sexto.



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#Contos de Fadas - um conto de Nah Black.








O contorno alvo da mandíbula de Draco e o nariz afilado lhe davam um ar tão malvado que quase fez Hermione rir. Estava mesmo apaixonada por aquele garoto, que se escondia atrás da máscara. O lençol branco deixava o ar tão angelical que ela desejou que aquele momento simplesmente não acabasse, nunca. Os cabelos loiros do namorado estavam entre seus dedos pálidos.

O sol não entrava pela janela rústica, denunciando o mal tempo que ainda se fazia lá fora. Suas roupas estavam espalhadas pelo chão, assim como seus sapatos e o uniforme de quadribol de Draco. Como se sintonizado à ela, ele abriu os olhos lentamente:

- Que horas são? - perguntou, virando-se para abraçá-la.

- São horas de ir. - ela sorriu, e selou seus lábios - vamos.

Hermione se levantou e foi procurando suas roupas pelo chão. Já tinha colocado as roupas de baixo, quando reparou que o namorado ainda estava sentado na cama, observando-a.

- Que sorte eu tenho, Merlin. - ele assoviou, e depois que riram, ele falou: - Você é linda, Mi.

Ela sorriu, sentindo a bochecha ganhar tons de rosa. Depois, estalou os dedos na frente do namorado:

- Draco, o jogo!

Os olhos verdes de Draco se arregalaram subitamente.

- O jogo, Hermione, o jogo! - ele saltou da cama, e começou a enfiar o uniforme apressadamente.

- Eu sei. - ela riu, observando o namorado.

Ela continuou a se trocar devagar, e quando deu por si Draco estava trocado, parado em sua frente. Ela ergueu as sobrancelhas, curiosa. O loiro aproximou-se e beijou-a, devagar e doce, segurando-a pela cintura enquanto ela passava o braço em seu pescoço, agarrando-o. O chão sumiu e voltou aos seus pés várias vezes.

- Hermione... - ele falou depois que seus lábios se separaram, olhando-a com intensidade - eu amo você.

A garota estremeceu e sentiu as pernas bambearem. Nunca ouvira qualquer declaração tão profunda do namorado, ou tão linda. Ele continuou:

- O que aconteceu agora foi maravilhoso. Eu não quero nunca, nunca mesmo, te perder. - ele falava, as palavras saindo tão perfeitas que ela pensou se ele não teria ensaiado; seus olhos castanhos se encheram de lágrimas, e ele segurou seu rosto entre as mãos.

- Eu também. - ela sussurrou, se referindo às duas coisas que ele havia dito, antes de unir-se num abraço quente e aconchegante - eu também. - disse de novo no ouvido dele, e Draco apertou-a ainda mais entre os braços.

- Obrigada... por tudo - ele murmurou, a voz meio cortada.

Ela entendia, agora, que precisava dele, mais do que nunca. Que seu céu sumiria se ele também sumisse. E saber que ele a amava tanto quanto ela era realmente um alívio, pois por mais que tivesse se entregado, ele ainda era Draco Malfoy. Ainda carregava o peso do nome. Mas bem, ele estava ali, ao lado dela.

Draco beijou seu pescoço carinhosamente, e então soltou-a do abraço.

- É melhor eu ir na frente. Se alguém nos ver saindo daqui... - e sorriu torto, aquele sorriso que ela adorava.

- Tudo bem, boa sorte. - lhe deu um beijo rápido.

Ele fez menção de afastar-se, mas voltou para beijá-la com uma urgência maior, no que ela correspondeu sem hesitar, tão apaixonadamente quanto ele.

Draco foi na frente, como combinado, não antes de ir e voltar várias vezes apenas para beijá-la. Hermione, com um sorriso estampado no rosto, arrumou a cabana de Hagrid, deixando-a exatamente como estava antes. Ajeitou o cabelo no espelho do banheiro e suspirou. Como sabia que devia estar realmente atrasada para o jogo, apressou-se em buscar seu casaco na cozinha, e quando correu, seu joelho esquerdo bateu com uma força escomunal na beirada da cama, e ela rolou no chão, gritando.

A dor foi tão forte que por alguns minutos foi incapaz de pensar em mover-se, mas depois lembrou que ninguém saberia que ela estava lá, e decidiu levantar. Não devia ter quebrado, pois ela conseguia apoiar-se na perna esquerda para mancar. Vestiu o casaco meio desajeitadamente e depois saiu pela porta, arrastando a perna com dificuldade.

Haviam pouquíssimos alunos no caminho para o estádio, e pelo barulho, o jogo já havia começado. Por um momento, ela pensou em ir para a Enfermaria. Mas não podia simplesmente perder aquele jogo. Era Sonserina contra Grifinória; o seu amor contra a sua Casa. É claro que era importante. Massageou o joelho, e depois continuou a andar.

Foi quando avistou Luna Lovegood. A loira veio correndo em sua direção.

- Hermione, o que está fazendo aí? Eu fui ao dormitório buscar meu tigréçeis para dar sorte e... o que aconteceu com seu joelho? - ela aproximou-se, e agachou perto de Hermione para ajudá-la.

