Prólogo: A Leitura



Na sala de Dolores Umbridge, a professora jazia sentada na cadeira, cercada de pratos enfeitados por imagens de gatinhos, que para ela não poderia ser uma decoração melhor. Mas seus pensamentos estavam em sua missão para com o Ministério. "O Ministro confia em mim para controlar essa gente", pensou. "Potter que espere, basta um deslize, e eu cuido para que ele seja expulso", continuou, depois de tomar mais um gole de chá, e apreciar seus gatinhos. "Se eu pudesse provar quem ele realmente é, um menino mau-caráter e exibido, louco por atenção, mas acima de tudo, perigoso. E Dumbledore, conspirando para assumir o Ministério, com certeza ele e Potter estão juntos nisso. Ah, se eu pudesse provar"...


Mas os pensamentos de Umbridge foram interrompidos por um vulto e um baque surdo na mesa ao lado. Por um instante, pensou ser uma brincadeira de algum aluno bagunceiro.


- Já estão atacando - murmurou ela, antes de perceber que se tratava de uma caixa.


Aparecera e pousara em cima de uma mesa. Cautelosamente, Umbridge se aproximou da caixa pequena. Murmurou alguns encantamentos, embora não fosse uma bruxa muito habilidosa, e por fim, sua cabeça de sapo concluiu que era inofensiva. Espiou-o, segurou a borda da tampa com as pontas dos dedos pequenos, e abriu a caixa.


Havia uma mensagem sobre alguns livros que estavam de capa para baixo. Examinando o pergaminho, deu um sorriso bufonídeo enquanto lia:


Prezada professora Umbridge,


Enviamos esta encomenda na esperança de que Vsa. Senhoria consiga, com estes livros, provar quem é verdadeiramente Harry Potter e quais são as intenções de Alvo Dumbledore para com o Mundo da Magia.


Para isto, contudo, é necessário respeitar algumas regras relacionadas à leitura que deverá ser feita destes livros.


-01: Todos os alunos e professores de Hogwarts devem acompanhar a leitura, e incluindo os seguintes nomes: Remo Lupin, Kingsley Shacklebolt, Ninfadora Tonks, Alastor Moody, todos da família Weasley disponíveis, Cornélio Fudge e um determinado cachorro pertencente a Alvo Dumbledore. Ele saberá qual.


02: a leitura de tais livros exigirá um Ato Contratual Mágico de sigilo. Nenhum dos citados que estejam acompanhando poderá comentar nada com terceiros, até que esteja terminada a leitura. Trata-se de uma garantia de que não se tome decisões precipitadas.


03: não será permitido que se tome nenhuma condenação contra ninguém presente com base no texto, até que a leitura se conclua. Portanto, caso o texto aponte alguém como autor de um crime, as providências só poderão ser tomadas ao fim da leitura.


04: nenhum dos que estejam acompanhando a leitura poderá abandonar o castelo por um longo período de tempo, até que esta se conclua.


05: um grupo de visitantes especiais se juntará à leitura para esclarecer quaisquer dúvidas de quem está certo e errado, e quais pessoas merecem ser punidas.


Boa leitura e cordiais saudações,


AP, RW, SM


A professora leu e releu a carta, absorvendo cada linha, pensando com sua mente limitada. Era sua chance. Provaria para o ministério e para Hogwarts inteira que Harry Potter e Dumbledore eram ameaças à comunidade bruxa. Conseguiria a expulsão de Potter e a prisão de Dumbledore. A escola teria um diretor melhor, talvez ela mesma conseguisse a vaga.


Por que deveria chamar esses outros? Lupin, um lobisomem nojento... provavelmente para que fosse preso. Shacklebolt era um excelente auror, devia ser para cuidar da prisão de Dumbledore. Tonks, uma auror inexperiente, devia ser infiltrada de Dumbledore, seria presa também, pensou.


Não tardou a alcançar a lareira e chamar pelo escritório do ministério. Foi recebida por Madame Edgecombe, uma das funcionárias mais fiéis, que estava supervisionando as lareiras de Hogwarts.


-Madame Umbridge - cumprimentou Madame Edgecombe - Como posso ajudá-la?


-Preciso que chame o ministro, e que convoque os seguintes nomes...


Madame Edgecombe foi depressa chamar o ministro. Cornélio Fudge veio arfando para a lareira, ansioso.


- Então o pegamos, Dolores?


