E lá vamos nós!



Ao chegarem à ferroviária King's Cross, localizada no centro de Londres, os pais de Elizabeth a auxiliaram com a retirada de sua bagagem do veículo e a direcionaram à plataforma 9 ¾.



No caminho para o local de despedida, os pais alternavam falas a respeito do rito de passagem pela plataforma, das ótimas notas que ela deveria manter, o bom comportamento e claro, da necessidade em fazer parte da casa Sonserina, assunto esse que se repetiu dia após dia, desde o momento em que souberam da mudança para a nova escola.



-Mas eu não sou responsável pela escolha, pelo que estudei de Hogwarts, eles possuem um chapéu seletor que é incumbido de escolher as casas dos alunos. – Declarou a garota, na tentativa de se livrar do peso que os pais haviam colocado sobre ela.



-Minha filha, nós sabemos que você é astuta o suficiente para conseguir isso. – Afirmou a mãe, que nunca prestava atenção às súplicas da filha.



-Além do mais, Elizabeth, a sua personalidade te fez ser escolhida para a casa Serpente Chifruda em Ilvermorny – Acrescentou o pai.



-Mas pai, as casas de Ilvermorny não são correspondentes às casas de Hogwarts. – Explicou Elizabeth.



-Nós confiamos na filha que temos e sabemos que você vai conseguir entrar para a Sonserina. – Ditou a mãe.



-Posso ir, agora? – Perguntou a garota já cansada.



Cansada por nunca ser ouvida por aqueles que deveriam ser os seus principais ouvintes, e cúmplices na resolução de seus problemas, mas o que acontecia era exatamente o contrário, pois todos os seus problemas se ligavam diretamente às decisões erradas de seus progenitores.



-Claro que pode, minha filha. – Disse a mãe dando um beijo em sua testa, seguida do pai que imitou o gesto da esposa.



Após se despedir de seus pais e assumir o controle de suas bagagens, a adolescente transpassou a parede que a levaria ao Expresso de Hogwarts e seguiu o caminho para a entrada do grande trem. Assim que encontrou uma cabine vazia, ela posicionou os seus pertences e sentou no assento ao lado da janela.



Não demorou muito para que outra pessoa abrisse a porta da cabine e entrasse no local, no caso, uma garota com um sorriso enorme no rosto, que olhou para Lizzie e estendendo a mão iniciou uma conversa entre as duas:



-Oi, meu nome é Raven Taylor, você está esperando alguém? - Perguntou, ainda apertando a mão da colega.



-Não, eu estou sozinha. – Respondeu Lizzie.



-Eu posso chamar alguns amigos para viajarem com a gente? – Perguntou a estudante.



-Pode sim. – Respondeu Elizabeth.



A garota chamada Raven colocou a cabeça para fora da cabine e chamou os colegas:



-Henry, Frank, encontrei um lugar. – Gritou a aluna, fazendo gestos com as mãos, para que os estudantes chamados se aproximassem.



Logo após a convocação, dois garotos com seus pertences entraram no local e se acomodaram.



-Nossa, eu nem perguntei o seu nome. – Ressaltou Raven, sentando ao lado de Lizzie.



-Meu nome é Elizabeth Mcguire. – Respondeu a aluna nova.



-Prazer, eu sou Frank Longbottom. – Disse um dos garotos estendendo a mão para cumprimentá-la.



-E o meu nome é Henry Thompson. – Apresentou-se o outro aluno que estava com eles, cumprimentando-a também.



-Você é nova em Hogwarts? – Perguntou Frank – Porque eu nunca te vi.



-Sou nova sim, fui transferida de Ilvermorny para a escola de vocês. – Respondeu Mcguire.



-E por quê? – Perguntou Frank, curioso.



-Deixa de ser invasivo, Longbottom. – Repreendeu Raven.



-Tudo bem, eu não me importo. – Lizzie sorriu desajeitadamente – Meu pai foi convidado para ser Auror no Ministério da Magia Britânico e precisamos nos mudar de país. – Explicou sucintamente.



-Meus pais são aurores também. – Revelou Henry animado – Provavelmente eles vão...– Dizia o aluno antes de ser interrompido com o barulho da porta abrindo e um estudante, de cabelo preto na altura dos ombros, colocar metade do corpo para dentro.



O intruso analisou os quatro cantos da cabine e logo fechou a porta, seguido da frase:



-A Lilian não está aqui, Potter.



-Eu não aguento mais esses caras. – Desabafou Henry, ainda encarando a porta recém fechada.



-Devo me preocupar? – Perguntou Lizzie receosa.



