A audiência



– A audiência.

– Vai dar tudo certo. – Lily apertou a mão de Harry com força – Tem que dar tudo certo.
– Eles não tem razão legal para expulsá-lo, – Tiago disse categórico – eles estão indo contra as próprias leis…
– Tenho certeza de que alguém no ministério vai perceber como eles estão sendo idiotas… – Sirius disse parecendo receoso.
– Amélia Bones é uma mulher justa e inteligente... – Remo disse tentando parecer confiante – Ela não vai permitir que essa palhaçada chegue ao fim…
– Vai dar tudo certo. – Lily repetiu como um mantra – Só espero que você não tenha tido que enfrentar tudo isso sozinho. – Lily suspirou antes de fazer sinal para Alice começar o capítulo.

Harry sufocou um grito; não conseguiu se conter. A grande masmorra em que entrara parecia-lhe terrivelmente familiar. Não somente a vira antes, mas estivera ali antes. Era o lugar que visitara com a Penseira de Dumbledore, o lugar em que assistira os Lestrange serem condenados à prisão perpétua em Azkaban.
As paredes eram de pedra escura, fracamente iluminadas por archotes. Havia arquibancadas vazias de cada lado dele, mas, à frente, as mais altas estavam ocupadas por muitos vultos escuros. Tinham estado conversando, mas quando a pesada porta se fechou à entrada de Harry fez-se um silêncio agourento.

– Eles vão usar o lugar onde eles julgaram assassinos, torturadores e outros seguidores de Voldemort para uma audiência disciplinar? – Alice perguntou horrorizada, levantando os olhos do livro.
– É como se quisessem que Harry fosse visto por todos como o pior tipo de criminoso. – Sirius disse balançando a cabeça temeroso.
– Isso tudo está passando do limite do ridículo! – Tiago rosnou entredentes – O ministério desceu mais do que qualquer um de nós poderia imaginar… Fudge precisa ser deposto!
– Infelizmente ele conseguiu desacreditar as poucas pessoas que conhecem a verdade… – Hermione disse com um suspiro pesaroso.
– Toda essa idiotice dele está ajudando Voldemort a ficar cada vez mais poderoso. – Remo disse balançando a cabeça decepcionado – Quando as pessoas descobrirem o que está acontecendo vai ser tarde demais…
– Não! – Lily o interrompeu irritada – Não podemos pensar assim! Isso não pode acontecer! Alguém vai tirar esse babaca do poder a tempo…
Tiago deu um suspiro pesaroso, balançou a cabeça e acenou para que Alice continuasse lendo.

Uma voz masculina cortante ecoou pelo tribunal.
— O senhor está atrasado.
— Sinto muito — disse Harry nervoso — eu não sabia que a hora da audiência tinha sido mudada.
— Isto não é culpa da Suprema Corte dos Bruxos — disse a voz. — Despachamos uma coruja para o senhor esta manhã. Sente-se no seu lugar.

– Como se despachar uma coruja para mudar o horário, poucas horas antes da audiência, fosse o procedimento correto. – Tiago disse irritado – Não consigo acreditar que todo o departamento de execução das leis da magia tenha caído dessa forma!
– Talvez as poucas pessoas decentes estejam sendo diminuídas pelos que querem manter o resto do povo sob o poder do ministério… – Sirius disse balançando a cabeça decepcionado – Não posso simplesmente acreditar que ninguém no ministério é decente…
– As pessoas podem ter medo de enfrentar Fudge e acabar perdendo o emprego. – Frank disse concordando com Sirius.
– Eu nunca iria querer trabalhar para um ministro cego pelo poder e corrupto. – Lily disse irritada.
– Mas a maioria das pessoas não tem opção… – Gina disse constrangida – Papai nunca concordou com várias políticas do ministério, mas ele precisava do dinheiro…
– E agora seu pai pode ajudar a Ordem a manter um olho no ministério. – Sirius disse acenando com aprovação para Rony e Gina.

O olhar de Harry recaiu sobre a cadeira no centro da sala, cujos braços eram equipados com correntes. Vira aquelas correntes ganharem vida e prenderem quem ali sentasse. Seus passos ecoaram fortemente quando avançou pelo chão de pedra. No momento em que se sentou, pouco à vontade, na borda da cadeira, as correntes retiniram ameaçadoras, mas não o prenderam.