- Eu... bati, Luna.

- Como?

- Erm... na quina de alguma coisa, não estou lembrando agora, não estava doendo antes! Vamos logo, o jogo já começou!

- Nossa...

Luna ajugou-a a subir as escadas até a arquibancada, que foi um caminho bem complicado por causa da dor.

- Aqui, sente-se; acho que vai se sentir melhor. - a loira a sentou num banco na primeira fileira, ao seu lado - tome isto - e lhe entregou uma garrafinha com refrigerante laranjado.

Os pingos grossos logo começaram a cair, e os trovões e relâmpagos riscaram o céu diversas vezes. Enquanto o jogo corria, vários guarda-chuvas foram abertos nas arquibancadas lotadas, mas Hermione não se interessou em se enfiar embaixo de nenhum, tamanho era seu nervosismo. Draco parecia distraído, e o jogo estava a favor da Sonserina por enquanto.

- Hey - Gina gritava sob o barulho da chuva, do seu lado - onde é que você se meteu?

Hermione deu uma risadinha maliciosa e passou a mão pelo rosto, sem sucesso de tirar a água de lá. A ruiva ficou boquiaberta, com um sorriso:

- Oh Meu Deus! - adivinhou, gritando - isso é ótimo, Mi!

- Ah, com certeza! - Hermione gargalhou.

- Safada! - a outra lhe deu um tapa no braço.

- Ele disse que me amava - ela falou, sentindo os olhos marejarem, mas a chuva não deixava que a ruiva percebesse - disse que não queria me perder! Ah, Gina, eu o amo tanto!

A ruiva deu-lhe um enorme sorriso e a abraçou. Depois, apressadas, voltaram a atenção ao jogo.

Hermione ficou exasperada quando percebeu que Draco pareceu avistar o pomo-de-ouro. Ela seguiu com os olhos os movimentos perigosos que ele fez entre os outros jogadores e entre as arquibancadas, sendo seguido por Harry, e então seu coração saltou de repente quando ela gritou.

Um estampido alto e forte, como uma bomba. Draco havia batido na torre da arquibancada dos professores, e Harry entrara pelo buraco que o seu namorado fizera, atônito. Hermione deu três passos para trás, e levou a mão à própria boca, com medo de que seu coração saísse por ela por causa da emoção que estava sentindo. Era demais. Aquilo era realmente demais.

Hermione foi a primeira a se mexer na arquibancada da Grifinória. Desviou-se de Gina e dos outros alunos e correu escada abaixo, sentindo o vento frio do lugar que não a molhava cortar sua face. Frio, muito frio, e uma dor incrível no joelho. Ela mancou até lá, tentando não pensar no pior de forma alguma. Pensar no pior de alguma maneira conseguia atrair as piores coisas, mas já era tarde demais. Ele estava lá, molhado e estirado no chão, junto aos estilhaços de madeira e os pedaços de sua vassoura, e um filete de sangue coloria o chão ensopado pela água da chuva.

O corpo de Harry estava um pouco mais para frente, e ele pareceu se mexer. Ela adiantou-se para o namorado, agachando-se ao seu lado, o coração na mão.

- Draco... - chamou uma vez, cuidadosa - Draco, acorda. Pelo amor de Deus, Draco, fala comigo!

Os olhos dele não se abriram. Ela fungou, sentindo um desespero imenso, e as lágrimas começarem a escorrer com rapidez.

- Draco! Vamos!

Ela puxou a cabeça dele para a sua perna, afagando seus cabelos. Conferiu sua pulsação. Não sentiu nada. Tentou sentir seu coração, a respiração, tentou até mesmo fazê-la voltar. Gritou com ele, furiosa. O que ele estava pensando para se jogar contra a parede?

- Senhorita Granger, eu sinto muito. - era a professora McGonnagal ao seu lado, uma expressão piedosa e horrorizada.

Ela nem havia percebido que os alunos estavam aglomerados envolta dela e de Draco, um silêncio aterrador. Aquilo doía, doía muito, ninguém podia ter idéia do quanto. Era seu amor. Era Draco Malfoy, o lobo que se revelara cordeiro e pelo qual havia se apaixonado perdidamente. Ele estava morto em seus braços. E em sua mente, três palavras ainda estavam frescas: eu amo você.

Ela soluçou, o corpo todo tremendo com o choro, e inclinou-se sobre o corpo do namorado, sem segurar mais um segundo a dor que sentia. Aquilo era realmente demais para suportar. Não beijá-lo mais, não ouvir mais as palavras doces e provocantes em seu ouvido, não sentir mais o calor dele. Ela passou os dedos no contorno do rosto de Draco, lembrando-se de como havia acordado há alguns minutos, pensando em como ele parecia malvado, e como quisera rir daquilo. Rir, agora, parecia um sonho tão distante. Porque seu amor estava morto, seu coração havia congelado.

Um trovão soou bem acima da cabeça deles, e foi aí que Hermione desmaiou.




19/05. reewritted ;)

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