Resquícios



Adeus ou Tchau




Capítulo Dois – Resquícios





When you were here before

Couldn”t look you in the eye

You”re just like an angel

Your skin makes me cry








Hermione caminhou até sua lareira sentindo-se o ser humano mais asqueroso que já viveu sobre a Terra. Rony percebera! Uma vez na vida, Rony notara que ela dissera ADEUS! Ela tivera esperança de que ele ignorasse seu sentido. Não, mas o plano não era que ele entendesse? Quando dormira na noite passada, não planejara que ele entendesse, não planejara deixar tudo mais claro se ele não captasse a mensagem?


Tudo se tornara complicado demais para ela. Por que diabos tinha que ter acordado daquela maldição? Tudo culpa de Rony, que ficara segurando sua mão durante aquelas três noites...


Hermione correra entre sombras, sentindo seus cabelos se prenderem em garras gélidas que a perseguiam; será que estava sendo perseguida por dementadores? Não, porque se assim fosse o frio teria chegado de repente, e não estaria ali desde sempre... Era tudo confuso demais, mas Hermione tinha a sensação de que a qualquer momento a exaustão lhe venceria. De modo que ela corria e corria e gritava, até que caía e começava a encontrar corpos em seu caminho... Todas as pessoas que conhecia estavam ali, jogadas, mortas, inexpressivas...


Até que, do nada, algo começou a apertar sua mão. No início estava tão quente, que era como se fosse brasa, e ela não agüentava; mas ela precisava daquele calor, só aquilo poderia salvá-la... Com o tempo, e conforme sua mão se esquentava, ela foi sentindo o tato melhorando. Sentiu dedos quentes segurando os dela, dedos vivos, e agoniados, que tentavam puxá-la dali... Mas Hermione não conseguia enxergar... Só sentiu aquela mão puxando-a, tirando-a daquele pesadelo de sombras...


Abriu os olhos, com dificuldade; era tanta luz que chegava de repente que nem parecia real. Mas a mão continuava ali, real e viva, e Hermione abriu os olhos. Rony estava ali, olhando para ela! Com aqueles olhos cheios de preocupação, com o rosto cansado... Sim, ele tinha lhe devolvido a vida. Ela tinha que agradecer a ele eternamente. Ela devia sua vida a Rony! Quem poderia imaginar? Hermione então se lembrou, fracamente, de quando caíra, de quando Voldemort a amaldiçoara. E o rosto de Rony pareceu ficar mais nítido. Não, aquilo era real. Ela tinha mesmo sobrevivido!


E, sem dúvida alguma então, Hermione amava Rony.


E exatamente por isso, ela dissera “adeus”, e não “tchau”, ou “até logo”. Porque a maldição não terminara no momento em que Rony a salvara das profundezas de sua própria mente. Ao contrário. A maldição começava ali. Começava no momento em que ela acordava e se via entregue de volta à vida normal. De volta à presença de algo tão sublime quanto o amor, depois de conhecer tantas sombras.


No início, ela pensou que estando acordada de novo, tudo seria maravilhoso. Tudo que ela devia fazer era viver! E de repente essa palavra ganhou um sentido tão grande! Como se nela coubesse tudo: como se nela coubessem todos os anos de sua vida, todos os risos que dividira com Rony, todos os momentos de confidências com Gina e também quando ajudara Harry a resolver os enigmas que envolviam o mundo bruxo. E como se, desde então, coubesse muito mais: coubesse Rony como alguém a estar para sempre perto dela, como se coubesse uma vida sem medo.


Mas as coisas nunca são como esperamos...


Voldemort se fora, e isso era verdade. Mas ele deixara resquícios, seqüelas. Hermione carregava uma delas.


Ela estava feliz como nunca, depois de se levantar, de ver o mundo de novo. Mal podia esperar para que Rony voltasse e a levasse daquele lugar. Foi quando uma Madame Pomfrey muito preocupada pediu para falar com ela.


Ela tinha uma expressão tão séria que Hermione hesitou. O que poderia haver de errado?