– Se as correntes tivessem te prendido eu sairia dessa sala agora para transformar Fudge em um verme. – Tiago rosnou entredentes.
– E pode ter certeza de que não iria sozinho. – Lily afirmou irritada, recebendo acenos de concordância da maioria dos presentes.

Sentindo-se bastante mal, ele olhou para as pessoas sentadas no banco acima. Havia umas cinquenta, até onde sua vista alcançava, usavam vestes cor de ameixa com um W bordado em fio de prata do lado esquerdo do peito, e olhavam para ele com ar de superioridade, algumas com expressões bem austeras, outras, francamente curiosas.

– Você foi levado à Suprema Corte dos Bruxos por um simples caso de magia usada por menor? – Remo perguntou a Harry boquiaberto, Harry apenas deu de ombros, sem ter como responder adequadamente – Achei que queriam só te assustar e fazer você parecer culpado para a mídia… Nunca pensei que realmente te colocariam à frente da corte!
– Ainda mais porque normalmente esses casos são resolvidos apenas com alguns funcionários do departamento de execução das leis da magia… – Sirius concordou enfático.

Bem no meio da primeira fila sentava-se Cornélio Fudge, o ministro da Magia. Era um homem corpulento que costumava usar um chapéu-coco verde-limão, embora hoje o tivesse dispensado; dispensara, também, aquele sorriso de indulgência que no passado usara ao falar com Harry. Uma bruxa de ossos largos, queixo quadrado, cabelos grisalhos muito curtos, sentava-se à esquerda de Fudge; usava um monóculo e parecia assustadora.

– É Amélia Bones. – Sirius afirmou – Ela parece assustadora mesmo, mas deve ser a pessoa mais digna que você vai encontrar nessa audiência…
– Ainda mais depois que Dumbledore foi expulso da Suprema Corte dos Bruxos. – Tiago bufou – Essa situação está passando de todos os limites.
– Essa situação passou dos limites quando alguém levou Fudge a sério! – Frank respondeu balançando a cabeça – É ridículo ver a que ponto nosso mundo chegou… As pessoas estão confiando mais na palavra de um idiota como o Fudge do que na de Dumbledore!
– As pessoas tem medo de acreditar em Dumbledore. – Alice disse com um suspiro triste – Todos devem ter se acostumado à segurança desde que Voldemort desapareceu… E agora, acham que se Dumbledore estiver certo, as coisas vão ser ainda piores.
– Mas fingir que o problema não existe não resolve o problema! – Remo disse, balançando a cabeça decepcionado – As pessoas podem estar com medo, mas isso está apenas piorando a situação…

Do lado direito do ministro, havia outra bruxa, mas estava sentada tão atrás no banco que seu rosto ficava na sombra.
— Muito bem — disse Fudge. — O acusado tendo finalmente chegado, podemos começar. Os senhores estão prontos? — perguntou aos demais bruxos.
— Estamos, sim senhor — respondeu uma voz ansiosa que Harry conhecia.
O irmão de Rony, Percy, estava sentado em uma das extremidades do banco da frente. Harry olhou para Percy, esperando algum sinal de reconhecimento, mas não recebeu nenhum. Os olhos do rapaz, por trás dos óculos de aros de tartaruga, estavam fixos em um pergaminho, e segurava uma pena à mão.

Gina e Rony emitiram grunhidos de irritação muito similares.
– Não consigo acreditar que meu próprio irmão fazia parte dessa palhaçada. – Gina bufou balançando a cabeça, decepcionada.
– Não consigo acreditar que meu próprio irmão acreditou mais em Fudge do que no nosso pai, ou Dumbledore… – Rony disse com um suspiro resignado.
– O irmão de vocês sempre foi cego por poder e sempre se curvou a qualquer tipo de autoridade. – Sirius disse em tom de consolo – Ele não tem culpa de ser um peão nas mãos de pessoas que nem ao menos o enxergam...
– Nós sempre soubemos que ele tinha esse problema, – Gina disse com um suspiro triste – mas nunca pensamos que ele chegaria a esse ponto… Que ele rejeitaria nossa mãe… Ignoraria nosso pai…
– E que não acreditaria em Harry… – Rony disse concordando com Gina. Harry olhou para Rony descrente antes que ele continuasse – Você é da família Harry! Ele não acreditar em você é a mesma coisa que ele não acreditar em mim!
Gina concordou enfaticamente com o irmão, fazendo Tiago e Lily trocarem um meio sorriso triste.

