Nova despedida





Chegamos a mais um capítulo, dessa vez com muitas reviravoltas no presente e passado. 



Por que a história desses dois nunca é linear e sempre tem reviravoltas? Essa é a pergunta que me faço...



 



 



Para ouvir antes, durante ou depois da leitura do capítulo:



I Love You



(Avril Lavigne)



http://bit.ly/2bgKAqV



 



 



 



"Aquele amor aonde quer que esteja

se bulir vai ver inda lateja

e se no fim no fundo permaneça

aquele plano para me esquecer

esqueça"



(Adriana Calcanhoto)



 



 



 



A roupa fora comprada especialmente para aquela ocasião. Quando planejou a viagem à Romênia, imaginou um jantar com ruivo, de preferência à luz de velas. Sentiu-se boba por ter aquele sonho, por isso era grande a sua felicidade ao vê-lo próximo de ser realizado.



Era um vestido vermelho de modelagem clássica, um pouco acima do joelho, com mangas curtas de renda e a cintura bem marcada. Hermione deixou o cabelo solto, fez uma maquiagem leve nos olhos e colocou o batom vermelho. Sentiu certo medo do visual estar um pouco ousado, mas tinha certeza que Ron iria gostar.



Faltava ainda dez minutos para o horário marcado, mas decidiu descer até o saguão do hotel para esperá-lo. Não queria se atrasar. Afinal, desejava que aquele jantar durasse o máximo possível. Ela e Ron tinham tantas coisas a conversar!



Mal saiu ao corredor, no momento em que caminhava até elevador, foi puxada por braços fortes. Uma voz conhecida sussurrou ao seu ouvido. "Calma, sou eu. Venha aqui que precisamos conversar".



Ron a conduziu até o armário que ficava no corredor e do qual ele tinha saído. Era um pequeno closet cercado de prateleiras que guardavam toalhas e lençóis limpos. Uma lâmpada azulada iluminava o lugar onde mal cabiam ela e o ruivo. Era um ótimo local para roubar um beijo, mas esse não parecia ser o objetivo do rapaz.



— Mione, me desculpa por isso. Eu não queria te assustar - Ron disse quando finalmente largou os braços da menina.



— Mas me assustou, Ron. O que está acontecendo? - ela ainda estava nervosa.



— Hoje de manhã, quando saí daqui, fui perseguido por dois bruxos. Não pude vê-los muito bem, mas tentaram me estuporar. Consegui escapar, mas sinto que estou sendo vigiado - o rapaz falou com certa ansiedade.



— Não tem ideia de quem são? Como posso ajudá-lo, Ron? - a tensão da menina aumentava cada vez mais.



— A melhor forma de me ajudar é ficando em segurança. Não podemos ser vistos juntos. Seja quem for que está me perseguindo, pode tomar você como alvo - o bruxo falava muito rápido.



— Eu não tenho medo, Ron. Sempre fui boa na arte de estuporar e nos duelos, você sabe disso - Hermione não abriria mão de ficar com o ruivo.



— Você sempre foi a melhor. Mas o risco não vale a pena. Já comuniquei o ataque ao Departamento de Aurores e meu chefe recomendou que eu cancelasse o jantar de hoje - o rapaz contou com certo desânimo.



Ela perguntou se Ron achava arriscado saírem dali e, diante da resposta afirmativa do rapaz, sugeriu que fossem ao restaurante do próprio hotel. "O cardápio é bem variado, acho que você vai gostar", ela sorriu.



— Ah, Mione, você está tão linda! Ficou muito bem de vermelho e esse batom... Você está simplesmente incrível. Eu queria te levar no melhor restaurante de Bucareste, tinha até reservado uma mesa, mas depois do ataque de hoje, não podemos correr um risco tão grande - o ruivo alisava suavemente os cabelos da bruxa.



— Não podemos nem mesmo jantar no restaurante do hotel? - a garota não queria perder aquela oportunidade de estar com Ron.



— Infelizmente não. Na verdade, não devemos mais ser vistos juntos por aqui. Quando você volta para o Canadá? - ele a olhava de um jeito aflito.



O voo dela seria no dia seguinte, às nove horas da manhã. Para tristeza da bruxa, Ron anunciou que não poderia acompanhá-la ao aeroporto. Mas pediu que aguardasse no hotel por Carlinhos, que iria leva-la até lá. Hermione falou que não era preciso, mas o bruxo insistiu. "Por favor, faça isso por mim. Só assim ficarei tranquilo", o ruivo pediu.



— Mas, Ron, não poderemos mais nos ver? - a pergunta absurda demostrava o quase desespero da jovem.



— Claro que vamos nos ver, Mione. E muitas e muitas vezes. Mas não agora – respondeu antes de depositar um beijo carinhoso no rosto da menina.