-Artes das trevas não abandonam um corpo com tanta facilidade, Srta, Granger. – ela tentou explicar, depois que convenceu a mulher a se sentar e tirar o sorriso radiante do rosto. – É simplesmente notável que tenha despertado sozinha. Eu nunca teria previsto tal recuperação. Mas magia negra deixa rastros, Srta. Granger. – ela suspirou, pesarosa. Hermione tinha as sobrancelhas erguidas, querendo entender tecnicamente do que ela estava falando.


-De que tipo de resquícios está falando, Madame Pomfrey? – perguntou polidamente.


-Não há como especificar, Hermione. – a enfermeira replicou, usando o primeiro nome da outra. – Com cada um acontece de uma maneira. Com os pais do jovem Longbottom, você sabe, foi a custo do juízo. Você viu muitos caindo malucos em batalha, não viu?


Hermione sentiu seus olhos ficando mais sombrios. Sim, ela vira. E não sabia se estava pronta para se lembrar daquilo.


-Pode acontecer que não haja nada. – ela adiantou, vendo o rosto da mulher se nublando. – Mas caso aconteça alguma coisa, Hermione, estou dizendo, qualquer coisa, gostaria que viesse até Hogwarts. Ou mandasse uma coruja.


Ela assentiu, seu rosto sério. Mas quando a enfermeira deixou-a com a expectativa de levar uma vida normal, Hermione esqueceu de tudo. Claro que não restara nada. Ela estava se sentindo maravilhosa! O que poderia dar errado? Rony estava vindo buscá-la! Ele dissera...


Tudo corria maravilhosamente. E quando ele a beijara, então? Nada podia dar errado. Hermione sempre quisera dizer aquilo! Nada podia dar errado. NADA daria errado.


Até que a noite chegou.


Estava na casa de seus pais. Sentia-se protegida ali de uma forma quase infantil. Quase como se fosse uma extensão do ventre de sua mãe. A maioria dos filhos únicos sentem isso, e com Hermione não era diferente. Seus pais estavam orgulhosos. Haviam estado tão preocupados. Ela desaparecera, e dois dias atrás uma coruja idosa chegara com um bilhete rabiscado... Dizendo que a filha deles estava em Hogwarts, na enfermaria, se recuperando. De quê? Eles queriam saber. Mas Rony não dizia. Achara melhor não mencionar, e imaginara que Hermione contara tudo aos pais, para que eles soubessem o que fazer caso qualquer coisa acontecesse.


Então a porta do quarto de Hermione se fechou e ela foi deixada sozinha, mais uma vez. De início, sentiu-se ótima. Mas ao cair no sono, tudo voltou. Aos turbilhões. Em jorros poderosos, alguns inéditos.


Fazia muito frio, ela reconheceu o ambiente. E não via nada. Tentava gritar, não conseguia. Tentava se mexer, também não podia. E de repente Rony chegava, e segurava sua mão, exatamente como fizera na realidade. Mas no momento em que ele a pegava, contorcia-se de dor; Hermione não queria acreditar, de repente sua salvação não era mais salvação... Então Rony caía no chão, e ela se debruçava sobre ele, tentando trazê-lo de volta como ele fizera com ela... Mas Rony só urrava mais e mais de dor, se contorcia no chão úmido e escuro... Até que finalmente ele perdia suas forças e soltava a mão dela. E, gritando e se sacudindo em sofrimento por ele, Hermione se via trazida de volta para a luz. Mas ao custo de abandonar Rony na escuridão, morto.


O dia seguinte foi um tormento; ela acordou embebida em suor, enrolada nos lençóis; sua mãe lhe deu remédios trouxas, dizendo que ela tinha febre, mas Hermione foi sendo tomada aos poucos por uma consciência trágica. Rony mandou uma coruja por volta da hora do almoço. Dizia: “Como você está? Estou feliz que esteja de volta. Rony.”


Era um texto tão simples e que dizia tanto. Hermione caiu no choro ao lê-la! Ele estava tímido e ao mesmo tempo feliz. Mas ela já não tinha tanta certeza assim se era bom estar de volta.