— Audiência disciplinar do dia doze de agosto — anunciou Fudge com voz ressonante, e Percy começou imediatamente a anotar — para apurar violações ao Decreto de Restrição à Prática de Magia por Menores e ao Estatuto Internacional de Sigilo cometidas por Harry Tiago Potter, residente na Rua dos Alfeneiros, número quatro, Little Whinging, Surrey.
“Inquiridores: Cornélio Oswaldo Fudge, ministro da Magia; Amélia Susana Bones, chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia; Dolores Joana Umbridge, subsecretária sênior do ministro. Escriba da corte, Percy Inácio Weasley...
— Testemunha de defesa, Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore — disse uma voz baixa atrás de Harry e ele virou a cabeça tão rápido que estalou o pescoço.

– Pelo menos Dumbledore conseguiu chegar a tempo! – Sirius afirmou aliviado – Posso ter vários problemas com ele, mas não podemos negar que ele vai fazer tudo o que puder para inocentar Harry…
– Para isso podemos contar com ele. – Tiago concordou lentamente.

Dumbledore vinha entrando serenamente pela sala usando vestes longas azul-petróleo e exibindo uma expressão perfeitamente calma. Suas barbas longas e brancas e seus cabelos refulgiram à luz dos archotes, quando ele emparelhou com Harry e ergueu os olhos para Fudge através dos seus oclinhos de meia-lua, pousados bem no meio do nariz muito torto.
Os membros da Suprema Corte dos Bruxos murmuraram. Todos os olhares se concentraram agora em Dumbledore. Alguns pareciam aborrecidos, outros ligeiramente receosos; duas bruxas idosas no último banco, no entanto, ergueram a mão e lhe acenaram as boas-vindas.

– E isso prova que Fudge não conseguiu convencer todos os membros da Corte de que Dumbledore é um velho biruta! – Frank afirmou satisfeito.
– Só podemos esperar que não sejam apenas as duas bruxas idosas do último banco. – Lily suspirou balançando as pernas nervosa.
– Tenho certeza de que outros membros da Corte também não acreditam em Fudge. – Remo disse esperançoso – Dumbledore passou anos demais sendo a pessoa mais influente do nosso mundo, isso não desaparece de um dia para o outro.

Ao ver Dumbledore, uma intensa emoção despertou no peito de Harry, um sentimento de fortalecida esperança muito semelhante à que o canto da fênix lhe propiciara. Ele queria chamar a atenção de Dumbledore, mas o diretor não estava olhando para o seu lado; continuava com os olhos erguidos para o obviamente constrangido Fudge.
— Ah — exclamou Fudge, que parecia completamente desconcertado. — Dumbledore. Então, você... hum... recebeu a nossa... mensagem que a hora e... local da audiência foram mudados?

– É claro! – Tiago disse dando um tapa na própria testa – Eles não mudaram o horário da audiência só para desacreditar Harry, eles mudaram para tentar impedir Dumbledore de comparecer!
– Porque eles sabem que Dumbledore conhece muito bem as leis e procedimentos do ministério, e que ele com certeza pode impedir essa expulsão completamente arbitrária! – Remo afirmou concordando enfaticamente com Tiago.
– Mas se eles mudaram o horário, como Dumbledore conseguiu chegar a tempo? – Neville perguntou interessado.
– Talvez Dumbledore apenas conheça Fudge bem demais… – Lily deu de ombros.
– Ou algum funcionário do ministério que ainda está ao lado de Dumbledore avisou a ele antes. – Sirius disse satisfeito – Talvez uma das duas bruxas idosas da última fila!

— Não chegou a tempo — respondeu Dumbledore animado. — Porém, graças a um feliz engano cheguei ao Ministério três horas mais cedo, por isso não houve prejuízo.

– Ou talvez Dumbledore tenha usado um vira-tempo… – Tiago disse de repente – Ele pode ter chegado no ministério na hora que a audiência estava marcada anteriormente, e descobriu que a audiência já havia acontecido…
– E você acha que Dumbledore tem um vira-tempo à disposição? – Lily perguntou virando-se para Tiago sem conseguir conter uma risada.
– É muito provável que ele tenha, – Tiago deu de ombros – ele com certeza sabe como usar um… E acontecem felizes coincidências demais ao redor dele…
– Mas se Dumbledore tivesse um vira-tempo à disposição, ele não poderia simplesmente voltar no tempo e impedir Harry de enfrentar os dementadores? – Alice perguntou descrente – Porque ele mudaria a audiência em vez de mudar o crime pelo qual Harry foi acusado?
– Dumbledore nunca faz muito sentido mesmo… – Sirius disse com um aceno displicente – Talvez ele tivesse um bom motivo para manter as coisas como elas aconteceram…
– Ou talvez essa teoria não faça muito sentido. – Remo disse rindo condescendente – De qualquer forma, isso não importa. O que importa é que Dumbledore chegou no ministério a tempo para a audiência.

