Prova de fogo





Olá! Alguém por aqui?

Depois de quase 10 meses sem atualizações, acho que justificativas são inúteis. Provavelmente não vou encontrar grande parte dos antigos leitores. Lamento por isso, embora seja mais que compreensível. Espero que os mais persistentes apareçam, mas reconheço ser desafiante recordar uma história que já passou da metade e ficou tanto tempo em pausa... Pensei até em fazer um resumo, porém cheguei à conclusão que não funcionaria. Se alguém tiver coragem de relê-la... (riso envergonhado*~*)


Nesse período de “sumiço”, fiz também uma revisão nos capítulos e algumas pequenas mudanças na apresentação deles. Decidi, por exemplo, começar sempre com um bate-papo com vocês e logo sugerir a música incidental. Assim, se desejarem, podem ouví-la antes e ir entrando no clima. Estou à disposição para interagir com vocês também em outros dois espaços. Anotem aí:


 


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Para ouvir antes, durante ou depois da leitura do capítulo:


Give Me Love


(Ed Sheeran)


http://bit.ly/2uTC0XP


 


“O rio continua a passar na minha ausência"
(Godoy Garcia)


 




Fazia dez meses que Ron e Hermione não se viam. A menina tentava convencer a si mesma de que não tinha qualquer expectativa com aquele reencontro. Sentia-se nervosa simplesmente porque seus melhores amigos estavam se casando. Claro, seria estranho estar com o ex-namorado depois de tanto tempo. Mas que besteira! Os dois se conheciam desde a infância. Além do mais, o rapaz estava em um novo relacionamento, Gina já tinha falado sobre isso.


Queria estar impecável apenas para que Harry e Gina sentissem orgulho dela como madrinha. O vestido azul real com delicados bordados e saia levemente esvoaçante valorizavam ainda mais o tom de pele da jovem bruxa. Dessa vez tinha optado por um coque desalinhado e usava um brinco de cristais longo. Provavelmente aquela seria a primeira vez que Ron a veria com um batom vermelho.


Censurou a si mesma por tais pensamentos. Não queria e não podia ficar lembrando todo o tempo do ruivo! Afinal, não teria Ron como par na cerimônia. O rapaz, que namorava firme com uma auror romena há seis meses, a dispensara daquele constrangimento. “Meu irmão me pediu para entrar com Luna e você com Nevillle. O que acha?”, Gina perguntou pela Rede de Pó de Flu.


Hermione não gostou muito da ideia. Não entendia ao certo o porquê. Era lógico que aquela era a melhor opção. Não tinha desmanchado com Ron? Não pedira para ele ficar distante? Agora precisava manter-se firme na sua decisão.


Claro que seria estranho ver Ron de mãos dadas, abraçado e... Beijando outra garota?! Não! Aquilo era inadmissível! Calma, Hermione, ele está num relacionamento sério, você precisa ser forte para suportar isso. Respirou fundo para assimilar a ideia, mas ainda assim não foi fácil ouvir as últimas palavras de Gina:


- Ainda não conheci a namorada dele, mas já vi uma foto. É muito bonita e simpática. Preferia ter você como cunhada, mas já que deu um chute no traseiro do meu irmão, que ele seja feliz com outra pessoa.


Não podia mentir para si mesma. Ainda amava desesperadamente aquele ruivo. Mas os medos, especialmente o de não ser capaz de fazê-lo feliz, ainda a perturbavam. “Estava sofrendo demais junto com Ron. Foi uma decisão muito pensada, não posso me arrepender”, tentava convencer-se. O mais sofrido era saber que, mesmo que quisesse, não poderia tê-lo de volta. Ele estava com outra pessoa. Com todas essas contradições, Hermione chegou ao dia do casamento de Harry e Gina.


Será que Ron falaria com ela? Estaria ainda chateado pela forma como Hermione rompera o namoro? Balançou a cabeça numa nova tentativa de afastar esses pensamentos. O ruivo não havia respondido ao cartão de aniversário que mandara para ele. Tudo bem. Pelo pouco que sabia de etiqueta, não se responde a um cartão de aniversário. Mas também não respondeu ao cartão de Natal!


“Ron ainda está magoado comigo”, deduziu. “Ou talvez o trabalho esteja tão envolvente e o namoro, tão empolgante, que esqueceu que existo”... Essas hipóteses eram desesperadoras. “Ron vai me achar bonita? Como será a namorada dele”? Dezenas de perguntas ecoavam na cabeça de Hermione.