Os pesadelos persistiram. Hermione evitara educadamente encontrar Rony nos três dias seguintes. Disse que estava arrumando sua vida, depois da guerra, e que depois eles poderiam se encontrar para conversar. Sua mãe sabia que algo estava errado. Mas de nada adiantaria contar à Sra. Granger que sua filha estava tendo pesadelos de morte. Que pareciam reais. Mais reais do que qualquer outro pesadelo, talvez mais reais do que as noites que passara inconsciente e amaldiçoada.


Sim, talvez devesse falar com Harry! Ele sofrera bastante com pesadelos durante a guerra. Marcou um encontro com o amigo, que ainda não vira desde que voltara. Harry estava no Ministério da Magia; estavam todos fazendo mil relatórios e registrando todos os relatos dele sobre a guerra, um processo que demoraria muito. Hermione não estava ansiosa para ser chamada a depor. Mas seu amigo recebeu com grande animação a coruja. “Ótimo”, escrevera ele, na coruja de resposta. “Seria bom conversar um pouco. Estes relatórios estão me cansando mais do que a batalha, e você sabe como aquilo cansou, pode ter uma noção. Eu te encontro no Caldeirão Furado – ou no boteco que restou dele – hoje à tarde.”


Hermione aparatou no Beco Diagonal com a sensação de que tudo se resolveria com a conversa. Ele lhe diria como se livrar dos sonhos, explicaria como não tinham nenhuma relação com a realidade, e então ela poderia encontrar Rony de novo. Sentia tantas saudades do ruivo. Mas estava com uma sensação horrível depois dos pesadelos. Tinha medo de envolvê-lo em suas loucuras. E só queria que alguém lhe dissesse que estava sendo idiota – algo realmente raro, estamos afinal falando de Hermione Granger querendo ser chamada de idiota – e que não representava risco nenhum para ele.


O Caldeirão Furado até sofrera poucos danos com a guerra. O Beco Diagonal fora pouco prejudicado, Hogwarts era a maior vítima. O bar já fora reformado àquela altura; Hermione se sentou e esperou.


E, de repente, pôs-se a fitar um garfo em sua mesa, cruzado sobre uma faca. Cena comum, correto. Seu olhar de perdeu no material prateado, quando ela teve outra imersão.


Estava sendo levada em plena luz do dia! Que diabos era aquilo? Sentiu-se sumindo, desaparecendo, sendo arrastada. E ninguém estava vendo. E viu outro flash de Rony, caindo morto. Dessa vez, a seu lado, pálido, de músculos frouxos.


Não soube quanto tempo se passou até que ela voltasse à realidade. Sentiu-se caindo e de repente estava de novo sentada à mesa do Caldeirão. Com o rosto suado, estendeu o braço esquerdo e olhou para o relógio.


Harry estava atrasado. Mas agora Hermione não queria mais saber. Pegou sua bolsa e saiu apressada, sem ouvir os palavrões de Tom, que trazia sua bebida. Cruzou o Beco apressadamente até as lareiras do Pó de Flu. Não. Voldemort estava morto, e ele era o problema de Harry. Que agora estava terminado. Ridículo procurar pelo amigo. Ele não poderia lhe ajudar.


Não havia outra razão para ter essas imersões, esses pesadelos, que não fosse a pior. Prevenção. Aquela maldição permanecia nela, lhe avisando o tempo todo que não podia deixar Rony chegar perto. Por quê? Isso ela não sabia. Mas sempre que se punha a sonhar, aquela magia negra a interrompia e tentava lhe dizer que era impossível.


Hermione concluíra, afinal, enquanto girava entre as lareiras diversas do mundo bruxo. Ficar com Rony significaria matá-lo.



*-*-*-*-*-*





A coruja com o timbre do Ministério da Magia da Rússia caiu como uma luva na vida dela. O último convite de Rony ela não pudera ignorar. Haviam visitado a loja dos gêmeos, e depois tomado um sorvete. Ela quase não fora; cinco minutos antes que o ruivo viesse buscá-la, ela tivera outra visão.


