A Surpresa



Capitulo onze



A Surpresa



A noite estava fria, o vento gelado batia forte no garoto de cabelo negro e olhos verdes que caminhava pelo campo da escola e se sentava de baixo da bétula, que balançava intensamente, suas folhas planavam delicadamente até o chão, dando um charme a mais naquela bela árvore, Alvo pensava se era uma boa ideia continuar a amizade com Scorpius, não valia a pena continuar algo que não iria para a frente, que não tinha algo essencial para qualquer embasamento de qualquer relação, mesmo a relação de amizade, a confiança, se eles não tinham o que era mais importante em uma amizade, eles não tinham nada, só mentiras e segredos, coisas que por mais pequenas que fossem se tornavam algo grande, como um iceberg afundando um navio, mas mesmo com esse pensamento ele não conseguia se decidir, eles tinham pouco tempo de convivência, mas já tinham momentos marcantes e grandes histórias para contar, já tinha duelado e entrado em uma batalha contra um dragão ao lado do amigo, diversas foram as vezes em que Alvo desabafou com Scorpius, e muitas foram as risadas esganiçadas que ele soltou por conta das piadas sem graça ou das caretas que o amigo fazia, Scorpius estava do lado dele, o entendia, o aconselhava e o ajudava, diferente de seu irmão, que tinha o mesmo sangue que ele, o loiro era confiável, ele só não via a mesma coisa em Alvo, e isso era o que machucava o garoto de cabelo negro.



- O que esta te incomodando? – Isabella perguntou de longe se aproximando, seu vestido azul voava para o lado, colando em seu corpo, seu cabelo criava asas, querendo se desprender do couro cabeludo dela e voar para a noite sem fim, brilhando intensamente enquanto a lua refletia seu brilho nos fios dourados daquela bela garota, ela se sentou na grama e apoio todo o peso do seu corpo no braço direito enquanto descansava a mão do mesmo no chão, olhando diretamente nos meus olhos, com aquele olhar profundo que só ela sabia dar, o olhar que via o interior de qualquer pessoa.



- Nada. – Disse um pouco abobado, em toda a minha vida eu só tinha dividido minha intimidade com poucas pessoas, primeiro Rose e depois com Scorpius, nunca desabafei com mais ninguém, talvez porque não tivesse coragem, e se eu não tinha coragem nem com pessoas próximas imagine com a mulher que amava.



- Vamos, eu sinto que há algo te incomodando. - Ela disse com um olhar ingênuo e igualmente profundo, com um brilho intenso no olhar, algo raro em algumas pessoas, eu estava receoso e percebendo isso ela abriu um grande sorriso. - Pode confiar em mim! – completou.



- É claro que eu confio! – Falei de supetão, não conseguiria resistir aquele sorriso, que dês da primeira vez que vi tornaram meus dias mais alegres, muito menos aquele olhar, que me guiava em qualquer lugar, me entregaria de bandeja para a garota mais bela que já vi. - É que é complicado dizer, entende?



- Entendo, eu também tenho dificuldade para desabafar, temos uma coisa em comum! – Ela disse se aproximando e sentando se ao meu lado, olhando para cima, admirando as estrelas que estavam lindas, o céu estava limpo e a lua, mesmo com seu brilho intenso, não ofuscava a beleza dos outros astros, ao contrario, dava um charme a mais aquele momento, senti um conforto quando Isabella sentou-se ao meu lado, uma paz invadiu meu corpo, já não me preocupava com Scorpius, sabia que ele estava bem, naquele momento tudo estava bem, como se tudo que tinha acontecido tivesse me levado diretamente ao encontro de minha amada, e ao lado dela eu reparava em tudo nos mínimos detalhes, na noite linda, no vento gelado que bagunçava meu cabelo e arrepiava a linda loira ao meu lado, nas folhas que caiam e eram simples enfeites naturais aos olhos de um bobo apaixonado, que só queria parar o tempo e ficar o resto da vida ali, admirando aquela que eu mais amava, que fazia meu coração acelerar, que me fazia enxergar o futuro e criar planos que talvez nunca existissem, nunca deveria ter duvidado da sinceridade dela, e não duvidaria mais, mesmo que ela inventasse a pior mentira eu ainda a daria minha confiança, aquela era a primeira promessa que eu fazia a ela, mesmo que ela não soubesse que aquele momento era tão importante para o nosso futuro cheio de aventuras e obstáculos.