- Estamos perto, Ministro - disse Umbridge, enfática - Recebi uma encomenda que poderá revelar a todos a verdade sobre Potter e Dumbledore.


O rosto de Fudge se iluminou em um sorriso.


- Entendo. Não percamos tempo, então. Explique.


Umbridge explicou cada parte, que Fudge absorveu com uma eficiência que nunca tivera para mais nada.


- Ohô! - exclamou o ministro - então, se estiverem presos a esse feitiço, não haverá escapatória. Terão que ficar presos no castelo até que a leitura termine. Então, poderemos pegá-lo.


- Espero que sim - comentou Madame Edgecombe ao lado - não quero que minha filha fique exposta a essa gente perigosa. Marietta é uma boa menina, nunca se mete em problema. Eu a criei...


- Está bem, vamos logo - murmurou Umbridge, que não gostava de crianças e preferia evitar o monólogo de Edgecombe sobre a filha.


No fim de semana, todos os alunos se reuniam confusos ao que estava acontecendo. Tudo o que sabiam era que leriam uns livros, cuja informação revelaria a verdade sobre a atual situação. Muitos imaginavam que finalmente provariam que Harry Potter era um louco perigoso, e que Dumbledore estava ficando maluco, como o Profeta Diário andava falando. Os professores estavam tão confusos quanto os alunos. Apenas Alvo Dumbledore estava calmo e alegre, e fazia questão de tranqulizar Minerva McGonagall à caminho do Salão.


- Não sei se isto é uma boa ideia, Dumbledore - murmurava McGonagall no caminho.


- Ora, minha cara Minerva, é como a professora Umbridge disse: a verdade será revelada.


- E se os livros estiverem cheios de mentiras? E se difamarem você e Potter tanto quanto o Profeta Diário tem feito? 


- Então, não será nada pior do que já está sendo feito - concluiu Dumbledore, calmamente - assim, não temos nada a perder, e algo a ganhar.


McGonagall suspirou. Sempre dava o braço a torcer nas discussões com Dumbledore. Sentou-se formalmente à esquerda do diretor, enquanto Severo Snape se acomodava à direita, sem entusiasmo algum. À medida que os estudantes chegavam, os cochichos aumentavam, dedos eram apontados sem educação para o diretor e para Harry Potter, que não dava atenção, concentrado em conversa com Rony e Hermione.


- Vocês acham que esses livros são boa coisa?


- Pode ser - disse Rony, esperançoso - pode convencer todo mundo de que você não é doido, e que Você-Sabe-Quem voltou.


- Mas pode também ser uma fraude - replicou Hermione, aflita - uma história forjada para incriminar você e Dumbledore.


- Nesse caso, não será nada pior do que eu já tô aguentando - disse Harry, emburrado, sem saber que pensara como Alvo Dumbledore. Enquanto refletiam, Draco Malfoy passou com seus amigos Crabbe e Goyle, dando risadinhas.


- Ansioso, Potter? - disse Draco, vacilante - Agora, todos saberão que você não presta.


Mas no fundo, Draco estava mais preocupado do que Potter. Se aqueles livros contassem a verdade, poderiam revelar que o Lorde das Trevas voltara, e que seu pai era um seguidor dele. Só podia torcer para que fosse tudo mentira para difamar Potter.


Kingsley Shacklebolt ficou do lado do ministro, enquanto Alastor Moody se aproximou de Dumbledore, confuso.


- Espero que tenha um bom motivo para ter me trazido pra cá, Dumbledore. Estava no meio da missão.


- Paciência, Alastor. Vamos ler um livro com os alunos.


O queixo de Alastor caiu.


- Você me traz de volta a esta escola para participar de um Clube do Livro?! Sabe quantas vezes eu podia ter sido pego no caminho até aqui?


- É de suma importância que acompanhemos esta leitura, Alastor. Por favor, acomode-se, e espero que a comida esteja de seu gosto. Sei que não teve muito tempo da última vez para apreciá-la, mas garanto que os elfos não desaprenderam a cozinhar.


Moody resmungou algo sobre "vigilância constante" e cheirou as salsichas antes de comê-las, enquanto seu olho mágico girava em toda direção. Enquanto isso, Cornélio Fudge esperava, ansioso, a hora em que conseguiria provar que Dumbledore estava tentando tomar seu lugar, e poderia prendê-lo.


