Capítulo III



Capítulo III


Girou os calcanhares para encarar Draco Malfoy. Os cabelos loiros e lisos estavam um pouco para cima da nuca e bem penteado. Seus traços ainda eram os mesmos. Usava uma camisa branca e parecia ter se enchido de músculos entre os anos que não o vira.

Ele pareceu observar o corpo de Hermione de cima à baixo. Como poderia ser tão ousado? Na hora Hermione corou violentamente e olhou para o chão, mas depois ele se aproximou.

- Acho que tenho uma bola de cristal no lugar da cabeça. - ele falou, sorrindo, convencido.

- Acho que você tem uma bola de ar no lugar da cabeça. - ela lhe respondeu, sorrindo maliciosamente.

Fora a resposta mais curta que encontrara para acabar com o ânimo do rapaz, que não se intimidou facilmente:

- Ora, Granger, até parece que... leu em algum lugar.

Como ela pode tocar no ponto fraco das pessoas sem sentir um pingo de remorso? Ele estava mudado, ela podia perceber. Seus olhos acinzentados de antes agora só eram verdes e profundos, podendo surpreendê-la a cada instante... sentiu a habitual solavanca no estômago.

- Por que veio pra cá, Malfoy? - ela quis saber.

A distância entre eles fez Hermione sentir-se estranha: o corredor era incrivelmente limpo, mudo e branco, e as vozes ecoavam pelas paredes.

- Porque eu... - começou, mas não terminou.

Suas palavras pareceram fugir de sua mente. Não obstante, ele se aproximou rapidamente, excluindo qualquer espaço que se atrevesse a ficar entre eles.

- Tinha que fazer isto, tinha mesmo... - falou, se aproximando.

Seus lábios se tocaram suavemente, roçando um no outro. Quando Hermione fez menção de empurrá-lo com o braço, este a abraçou fortemente, acolhendo seus braços junto ao seu peito.

Por mais difícil que fosse empurrá-lo, ela ficou embriagada pelo cheiro que sentiu vir de seus cabelos e não resistiu, correspondendo. Ele não podia chegar e beijá-la, como fazia.

Sua cabeça virou-se para aprofundar o beijo. E ela, sem responder pelos seus atos, correspondeu. Algo a arrastava, obrigando-a a corresponder. Ela teve que abrir espaço para a língua quente e macia que penetrava em sua boca, sedente, ansiosa.

O beijo ficava cada vez mais cálido e selvagem, ele a prendendo na parede e ela puxando seus cabelos. Hermione refreou quando se lembrou:

- Como é que você chega dessa maneira? - perguntou, pasma, arrumando os cabelos.

Draco sorriu. Os dentes perfeitos e brancos, fazendo-a vacilar e estremecer; sem saber o por quê de tais reações.

- Que fôlego, Granger! - ele falou, suspirando entusiasmadamente para pegar mais ar.

- Isso está fora de cogitação! - ela falou.

Estava exasperada. Ele a beijara. E não fora um simples e carinhoso beijo. Fora um beijo selvagem e apaixonado. Hermione praguejou-se.

- Eu sabia que não resistiria aos meus encantos... - ele falou, a pegando pela cintura novamente para puxá-la, mas esta resistiu.

- Não... pare! - o empurrou para longe - é bom você ficar a mais de cinco metros de mim ou eu lhe lanço um feitiço muito, mas muito forte. - informou, na defensiva, ameaçando.

Ele ergueu as sobrancelhas. Oh, Céus! Como ela pudera resistir à alguém como ele? Como? Ele estava tão perfeito, lindo e irresistível quanto estava na época de colégio, em que se olhavam com ódio e fúria. Agora seus olhos procuravam os de Hermione tão precisamente como se aquele olhar fosse o alimento que o sustentaria por todo o inverno, verão, outono e primavera.

Ela fechou os olhos, tentando não ser possuída por aqueles verdes e encantadores. Quando abriu-os novamente, ele ainda a fitava, com um sorriso curto nos lábios:

- Qual é o seu problema? - quis saber, zombeteiro.

- Malfoy - ela começou, tomando ar - nos odiávamos, se não se lembra. E agora você chega assim, me beijando dessa maneira e mandando flores?

- Gostou das flores? - ele perguntou, alegre, ignorando o que ela dissera.

Ela o fitou, absmada. Ele tinha bom-humor: o que ela destacava nas características principais de um homem. E ela acharia alguém tão perfeito e tão disponível como Draco Malfoy num momento como aquele em todo o reino bruxo? Não. Não mesmo. Deu um suspiro curto:

- Gostei, são lindas.

Ele sorriu novamente, a puxando pela mão para o andar de baixo. Ao chegarem nas escadas o calor humano subiu ao seu corpo, lhe dando a sensação de realidade.

- Venha, vamos ver o meu novo apartamento. - ele falou, a guiando, animado.