-Desculpa. – Eu disse, ela sabia o porquê estava pedindo aquilo, ela sempre sabia e estava esperando há tanto tempo por isso, dava para ver no olhar que ela lançou a mim quando eu finalmente disse, ela abriu um sorriso lindo, um dos sorrisos mais lindos que ela formou em todos os anos que convivemos juntos, ela colocou sua mão sobre a minha e a apertou com força, fazendo todo o meu corpo se arrepiar, seus olhos não desviavam dos meus em nenhum instante, e naquele momento eu estava completo, e sabia que ninguém nunca me faria me sentir daquele jeito, a não ser que fosse ela, somente ela, foi ali que eu descobri que eu realmente a amava, e como eu a amava, deveria ter gritado isso ali mesmo, naquele momento, talvez assim pudéssemos viver mais tempo juntos.  – Essa é uma ótima ocasião para...



- O que é aquilo? – Ela perguntou olhando por cima do meu ombro, me cortando, talvez fosse melhor daquele jeito, eu não teria coragem de me declarar ali e roubar-lhe um beijo, poderia lutar com mil dragões todos os dias, mas não poderia ser rejeitado e perde-la, não quando eu sentia que estava começando a conquistar seu coração, não podia colocar tudo a perder, não naquele momento.



- O que? – Perguntei ainda olhando para ela, depois de um tempo segui seu olhar, mas não conseguia ver direito, a única coisa que via era milhares de pequenos lampiões acesos andando pelas ruas de Hogsmeade ao longe, algumas sombras, que deveriam ser pessoas, os seguravam e empurravam algumas carroças em direção à escola. – Acho que é essa a surpresa que a diretora falou, não?



- E se não for? É melhor avisar a alguém, Al! – Ela disse correndo em direção à escola, eu por instinto a segui, mas ainda estava embriagado pela maneira que ela me chamou, assim que entramos na escola ela trombou com o professor Neville, Isabella contou o que viu e ele abriu um grande sorriso exclamando um "Chegaram!", ele saiu pela porta e desceu ao vilarejo para recepciona-los, ficamos parados na porta em silencio, aproveitando a presença um do outro e esperando eles chegarem, de longe dava para ver o professor os encontrando no meio do caminho com sua varinha acesa, ele parou e conversou com alguém que deveria ser o líder daquele grande grupo de andarilhos, depois de um tempo ele começou a guia-los lentamente pelo caminho até Hogwarts, e as milhares de luzinhas começaram a seguir duas que estavam à frente, a imagem era bela e cômica, e ficaria marcada na minha memoria até os dias de hoje.



 



Naquela noite, quando os andarilhos chegaram Alvo e Isabella foram cumprimenta-los calorosamente, ajudaram-nos a montarem algumas barracas nos campos de Hogwarts, um pouco longe da escola e depois voltaram para seus dormitórios, despedindo-se um do outro no grande saguão com um abraço apertado e um beijo no rosto, quando Alvo entrou em seu dormitório, ele se deparou com Scorpius ainda acordado sentado na beira da cama o fuzilando com varias perguntas, Alvo estava muito feliz para ser grosseiro com ele, então deitou-se na cama sem emitir ao menos um som, e dormiu tranquilamente enquanto pensava na noite agraciada pela presença de Isabella, de manhã, ainda deitado em sua cama, ele pensou se perguntaria o que significava aquela conversa entre o loiro e o grandalhão no corredor, mas deixou passar, já que chegou a conclusão que não adiantava abordar o assunto e não obter nenhuma resposta ou confissão do misterioso segredo dos dois, quando o moreno chegou ao salão para tomar café Scorpius apareceu o surpreendendo.



- Eu te procurei em todos os cantos e não te achei! Você teve a audácia de me deixar sozinho? – Ele disse por trás de Alvo com uma cara amarrada, depois se sentou ao seu lado e começou a devorar tudo o que via pela frente.



- Acho que você não me procurou em todos os cantos. - Alvo disse friamente depois de se recuperar do susto. – Eu estava achando a festa chata e decidi sair, fiquei em baixo da bétula conversando com Isabella e depois fui ajudar a montar as barracas dos andarilhos.



- Quem? –Scorpius perguntou depois de quase se engasgar com o suco de abobora que estava tomando, parecia que ele nem tinha notado o jeito de Alvo.



- Você não tá sabendo, chegaram andarilhos ontem... – Alvo começou a falar, mas foi interrompido.



- Não! Não estou falando deles, estou falando da Isabella. – Scorpius disse incrédulo. - Não acredito que você falou para ela dos seus sentimentos. – Ele começou a rir desesperadamente e depois perguntou como tinha sido, assim que Alvo confessou que nada havia acontecido Scorpius perguntou o que eles ficaram conversando, e o moreno desconversou, ele não iria ter coragem de falar que de uma maneira o assunto principal foi o amigo, eles se encaminharam as salas e depois que todas as aulas haviam acabado, eles foram até os andarilhos tentar descobrir o porquê de eles estarem ali, mas não conseguiram nada, seguiram essa rotina por 18 dias, indo nos treinos de quadribol, estudando e conversando com os andarilhos, todos os alunos estavam ansiosos para descobrir o segredo que guardava todas aquelas pessoas, até que na segunda-feira, no dia 20 de novembro, saiu a noticia por toda a escola que o segredo iria ser revelado em um banquete que a escola iria promover naquele mesmo dia.



