sétimo.



Photobucket
#Contos de Fadas - um conto de Nah Black.








Hermione abriu os olhos devagar, sentindo-se dopada, provavelmente pelos medicamentos que a enfermeira devia ter aplicado nela. Ergueu-se sobre os cotovelos e piscou várias vezes até que sua visão melhorasse, e quando isso aconteceu ela percebeu que havia uma cabeleira ruiva cochilando ao lado dela. Uma não: duas.

- Gin? - ela passou os dedos pelos cabelos da amiga. Ela estava dormindo sobre os braços na cama, e acordou ao primeiro chamado.

- He-hei... Hermione, como você está?

Ela olhou para si mesma: sua perna estava enfaixada desde o começo da coxa até a ponta dos pés. Mas quando olhou por dentro, sentiu um imenso vazio.

- Não sei - disse, a voz embargada - onde ele está?

- Mi... Draco foi levado pelos pais dele. - Ron falou, mexendo nervosamente nos próprios cabelos - eles vieram de madrugada e... ah, eu sinto muito. Sinto mesmo.

/flashon.

Ela estava deitada na cama, e acabava de acordar. Aturdida, só conseguia ver os borrões de várias pessoas gritando e movendo-se na escuridão da Enfermaria, e outras conversando nervosamente entre si. Ela tentou gritar com a mulher que lhe injetava algo na veia do braço - ela tinha pavor de agulhas, mas sentiu-se fraca demais... e de repente, escutou um grito de dor que cortou seu coração, seguido lamentos rápidos e terríveis. Era a mãe de Draco que corria pra lá e pra cá pela Enfermaria com o salto batucando no chão, incapaz de acreditar na morte do filho. Então lhe veio uma imensa vontade de gritar à Narcisa que tudo aquilo só podia ser uma brincadeira de mal gosto, que ela a entendia, que nada daquilo podia estar acontecendo de verdade, que Draco não podia simplesmente estar morto, parar de tocá-la ou de dizer-lhe coisas que a surpreendiam... mas o remédio a apagou.

/flashoff.

Os olhos de Hermione marejaram rapidamente, e ela não conseguiu segurar as lágrimas que escorreram por seu rosto pálido.

- Céus... - ela murmurou, passando a mão pelos olhos para tentar limpá-los - isso dói.

Gina e Rony se entreolharam por um instante, e ela pôde notar que os olhos verdes dos irmãos brilharam mais intensamente. Emocionada, fungou, tentando dar alguma coerência ao que falava:

- Ele disse que me amava... disse que não queria me perder. E quer saber? Eu o amava também e... - ela não conseguiu terminar, porque os soluços foram ficando mais fortes e Ronald levantou-se da cadeira para abraçá-la, enquanto Gina mexia em seus cabelos.

- Você vai ficar bem, Mi - ele beijou sua testa, e ela agarrou-se ainda mais ao abraço, insegura demais. Sentindo dor demais.

- As co-coisas não saíram do mo-do como planejamos. - conseguiu gaguejar.

Depois de alguns minutos nos quais ela conseguiu apenas chorar e soluçar, sem conseguir conter o fluxo de lembranças com Draco que pareciam assolá-la, Rony soltou-a, mas permaneceu ao seu lado, muito próximo. Seu guardião, esperando ela desabar novamente.

- Mione, cada coisa tem seu tempo. - Gina falou (ela havia começado a chorar há tempos também), segurando sua mão - foi o tempo dele partir.

Ela afirmou com a cabeça, ainda soluçando. Então, virou-se para os dois:

- N-não sofram por mim, ok? Eu realmente preciso de vocês fortes agora. - ela tentou não mentalizar a lágrima que escorreu pelo rosto de Ron - por favor?

Eles acenaram, e ficaram do lado dela até que a dor a tombasse e ela caísse em um sono exausto e sem sonhos.