"Coitado", ela pensou, "nem sabe o que o espera". O modo que Draco agia surpreendia cada vez mais Hermione, até cair quase morta de vergonha ao ver a Sra. Emma passando com sua cesta de flores - que tinha margaridas amarelas e alaranjadas - e os fitar. Enrusbeceu.

- Bom-dia, Sra. Emma... - desejou quando passaram por ela, esta deu um curto e malicioso sorriso, os lábios se elaborando numa fina e sinistra linha.

Chegaram ao fim da escada. Hermione fora praticamente obrigada a ir até lá sem pestanejar. E tinha escolha? Não queria estragar a felicidade de Draco, mesmo quando antes tinha lhe dado uma resposta bem redonda e chata.

Viu a porta do próprio quarto e murmurou algo como entrar, mas continuou sendo arrastada!

A porta do quarto de Draco era pequena. A chave que ele tirou dos bolsos de trás das calças tinham um grande e brilhante chaveiro de ouro, que tinha gravado "Malfoy" majestosamente. Girou a chave no buraco e rodou a maçaneta, segurando-a firmemente; da mesma maneira como a tinha segurado quando beijou-a.

A porta do quarto se abriu para um mundo totalmente diferente de qualquer parte daquele prédio, e isso ela tinha certeza: o que era para ser um quarto cheio de caixas, poeira, móveis cobertos por plásticos, estava um lugar novo, totalmente diferente para os olhos de Hermione.

Ele tinha restaurado o quarto de modo impressionante e dedicado. A quanto tempo estaria planejando tudo ela não sabia e não se importou. Tudo era tão perfeito naquele quarto! Uma mini cozinha montada no canto, uns sofás macios e cheios de almofadas persas e orientais, o tapete era de cores escuras e se elevava cinco centímetros do chão, menos na parte da cozinha, onde tinha um fino carpete; havia uma televisão virada para o que ela considerou um espaço vazio, preenchido apenas por uma mesinha-de-centro com um vaso e um quadro na parede da frente. Não tinha camas. Um armário embutido em que as portas corriam.

Draco sorriu e pegou em sua mão, puxando-a para dentro.

- O que achou? - perguntou, fechando a porta atrás dela.

- Isso tudo absolutamente não estava aqui há uma semana! Como conseguiu fazer tudo isto? - perguntou, mostrando interesse, caminhando até a cozinha.

- Bom... - começou, orgulhoso - eu... tenho meus negócios e...

- Isto por acaso é uma foto de Gwen Lojnhy? - ela perguntou, fitando um porta-retrato dos dois abraçados e rindo, porém não haviam beijos nem qualquer tipo de gesto que demonstrasse um relacionamento.

- Sim. - falou, sério, abaixando o porta-retrato de modo que a foto encarasse a mesinha - eu era amigo dela, briguei feio com ela esses dias e nunca mais procurei aquela mesquinha desalmada. - desabafou, quase num ímpeto - e você, com quem está?

Ele a beijava apaixonadamente, a chamava para sair, e só depois a perguntava se estava com alguém. Ele ainda tinha dúvidas?

- Não. - falou, destraída - posso lhe revelar uma coisa?

Essa pergunta quase lhe saíra dos lábios como afirmação. Ela teria um ataque se não falasse para alguém, e sentia que o momento se aproximava. Como Draco poderia chegar e fazê-la entir-se tão bem na presença dele, se no passado fazia exatamente o contrário?

- Ora... é claro. - ele tentou não parecer curioso, fracassando.

- Harry Potter me encontrou hoje e me pediu em noivado. - ela embolou as palavras, que quase não saíram.

Ele ficou boquiaberto. Talvez fosse o fim do que ele achava que fosse um começo. Teve que admitir que errou chegando daquela maneira.

- C-como assim?

- Ah... não sei... eu meio que esbarrei nele... e ele me disse que estava noivo de Lolly. Você sabe quem é Lolly, não é? - perguntou, tentando fugir do assunto que a deixava tão agitada.

- Sim, a assistente - ele informou, parecendo profundamente interessado na conversa que estavam tendo antes - prossiga.

E Hermione lhe contou - sem saber exatamente por quê - todo o sufoco que pasara há ums hora. Era até estranho contar a ele, que parecia tão interessado e fazia perguntas estúpidas do tipo "Mas vocês se beijaram?", "Ele se declarou a você?" ou "Como a mala foi cair assim?".

- ...e foi isto. Não me entupa de perguntas, por favor. - ela finalizou, fazendo um gesto para ele, se sentando pesadamente no sofá mais próximo, ele fazendo o mesmo, atravessando suas pernas para fezê-lo.

- Por que foge do assunto? - ele perguntou, como se ela fosse tão obrigada a confessar-lhe os assuntos sufocantes que a deixava atordoada.