Ao chegar à entrada da tenda colocada nos arredores d’A Toca, assim como havia sido feito no casamento de Gui e Fleur, o coração da jovem acelerou. Como não se lembrar daquele dia, do elogio de Ron, dos momentos felizes que viveram na pista de dança e... “Chega, Hermione, concentre-se nos seus objetivos”, a bruxa repetiu para si mesma.


Logo se deparou com várias cabeças vermelhas. “Aquele lá é o Jorge. Nossa, Angelina está linda! Ah, ali está... Não, é o Percy. Ele é bem mais baixo e magro. Como Carlinhos engordou. Gui está muito elegante, como sempre, e Fleur, deslumbrante, também como sempre”.


Responsável pelo cerimonial, que incluía a entrada dos padrinhos, Fleur saudou-a com entusiasmo. “Você está marravilhosa, Hermione”, aos poucos ela perdia o forte sotaque francês. “Gentileza sua. Você é que está maravilhosa”, respondeu. “As duas estão maravilhosas”, Gui, que acabara de chegar com a filha Vitória no colo, abriu um sorriso.


Depois de saudar Hermione com dois beijos no rosto, veio a constrangedora pergunta. “Você e Ron já se encontraram?”, o sorriso de Gui pareceu exagerado para a garota. “Não. Por que?”, ela não conseguiu evitar que as faces ficassem vermelhas. “Não vão ser padrinhos juntos?”, o rapaz questionou. “Não. Vou entrar com Neville. Como Vitória está linda”, desviou o olhar para a garotinha que acabara de completar dois anos e tinhas os cabelos ruivos e os traços da mãe. A tentativa de mudar o rumo da conversa, que foi breve, acabou dando certo.


Hermione já estava na entrada da tenda, como orientara Fleur, junto com outros padrinhos. Neville não havia chegado, mas não era isso que a preocupava. Tinha medo da própria reação ao reencontrar Ron depois de tanto tempo. Por onde ele andaria? Não, claro que não faltaria ao casamento da irmã com o melhor amigo. Ao menos que quisesse ser um bruxo morto!


Teve a impressão de ouvir um barulho e olhou para trás. O coração disparou! Ron estava lá, caminhando na direção dela. Parecia que ainda não a havia visto, mas era questão de segundos. Inferno sangrento! Por que o coração dela batia tão descompassado assim?


Ela virou-se novamente para frente. Que sorte! Neville, que seria seu par como padrinho, acabara de chegar. Os dois se abraçaram e começaram a conversar trivialidades. Sentiu o perfume inebriante e familiar. Ron passou por ela sem dizer uma palavra.


Agora Ron estava na fila de padrinhos da irmã, junto com Luna. Hermione e Neville, que seriam padrinhos de Harry, ficaram do outro lado. Até o momento ela estava conseguindo, com sucesso, seguir a própria decisão de não olhar para o ruivo. Mas sabia que seria muito difícil manter-se fiel a esse propósito.


“Vou lá falar com Ron e Luna. Você não vem?”, Neville convidou. “Agora não. Quero me concentrar para o início da cerimônia”, foi a primeira desculpa que veio à cabeça da jovem bruxa e ela tinha que reconhecer que fora ridícula.


Luna, que usava um vestido amarelo-ouro, saudou Hermione à distância, mas com entusiasmo. Ron simplesmente a olhou, de forma rápida, virando logo o rosto.


A cerimônia começou. Os padrinhos formavam um semicírculo ao redor dos noivos. Seria impossível seguir a decisão de não olhar para Ron. O rapaz, ao lado de Luna, ficara exatamente na frente dela!


Acabou reparando muito mais do que planejava no ex-namorado. O problema era que Ron estava absurdamente lindo naquele dia. Como ficou bem com o terno cinza escuro e a gravata azul! Os cabelos pareciam mais brilhantes, os olhos, mais azuis, as sardas, mais charmosas, os dentes, ainda mais brancos, os lábios, mais atraentes... Por Merlin!


Sempre que os olhos dela e de Ron se encontravam, o rapaz desviava. O bruxo sorria conversando com Luna e, algumas vezes, Hermione recebia o finzinho de um sorriso. Bastava os dois se encararem para o ruivo fechar a cara.


Foi algo involuntário, mas Hermione se pegou olhando todas as mulheres que estavam no salão, fileira por fileira, para ver se descobria quem era a namorada de Ron. Censurava a si mesma por isso, mas não conseguia controlar a curiosidade. Não demorou muito para localizar, sentada na quarta fileira à esquerda, a jovem alta, de cabelos louros claros e olhos azuis límpidos que usava um vestido rosa fúscia.


Pelas barbas de Merlin! Ela sorria para Ron e tinha um rosto apaixonado. Espera! Não, agora a namorada de Ron encarava Hermione com o semblante fechado. Teria percebido que ela olhava demais para o rapaz?


