Chapter IX



O restante dos dias até a volta às aulas foram bastante tranquilos. Sem ninguém para implicar, nenhuma insinuação em cima de Draco, Hermione dando toda a atenção que ele precisasse, alguns professores de certa forma aliviados por não terem que ver o garoto definhar até o restante do ano escolar. Toda a paz e privacidade que quisessem dispunham na escola.



Podemos afirmar que eles apenas se conheceram melhor e não trocaram mais que um par de beijos, mas sabemos que não há um pingo de verdade nisso. Oras, onde que dois adolescentes de quase dezoito anos vão apenas conversar? Metade do tempo deles fora conhecendo os gostos de cada um, e a outra metade... 



A outra metade se conhecendo mais intimamente. Mas não avançando todos os sinais possíveis. Ela ainda tinha princípios e embora ele fosse seu namorado, não ia permitir assim tão fácil. E cá entre nós, nem ele queria ir tão rápido. Não se sentia pronto. Alguns amassos foram trocados em alguns cantos escuros e se por acaso algum professor percebeu, ficou quieto por pensar que talvez fosse o primeiro beijo deles e se fossem interrompidos, tinham grandes chances dela se tocar do que fazia e rejeitar o pobre veela.



Afinal, eles prezavam pela vida do seu segundo melhor aluno.



Mas então a segunda semana de janeiro chegou e com ela os alunos. Eles não poderiam mais ficar por onde bem entendessem. Não por uma questão de vergonha de serem vistos juntos, mas Draco não queria que mais ninguém soubesse da sua condição mágica, e essa seria a única resposta óbvia para o seu namoro se começassem a observá-los mais atentamente. Hermione também gostaria de ver até onde a ignorância de seus amigos com ela iria.



-Acha que se eu aparecer com a marca de um chupão no pescoço vão perceber?- perguntou interrompendo um beijo. Nem beijando sua mente conseguia se controlar.



-Isso foi uma pergunta retórica ou uma indireta para eu te marcar?- Draco perguntou com sua típica sobrancelha arqueada.



-É sério, Draco.



-Você quer a atenção deles de volta ou quer provar pra eles que se sente usada? Porque eu pessoalmente prefiro que eles descubram despois de muito tempo. Fica bem mais dramático e de quebra você ainda faz com que eles se sintam culpados pelo abandono. Pense nisso.



-Isso até que faz muito sentido...- Hermione seguiu a linha de pensamento do namorado e viu que dessa maneira seria muito mais interessante. Poderia mais tarde ser culpada de pensar como uma sonserina, mas de fato um a ajudou a pensar em como mostrar que ela era importante.



Ele já não se sentia mais tão nervoso na presença dela, apenas quando o clima esquentava consideravelmente. Seu veela aparecia menos frequentemente, mas nada que não pudesse ser controlado.



Na noite daquele domingo Draco precisou controlar sua respiração algumas dúzias de vezes. Ele não podia impedir os abraços acalorados dos amigos de Hermione com ela. Além de revelar suas intenções certamente a garota se sentiria presa nele.



-Acho que as coisas não deram certo entre vocês... – Zabini chegou perto do amigo que observava a grifinória bem de longe. A aparência do moreno não era a das melhores. Ele jurava que Hermione não deixaria seu amigo para morrer.



-Você não faz ideia...- ele ainda estava concentrada na morena, fechando ainda mais o rosto ao perceber que o Weasley não tirava a mão de suas costas.



-Eu pensei que ela fosse ser diferente, mas eu estava errado. É sério que ela vai ignorar toda essa situação?



-Sobre o que você tá falando, Blás? – Draco finalmente aparentou se tocar que o amigo resmungava sem parar dando total atenção a ele.



Quando ele se virou sem querer deixou a mostra um pedaço de seu pescoço que não estava coberto com o cachecol, exibindo uma marca levemente avermelhada (resultado de um forte amasso quatro dias antes). Blásio arregalou os olhos por perceber que talvez seu amigo só soubesse esconder as coisas muito bem.



-Você se faz de sonso ou já é da sua natureza, Malfoy?



Draco apenas de um sorriso canalha. Ele estava fingindo desde o começo.



-Só me faço. Mas é interessante saber o que você pensa da minha namorada.



-NAMORADA?! Ela ao menos saber disso dessa vez?



-Se não soubesse não teria marcado meu pescoço como se fosse uma leoa.



Ele conseguiu deixar o melhor amigo completamente sem palavras.



-Você já a reinvindicou? 



-Isso vai demorar um pouquinho...



-Ah... – ele sabia os motivos só melhor amigo.



***



Draco foi para o café da manhã completamente emburrado. Tinha adquirido o costume de receber um beijo de boa noite antes de se recolher e na noite anterior Hermione o ignorou completamente para ficar com seus amigos.



-Ela reclama mas tá fazendo exatamente a mesma coisa comigo. – resmungou comendo uma torrada.



Ele não poderia fazer nada, apenas sentar e esperar seu encontro na biblioteca, coisa que não aconteceu naquele dia. Durante a tarde havia tido uma pequena discussão em público quando Hermione esbarrou nele de propósito, fazendo um carinho disfarçadamente. Ele fingiu não ter percebido seu pedido de desculpas ( para manter as aparências) quando Ronald se meteu.



-Você não precisa se humilhar pra ele, Mione.



-E desde quando pedir desculpas significa humilhação, Rony? Eu tropecei, eu estou errada 



-A partir do momento em que ele entra. Não percebe que isso vai desencadear uma série de xingamentos bem aqui no meio do pátio?