-Você está bem? – ele perguntou, quando a encontrou na porta de sua casa.


Ela sacudiu a cabeça, fracamente.


-Estou, claro. – ela murmurou. Queria se permitir àquele último encontro. Depois daquilo, prometera a si mesma, inventaria uma desculpa.


Rony observou-a atentamente.


-Tem certeza?


-Tenho. – ela replicou, engolindo em seco.


Rony hesitou, inseguro. Depois foram. Enquanto tomavam sorvete, observando as pessoas que passavam, Hermione sentiu, num susto, que tudo começaria de novo; segurou-se a Rony instintivamente. Trêmula, assustada. E claro que ele notou.


-O que foi, Hermione? – ele perguntou, correspondendo ao aperto. – Pare de negar. Eu sei que tem algo errado.


Hermione ergueu os olhos. Nada acontecera! Por um momento experimentou alívio. Mas depois enfrentou o olhar de Rony. Se dissesse a ele, nunca a deixaria ir. Ele era maravilhoso demais para deixá-la. E Hermione queria desaparecer pensando que ele era perfeito.


-Eu já disse, Rony – falou ela, tentando parecer exasperada. -, não é nada. Você está imaginando coisas.


Apertou mais aquela mão segura. E, impetuosa, se inclinou para a frente. E o beijou. Rony ficou imóvel por um segundo, depois a beijou de volta, com carinho. Hermione sentiu-o segurar sua nuca, e se permitiu beijá-lo de verdade. Uma última vez, dizia a si mesma.


Depois acabaram brigando... Ele a acusou de não dizer nada a ele. Perguntou até se não teria se recuperado completamente. Quando ela hesitou na mentira, ele disse que a levaria imediatamente até Madame Pomfrey. A próxima frase dele foi:


-Você não devia me convencer de tudo que quer me beijando. – sussurrou perto do ouvido dela, quando estavam indo embora. Hermione se permitiu sorrir.


Então recebera o convite e aceitara imediatamente. Fugira de Rony. E quase não conseguira, quando ele viera se despedir. Mas ela entrou na lareira de chamas esverdeadas e foi para a Rússia, com os olhos fechados, para não ver Rony lhe dando as costas e indo embora. Afinal de contas, era para o bem dele!





*-*-*-*-*-*-*-*





Rony sentiu as orelhas se esquentando, enquanto observava as costas de uma Hermione esquiva e obtusa, que se afastava. Era mesmo só uma despedida? E que eles iriam logo se encontrar, quando ela voltasse? Chutou uma pedra, amaldiçoando a complicada mente feminina. Será que ela não podia simplesmente ter dito “tchau”? Ele estaria muito mais tranqüilo agora, pelo menos.


Harry voltou e deu um tapinha em seu ombro.


-Tudo bem com você? – perguntou, com um olhar atento.


Rony virou-se de volta de repente. Era só ir até Mione e perguntar, ora! Era ela quem tinha as respostas. Ela saberia lhe explicar que apenas usara o “adeus” para diversificar um pouco o vocabulário... Ela vivia fazendo isso, não era? Pessoas com grandes vocabulários precisam exercitá-los de vez em quando, se não ficam como as pessoas comuns. Mas ao focar a lareira onde ela estava, viu que era tarde demais.


-Não sei. – resmungou, afinal, numa confissão derrotada. – Ela estava muito estranha.


Harry, que a via pela primeira vez depois da guerra naquela mesma manhã, estranhou o comentário. Para ele, Hermione estivera entusiasmada e feliz como sempre, e tentando se controlar, com os pés no chão, deixando a competência transparecer. Sua melhor amiga sempre havia sido daquele jeito.


-Do que está falando?


Mas Rony desaparatou, sem responder. Harry olhou em volta, confuso, entre as pessoas que circulavam tranquilamente, e foi até cumprimentado com muita alegria por alguns transeuntes. Afinal, não fazia nem um mês que ele salvara o mundo bruxo. As pessoas estavam agradecidas, oras!