— Ah... bem... suponho que iremos precisar de mais uma cadeira... eu... Weasley, será que você poderia...?
— Não se preocupe, não se preocupe — disse Dumbledore gentilmente; puxou então a varinha, fez um breve aceno, e uma confortável poltrona de chintz apareceu ao lado de Harry.
Dumbledore se sentou, juntou as pontas dos longos dedos e ficou olhando Fudge por cima deles com uma expressão de educado interesse. Os bruxos da corte continuaram a murmurar e a se inquietar; somente quando Fudge retomou a palavra é que eles se aquietaram.
— Sim — repetiu Fudge, folheando suas anotações. — Bom, então. Portanto. As acusações. Sim.

– A presença de Dumbledore com certeza desestabilizou Fudge. – Frank afirmou satisfeito.
– E isso pode ajudar Harry. – Remo concordou com um meio sorriso esperançoso.
– Como? – Lily perguntou encarando Remo interessada.
– Os bruxos da Suprema Corte com certeza perceberam que tipo de manobra desonesta Fudge estava tentando orquestrar… – Remo disse com um aceno de cabeça – Pelo menos os honestos e inteligentes perceberam… O fato da presença de Dumbledore desestabilizar tanto o ministro mostra a todos como ele está desesperado.
– E os honestos e inteligentes vão perceber que Fudge está fazendo qualquer coisa para desacreditar Dumbledore… – Sirius concordou enfático – Inclusive ser desonesto e burlar as próprias leis.

Ele retirou um pergaminho da pilha à sua frente, inspirou longamente e leu:
— As acusações são as seguintes: “Que ele intencionalmente, deliberadamente e com plena consciência da ilegalidade dos seus atos, já tendo recebido anteriormente um aviso do Ministério da Magia, por escrito, por uma acusação semelhante, executou o Feitiço do Patrono em uma área habitada por trouxas, na presença de um trouxa, no dia dois de agosto às nove horas e vinte e três minutos, o que constitui uma violação ao parágrafo C do Decreto de Restrição à Prática de Magia por Menores, de 1875, e também à Seção 13 do Estatuto de Sigilo da Confederação Internacional dos Bruxos.” O senhor é Harry Tiago Potter, da Rua dos Alfeneiros, número quatro, Little Whinging, Surrey? — perguntou Fudge, lançando a Harry um olhar penetrante por cima do pergaminho.

– O trouxa a que ele se refere é o Duda, que tem pleno conhecimento da magia, então Harry não estava violando o Estatuto de Sigilo! – Remo disse de repente – A única acusação que eles realmente poderiam manter nesse caso é a de magia praticada por menores…
– Existe essa exceção no Estatuto de Sigilo? – Lily perguntou interessada.
– É claro. – Remo disse encolhendo o ombro – Ou os pais e responsáveis de nascidos-trouxas não poderiam saber onde os próprios filhos estão durante 9 meses por ano…

— Sim, senhor — respondeu Harry.
— O senhor recebeu um aviso oficial do Ministério por ter feito uso ilegal de magia há três anos, não foi?
— Sim, senhor, mas...

– Não acredito que ele vai usar o incidente com Guida! – Lily disse irritada – Foi ele mesmo que disse que não havia problema!
– Ele não está se referindo àquilo. – Harry afirmou – Está falando de quando Dobby fez o pudim flutuar no meio do jantar de negócios dos Dursley…
– Mas você pode refutar essa acusação também! – Tiago disse, balançando as pernas ansioso – Dobby agora está trabalhando em Hogwarts, e tenho certeza de que ele contaria a verdade na frente da Suprema Corte!
– E isso tiraria a justificativa de Fudge de que você é um reincidente! – Sirius concordou com Tiago animado.

