Sinto muito...



24 de Dezembro de 1991



Um grande banquete era servido na mansão Greengrass, famílias de amigos próximos se reuniam para festejar o ingresso de alguns de seus filhos a respectivas escolas, e confraternizar.



-Hogwarts então... - comentou Isaac em direção aos Malfoy.



-Narcisa venceu os argumentos. E honestamente vai ser bom ter Draco na sonserina, algo me diz que os próximos anos trariam bons negócios! – gabava-se Lucius a mesa gerando curiosidade e estranheza de muitos,  Isaac sentira um arrepio lhe correr a espinha.



-Daphne também foi para a Sonserina, está gostando Draco? - perguntou o patriarca Greengrass mudando o assunto.



- sim, na verdade tem sido muito interessante ingressar em Hogwarts - falava com tanto ânimo quanto podia.



O jantar encerrara, os adultos bebiam, riam, conversavam, e os jovens haviam se recolhido a biblioteca, as meninas Parkinson e Daphne conversavam animadas em uma mesa de estudos, Zabini lia algo sobre encantos de amor, o menino Malfoy estava sentado no sofá macio de couro a frente da lareira segurando uma caneca de chocolate borbulhante, seu olhar parecia querer enxergar por dentro do fogo, a mais nova Greengrass estava sentada confortavelmente em uma poltrona também próxima a lareira, em suas mãos havia um álbum de fotos, eram imagens da juventude de seus pais. Uma foto em especial lhe chamou a atenção, havia um rapaz loiro, abraçado a uma moça loira, mas vez ou outra olhava de canto a morena ao seu lado sorrindo, essa era sua mãe, os outros dois pareciam muito familiar. Draco pigarreou e ao olhar ele algo lhe ocorreu.



- ei, olha essa foto!- chamou Astória indo até ele e sentando ao seu lado.



- são meus pais... - ele falou analisando a foto. Os uniformes eram de Hogwarts - essa era sua mãe? - apontou a morena sorridente da foto.



- ela era linda né! - a pequena ainda se deslumbrava com a beleza de sua mãe. 



- você parece com ela... - ele comentou pensativo, ao encarar a menina percebeu que sua fala foi o suficiente para lhe fazer os olhos brilharem - você é muito bonita Astória... - ele afirmou sorrindo ao reparar a alegria que lhe causou - pelo menos é o que a minha mãe sempre diz! - A garota revirou os olhos e ele se riu mais.



- Como tem sido em Hogwarts? - de uns tempos para cá ela não via a hora de também ingressar na escola. 



- Bom, não como eu esperava, não consegui começar como queria... - Astória percebeu que ele queria falar algo, mas não conseguia.



- Bom eu estou estudando em casa, e devo dizer que Margaret não é muito amigável - sua professora parecia ter saído de um filme de época e era rígida como tal.



- Se ela não fez amizade com você então não deve ter nenhum amigo... - lhe ocorrera lembranças do beco diagonal na véspera de ir a escola, algo em si desejou ter um amigo diferente dos habituais, mas algo saiu errado - você no meu lugar teria tido mais sucesso!



- Do que você está falando? - ela conseguira chegar ao ponto.



- Do Pot...- a porta da biblioteca se abriu em um estrondo.



Todos viraram para ver, Lucio tinha o rosto vermelho contorcido em fúria, Isaac bradava palavras tão alto quanto podia, Lúcio atravessou a sala, chegando ao filho empurrou Astória de lado e levantou a força seu filho.



- NÃO ENCOSTE NA MINHA FILHA! - um ricochete saiu da varinha de Isaac em direção aos Malfoy.



- SEU IMBECIL, VAI ACABAR MORTO! - gritou Lucio ao defender o feitiço - VOCÊ ESTA TRAINDO SEU SANGUE! 



- FORA DA MINHA CASA! SEU FANÁTICO HIPÓCRITA! - o homem abaixou levantando a filha que assim como os outros jovens corriam para seus pais sem entender o que acontecia.



- Por favor, vocês dois, as crianças estão assustadas! - tentou dialogar Narcisa.



- VAMOS EMBORA! - Os olhos do loiro pareciam que iam saltar. E num piscar os três desaparataram.