- Por que você me sufoca? Nunca vi alguém como você. Chega assim, sem mais nem menos, me beijando e me levando para casa. O que acha que estou pensando de você? - ela perguntou, dando um sorriso malicioso, conseguindo o mais rapidamente fugir do assunto.

Ele sorriu da mesma maneira, abraçando-a pela cintura para unir seus lábios novamente, enquanto as mãos de Hermione passeavam pelas suas costas, sentindo os músculos. Por uma fina e curta fração de tempo, estavam ambos na cama que era puxada pela parede falsa, se beijando ardentemente, trocando carícias.

Era difícil entender a razão porque Hermione cedera tão facilmente. Talvez aqueles olhos verdes acinzentados a levassem para outra dimensão em que ela encontrava todos, mesmo sentindo que fazia uma besteira, traindo os seus próprios sentimentos em relação à Harry e ao falso noivado.






- Alô? - ela chamava pela milionésima vez.

O telefone tocara e ela tivera que interromper o que fazia, enquanto o outro lado da linha ficava mudo, ouvindo suas palavras irritadiças. De repente ouviu um suspiro e o telefone fora jogado cruelmente no gancho.

Suspirou e jogou ferozmente o seu próprio telefone no gancho. Teria que tirar novamente o roupão e prender os cabelos para o banho quente que a esperava, enquanto a água escorria pelas torneiras da banheira branca e grande.

O fato de ter começado um namoro meio de repente não surpreendeu nem motivou os moradores a fazerem comentários chatos a respeito: pelo contrário! Eles passavam por ela dando elogios sobre a eficiência de Draco no trabalho - uma empresa de viagens por pó de flu restrito ao Ministério - e sobre como formavam um casal fofo e aparentemente feliz. Mas ela não tinha certeza se estava totalmente feliz.

Depois do beijo selvagem e cálido que deram, ela se restringiu à ele. Prendendo-se a ele. E era exatamente o contrário que ela considerava o que era amor. Mas ela não tinha nem certeza se o amava, realmente!

Terminou de tomar banho e seu corpo arrepiou-se: depois da chuva uma neve grossa e vagarosa caía sobre o teto do seu prédio, fazendo os quartos pequenos-grandes ficarem congelados por dentro.

Colocou uma calça jeans e três blusas grossas, sendo a última azul marinho. Não se sentindo confortável, tampouco bonita, saiu para o corredor do andar de cima, apesar do frio e do vento.

Aquele corredor tão limpo e branco era como um íma que a puxava freneticamente, como se ela fugisse do mundo em que vivia para um lugar calmo e limpo, nem triste nem feliz, onde pudesse pensar e avaliar os fatos que ela não tinha nem um botão de tempo para colocar em ordem.

A semana se passara feliz e entusiástica com Draco; ele a visitava freqüentemente, andavam nas ruas de mãos entrelaçadas, saíam para jantar em restaurantes refinados e chiques que somente Draco poderia ter condições de ir, davam beijos apaixonados onde tinham vontade, e ela ouvia os suspiros das mulheres à sua volta, sentindo um imenso orgulho.

Novamente Draco a convidou para irem à um restaurante que, de acordo com suas informações, acabara de ser reestruturado e reformado. O The Royal Palace compreendia em paredes decoradas, bandas clássicas, bifê, dança clássica e tudo que uma mulher pode realmente querer ter ao desejar passar a noite com o namorado.

- E ainda champagne é cortesia da casa. - Draco continuou falando - é só entrar bem vestido, apresentar nomes, ter um sobrenome conhecido e falar o número da mesa que reservou.

- E qual é o número da mesa que reservou? - ela perguntou, tentado continuar a animada conversa, enquanto olhava e conferia os vestidos do armário embutido, pegando e devolvendo constantemente.

- Sessenta e nove. - ele falou, sorrinso maliciosamente.

Ela riu empurrou o namorado para a cama, onde se encontrava sentado momentos antes, encostou a mão no colchão atrás dele e disse estontaneamente, sedutora:

- Eu te amo, minha querida serpente.

O olhar dele se iluminou, como se não esperasse ouvir algo parecido com isso; parecendo mais excitado e sedutor que nunca, ele resmungou, puxando a cabeça de Hermione para seus lábios entreabertos:

- Só a serpente...





Hermione aceitou o braço que Draco lhe estendera ao saírem da limousinne do rapaz, com um sorriso brilhante. Depois de tanta indecisão, escolhera um vestido vermelho escuro e brilhante, que se colava às suas curvas perigosas e chamativas. Respondeu ao sorriso, com um pequeno toque de satisfação nos lábios:

- Draco, se eu flertar ou dar um blefe, dê cobertura dizendo que enlouqueci. - ela falou, fazendo ele rir e lhe dar um rápido beijo.

- Você não vai blefar nem flertar, meu bem...