-Não, o Henry está exagerando. – Raven deu de ombros – Acontece que o Potter é capitão do time de Quadribol da Grifinória e ele da Lufa Lufa, eles têm uma rixa. – Respondeu – E porque o grupo deles meio que pregam peças nos outros, de vez em quando.



-Você foi bem gentil falando de vez em quando, eles fazem isso toda hora. – Rebateu Henry – E se acham donos da escola, você não acabou de presenciar o Black entrando aqui sem pedir licença? – Perguntou, encarando a amiga.



-Você sabe que ela ameniza as coisas que eles fazem por causa do Re... – Dizia Frank, antes de ser interrompido por Taylor.



-Eu não faço isso por causa dele e mesmo se fosse, ele é o único daqueles quatro que presta. – Defendeu Raven.



-Vou ter que concordar. – Apontou Frank – Aquele cara é muito bom, sempre que eu tenho dúvidas nas aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas, ele me ajuda sem pedir nada em troca.



-E de quem vocês estão falando? – Perguntou Lizzie – É bom saber quem é, para quando eu precisar de ajuda. – Completou ela.



-O nome dele é Remus Lupin. – Respondeu Raven.



-Raven, que brilho nos olhos é esse? – Caçoou Frank.



-Fica quieto, Longbottom. – Censurou a estudante, dando um leve tapa no braço do amigo.



-Pode ficar tranquila que o seu segredo estará bem guardado comigo. – Disse Elizabeth, na tentativa de conter a vergonha que a colega demonstrava.



-Agora que você sabe de um segredo meu, vai ser obrigada a ser integrante do nosso grupo. – Raven fez uma pausa – Inclusive, estávamos procurando uma quarta integrante e parece que você se encaixa perfeitamente nos requisitos. – Finalizou ela.



-Eu adoraria fazer parte do grupo de vocês. – A garota sorriu genuinamente, pois nunca havia feito parte de um grupo antes – E falando em grupo, de quais casas vocês são? – Perguntou Elizabeth.



-Eu sou da Corvinal. – Respondeu Raven, orgulhosamente.



-Lufa-Lufa. – Informou Henry.



-E eu Grifinória. – Acrescentou Frank. – E você quer ir para qual casa? – Perguntou o rapaz.



-Meus pais me intimaram a ir para a Sonserina e se eu não conseguir, não chego à fase adulta. – Respondeu a garota, descontente.



Era a primeira vez que Lizzie explanava o comportamento dos pais para alguém que não fosse o seu tio Keith e aquela pequena declaração, mesmo que irrisória, significava muito para ela, representava um lampejo de liberdade de expressão, à qual sempre fora censurada.



-Seria perfeito. – Declarou Raven entusiasmada – Seríamos cada um, de uma casa diferente.



-Eu sempre quis conhecer o Salão Comunal da Sonserina, dizem que é possível ver o fundo do Lago Negro através das paredes de vidro. – Disse Frank empolgado – Imagina só, você sentado em uma poltrona e do nada uma lula gigante passa há poucos metros de você.



-É, mas também dizem que eles deixam como enfeite, crânios de serpentes espalhados pelo salão. – Informou Henry.



-Mas por qual motivo? – Lizzie perguntou, surpresa.



-Sei lá, eles devem levar a sério o mascote da casa. – Raven deu de ombros – Também não sabemos se é verdade, nunca tivemos um amigo da Sonserina para ir visitá-lo.



-Quando eu entrar para a Sonserina, eu levo todos vocês lá – Declarou Mcguire.



-É assim que se fala, garota. - Afirmou Raven.



 



(...)



 



A Cerimônia de Seleção estava prestes a acontecer e o Chapéu Seletor, já posto em cima de um banquinho, começava a cantar uma música que enaltecia as qualidades das quarto casas de Hogwarts.



Disposta em um grupo com alunos de onze anos, Elizabeth se sentia ridícula por aparentar estar muito mais nervosa do que aquelas crianças, mas para a sua sorte, não demorou muito para que seu nome fosse chamado pela diretora da Grifinória, Minerva McGonagall.



-Elizabeth Mcguire. – Convocou a professora.



Lizzie caminhou a passos curtos no sentido do assento reservado, queria a todo custo prorrogar a sentença que ganharia com aquela seleção de casas.



-Vai garota. – Gritou Raven, a fim de encorajar a nova amiga, que parecia estar indo para um matadouro.



Assim que a nova estudante se sentou e o chapéu foi posto em sua cabeça, ela começou a argumentar com a criatura via pensamento, antes que o objeto mágico proferisse qualquer palavra.