O gesto de ternura foi seguido por um sorriso. Hermione, no entanto, parecia aflita. "Mas como vai ser agora, Ron? Estou voltando para o Canadá. Como manteremos contato? Preciso saber se tudo ficou bem com você", ela disparou.



— Vou ficar bem. Não se preocupa. Sei como encontrar você. Agora sou um auror, esqueceu? - Ron finalmente tomou coragem e, aproximando-se ainda mais da jovem bruxa, pressionou seus lábios aos dela.



Foi apenas um selinho, rápido e suave, mas pleno de afeto. "Ron", ela falou de forma terna, como uma doce queixa. O ruivo a olhou de um jeito levemente assustado, como quem espera uma bronca. Hermione apontou para os lábios dele. O semblante do rapaz a interrogou. "Sua boca ficou vermelha", a menina sorriu tímida. Um tanto sem graça, ele passou a palma da mão nos lábios com força. "Ficou melhor", a bruxa deu mais um sorriso.



Mesmo se ainda tinha tantas perguntas a fazer, ela ficou em silêncio. O rapaz a olhava de forma dolorida. Chegara o momento de se despedirem.



As últimas horas passadas no Canadá foram sofridas para Hermione. Lembranças dos gestos de afeto, especialmente do encontro dos lábios dos dois, consolavam-na um pouco. Mas temia pelos riscos que Ron enfrentava.



Na manhã seguinte, Carlinhos a levou ao aeroporto, como estava combinado. Logo intuiu que seria o irmão de Ron o canal de comunicação entre os dois. Foi ele que entregou a menina um envelope, explicando que Ron havia pedido para que só o abrisse na casa dela, no Canadá. Hermione achava essa precaução exagerada, mas decidiu fazer como o ex-namorado orientava.



 



 



 



* * * * * * * * * *



 



 



 



Considerava aquela ruiva perspicaz e tão segura de si a melhor e, ao mesmo tempo, a pior pessoa com quem poderia se aconselhar. Sabia que podia confiar em Gina, mas a extrema sinceridade da mais jovem dos Weasley era sempre desconcertante, por vezes cruel.



— Eu não entendo você, Hermione. Se ainda continua tão apaixonada pelo meu irmão, por que não procura por ele? Se eu fosse você já teria ido há muito tempo até a Noruega para conversar com Ron - Gina não fez rodeios.



— Dessa vez foi ele quem terminou o namoro. E acho que no lugar de Ron não teria agido diferente. Reconheço que fui ciumenta demais. Por mais doloroso que seja admitir isso, nós não podemos ficar juntos. Eu tenho que seguir a minha vida e Ron, a dele. Brigamos muito. Gostamos tanto um do outro e vivemos nos ferindo - argumentou querendo encerrar aquele assunto.



A inteligente bruxa de origem trouxa sempre fora temperamental. Nisso não era muito diferente de Ron. Mas enquanto ele era passional e agia pelo coração, ela tentava ser racional. Sim, tentava, porque Ron sempre tivera aquele poder de tirá-la do sério.



Mas o ciúme que chegou junto com a retomada do namoro foi ocupando cada vez mais espaço na mente da menina. Ron a amava. Provava isso com gestos e declarações apaixonadas que antes Hermione julgava ser ele incapaz de fazer.



Não se conformava, no entanto, com o relacionamento entre ele e a secretária. Não via Harry e nem outro auror qualquer conversando tanto assim com Michelle. Em sua opinião, o rapaz só podia ser ingênuo e distraído ou alimentar, talvez por vaidade, o sentimento daquela jovem por ele.



O estopim aconteceu no fim do expediente do Ministério da Magia em uma quarta-feira monótona. Ron costumava levar Hermione todos os dias para casa. Em geral, o ruivo encerrava o trabalho pontualmente, enquanto ela sempre demorava um pouco mais.



Naquela tarde, porém, Hermione guardou os últimos papéis às 17 horas. Foi então que lembrou, com certo susto, que o departamento no qual o namorado trabalhava estava praticamente vazio. Os aurores haviam tido um treinamento e ficaram no Ministério apenas os estagiários, Ron e Philip. E Michelle! Sim, a bela secretária de olhos cor de mel estava lá e, com relativo desespero, depois de cruzar com Philip pelo corredor, a bruxa chamou o elevador para subir os dois andares que separam os departamentos.



Antes de entrar na sala, Hermione se deteve ao ouvir um choro. Não teve dificuldade para escutar parte da conversa.



— Não fica assim, Michelle. Vai dar tudo certo - ela ouviu a voz um tanto rouca que amava.