— E ainda assim conjurou um Patrono na noite do dia dois de agosto? — perguntou Fudge.
— Sim, senhor, mas...
— Sabendo que não tem permissão para usar magia fora da escola enquanto for menor de dezessete anos de idade?
— Sim, senhor, mas...
— Sabendo que se encontrava em uma área povoada por trouxas?
— Sim, senhor, mas…
— Inteiramente consciente de que estava muito próximo de um trouxa naquele momento?
— Sim, senhor — disse Harry zangado — mas só usei magia porque estávamos...

– Isso não é justo! – Alice bufou irritada – Ele não está deixando Harry falar! Como Harry vai se defender se não deixam ele falar?
– Dumbledore não vai deixar ele continuar com isso. – Remo disse confiante – Eles não vão conseguir pintar Harry como culpado!
– Eles não vão fazer com Harry o que fizeram comigo. – Sirius murmurou consigo mesmo.

A bruxa de monóculo interrompeu-o com uma voz trovejante:
— Você produziu um Patrono inteiramente desenvolvido?
— Sim, senhora, porque...
— Um Patrono corpóreo?
— Um... o quê? — perguntou Harry.
— O seu Patrono tinha uma forma claramente definida? Quero dizer, era mais do que vapor ou fumaça?

– Mas o que isso tem a ver com a acusação? – Alice perguntou confusa.
– Na verdade nada. – Remo deu de ombros – Mas ela deve estar impressionada. – Completou ligeiramente orgulhoso – Garotos de 15 anos não costumam saber conjurar patronos…
– A maioria dos garotos de 17 também não sabe. – Sirius concordou enfaticamente.

— Sim, senhora — disse Harry, sentindo-se ao mesmo tempo impaciente e levemente desesperado. — É um veado, sempre foi um veado.
— Sempre? — trovejou Madame Bones. — Você já havia produzido um Patrono antes?
— Sim, senhora. Venho fazendo isso há um ano.
— E o senhor tem quinze anos de idade?
— Sim, senhora, e...
— O senhor aprendeu isso na escola?
— Sim, senhora, o Prof. Lupin me ensinou a produzir um Patrono no terceiro ano, por causa do...
— Impressionante — disse Madame Bones, olhando-o com altivez — um Patrono verdadeiro na sua idade... realmente impressionante.

– Eu disse. – Remo disse sem conseguir esconder o orgulho – Ela ficou impressionada…

Alguns bruxos e bruxas ao redor dela recomeçaram a murmurar; alguns faziam sinais de concordância, outros franziam a testa e sacudiam a cabeça.
— A questão não é até que ponto a mágica é impressionante — lembrou Fudge num tom rabugento. — De fato, quanto mais impressionante for, pior é, penso eu, uma vez que o rapaz realizou o Patrono bem à vista de um trouxa!
Os que tinham franzido a testa havia pouco agora murmuravam sua concordância, mas foi a visão do virtuoso e discreto aceno de cabeça de Percy que compeliu Harry a falar.

Rony e Gina não esconderam os murmúrios de irritação.

— Fiz isso por causa dos dementadores! — disse em voz alta, antes que alguém pudesse interrompê-lo.
Harry esperava que houvesse mais murmúrios, mas o silêncio que sobreveio pareceu-lhe de alguma forma mais denso que antes.
— Dementadores? — exclamou Madame Bones passado um momento, suas espessas sobrancelhas se erguendo até o monóculo parecer que ia cair. — Que quer dizer com isso, garoto?

– Eu acho que é bem óbvio o que ele quer dizer… – Lily bufou irritada.
– Se você ouvisse falar de dementadores rondando áreas trouxas, você também ficaria espantada… – Tiago disse, apertando o ombro de Lily com carinho para acalmá-la – Não pense mal de Madame Bones só porque ela está fazendo algumas perguntas… Pelo menos ela deve deixar Harry responder.
– Espero que sim. – Lily disse cruzando os braços sobre o peito e chegando mais para trás no sofá.

— Quero dizer que havia dois dementadores na travessa, e que eles atacaram a mim e ao meu primo!
— Ah — disse Fudge mais uma vez, olhando os membros da corte a toda volta com um sorriso antipático, como se os convidasse a compartir com ele o gracejo. — Sim. Sei. Pensei ter ouvido alguma coisa assim.