-Vou ficar o dia inteiro sem comer, assim sobra mais espaço para a hora do jantar e eu vou poder comer tudo que tiver nesse tal banquete. – Scorpius disse rindo com uma cara de satisfação, sua fisionomia não tinha mudado dês do dia das bruxas, aliais tinha piorado, seu cabelo estava sem cor e começava a cair, ele tinha procurado inúmeras poções para acabar com aquilo, mas seu cabelo continuava ficando raso, sem aparentemente nenhuma melhora, ele tinha engordado um pouco, mas seus ossos continuavam a mostra por de baixo da pele pálida, o então Malfoy, que antes era um belo loiro, estava a cada dia ficando mais feio.



- Scorp, você nem sabe se realmente vai ter esse banquete, pode ser invenção dos fofoqueiros. – Alvo falou sem o mínimo interesse naquilo.



- Então como o senhor me explica o fato do Salão Principal estar interditado? – Scorpius falou com a sobrancelha esquerda levantada.



- Scorp, você viaja muito no seu mundo de imaginação! – Alvo disse revirando os olhos. – Eu vou terminar aquela redação de DCAT, você vem comigo? – Completou indo na direção da porta de carvalho.



- Acho que eu vou primeiro na cozinha, depois eu te encontro na bé! – Scorpius disse e depois saiu correndo em direção aos porões, Alvo caminhou pelo gramado bem aparado da bela escola até uma arvore especial, a famosa bétula, ele se sentou de baixo dela como sempre fazia, e pensou que estava passando tempo demais ali, enquanto esperava Scorpius ele terminava sua redação de DCAT, estava tão concentrado que nem percebeu a aproximação de uma bela ruiva.



- Oi, Al. – Dominique cumprimentou calorosamente o moreno, ela era a única prima de Alvo que tinha ido para a Sonserina, e ele nunca ouvira seus tios reclamarem por isso, ao contrario, os pais de Dominique gritaram para os quatro ventos que a filha deles tinha entrado para a casa da cobra, e ele não achava que seus pais tinham feito o mesmo.



- Oi, Ni! – Alvo a saldou com um grande sorriso.



- Estava esperando que ficasse sozinho, mas aquele Malfoy não te deixa em paz. – Ela sorriu graciosamente, Dominique sempre fora alegre, mas era uma das primas mais tímidas de Alvo. – Eu percebi que você se afastou de Rose, aliais todos perceberam. – Ela disse apontando para um bolinho de alunos, lá estavam Roxanne, Fred, Victoire e Molly II, além da família inteira que também já deveria estar sabendo.



- Não é nada, entramos em casas diferentes, é normal haver um distanciamento. - Alvo disse com calma, raciocinando rapidamente sua resposta enquanto falava.



- Al, não adianta mentir para mim, você sabe que de todos da família eu sou a única que consegue perceber quando tem alguma coisa errada acontecendo. – Ela disse com a sobrancelha direita levantada, um meio sorriso no rosto e um olhar de escarnio, como se fosse a maior sabe tudo do mundo.



- Então não me faça mentir, Dominique. – Alvo disse zangado, de tudo que ele mais odiava aquilo era o pior, a família querendo se meter em sua vida.



- Não sou eu que estou te fazendo mentir, é você mesmo. – Ela disse de supetão.



- Se eu estou mentindo é porque não quero falar sobre isso, e insistindo nesse assunto você me faz mentir. – Alvo sorriu como se tivesse vencido a terceira Guerra Bruxa, ele se levantou e saiu da presença de Dominique, seguiu pelo gramado até a porta de carvalho da escola e lá encontrou Scorpius, ele o puxou pelo braço e o arrastou até o dormitório da Sonserina.



 



 



N.A.:



Oi gente! Para quem não entendeu direito aquela parte em itálico no começo do capitulo eu vou explicar, aquela parte é uma narrativa em primeira pessoa, um Alvo do futuro narra uma cena do passado, como se aquilo fosse uma lembrança que ele estivesse contando para uma pessoa conhecida, na verdade não era para ser uma narrativa em primeira pessoa, mas uma escritora faz tudo para agradar seus leitores, tem muita coisa pela frente, tomara que gostem de fics longas! Agora eu vou jogar um pouco de chantagem, quanto mais comentários, mais rápido eu posto o próximo capitulo, beijos.


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