Já tinha escutado o suficiente. Entrou na sala de forma silenciosa e veloz. Não podia acreditar. Michelle estava agarrada ao pescoço de Ron. Para qualquer outra pessoa, a cena seria curiosa. Os compridos braços do bruxo, muito mais alto que a secretária, pendiam encostados ao corpo dele. Ao mesmo tempo, o ruivo mexia de forma tensa os ombros, tentando se desvencilhar daquele abraço forçado. Mas uma namorada enciumada jamais repararia nesses detalhes.



— O está acontecendo aqui?! Vocês podem me explicar? - o timbre mais estridente que o normal denunciava o nervosismo.



—Oi, Mione - Ron empurrou a secretária com tanta força que ela precisou se amparar na mesa para não cair. - Que bom que chegou. Você se importa de acompanhar Michelle ao Saint Mungus? A avó dela foi internada agora e, como está muito nervosa, acho que não deveria ir sozinha até lá.



— Sinto muito por isso. Mas acho que não é exatamente a minha companhia que ela deseja. Espero que a sua avó melhore, Michelle, mas aproveito para lembrar que sou uma bruxa ciumenta e não gosto que outras garotas agarrem o pescoço do meu namorado - Hermione nunca tivera uma reação assim antes.



— Não é o que você está pensando. Ron é meu amigo... - a jovem estava visivelmente constrangida.



— Eu vou acompanhar você, Michelle - Ron olhou para Hermione com ar de reprovação.



— Fique com sua namorada, por favor. Você já me ajudou muito - ela saiu da sala sem se dirigir a Hermione.



Ron ficou. Mas a discussão que se seguiu foi intensa e sofrida. Com sua inteligência e habilidade de convencimento, Hermione tentou provar que o rapaz não deveria ter permitido à secretária aproximar-se tanto assim dele.



— Você podia tentar se colocar no lugar dos outros! Imagina o desespero de Michelle quando soube que a avó foi internada às pressas? Ela só estava precisando de um ombro para chorar - o ruivo justificou.



— E precisava ser o seu ombro? Por que não chorou no ombro de Philip?! - o ciúme tinha tomado conta de Hermione.



— O que você queria que eu fizesse? Desse um fora nela? Falasse que minha namorada era ciumenta? - as orelhas de Ron estavam vermelhas.



Ele dizia estar cansado da desconfiança de Hermione. "Se você não acredita que eu te amo e não tenho o menor interesse em nenhuma outra bruxa, não podemos continuar juntos. É melhor terminarmos o nosso namoro".



A garota não esperava por essa atitude de Ron. Tentou reverter a situação, disse que controlaria mais o ciúme, mas ele não cedeu. "Hermione, quando não existe mais confiança, não tem como continuar junto. Melhor dar um ponto final na nossa história".



Menos de dois meses depois, Ron viajou para Noruega. Tinha sido convidado para fazer um curso de duração de 90 dias naquele país conhecido entre os bruxos por seus dragões.



O aniversário de Ron estava chegando. Ela queria muito estar com ele ou ao menos mandar uma mensagem. Mas onde encontrar coragem? Decidida a ter ao menos notícias do seu ruivo, Hermione acabou procurando por Gina.



— Esse orgulho tolo não vai te levar a lugar algum. Não importa se agora foi ele que terminou o namoro. Da outra vez a iniciativa foi sua e meu irmão vivia te procurando, esqueceu? Daqui a três dias é o aniversário dele. Ron não é autorizado a sair da Noruega enquanto não terminar o curso. Mamãe queria ir até lá, mas não vai poder. Preparou uma cesta cheia de presentes para Ron... Guloseimas, um suéter, uns pares de meia, essas coisas de mãe. Estava precisando de um portador. Por que você não se habilita? – a ruiva falava muito rápido e de forma incisiva.



— Gina, eu não sei. Não sei se Ron vai me receber muito bem... - ela respondeu vacilante.



A dúvida é sempre uma porta aberta para o sim. Gina sabia disso e voltou a insistir. Usava bons e convincentes argumentos, mas nem precisava de tanto. Hermione estava morrendo de saudades de Ron. Por fim, ela aceitou e combinaram todos os detalhes da viagem até a Noruega.



 



 



* * * * * * * * * * * *



 



Tudo estava indo tão bem, né? E agora Ron dispensa Hermione do jantar que devia ser romântico e... Ele ainda foi perseguido e quase estuporado por dois bruxos?! Isso faz parte da rotina do ruivo, que trabalha como auror. Ou não?



Não sei se a resposta para essas dúvidas que ficaram no ar vão vir logo. Não vejo quase nada em minha bola de cristal... Qual é a sua opinião?



 



 


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Comentários (1)

  • AninhaGWeasley

    Ai! Agora deu um aperto no coração! Hermione linda, de vestido vermelho, e Ron cancelando o jantar... ai,ai, ai... Que ciúme é esse, Mione? Ainda bem que Gina te convenceu a ir atrás de Rony... ♥️♥️♥️

    2016-09-12
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