Procurou se concentrar nos dois amigos que viviam o grande momento da vida deles. Gina estava maravilhosa no vestido com corpete de renda cravejada de cristais. Usava um diadema de cristais na cabeça e um véu curto. Harry, que vestia um fraque, sorria de forma radiante. Finalmente teria uma família!


 


 



* * * * * * * * * * *


 


 


 


Apesar de ter criticado o excesso de preocupação do ex-namorado, Hermione resolveu fazer as suas próprias investigações. No dia seguinte ao encontro com Ron na cantina, foi procurar Michelle, a secretária que tanto ciúme tinha despertado nela e agora era sua amiga. A jovem, que agora trabalhava no Departamento de Jogos e Esportes Mágicos, poderia lhe prestar informações úteis.


- Robert Veronese esteve aqui pela primeira vez há um mês e foi recebido pelo sr. Buckley -  ela falava de  Edward Buckley, que sucedera Ludo Bagman na direção do departamento. - Achei curioso porque ele não tinha marcado a visita.


- De fato é muito curioso – Hermione tentava disfarçar o excesso de interesse. – Você sabe de qual assunto trataram?


- O sr. Buckley está interessado em modernizar o departamento e me pediu para procurar a Veronese Consultoria Internacional. Mandei um pergaminho para empresa e me responderam dizendo que o sr. Robert Veronese só teria horário disponível dentro de três meses. Fiquei surpresa quando ele apareceu aqui poucos dias depois de eu receber essa correspondência... – Michelle não conseguia guardar segredos.


- De fato... Se ele estava tão ocupado assim, como apareceu no departamento e sem marcar a visita? – Hermione questionou.


- Bem, pelo que sr. Buckley falou, Veronese alegou que há muitos anos tinha interesse em uma parceria com o Ministério da Magia, por isso abriu um espaço na agenda. Parece que estão quase fechando a consultoria e ele visitou o departamento pela segunda vez ontem. Sem avisar, como da outra vez – a jovem abriu um sorriso.


Hermione sentiu-se aliviada ao saber que Robert Veronese estivera no Departamento de Jogos e Esportes Mágicos, como lhe informara. Mas ao mesmo tempo um pouco confusa por ele chegar sempre sem avisar. O mais estranho era que, para ela, comunicara seu retorno a Londres. Agora entendia a preocupação de Ron. Ficaria atenta para entender o que consultor bruxo realmente fazia no Ministério.


Será que também precisaria prestar maior atenção em Mary Elizabeth?  A secretária andava mais simpática e falante, mas não achava isso um mau sinal.


Saiu do Ministério da Magia naquela sexta-feira com certa pressa. Precisava passar na Floreios e Borrões para pegar um livro que encomendara e não queria correr o risco de encontrar a livraria fechada. As circunstâncias colaboraram para que iniciasse uma nova investigação. Quando já se preparava para deixar a loja, avistou Mary Elizabeth andando um tanto esbaforida pelo Beco Diagonal. Para sorte dela, a secretária não a viu.


Resolveu acompanhá-la à distância e a observou entrar na sinistra Travessa do Tranco. Mesmo após a derrota de Voldemort, ainda existiam muitos bruxos das trevas que frequentavam o local. Ninguém visitava aquele lugar por acaso. A cortês e eficiente srta. Thompson passara a ser suspeita.


Precisava falar com Ron sobre isso. Antes, porém, era melhor descobrir um pouco mais sobre Mary Elizabeth. A única pessoa que podia lhe dar mais informações da sempre reservada secretária era Aretusa Connolly. O fim de semana havia chegado e não seria má ideia viajar até a Irlanda para conversar com a especialista em poções.


- Gostei muito de receber a sua visita, mas imagino que tenha vindo aqui com um objetivo bem específico – Aretusa falou, abrindo um sorriso, depois de dar mais um gole no chá.


- Você tem razão. Não sei a melhor forma de fazer essa pergunta, então vou ser direta. Mary Elizabeth é uma pessoa de sua inteira confiança? – as faces de Hermione ficaram vermelhas.


- Não precisa ficar constrangida por me fazer essa pergunta. É perfeitamente compreensível. Afinal, Mary Elizabeth trabalha como sua secretária. O que posso dizer? Conheci Liza quando ainda éramos criança e morávamos em casas vizinhas. Eu sou cinco anos mais velha que ela, por isso não brincamos muito juntos. Mas Liza e minha irmã caçula, Aradna, que são da mesma idade, eram inseparáveis. Perdemos o contato e nos vimos muito pouco nos últimos 20 anos – Aretusa abriu outro sorriso, dessa vez um tanto forçado.