- Mas se isso acontecer, dê cobertura. - ela pediu, encerrando a conversa, agarrando-se mais ao braço do namorado.

Este vestia um elegante terno poloneso preto, uma gravata da cor de seus olhos. Os cabelos penteados simultaneamente para trás, fazendo seu charme e astúcia aparente aumentarem ainda mais. Uma série de pessoas, não muitas, entravam no local igualmente chiques e poderosas; sentiu o olhar de algumas mulheres acompanhadas pelos maridos ou companheiros em Draco, agarrando-se ainda mais à ele.

A fila era pequena, e o prédio grande. Do lado de fora se sentia que magia estava sendo produzida ali perto; talvez nem todos os bruxos sentissem isto, mas ela sim. Um enorme e preciso letreiro iluminava suas cabeças, escrito "The Royal Palace".

A mulher da frente estava acompanhada pela amiga, e, aparentemente, vieram para se divertir. Então era esse o tipo de diversão que mulheres gordas e ricas, aparentemente viúvas, buscavam, atrás de homens mais ricos ainda que elas, e acompanhado pela mulher ou namorada? Estremeceu. E se Draco fosse o alvo? Ela armaria um barraco. Não deixaria ser passada para trás tão facilmente. Mesmo que estivesse diante dos olhos da mais alta sociedade de bruxos, gritaria, espernearia, chingaria, puxaria os cabelos, mas não sairia de lá sem dizer que Draco era propriedade dela.

Ela olhou para ele e sorriu, que correspondeu, feliz. Entraram pelo corredor cheio e cheiroso, pelo odor dos perfumes caros e finos. Ela respirou profundamente novamente. Poderia sentir aquilo outra vez? Sim, claro! Que besteira estaria pensando?

- Nomes. - pediu o alto e bem-arrumado segurança junto à porta, seriamente.

- Sr. e Srta. Malfoy. - ele falou, sem se intimidar no tom áspero e levemente grosso do homem - mesa número 58, ala 3.

O outro, que estava do outro lado da porta, conferiu uma caderneta, acenando positivamente para o primeiro, que desejou:

- Aproveitem o jantar, bem-vindos.

Apontou a varinha em direção ao corredor da frente, que estava vazio. Uma porta mágica, que ela não notaria, se abriu e um enorme e cheio salão deu passagem.

As paredes realmente eram decoradas: forradas por um pano fino e cor creme. As mesas eram redondas, todas também incrivelmente e imaculadamente arrumadas, um pequeno e magro vaso de - ela suspeitou que fosse - de cristal. As mesas não estavam todas cheias, pelo contrário: pelo tráfego de pessoas que ela presenciara fora do lugar, imaginara que o lugar estaria cheio; mas logo viu passagens grandes e sem portas, para outras alas.

Sentiu a mão do namorado se entrelaçar na sua e a guiar até a mesa que ficariam. Ele puxou-lhe a cadeira e esta agradeceu com um sorriso, dando-lhe um rápido beijo nele quando se sentou, sem saber se era adequado beijá-lo na mesa. Faziam isto tantas vezes!... mas desta vez o restaurante era fino e ela precisava se portar como gente daquela.

- Sente o cheiro? Adoro este lugar. - ele revelou, orgulhoso de si mesmo - gostou? - quis saber prontamente.

Ela ficou pensativa. Se teria gostado de um lugar que iria três garçons por vez na mesa, meticulosamente atendidos e atenciosamente suportados?

- Impossível seria eu não gostar. - ela sorriu, a mão de Draco segurou a sua firmemente.

Sim, podiam. Era isto que a maioria dos casais das mesas ao redor faziam, certo? Ou se beijavam tão ferozmente ou só trocavam uma série de olhares ofuscantes e significativos. Os olhos verdes de Draco a prenderam, fazendo seus sentimentos ficarem sensíveis e bagunçados.

- Eu não parei de pensar em você um minuto depois que saí daquela escola, e em como você gostava de prender os cabelos para cima. - ele falou, apertando mais suas mãos, fazendo-a se sentir protegida.

- Para cima... como você chamava de árvore de Natal? - ela lembrou, rindo.

Na ocasião eram só crianças! E ela lembrava disto como se na época fossem fatais e mortais rivais e inimigos... e não foram? O que... mudou tão repentinamente? Ele riu gostosamente.

- Não sabia que você se recordava desses fatos chatos e perseguidores que me fazem sentir remorso! - ele falou, rindo ainda.

- Lembro-me mais do que pensa. - ela respondeu rapidamente.

Ele parou de rir ao desviar seus olhos para a porta que se abria. Poderia ser dragões, pelo jeito que ele olhou, temeroso. Não obstante, ela também virou a cabeça para fitar Harry Potter entrar sozinho no restaurante que ela esperava passar uma noite de alegria e divertimento ao lado do namorado.

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