- O que aconteceu papai? - Daphne veio até seu pai com expressão de espanto.



- Não é assunto para agora. - ele falou se virando e observando os outros convidados estavam indo embora em silêncio - eu sinto muito filha, mas acredito que ele não seja uma boa companhia pra você - agora falava com a caçula, ainda em choque ela balançou a cabeça.



- quem?



- O Draco sua lerda! Não viu toda a confusão - Daphne se alterou.



- Daphne, por favor... - o pai apontou a porta - algo muito ruim vai acontecer, não sei quando, nem bem como, para sua segurança é melhor se afastar do Malfoy.



A pequena não entendia o que aconteceu, tudo foi tão rápido, mas assentiu mesmo assim. A noite fora longa, os ares de inverno pareciam atravessar as paredes de seu quarto, sua janela mostrava que voltara a nevar, gostava de observar a neve cair. Um floco grande de neve parecia se aproximar, ou seria uma bola de neve... Não mesmo, era Andrômeda a coruja de Draco. Ela abriu a janela, o vento estava forte, a coruja entrou se balançando para espantar o gelo. Astória pegou um pequeno envelope que nem lacrado fora.



 



" Sinto muito. D.M.”



 



Simples e direto, fora assim que começou e assim acabava a amizade dos dois.



 



*****



 



1° de Setembro de 1993



A estação estava abarrotada de alunos, as bagagens e gaiolas se enroscavam pela plataforma, Daphne falou algo a seu pai e saiu em direção a outros alunos da sonserina, Astória tinha as mãos geladas e sentia como se fosse perder o chão,  seu pai abaixou a seu lado lhe abraçando, um apito se fez soar e a correria se direcionou ao trem estacionado a plataforma.



- Eu pedi para ela cuidar e ser gentil com você - a voz de seu pai pareceu calma, ele alisava seus cabelos enquanto ela o abraçava.



- Não sei se eu quero mesmo ir para lá... Beauxbatons parece melhor, sabe com tudo que aconteceu em Hogwarts - Astória sabia que era uma discussão falha, seu pai riu da tentativa da fila.



- Já conversamos sobre isso Asth, e não se preocupe, não é porque Daph entrou para a Sonserina que você também tem que ir... - o problema não era a casa ele sabia também apesar de não admitir - vou te amar mesmo que seja uma lufana! 



Os dois riram, ele secou sua lágrima que escapou, ela se despediu, respirou fundo e lá estava o ultimo apito, entrou com mais confiança ao vagão, ao longe viu sua irmã lhe encarar, revirar os olhos e entrar em uma cabine.



“ótimo, Daphne tem companhia" continuou sua caminhada pelo vagão, uma cabine tinha duas meninas sentadas em lados opostos.



- Posso ficar com vocês? - as garotas se olharam e concordaram.



Quando se virou para puxar sua mala qual foi seu espanto ao ver ele parado no corredor lhe encarando, pode ver dois garotos as suas costas, Crabbe e Goyle, lembrou que sempre estavam juntos. Sabia que o veria, não imaginou que seria tão cedo. Ele não disse nada, ela não sabia o que dizer, abaixou e puxou sua mala para dentro.



- Essa escola consegue ficar cada vez melhor - ouviu-o falar enquanto passava pela porta, seu tom era frio e cheio de desdém. Seu coração apertou, sentiu algo encostar-se aos ombros.



- você esta bem? - era uma garota de cabelos claros - me chamo Anne Belmont e você?



- Eu só estou com uma crise de ansiedade... - respondeu Astória fechando a porta da cabine e se sentando, o trem havia ganhado movimento - Sou Astória Greengrass! Prazer...



As meninas conversaram por um tempo e compraram alguns doces, Coraline Montês era morena e parecia bem séria, mas um pouco de açúcar a fez confraternizar melhor com as outras duas.



Um solavanco no trem as assustou, um frio percorreu as meninas, os vidros cristalizaram e o trem finalmente parou. Tudo ficou escuro e frio ninguém ousava falar, era como se tivessem perdido a voz. Astória foi até a porta, abriu e entrou pelo corredor, um vulto no final do mesmo se virou a ela, ela congelou no lugar, um barulho forte se fez ao seu lado e puxão a sugou para dentro da cabine. O vulto passou a sua frente.



