazia tempos que não recebia flores. Quando fez menção de abrir, ele falou, interrompendo-a no meio do gesto:

- Desculpe, de acordo com as ordens, não posso estar aqui quando você abrir - informou encabulado - então só assine estes papéis.

Ele lhe deu a caderneta roxa que carregava no meio dos braços e ela assinou seu nome rapidamente.

- Estas são do Egito - ele explicou, apontando para umas flores que nasciam uma em cima da outra, de cor azul - criada pelos bruxos da Idade Média. Aquelas - apontou para as mais arrumadas - são Orquídeas, do Brasil, Idade Média, também. Aquele tipo é encontrada uma à cada vinte e cinco mil quilômetros de distância - ele apontou para as que ela considerou mais belas e delicadas, cor de rosa - veêm da França, onde há uma coleção delas num museu.

Museu? Ela... ouvira direito? Quem lhe mandaria flores tão lindas e caras? E o mais interessante: todas as flores vinham dos lugares que ela mais gostava no mundo. As outras eram da Alemanha, Austrália e Canadá. Tinha uma de Londres, a estufa não era nem tão longe de seu prédio, mas ela nunca se interessara em ver o que eles cultivavam.

- Pronto. - ela falou em voz baixa antes de entregar-lhe a caderneta e a caneta azul - obrigada, Peter. - falou, antes de fechar a porta para ele, que saía.

Estremeceu ao se aproximar novamente do grande buquê que estava deitado na mesa, mas logo sorriu: finalmente teria algo para colocar no vaso de cristal que ganhara da Sra. do 65 - era antigo dela, e dera com todo o carinho para que cuidasse o melhor possível, alegando não confiar nas outras pessoas à sua volta.

Ainda restavam lugares trouxas naquela parte de Londres? Ela tinha quase certeza que não. Os trouxas se mudaram dali quando ouviram um garoto pequeno perguntar à mãe se poderia fazer magia - este porém era trouxa e inocente; a mãe ficara encabulada, sem saber responder, e a região da cidade toda ficou a achar que o garoto tinha poderes sobrenaturais e mágicos. Nem sabia da verdade.

Segurou o grande cartão, era vermelho, e combinava intencionalmente com as flores exóticas e caras. Estava escrito em grande, delicada e deitada letra de computador que brilhava às vezes: "To a princess..." virou o cartão para ler a continuação "...from my dreams". Para a princesa dos meus sonhos. Aquilo era alguma piada?

Abriu o cartão lentamente, com receio de qualquer feitiço ou monstro lhe pular à cara. Não obstante, um papel branco quase creme com uma letra delicada e bonita escrevia:

"Hermione,
Tudo bem?
Bom, eu vou mudar para o apartamento ao lado ao seu,
Pensei que seria adequado eu lhe mandar um presente,
para que ao menos me aceite ao seu lado através de uma parede.
Vai ficar furiosa, mas eu não vou ligar.
De seu amigo que quer te levar para sair,
Draco Malfoy"


Oh, não! Não, não, não, não! Sairia com o Drácula se este ressucitasse e lhe pedisse a mão em casamento! Mas sair com o Malfoy era a mesma coisa que ir para o inferno e voltar duas vezes: ele não estava mais grosso e chato, frio e esnobe. Draco parecera entender o que a vida lhe dera de presente e aproveitá-la, tornando-se pior do que antes: poderoso, convencido, sarcástico e bem-humorado.

As mudanças pareceram para Hermione um tanto balanceadas, já que ele estava bem pior do que antes, no seu ponto de vista. Às vezes ele estava bem legal, conversava pelos cotovelos, sem querer ser superior nem intimidar ninguém.

Recebera um cartão de Draco Malfoy e, sem saber, sorria maliciosamente. O que ele quisera dizer com ela ficar furiosa? Estava trilhões de toneladas de fúria. O apartamento ao lado estava fechado há anos! E tinha sido aberto para um casal que queria um quarto para as crianças. Ou seja: era apenas um quarto de número estranho! 67,5 para ser específica. Isso tudo há quase vinte anos, e o quarto era aberto uma vez por semana para a faxina.

Teve vontade de gritar, de tagarelar, de rir, de chorar. A sensação era estranha, mas não se preocupou com ela e chutou com toda a força o sofá fofo; agora o problema estava em seus pés, mais uma dor para aumentar.

A chuva engrossara lá fora e ela hesitou em ligar para o escritório, afirmando que não iria e que estava passando terrivelmente mal, o curandeiro lhe dissera que não saísse e que repousasse:

- Hermione Granger, Departamento de Aurores, apartamento número 320.

Esperou demoradamente no telefone, que voltou com a voz magnetizada:

- Um momento, deseja falar com quem? - quis saber.

A atendente de telefone não era inteligente o bastante. O tempo que fizera Hermione esperar numa aprofundada angustia de nada dar certo, daria para ela pesquisar sobre todos os apartamentos do prédio do Ministério, mas teve que manter a calma:

- Com a Madonna. - falou, sarcástica, conferindo as unhas.