"Olha, sr. Chapéu, eu só queria que o sr. soubesse que, se eu não for para a Sonserina, minha expectativa de vida diminui 75 anos"



-É mesmo, srta. Mcguire? Eu vejo muitas características da Sonserina em você, como astúcia, determinação e inteligência, mas também vejo qualidades como coragem, lealdade e ousadia... – Alegava o Chapéu antes de ser interrompido pelo contra-argumento da novata.



"Se analisar bem o meu caso, coragem e ousadia eu não tenho, pois se tivesse não estaria implorando para ir para a Sonserina, com medo de meus pais me jogarem da escada no Natal, caso eu seja selecionada para outra casa. "



O chapéu emitiu uma risada grave e logo retomou a fala:



-Ótimo argumento, srta. Mcguire. – O objeto suspirou fundo – Bem, eu não quero ser o responsável pela perda de uma mente tão brilhante como a sua, então sua casa será... – O Chapéu Seletor ficou em silêncio por alguns segundos antes da revelação – ... Sonserina.



Os alunos da casa mencionada se levantaram e alternaram sons entre palmas e assovios, enquanto que na mesa da Grifinória, alguns alunos faziam comentários a respeito da escolha.



-Que pena, tão linda e indo para a Sonserina. – Mencionou Sirius Black, acompanhando a garota com o olhar.



-Eu já te disse para não julgar as pessoas, pela casa que elas são selecionadas. – Rebateu Remus Lupin.



-Toda a minha família é da Sonserina e eu sei muito bem do que estou falando. – Argumentou Sirius, que reparou a comemoração do aluno Frank, o único presente que estava feliz com a escolha do Chapéu Seletor. – Por que você está comemorando, Longbottom? – Perguntou Black, contrariado.



-Porque ela é minha amiga e eu finalmente vou conhecer o Salão Comunal da Sonserina. – Respondeu o aluno com um largo sorriso no rosto.



-Amiga e da Sonserina? – Black riu em sinal de deboche - Esquece que ela nunca mais vai falar com você, bobão. – Ele apontou para a mesa da outra casa - Olha quem já está falando com ela, o cara que repugna trouxas. – Fez uma pausa – Gente assim, se atrai.



Enquanto aquela conversa acontecia na mesa da Grifinória, na mesa da casa rival, o aluno Ethan White chama Lizzie para sentar ao seu lado e se apresenta:



-Elizabeth Mcguire, filha do novo auror do Ministério da Magia Britânico, é um prazer te conhecer. – Disse o aluno estendendo a mão para cumprimentá-la – Eu sou Ethan White.



-O prazer é meu. – Disse retribuindo o cumprimento – Mas como você sabe que o meu pai é o novo auror? – Perguntou, confusa.



-Eu não posso revelar os meus segredos assim de cara. – Disse sorrindo – Eu estou brincando, meu pai trabalha no Departamento de Cooperação Internacional em Magia e ele me contou a respeito da contratação do seu pai, e que ele tinha uma filha que viria para Hogwarts – O rapaz passou uma das mãos para ajeitar o cabelo - Eu só liguei os pontos.



-Por um momento eu achei que você pudesse ler a minha mente. – Disse a garota, ligeiramente constrangida.



-Quem me dera. – Ethan sorriu – Mas seja muito bem-vinda e precisando de auxílio pode me chamar, sou um dos monitores da Sonserina e posso te ajudar com qualquer coisa.



-Só uma pergunta, como eu faço para chegar ao nosso Salão Comunal? – Perguntou Lizzie.



-O nosso Salão Comunal fica nas masmorras, mas não se preocupe que no final do banquete, nós monitores guiamos todos os novatos para lá. – Respondeu o sonserino – Mas se você não quiser ir com a gente, não tem problema, só vou pedir para você não ultrapassar o horário das vinte e duas horas e... – O garoto levou umas das mãos ao bolso traseiro da calça, retirando um papel do local –... essa é a senha de hoje para entrar no salão, caso chegue lá e não tenha nenhum de nós para recebê-la.



-Muito obrigada. – Disse pegando o papel – Mas se essa senha só vale para hoje, como faço nos outros dias, para saber? – Perguntou Elizabeth.



-Como a senha muda todos os dias, nós sempre deixamos a correta no mural de informações do salão. – Respondeu Ethan.



-Efetividade, eu gosto disso – Disse a garota impressionada.



-Você entrou para a Sonserina, não espere nada diferente disso. – Gabou-se Ethan.



 



(...)



 



Ao perceber que a maior parte dos alunos já não estava acomodada em suas mesas, por terem terminado suas refeições, Lizzie tentou encontrar algum dos três amigos que fizera no Expresso de Hogwarts, mas como muitos estudantes estavam de pé, não conseguiu localizá-los.