- o que você tem na cabeça? - era Daphne, atrás dela Pansy e Zabini olhavam a garota, aos poucos ela se deu conta que havia alguém atrás dela, seu contato pareceu mais real, sabia quem era não precisava olhar. A luz voltou, ela se levantou nada disse, e voltou ao corredor. 



- sua irmã é maluca - ouviu a voz arranhada dele a suas costas, pensou em responder, mas não lhe pareceu ter sentido fazer isso.



As suas novas amigas estavam à porta da cabine tentando descobrir o que aconteceu.



- voltem as suas cabines! - uma voz ecoou por todo vagão. 



- deve ter sido o idiota do Potter, - ouviu Draco falar, olhando para trás o viu saindo da cabine. 



- voltem para as cabines! - a voz insistiu.



Draco passou decidido pela sua frente, percebeu que ele lhe direcionou o olhar e aquela sensação de frio parecia ter atingido seu coração. 



-Asth... - era a voz de Coraline que lhe despertava - o que aconteceu?



- Não sei, eu vi alguma coisa no corredor, mas... - ainda sentia seu braço doer pelo puxão que levou - o Malfoy me puxou para a cabine e só lembro-me de sentir ainda mais frio e senti como se eu fosse desmaiar...



-Malfoy? - Perguntou Anne - tipo o... Draco Malfoy? - a garota parecia mais espantada com esse fato do que com os eventos que ocorreram.



- É... - suas novas amigas se entre olharam - por quê?



- Nada, quer dizer... É estranho ele ter feito isso, mas... - Anne parecia muito confusa, Coraline voltou a se sentar e já não parecia tão surpresa.



- Nós éramos amigos... - Astória falou com saudosismo, as duas arregalaram os olhos e mostraram imenso interesse, obvio que Astória sabia que não podia deixar a informação incompleta - Não fomos melhores amigos, mas a gente se dava bem... Até o Natal retrasado, nossos pais brigaram, e depois no baile anual de gala dos sagrados vinte e oito... - ela não queria dar detalhes sobre aquela noite - bom lá foi o ponto final.



- tem certeza? - Coraline parecia realmente ter ouvido parte da história que não foi contada - porque ele te ajudaria, na frente de outros se não te considera mais uma amiga? 



- minha irmã estava na mesma cabine que ele... - a questão levantada por Coraline pareceu aquecer seu peito, mas hoje já não era assim tão desejável ter Malfoy por amigo. 



O expresso voltou a seguir caminho, estava escuro e frio na estação. O gigante Hagrid se apresentou e guiou os primeiro anistas para os barcos.



Anne falava sobre ir para a Sonserina, Coraline tinha certeza que iria para a Corvinal, já  Astória não sabia ao certo para aonde iria, as duas casas lhe pareciam boas, Sonserina tinha o pró de ser a mesma casa de sua irmã, mas veria mais vezes o Malfoy, já a Corvinal lhe traria paz e conforto, fora à casa de sua mãe. Passou as boas vindas estralando os dedos e mordendo a boca de ansiedade, ouvira algo sobre os dementadores e não sair sem autorização do castelo, sua mente não conseguia trabalhar. Anne fora chamada ao chapéu, qual fora a surpresa ao descobrir que ela foi para a Sonserina realmente, Grifinoria, Lufa-lufa também foram designadas a outros alunos recém-chegados, as mesas das casas vibravam com a seleção.



- Astória Greengrass... - Minerva Macgonagal a chamou, seu coração falhou uma batida.



A garota se sentou em um banquinho velho, logo sentiu sua visão escurecer pela aba do chapéu que fora posto em sua cabeça. 



"Inteligente, perspicaz... Corvinal seria sua melhor opção... mas seu coração, esse é determinado, tem ambição..."



- SONSERINA! - Determinou o velho chapéu seletor, Astória não sabia se ficava feliz ou com medo, no fim das contas sua mente queria ir a Corvinal, mas seu coração falou mais alto.