- Não esqueça, Shacklebolt, ao menor sinal, chame os melhores aurores que tiver. O velho não pode escapar.


Mas Fudge parou e viu um cão negro ao seu lado, rosnando para ele. Ficou atônito; o animal lembrava um Sinistro.


- Shacklebolt. Que cão é esse?


- É de Dumbledore, senhor. Não se preocupe, é muito bem-treinado, não fará mal a ninguém. Não é, Snuffles?


O cão murchou as orelhas, e começou a brincar no chão. Mas se afastou quando Fudge tentou coçar sua cabeça. Então, toda a escola teve a atenção desviada por Dumbledore que ergueu os braços como se quisesse envolver todos em um abraço, seus cabelos e barbas prateados reluzindo à luz do teto encantado.


- Bom-dia a todos. Devem estar se perguntando o que motivou esta reunião de cada aluno, docente, e de alguns visitantes ilustres - e indicou o canto onde Moody, Fudge, Kingsley e os outros se encontravam - para explicar...


- HEM-HEM - interrompeu uma voz fina e desagradável. Umbridge se aproximava, sentando à extrema direita de Dumbledore, mais sorridente do que nunca - Eu poderei explicar que, há alguns dias, recebi uma encomenda contendo livros muito especiais, os quais, segundo uma mensagem, poderiam explicar a verdade sobre os tão falados Harry Potter e o professor Dumbledore.


O Salão de se encheu de murmúrios, gritos e vaias, até que o diretor se ergueu para fazê-los silenciarem aos poucos.


- Para resumir, leremos um livro de cada vez, cada um escolhido para ler um capítulo, e no fim da leitura de todos os três livros, decidiremos o que fazer.


- Eu decido o que fazer, Dumbledore - vociferou Fudge, ao que muitos riram, deixando o ministro constrangido.


- Enfim, se estiverem todos aqui...


- Faltam Tonks e o Lupin - anunciou a voz grave de Kingsley - e alguns dos Weasley que aceitaram vir.


Umbridge estava quase pulando de alegria. Não bastasse pegar Dumbledore, ainda se livraria daquele palhaço amante de trouxas do Arthur Weasley, ele com certeza estava envolvido com Dumbledore.


Algum tempo depois, Ninfadora Tonks e Remo Lupin chegaram, juntos, conversando animados. Os que conheciam a dupla cochicharam algumas coisas. Remo se sentou junto a Moody e Tonks sentou ao lado dos Weasley, que haviam chegado pouco depois.


- Muito bem - anunciou Dumbledore - comecemos o primeiro livro. Como sabem, um Ato Contratual Mágico envolve esta leitura. Não pude lê-lo antes, só posso agora, juntos a todos vocês. O primeiro livro: - pigarreou e leu o título: - Harry Potter e a Ordem da Fênix.


Todos ligados à Ordem exclamaram, alguns empalideceram. Mal o livro começara, e já revelara a existência da Ordem da Fênix, que até então, era uma sociedade secreta.


- Que raio é isso de Ordem da Fênix? - berrou Fudge, abismado - por acaso, é seu grupo de conspiradores, Dumbledore?


- Pelo visto, vamos descobrir, Cornélio - disse Dumbledore, nem um pouco abalado pela revelação de sua sociedade secreta. Já esperava que ela fosse ser revelada, mais cedo ou mais tarde.


"Muito bem", continuou, "alguém se oferece a começar a leitura? Se não, eu começarei"...


- Eu leio - disse, surpreendentemente Harry. Estava mais curioso do que nunca para saber o que aquele livro revelaria. Se alguém deveria começar, tinha que ser ele.


- Muito bem - disse Dumbledore, e com um aceno de varinha, fez com que o livro flutuasse na direção da mesa da Grifinória, pairando sobre Harry, antes de descer devagar até suas mãos.


Harry trocou olhares de curiosidade e aflição com Rony e Hermione, antes de pigarrear e ler:


Capítulo 01: Duda dementado

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Comentários (2)

  • Ellry

    Hey! Amei a ideia da fanfic e ainda mais sua forma de escrita, realmente incrível! Continue com a historia, estou ansiosa pelos próximos capítulos!

    2016-09-28
  • Sonhadora Dixon

    Nem acredito que estou sendo uma das primeiras a comentar! Adorei a ideia da fanfic e quero muito que os capítulos avancem para ver a cara do ministro e da cara de sapo sobre o assunto!

    2016-09-28
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