- Certo. E, durante esse tempo, não se recorda de algum fato sobre a vida dela que ache importante me informar? – a garota estava se sentindo incomodada por agir como uma auror, mas não tinha saído de Londres para ficar sem uma resposta.


- Vou contar um pouco do que sei sobre ela, assim você pode tirar as suas próprias conclusões.  Mary Elizabeth veio de uma família pobre e ficou órfã de pai aos 5 anos. O sr. Grioghar Thompson não deixou herança, apenas dívidas. Não o conheci muito bem, mas contam que gastava todo o dinheiro numa taberna e vivia embriagado. Morella, a mãe de Liza, fazia poções, mas não era muito talentosa. Diziam que por pouco Morella não nasceu um aborto tamanha a falta de habilidade dela com a magia. O fato é que conseguia pouco dinheiro com suas poções – Aretusa fazia pausas para suspirar e sorrir ao contar a história da secretária.


- Ela não deve ter tido uma infância fácil... Mas percebeu algo diferente no comportamento de May Elizabeth ao longo do tempo?  - Hermione procurava ter cuidado com as palavras.


- Sempre achei que Mary Elizabeth carregava uma grande tristeza. Bem, ela não teve pais dos quais pudesse se orgulhar... E sonhava em frequentar Hogwarts, sabe? Quando eu ainda era estudante, sempre que nos encontrávamos, durante as férias, ela fazia perguntas sobre Hogwarts. Acho que se sentia frustrada por não ter sido convidada para estudar lá. Ela conseguiu ingressar numa escola de bruxaria pouco conhecida da Irlanda do Norte quando já estava com 15 anos – a especialista em poções interrompeu a fala para colocar mais chá na xícara.


- Estudou na Escola de Magia Glendalough? – depois que Aretusa confirmou com o balançar da cabeça, Hermione continuou. - Bem, não é das mais conceituadas, mas é uma boa escola. Ela não deveria ficar frustrada por isso... Lembra de algo mais significativo?


- Ficamos mais de uma década sem qualquer contato. Depois da morte da mãe, que aconteceu quando Mary Elizabeth estudava em Glendalough, ela não voltou à Irlanda. Soube pela Aradna que Liza estava trabalhando numa loja na Travessa do Tranco. Minha irmã ficou assustada com isso, é claro, mas Liza rebateu dizendo que esse era um emprego honesto e garantiu estar lá apenas enquanto não conseguia uma oportunidade melhor. De fato, pouco depois ela foi contratada por uma loja no Beco Diagonal e foi lá que a encontrei pela última vez – contou Aretusa.


- Quando foi isso? – Hermione queria arrancar o máximo de informações sobre a secretária.


- Hum... vejamos... Tem uns cinco anos mais ou menos. Depois disso não soube mais nada da vida de Mary Elizabeth. Você não quer mais um pouco de chá? – Aretusa abriu mais um daqueles sorrisos que tornavam suas bochechas rosadas.


- Não, obrigada. Estou satisfeita. Mas voltando a falar de Mary Elizabeth, a sua irmã não tem mais contato com ela? – Hermione sentia que ainda precisava descobrir algo importante.


- Não, perderam completamente o contato. Aradna casou com um buxo da Estônia e mora lá há quase 20 anos. Ficou surpresa quando eu disse que Liza estava trabalhando no Ministério da Magia de Londres...


- Surpresa? Por que? – a garota interrompeu Aretusa.


- Ela disse que Mary Elizabeth havia falado muito mal dos funcionários do Ministério da Magia de Londres, dizendo que desqualificavam feiticeiros poderosos e empunham leis severas demais. Bem, mas isso já faz muito tempo. Liza deve ter amadurecido e mudado de opinião – Aretusa desconversou.


As informações de Aretusa eram suficientes. Agora tinha que procurar por Ron. Precisava compartilhar tudo que havia descoberto com ele. O ruivo não era mais apenas o bruxo que amava, mas também o competente auror envolvido na missão de descobrir feiticeiros infiltrados no Ministério da Magia.


 


 


 


 


* * * * * * * * * * *


 


Esse capítulo foi muito exigente para mim, especialmente pela cena do casamento (teremos uma segunda parte, aguardem!). Uma mistura de sentimentos tomou conta de Ron e Hermione. Parece que o destino, definitivamente, os quer distantes. Ainda bem que isso ficou no passado e, no presente, eles já começaram a se aproximar.


Compartilhem comigo a opinião de vocês!


 Aproveito para convidá-los a ler a minha shortfic em homenagem aos “19 anos depois”, que vou postar aqui até o dia 1º de setembro! 


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