A mesa da Sonserina aplaudiu, sua irmã Daphne lhe lançou um olhar de desdém enquanto sorria, próxima da mesa encontrou um par de olhos cinza azulados lhe encarando, sentiu seu rosto corar, ele sorriu. 



O Salão comunal da Sonserina era frio e úmido, um grande saguão de mármore verde acabava em escadas que desciam para uma grande e charmosa sala de estar, sofás e poltronas de couro preto circulavam mesas de mogno próximas a lareiras. Anne e Astória foram acompanhadas por outras duas meninas a seu agora então dormitório. Anne não parava de falar sobre como foi emocionante a seleção, e que tinha esperanças de Coraline também ser Sonserina, mas essa realmente era da Corvinal, não tiveram muito tempo para conversar com ela, o jantar acabou e todos foram mandados diretamente para os dormitórios, na manhã seguinte planejavam ver a amiga no café da manhã. 



Astória encarava o teto do dormitório,  Anne ressonava na cama a seu lado, o quarto era decorado em mogno e veludo verde, a cama era forrada com pele de carneiro e por colcha uma coberta de 600 fios tingida de preto com um imenso brasão da casa bordado de prata. Lembrou-se das recomendações, as poucas que ouviu, talvez não houvesse ninguém no salão comunal há essa hora. A garota usava um pijama, calça e jaqueta de moletom preto, calçou um par de chinelos fofos pegou um livro na sua cômoda, tomou cuidado em não fazer barulho ao fechar a porta, atravessou o corredor de quartos e subiu as escadas que davam para a sala de estar. Tudo vazio, seu coração pulou uma batida com o susto que levou quando as lareiras acenderam assim que se sentou no sofá. O livro era sobre contos e lendas, mas só o pegou porque queria algo que estava dentro dele.



Um casal jovem sorria para ela, a mulher acenava tímida enquanto ganhava um beijo no rosto. Era um retrato do dia em que seus pais casaram.



-Você realmente se parece com ela - a voz dele estava rouca, a garota sentiu medo, fazia um bom tempo que não se falavam, sentiu suas mãos tremerem.



-Obrigada - se limitou a falar, devolveu a foto ao interior do livro e o fechou, encarou o fogo juntando forças para ir para o quarto.



-Eu estava sem sono, ouvi a lareira acender... - ele sentou a seu lado - Sonserina então - falou sorrindo, Astória lembrou que seu pai falou essa mesma frase a ele.



-Acho que o chapéu errou, era para eu estar na Corvinal - ela respondeu séria,  ele riu alto, quase uma gargalhada - o que é engraçado?



-Você é mais ambiciosa do que inteligente pelo visto - ele a encarou enquanto falava, ela sustentou seu olhar - você é uma boa menina Asth, não fica brava, só cuidado para não arrumar muitos inimigos com a sua sinceridade...



- Desde quando você se importa com o que eu faço ou falo? - um ataque inesperado pensou Draco - me poupe da sua falsidade, não somos amigos, lembra? Foi você que me disse isso.



Ela tinha os olhos marejados nas ultimas frases, mas engolia a seco, ele viu, havia dor naquela declaração, ela levantou do sofá pronta para voltar ao quarto.



- você não entendeu... - ele começou, mas logo cessou, ela parou na beira da escadaria, outro riso apareceu rosto dele - eu realmente não me importo! 



Ele riu, ela olhou para trás, mas tudo que viu foi o vulto das costas dele deixando a sala, lágrimas gordas escaparam de seu rosto. Se a ideia era afastar ela, ele conseguiu, qualquer consideração que algum dia existiu estava à beira de evaporar. Fora fácil pegar no sono depois disso, quase a beira o precipício da inércia ela sentiu um perfume que muito conhecia jasmim, nunca esqueceria o cheiro de sua mãe. 



 



 



N/A: Passou rápido essa semana não é? Aqui está mais um capitulo. Tenho mais um prontinho para semana que vem enquanto tento colocar as ideias em ordem para os próximos. Quando vocês pensam em Astória Greengrass em quem vocês pensam? Ela pequena eu imagino a India Eisley, mais velha eu imagino a Katie Mcgrath, sugestões?

Deixem comentários, por favor! Beijos e até a próxima semana!


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