Rony chegou n”A Toca com uma expressão aborrecida e com uma forte tendência a horas filosóficas. Gina estava o observando, do sofá. A garota ruiva parecia ansiosa; mas ao ver o irmão, mostrou um largo sorriso e perguntou:


-E então? Como foi?


Rony lançou-lhe um olhar de relance, sem se virar para ela.


-Uma meleca. – grunhiu, saindo da sala.


Gina franziu a testa. O que teria acontecido dessa vez? Rony e Hermione tinham uma criatividade incrível, quando se tratava de arrumar motivos para brigar.


-O que aconteceu? – insistiu de onde estava, com preguiça de se levantar.


Rony parou, de frente para a cozinha e de costas para o corredor. Teria mesmo que contar a todos?


-Ela disse “adeus”, se você quer tanto saber. – mas falou tão baixo que Gina, da sala, não ouviu nada. Entretanto, sua mãe, que descia escadas, ouviu. Rony trancou os pulsos quando o olhar de piedade de sua mãe caiu sobre ele. E ao mesmo tempo sua irmã criou coragem para ir atrás dele.


-Oh, querido. – a Sra. Weasley disse, exatamente como fazia dez anos atrás, quando ele quebrava um copo ou enfeitiçava acidentalmente as botas do Sr. Weasley para dançarem tango. – E por que ela faria isso? Hermione sempre foi uma ótima menina... Você não fez nada para ela, fez?


-O que aconteceu? – inquiriu Gina, inocente ainda sobre o famigerado adeus.


-HERMIONE FALOU “ADEUS”, CERTO? – Rony gritou num só fôlego, como uma confissão, como um grito de dor quando se sofre a cruciatus. – E NÃO FOI DE GRAÇA! NÃO PODE TER SIDO! ELA SÓ PERCEBEU A BURRICE QUE ESTAVA FAZENDO, DE SE ENVOLVER COM UM PASTEL IDIOTA E RETARDADO COMO...


Mas parou de repente, interrompido pelos olhares chocados das duas mulheres Weasley. Chocados e assustados, não piedosos. Aquilo melhorou seu humor. Queria ver tudo ali, menos pena. Já vira bastante daquilo para uma vida inteira.


Jogou-se numa cadeira e encarou seus pés.


-Olhem, eu não sei o que aconteceu, certo? – consertou, enquanto Gina e a mãe se entreolhavam. – Ela estava estranha comigo. E quando foi embora, disse “adeus”. E é o tipo da coisa que só se diz quando nunca mais se vai ver a pessoa. Hermione sabe disso, claro que sabe. – neste ponto Rony baixou mais ainda o tom de sua voz, como se falasse sozinho. – Afinal, se até eu mesmo sei... Não há muitas coisas que ela não saiba. E não teria usado isso se não fosse com a intenção de me chutar...


Repetia aquilo para si mesmo sem parar, como se no fundo tivesse esperado um fim trágico desde o começo. Ronald Weasley sempre se dava mal. Aquela fórmula não falhava nunca. Rony tentara se agarrar à hipótese de que toda regra tem sua exceção, e que sua vez chegara. Mas Hermione lhe mostrara estar errado de novo. Afinal, para que toda regra tivesse sua exceção, mesmo essa afirmação teria que possuir antítese. E essa antítese seria uma regra que não tivesse escapatória... Para que se concluísse que a frase inicial era falsa.


Maldição, tem coisas que nunca mudam, ele decidiu pra si mesmo.


Gina se agachou, nivelando seus olhos com os dele.


-Rony, vocês nem conversaram – enfatizou ela, chamando-o à razão. – Você não devia se preocupar com isso... Foi só uma palavra...


Rony bufou em resposta. Gina não entendia, mesmo. O poder das palavras era maior do que apenas a capacidade de passar mensagens, como os alunos trouxas aprendem no estudo de seus idiomas. Era muito mais. Palavras eram capazes de denunciar subcorrentes que não tinham como ser mostradas – ou pior, confessadas. E Rony nunca se imaginara refletindo sobre isso.


Onde estamos chegando, o ruivo pensou, frustrado, levantando-se e indo para seu quarto.



Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.