( x )



Hermione acordou sentindo-se tão vazia quanto da outra vez que o fizera. Apenas um buraco imenso dentro de si, sentimentos devastados e esperanças perdidas. Tudo estava perdido, afinal. Ele havia ido embora - e não era para um lugar distante, onde poderia correr atrás dele daqui algum tempo; não, ele havia ido embora para sempre. Deixado de existir.

- Senhorita Granger, que bom que acordou, vejo que está se sentindo melhor.

Ela levantou os olhos e percebeu a enfermeira apressada. Sentindo-se melhor? Apenas mexeu a cabeça, sem se concentrar no sinal que fazia.

- Bem, você rompeu os ligamentos, mocinha - ela aproximou-se, tocando o gesso em sua perna - terá que suportar essa coisa por alguns dias, o suficiente para tudo voltar ao normal. O joelho nunca é uma boa parte para se mexer... mas você está em boas mãos.

- Já o enterraram? - foi o que conseguiu perguntar.

A enfermeira a olhou apreensiva:

- Hoje a tarde. Mas você poderá ver sua tumba, e sinceramente... - ela aproximou-se - não acho que as coisas se tornariam melhores se você o visse lá.

Ela afirmou, concordando com a mulher. Nada ficaria bem, nada mesmo.

- Tudo bem. Quando eu vou poder sair?

- Hum... bem, terá que passar apenas mais algumas horas, até a hora do remédio, então lhe entregarei as muletas e você está livre!

Ela não conseguiu sorrir para a mulher.

Hermione definitivamente não gostava daquele lugar frio e muito claro, ainda mais depois das terríveis lembranças que guardaria daquela noite em que o perdera.

Ela jogou o lençol branco que a cobria e jogou uma perna para fora da cama. Descobriu que o gesso era mais pesado do que pensava, e não conseguiu arrastá-lo pelo lugar sem nenhum apoio. Sentou-se, agitada, pensando rápido. Precisava fugir dali, ver como estava o lugar em que o corpo de Draco descansaria para sempre, saber o que havia acontecido com Harry. Afinal, ele também havia batido em alguma coisa.

Suspirou, furiosa, e tentou tirar o material branco da coxa, sem sucesso. Por fim, jogou o corpo pra trás e ficou olhando o teto da Enfermaria, lembrando-se de como seria muito melhor se alguém gritasse primeiro de abril, aparecesse com balões coloridos e bebidas e Draco, no meio deles, abriria os braços para que ela o abraçasse. Ele a giraria no ar, e aí sim teriam o final feliz.

As lágrimas escorreram silenciosamente pelos lados do seu rosto e ela fechou os olhos.


( x )



Uma rosa branca, alva como a pele dele. Jogou-a devagar sobre o túmulo de mármore detalhado e ajeitou os cabelos na testa, tentando limpar as lágrimas ao mesmo tempo. Draco Lucius Malfoy, filho amado e amigo leal, era seu epitáfio. Hermione tinha tantas coisas a dizer a ele e sobre ele, que indignou-se quando viu aquelas palavras miúdas de prata.

Fungando, encostou-se na muleta para não vacilar, e o vento gelado continuou a dançar em torno de si.

- Eu achava que iria encontrá-la aqui - uma voz que ela conhecia perfeitamente falou logo atrás dela, arrastada, mas ela não se assustou.

Estava desiludida demais. Apenas olhou para Harry, e depois continuou a encarar o mármore escuro.

- Eu sinto muito - ele falou, depois de alguns minutos, e ela ficou surpresa ao perceber que eram as palavras mais sinceras que havia recebido.

Não conseguiu conter o choro: ele veio rápido demais. Apenas inclinou-se para frente, começando a soluçar e sentindo as lágrimas correrem livremente por seu rosto. Harry apressou-se em segurá-la e abraçá-la, mas Hermione tentou separar-se do abraço, chorando e empurrando-o no peito com os punhos, mas ele era forte demais... exausta, deixou-se encostar a cabeça no peito dele e sentir os braços firmes e quentes a contorná-la.