Draco estava estupefato. Aparentemente ele realmente não percebeu que haviam meses que não brigavam. Ele não fazia a menor ideia do que acontecia bem debaixo do seu nariz. Ele chegou cogitar abrir a boca para rebater, porém uma fúria assassina despertou em Hermione. Nunca que ela deixaria que falassem mal do seu namorado quando ele realmente era inocente.



-Quando que você começou a se importar com gritaria em público, Ronald? Só quando você está perto? Você nunca ligou pra isso. Só está vendo o seu lado, não é mesmo?



Ela estava tão irada que mal conseguia formar uma frase que fizesse alguma sentido.



-Hermione, porque está tão alterada? Porque ainda está olhando pra ela, Malfoy? – Rony amarrou a cara, cruzando os braços.



-Ainda nem sei porque perco meu tempo com vocês. – disse fazendo sua melhor cara de desdém, saindo de cena.



Doeu? Doeu. Mas ele sabia que a qualquer momento receberia um agrado de sua companheira.



O que não aconteceu até de noite quando ele conseguiu a puxar para um armário de vassouras perto do horário de recolher.



-Por favor, eu não disse aquilo pra você. – ele mantinha a calma, colocando suas mãos ao redor do rosto da garota, bem próximo ao seu corpo.



-Tem certeza? Eu achei bem convincente...



-Me diz que tá brincando...



-Se quiser meu perdão vai ter que trabalhar duro. – seu sorriso era divertido.



-Primeiro vai ter que me dizer o que fazia com o cenoura.



-Ele se esqueceu do trabalho de herbologia e praticamente implorou por ajuda. Isso eleva o ego, sabe?



-Ah, e como eu sei. Não sabe a satisfação que senti quando veio me pedir ajuda com o questionário de feitiços.



-Mas eu não pedi, você quem me deu a resposta.



-Só porque estava tentadora com aquela carinha de perdida. Era tão óbvio, Hermione. Como não conseguiu responder?



-Assim vezes o óbvio está bem na sua frente e você não consegue perceber. Como você agora, discursando quando eu estou na sua frente obviamente pedindo pra calar a sua boca e me beijar.



-Mais direta impossível.



O beijo começou bastante calmo, apenas abraçados e recostada numa prateleira. Era carregado de paixão, aquele toque suave dos lábios e posteriormente de suas línguas. Tão lento começou o jogo virou: bastou um suspiro de Hermione para desencadear o veela em Draco. O resultado? O quadril da garota foi fortemente apertado contra a prateleira, as mãos que antes estavam em sua cintura agora passeavam pesadamente do seu quadril até seu pescoço, onde se firmou prendendo sua boca mais fortemente, tornando o beijo voraz. Hermione também não ficou muito para trás, levando suas mãos que antes estavam casualmente jogadas nos ombros do rapaz até seus braços, trazendo os mais para baixo, arranhando levemente sua barriga na medida do possível. Apenas ouviu um leve rosnado vindo de sua boca. Sabia que estava prestes a perder o controle e não se importou nenhum pouco. Ele já havia conseguido colocar uma de suas pernas encaixada no meio das da namorada quando um barulho do lado de fora despertou Hermione.



-Draco, tem alguém vindo. Nós precisamos sair.



-Se tem alguém aí fora tudo o que não podemos fazer é sair, Hermione. – sua voz estava bem mais grossa e um pouco arrastada. Ela sabia que era o veela e não ele.



-Por favor, Draco. Me solta. Tem alguém vindo nessa direção.



-Shiiiuu... – ele atacava o pescoço dela, porém não existia mais clima nenhum.



Ela sabia que alguém iria entrar naquele armário no próximo minuto e não correria o risco de ser pega. O veela não iria ceder tão fácil, por isso não sobrou nenhuma alternativa a não ser transferir o controle para Draco. A única solução que encontrou para isso fora dar um tapa bem estalado e pesado na bochecha do garoto. Ele despertou na mesma hora.



-Mas o que...- ele ouviu uma risada baixa- sua varinha Hermione, um feitiço de desilusão, AGORA! 



Nem ela havia pensado em tal possibilidade. No mesmo instante que ficaram invisíveis, a porta se abre e por ela entram Ronald e Lilá. Aproveitaram a porta levemente aberta para escaparem, não sem antes Draco dar um jeito na velha fechadura, trancando os dois lá dentro até o dia seguinte. Alguém aprenderia a não invadir armários de vassouras ocupados.



Ele acompanhou a garota até seu salão comunal, completamente arrependido de ter perdido o controle.



-Eu devia ter me segurado... Não quis te deixar assustada, Hermione.



-O importante é que já sei como fazer você voltar ao normal. Me desculpe pelo tapa.



-Não precisa se desculpar...



Ela fez um carinho na bochecha marcada, depositando um beijo molhado no local depois.



-Espero que não fique uma marca...



-Acho que da próxima vez que você encontrar o veela, vai bater nele de novo.



-Porque?



-Hã... O seu pescoço... – uma marca bem vermelha marcava o contorno de uma boca levemente aberta, com o arranhado superficial das presas que haviam crescido.



-Eu não acredito nisso... – Hermione respirava fundo, tentando manter o controle.



-Boa noite, Hermione. – ele estava alguns degraus abaixo dela.



-Boa noite, Draco. – deu um leve beijo em sua boca, corando rapidamente.



Ela já tinha se virado para entrar no salão quando é virada bruscamente com um beijo roubado de amolecer os joelhos.



-Pensei que só fosse se despedir dele.



Ela havia ficado surpresa que o veela havia aparecido para cobrar um beijo de boa noite.



-Mas como... Boa noite pra vocês dois.



 


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