– Inacreditável. – Sirius rosnou – Dois anos antes ele estava liberando Harry por ter inchado aquela bruaca como se nada tivesse acontecido, agora ele age como se Harry fosse um lunático…
– Dois anos antes ele queria manter a imagem de Harry. – Tiago disse entredentes – Agora o que ele quer é desacreditar Harry o máximo possível.
– Mas ele não vai conseguir. – Sirius disse com selvageria – E quando Harry provar que estava certo o tempo todo, eu quero estar lá para chutar ele do ministério.
– Se depender de mim, ele nem vai chegar a qualquer posição de poder no ministério. – Tiago disse enfático.

— Dementadores em Little Whinging? — exclamou Madame Bones extremamente surpresa. — Não estou entendendo...

– Então Fudge além de estar conduzindo um julgamento completamente sem fundamentos, ainda estava escondendo informações pertinentes ao caso do resto da Suprema Corte. – Remo disse balançando a cabeça descrente – Como é possível que alguém acredite em um babaca desses?
– As pessoas são burras. – Sirius disse dando de ombros com simplicidade – Eles sempre vão acreditar no que for mais fácil… Foi fácil para eles acreditar que um bebê de um ano derrotou Voldemort, e agora é fácil para eles acreditar que Voldemort não voltou… Qualquer coisa é possível, desde que facilite a vida deles. – Sirius completou em tom de escárnio.

— Não está, Amélia? — respondeu Fudge, ainda sorrindo. — Deixe-me explicar. O garoto andou pensando e decidiu que dementadores dariam realmente uma bela reportagem de capa. Trouxas não podem ver dementadores, não é mesmo garoto? Muito conveniente, muito conveniente... então é apenas a sua palavra e nenhuma testemunha...
— Eu não estou mentindo — disse Harry em voz alta, abafando mais um surto de murmúrios entre os membros da corte. — Havia dois, vindos de lados opostos da travessa, tudo ficou escuro e frio, e meu primo sentiu a presença deles e procurou fugir...
— Basta, basta! — disse Fudge, com uma expressão de grande superioridade no rosto. — Lamento interromper o que certamente seria uma história muito bem ensaiada...

– Ele está fazendo de novo! – Alice exclamou revoltada levantando os olhos do livro – Não está deixando Harry explicar o que aconteceu, não está deixando ele falar!
– A cada linha que lemos tenho mais raiva de Fudge. – Sirius disse entredentes – Alguém precisa derrubar ele, e espero que seja logo!

Dumbledore pigarreou. Os membros da corte tornaram a fazer silêncio.
— Na realidade, temos uma testemunha da presença dos dementadores naquela travessa, além de Duda Dursley, quero dizer.
A cara gorda de Fudge pareceu murchar, como se alguém a tivesse esvaziado. Ele encarou Dumbledore por alguns momentos, dando a impressão de alguém que procura se controlar, e disse:
— Receio que não tenhamos tempo para ouvir mais lorotas, Dumbledore. Quero cuidar desse caso sem delongas.

– Não tem tempo de ouvir? – Tiago rosnou socando o braço do sofá com raiva – Quem ele pensa que é? Foi ele que resolveu tratar isso como um julgamento! Foi ele que arrastou a todos eles para a Corte! E agora está se recusando a ouvir!
Até mesmo Severo acabou acenando em concordância.

— Posso estar errado — disse Dumbledore agradavelmente — mas tenho certeza de que, pela Carta de Direitos da Suprema Corte dos Bruxos, o acusado tem direito a apresentar testemunhas para a defesa do seu caso, não? Não é essa a diretriz do Departamento de Execução das Leis da Magia, Madame Bones? — continuou ele, dirigindo-se à bruxa de monóculo.
— É verdade. Inteiramente verdade.

– Eu sabia que Dumbledore não ia deixar isso acontecer. – Remo disse com um suspiro de alívio.
– E Dumbledore conhece muito bem as leis… – Sirius disse ligeiramente mais calmo – Ele não vai deixar nenhuma irregularidade passar.
– Vai dar tudo certo. – Lily murmurou consigo mesma mais uma vez.

— Ah, muito bem, muito bem — retrucou Fudge. — Onde está essa pessoa?
— Trouxe-a comigo — disse Dumbledore. — Está ali fora à porta. Devo...?
— Não... Weasley, vá você — disse Fudge com rispidez a Percy que se levantou imediatamente, desceu correndo os degraus de pedra da bancada dos juízes e passou na mesma velocidade por Dumbledore e Harry sem olhar para eles.