Por alguns minutos, foi o que fizeram. Ela pôde sentir toda a dor palpitar em seu peito, mas de alguma maneira abraçá-lo em silêncio estava reconfortando seu coração. De alguma maneira ele conseguiu acalmá-la apenas com o gesto, e quando se afastaram um pouco, ele beijou sua testa, com as mãos em sua cintura, para segurá-la ainda. Havia um desejo mútuo entre os dois de acabar com o elo que havia entre si.

Levou as mãos ao rosto, enquanto ouvia o amigo aproximando-se quase correndo para abraçá-la. As lágrimas escorriam-lhe incessantemente e ela se sentiu pior do que antes. Havia um desejo mútuo entre os dois de terminar logo as brigas e quebrar o elo que havia entre si. Os olhos verdes dele brilharam mais do que nunca.

- Ele me deixou, Harry - ela sussurrou de repente - foi embora, eu estou sozinha agora...

- Nunca pense que está sozinha, pelo amor de Deus, Hermione - ele pediu.

- Ah, droga, nada foi como planejamos - Hermione olhou para o rosto perfeito de Draco na foto - tudo estava tão perfeito, e continuaria sendo, e podíamos dar certo, sabe, ser felizes para sempre, mas...

- A vida não é um conto de fadas, Mione - ele abraçou-a de lado, olhando para o túmulo também.

- Eu não sei se posso... posso dizer isso, mas acho que foi um pouco tarde demais para me dizer isto.

Harry abaixou a cabeça, pousando-a em seu ombro. Hermione ficou um pouco tensa, pensando que quem estava precisando de apoio ali era ela, mas aquilo não havia sido exatamente... ruim. Encostou a cabeça na dele, e acariciou seus cabelos negros rebeldes. Depois de alguns segundos, ele ergueu a cabeça e beijou sua bochecha, no canto de sua boca. Hermione sentiu o rosto corar ao perceber que gostaria de ter se virado para beijá-lo, mas não o fez em memória de Draco.

- Harry eu... preciso de um tempo, sabe... colocar as coisas no lugar. - ela falou em um sussurro, e o vento rodopiou ainda mais entre eles, agitando seus cabelos.

Harry sorriu, fazendo a garota suspirar, sem saber se de exaustão ou deslumbramento, e acariciou seu queixo, puxando-a para encará-lo. Surpresa, ela piscou, mas o olhar foi profundo demais...

- O tempo que precisar, princesa. - foi o que ele sussurrou.

Ela sorriu docemente, invadida por uma espécie de esperança. Não podia construir castelos novamente, e muito menos esquecer o antigo e maior. Mas aquilo era alguma coisa em que se segurar. E definitivamente, se segurar era o que ela precisava.

E assim, o conto sem um final feliz acabou. Ninguém disse que seria realmente um conto de fadas.





n/a: bem, eu mudei muuitas coisas nesse final! tipo, no último cap. de antes a Hermione encontrava o Harry no corredor depois da Enfermaria mas daí eu pensei "Não!" e mudei. (: é, tosco. haha mas mesmo assim, preferi esse último final aí, e sinceramente, o Harry tá fofo *----* e o fim do romance da Mione e do Draco foi trágico, mas abalou minhas estruturas com ctza ;O é só que, cara, eu sempre li fics D/Hr que eles ficam muito bem no final e tudo, só que como eles PODEM ficar juntos no final? isso não é... impossível? quer dizer, eles são inimigos mortais. E sim, contra o meu próprio pensamento (?) eu escrevi essa fic sem um final feliz, e sem a idealização de nada. Simplesmente, saiu. :*

Compartilhe!

anúncio

Comentários (3)

  • Julian Santos

    MelldeusQ triste q triste.... 

    2013-10-31
  • Brunizinha

    Jah é a terceira vez que leio essa fic, e sempre que faço isso eu choroo! Muito! Muito! Muito!   Mesmo sendo triste é uma ótima fic! :)

    2013-01-11
  • Jurumica

    Mesmo ñ tendo um final feliz eu gostei muito desse final.... Tó quase me acabando em lagrimas aki :')

    2012-08-01
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.