Somente ao se levantar, é que ela conseguiu ver Frank sentado na mesa da Grifinória e com isso resolveu caminhar até ele. No momento em que Longbottom percebeu a amiga vindo em seu sentido, se levantou da mesa e assim que a encontrou, a abraçou forte.



Ao perceber que Black encarava a cena, Remus comentou:



-Eu te falei para não julgar as pessoas.



-Isso não significa nada, deixa ela dormir naquele lugar essa noite, que amanhã nem vai se lembrar dele. – Argumentou Sirius.



Enquanto isso, Elizabeth e Frank comemoravam a escolha do Chapéu Seletor.



-Eu vou conseguir levar vocês até o Salão Comunal da Sonserina. – Comemorou a nova estudante.



-Eu não vejo a hora de ver as lulas gigantes pela janela. – Disse Frank, ainda a abraçando.



-Eu só espero que não seja verdade aquela coisa de crânios de serpentes, que coisa macabra. – Afirmou a garota.



-Se for, tudo bem, devem ser apenas enfeites – Apontou Frank.



-Ei garota, me dá um abraço. – Disse Raven, se aproximando na companhia de Henry.



-Você não vai precisar se preocupar com os seus pais e... – Henry conversava com Lizzie, até ser interrompido por Tiago Potter, que se levantou da mesa e se aproximou do quarteto, junto de dois dos amigos que sempre o acompanhavam, Sirius Black e Pedro Pettigrew.



-E aí, Henry, pronto para perder mais um campeonato para a Grifinória? – Perguntou Potter, provocando o rival de Quadribol, que aparentava ter ficado irritado com aquele comentário.



-Será que vocês podem me ajudar a achar a entrada do meu dormitório, me disseram que fica nas masmorras. – Pediu Mcguire, na tentativa de descontrair o novo amigo, que estava prestes a responder à provocação do outro aluno.



-É melhor irmos, mesmo. – Concordou Raven.



-Não vai falar com a gente, Thompson. – Provocou Potter.



-Vamos ver quem vai rir por último, Potter. – Respondeu Henry.



-Faz quantos anos que a Lufa-Lufa não ganha o campeonato mesmo? – Perguntou Tiago, acompanhado da risada dos amigos.



-Ótimo, Hogwarts tem a sua própria versão dos Três Patetas. – Declarou Elizabeth, provocando as risadas de seu grupo.



-Três Patetas? – Perguntaram Tiago e Sirius confusos.



-É um programa antigo de humor trouxa. – Respondeu Pettigrew.



-E o que uma sonserina, conhece do mundo dos trouxas? – Perguntou Black.



-Aparentemente mais do que você. – Respondeu Mcguire, de prontidão.



-Acho que chega de provocações, galera. – Disse Remus, se aproximando dos amigos.



-Mas já? – Riu Black – Eu posso ficar nessa a noite toda.



-Tá bom então, Moe. – Lizzie o encarou desinteressada e logo se voltou para os novos amigos – Vocês me levam para a entrada do meu dormitório, por favor.



-Vamos. – Disse Henry, já se virando.



-Moe? – Perguntou Black.



-É um dos três patetas. – Respondeu Pedro.



Já fora do Salão Principal, o quarteto recém-formado conversava a respeito da discussão que acabara de acontecer.



-Vocês viram a cara deles quando a Lizzie falou dos Três Patetas? – Perguntou Raven, gargalhando.



-E eu que nem sabia quem eram esses Três Patetas, não consegui ficar sério com a cara que aqueles três fizeram. – Henry declarou, gargalhando com a amiga.



-E como sempre, quem tentou apaziguar a confusão? – Perguntou Raven, já tendo cessado o riso.



-Lá vem ela falar do Remus. – Provocou Frank.



-Estou mentindo? – Perguntou Raven, com mãos postas na cintura.



-Ainda não entendo como ele consegue conviver com aqueles babacas. – Comentou Henry.



-Ele deve ser o ponto de equilíbrio deles, todo grupo tem um. – Comentou Elizabeth.



-Vamos ficar falando dele, mesmo? – Perguntou Frank com os braços cruzados.



-Não, eu só achei pertinente mencionar isso. – Respondeu Raven.



-Bom, vamos levar a nossa nova amiga até as masmorras, para que ela conheça o dormitório dela. – Declarou Henry.



-Vamos. – Disse Raven.



-Explora bem aquele lugar, para quando formos te visitar. – Comentou Longbottom.



-Pode deixar que eu vou conhecer aquele lugar, como a palma da minha mão. – Prometeu Elizabeth. 



 



 


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