– É claro que ele não teria coragem de encará-los… – Gina murmurou irritada, recebendo acenos de concordância de Rony – Ele é um covarde que acredita em qualquer coisa que o ministério faça!
– Mas ele vai se arrepender. – Sirius disse enfático – Assim que a verdade aparecer ele vai perceber como foi um babaca por acreditar em Fudge, tenho certeza…

Um momento depois, voltou acompanhado pela Sra. Figg. Ela parecia apavorada e mais caduca que nunca. Harry desejou que a velhota tivesse se lembrado de trocar as pantufas.
Dumbledore se levantou e cedeu sua poltrona à recém-chegada, conjurando outra para si mesmo.

– Vocês sabem que Dumbledore faz isso para mostrar que está no controle da situação, não é? – Tiago disse acenando com a cabeça.
– Faz sentido… – Remo disse levantando uma sobrancelha pensativo – São pequenas demonstrações de poder numa situação em que as pessoas normalmente estão completamente à mercê do ministério e da Suprema Corte…
– Fudge e o resto do ministério ficam parecendo um bando de idiotas. – Sirius concordou com um sorriso de zombaria.

— Nome completo? — perguntou Fudge em voz alta, depois que a Sra. Figg se encarrapitou, nervosa, na borda da poltrona.
— Arabella Dora Figg — respondeu a bruxa, com a voz trêmula.
— E quem é a senhora exatamente? — perguntou Fudge, com uma voz arrogante e cheia de tédio.
— Sou residente em Little Whinging, próximo à casa onde mora Harry Potter.
— Não temos registro de nenhuma bruxa ou bruxo residindo em Little Whinging, a não ser Harry Potter — disse Madame Bones imediatamente. — A situação ali sempre foi acompanhada com muita atenção, em vista dos... em vista dos acontecimentos passados.

– Os acontecimentos do passado que o ministério está fazendo questão de esquecer no momento. – Lily disse entredentes.
– É impressionante, não é? – Alice disse encarando Harry – Você nunca consegue ser tratado como o resto das pessoas… Tem quem te trate pior por quem você é, – ela disse olhando de soslaio para Severo – e quem nem ao menos te conhece, mas te idolatra...
– Algumas pessoas me tratam como alguém normal. – Harry disse, indicando Hermione, Gina, Neville e Rony com a cabeça.
– McGonagall também é bem justa com você. – Tiago disse, dando a Harry um meio sorriso. Harry concordou, também com um meio sorriso.
– A maioria das pessoas em Hogwarts se acostumou com o tempo… – Hermione disse pensativa – Mas ainda assim, sempre que acontece alguma coisa eles se esquecem de que Harry é uma pessoa normal.
– Como no baile de inverno. – Gina disse concordando com Hermione lentamente.

— Sou uma bruxa abortada — disse a Sra. Figg. — Neste caso, a senhora não teria um registro meu, teria?

– O que é um bocado injusto, não é? – Hermione perguntou de repente – Porque os abortos são simplesmente excluídos do mundo da magia, eles descobrem que não são mágicos quando tem onze anos e são simplesmente chutados do único mundo que conhecem…
– Algumas famílias tradicionais de sangue-puro costumavam apagar as memórias dos abortos e mandavam eles para o mundo trouxa… – Sirius disse sombriamente.
– Sua família família faz isso? – Alice perguntou horrorizada.
– Costumavam fazer. – Sirius deu de ombros – Não sei o que eles fariam atualmente… Mas me parece o tipo de coisa que minha mãezinha faria.
– Isso é horrível! – Hermione disse chocada – Ainda pior do que as famílias normais fazem!
– Mas o que há de tão ruim em mandar os abortos para o mundo trouxa? – Rony perguntou franzindo a testa confuso – Eles vivem melhor entre os trouxas do que entre os bruxos!
– Os abortos tem magia! – Hermione respondeu exasperada – Só não é o suficiente para entrar em Hogwarts, mas é o bastante para não serem suscetíveis a doenças trouxas e terem a mesma expectativa de vida que os bruxos, a magia deles também permite que poções funcionem neles… Eu acho que os abortos deviam poder frequentar Hogwarts!
– Mas você mesma disse, eles não tem magia o bastante! – Rony respondeu.
– Não para Feitiços ou Transfigurações. – Hermione concordou – Mas eles poderiam aprender Poções, Herbologia, Trato das Criaturas Mágicas... Poderiam aprender a aplicar conceitos do mundo dos trouxas no mundo bruxo e vice-versa… Hogwarts poderia abrir as portas para abortos fazerem Estudo dos Trouxas, para não serem mandados para o mundo trouxa sem ter nenhuma ideia de como se portar! Mas é claro que para isso, Estudo dos Trouxas teria que ser uma matéria ensinada decentemente, e não da maneira retrógrada como é ensinada atualmente. Os abortos não precisam estar à margem da nossa sociedade como Filch! E nem serem completamente excluídos e tratados como loucos pelos trouxas como a Sra. Figg!
– Você tem toda a razão Hermione! – Tiago afirmou acenando enfaticamente – Os abortos são tratados da mesma forma que os nascidos-trouxas e os lobisomens! E todos são parte do nosso mundo e deviam ser tratados com respeito!
– Eu odeio ter que interromper, porque eu realmente concordo com vocês, mas nós precisamos voltar ao livro. – Lily disse acenando para Alice continuar lendo.