A mulher do outro lado da linha soltou uma risada alta e gostosa, e Hermione soltou um risinho baixo:

- Vamos, Marisha, não tenho muito tempo. - avisou.

- Tudo bem, Britney, vou transferir a linha para a sua sala. - ela falou, se recuperando.

Uma música animada de Natal encheu seus ouvidos, apesar de faltar dois meses para o dia, o Ministério já começava a se preparar.

Era incrível como o espírito de Natal animava as pessoas de modo tão rápido e contagiante. Para ela só era uma época em que a cidade ficava limpa e ela tinha que gastar uma enorme quantidade de tempo e dinheiro, escolhendo os presentes que mais se encaixavam com os perfis dos respectivos presenteados, ficando atenta para não repetí-los.

- Alô? - a voz de sua "colega" mais nova lhe feriu os ouvidos.

- Oi... aqui é a Hermione. Não poderei ir hoje. - avisou, querendo que tudo logo acabasse, e que ela não lhe enchesse de perguntas para deixá-la nervosa.

Nunca fizera aquilo, embora treinasse para quando o dia chegasse.

- Por quê? - perguntou a voz, assustada - temos um quilo de relatórios para terminar de inspecionar, Granger! Não pode me deixar sozinha aqui! - ela falou, se exasperando.

Hermione suspirou profundamente:

- Eu sinto muito mesmo - lamentou, com pena - estou passando mal, o curandeiro disse para mim não sair de casa o dia todo, com essa chuva. - informou, pensando nos detalhes mais rapidamente que dissera as últimas palavras.

Um silêncio que ela desaprovou agoniantemente predominou. Ok, ela mentira. Como muitos Comensais antigos faziam com ela, negando terminantemente ter sido um enquanto a Marca Negra fugia-lhe das partes do corpo. Como Rony, dizendo que já fizera o dever. Como Harry... como Harry.

- Tudo bem? - ela a chamou, pedindo que a aprovasse.

Por mais tempo que fizesse que trabalhassem juntas, elas ainda não eram totalmente amigas. Além do trabalho, trocavam poucas palavras, de agradecimento, comentando sobre fatos do Ministério, entre outros.

- Que curandeiro consultou? - a outra quis saber, desconfiada.

Detalhes, detalhes... detalhes! Como ela queria saber que curandeiro? Quantos curandeiros existiam só em Londres? Um milhão? E o pior: sabia que Gwen poderia conhecer a população bruxa inteira e de costas.

- O Dr. Weasley. - falou, quase num sussuro.

- Weasley? VOCÊ DISSE WEASLEY? - a voz do outro lado do telefone parecia ser de outra pessoa, e não de Gwen.

Hermione deixou escapar-lhe este detalhe: talvez estivesse gripada ou coisa parecida.

- Sim, eu disse. Agora posso desligar, Lojnhy? Minha cabeça está latejando. - informou, fazendo uma voz rouca.

Não era possível que Gwen fosse tão burra: conseguia captar qualquer sinal de mentiras a quilômetros! Porém, suspirou mais fundo, como se estivesse destinada à uma batalha terrível e selvagem, e disse, pesadamente:

- Tudo bem, mas não falte amanhã! Não darei conta de todos estes relatórios e daqui a pouco o camundongo chega com mais duas toneladas de papel. - ela informou.

Camungundo era Mundungo - um rapaz alto e jovem, que era interessado por Gwen. Ambas deram este apelido por causa das cartas que ele mandava à loira por baixo da porta. Não fazia muito sentido, do ponto de vista de muitos, mas ela gostava.

- Melhoras. - desejou antes de desligar o telefone.

Conseguira! Sobrevivera! Ok, não tinha sido realmente a guerra que ela achava que seria. Afinal, era fácil, não? Dizia umas palavras e desligava o telefone estupidamente rápido. Sem complicações. Mas algo estava errado: a voz de Gwen estava tensa, como se algo estivesse lhe acontecido.

O modo ansioso com que ela atendeu o telefone e suspirou depois de ouvir seu nome lhe fez pensar que esperava a ligação de alguém.

Se enrolou no roupão azul marinho depois de colocar o telefone no gancho, a fim de andar pelo corredor do andar de cima, no qual não morava uma alma. Era estranho ela perceber isto somente agora, depois de cinco anos morando no mesmo lugar, no mesmo apartamento. E o mais estranho ainda era ninguém querer um lugar onde o ar circulava tão rápido que parecia estar cheio de janelas. Era muito frio.

Seus pés estavam cobertos pelas pantufas brancas e peludas que comprara havia alguns dias e esquentavam-lhe muito os pés. Cruzou os braços e parou abruptamente ao ouvir uma voz no começo do corredor:

- Por que eu tinha certeza de que estaria aqui?




N/A: é pra lerem, ok? Vê se entende... essa história vai ser xike... eu acho *-*~ tomara que gostem e comentem, se alguém estiver a fim de fazer uma capa pra mim, tuuuuuudo bem!! hsuahushuahu até mais, passageiros, próxima parada... Capítulo III !!! BBB, Nah.

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