— Uma bruxa abortada, é? — comentou Fudge, olhando-a, desconfiado. — Verificaremos isso. Deixe as informações sobre seus pais com o meu assistente Weasley. Nesse meio tempo, bruxos abortados são capazes de ver dementadores? — perguntou, olhando para os bruxos sentados de um lado e outro do banco.
— Claro que podemos! — disse a Sra. Figg indignada.
Fudge tornou a olhar a bruxa, com as sobrancelhas erguidas.
— Muito bem — disse com superioridade. — Qual é a sua história?
— Eu tinha saído para comprar comida para gatos na loja da esquina, no fim da Alameda das Glicínias, por volta das nove horas, na noite de dois de agosto — tagarelou a Sra. Figg sem pestanejar, como se tivesse decorado o que estava dizendo — então ouvi uma perturbação na travessa entre o largo das Magnólias e a Alameda das Glicínias. Quando me aproximei da entrada da travessa, vi dementadores correndo...
— Correndo? — perguntou Madame Bones rispidamente. — Dementadores não correm, deslizam.

– Ela realmente viu os dementadores? – Lily perguntou a Harry apreensiva.
– Eu acho que sim. – Harry deu de ombros – Ela sempre foi assim, meio maluca mesmo…
– Harry! – Hermione o repreendeu irritada – Eu acabei de falar sobre como é injusta a maneira como os abortos são tratados pela sociedade e você…
– Não foi o que eu quis dizer! – Harry respondeu levantando os braços em sinal de rendição – Só quis dizer que ela é assim… Quando eu era criança e ficava na casa dela, ela nunca parava de falar… Ela sempre começava a divagar…
– Ela parece mesmo um pouco desconexa. – Tiago disse encarando o livro preocupado.

— Foi isso que quis dizer — corrigiu a Sra. Figg rapidamente, manchas rosadas surgindo em suas bochechas murchas. — Deslizando pela travessa em direção ao que me pareceram dois garotos.
— Que aparência tinham? — perguntou Madame Bones, apertando os olhos de modo que o contorno do monóculo desapareceu sob sua carne.
— Bem, um era bem grande e o outro um tanto magricela.
— Não, não — disse Madame Bones impaciente. — Os dementadores. Descreva-os.
— Ah — disse a Sra. Figg, o rubor subindo-lhe agora pelo pescoço. — Eram grandes. Grandes e usavam capas.
Harry sentiu um afundamento horrível no estômago. O que quer que a Sra. Figg pudesse dizer, passava a ele a impressão de que o máximo que ela vira fora um desenho de um dementador, e um desenho não era suficiente para transmitir a verdade sobre esses seres: o modo fantasmagórico com que se deslocavam, flutuando alguns centímetros acima do chão; ou o cheiro de podridão que exalavam; ou aquele horrível som de matraca que faziam quando sugavam o ar à sua volta...
Na segunda fila, um bruxo atarracado, com um bigodão preto, aproximou-se para cochichar ao ouvido de sua vizinha, uma bruxa de cabelos muito crespos. Ela riu e concordou com a cabeça.

– Eles não acreditam nela. – Lily murmurou, balançando as pernas, nervosa.
– E o fato de ela ser um aborto só piora as coisas. – Remo suspirou pesadamente – É como vocês disseram, as pessoas simplesmente desconsideram os abortos…

— Grandes e usavam capas — repetiu Madame Bones tranquilamente, enquanto Fudge dava uma risadinha desdenhosa. — Entendo. Mais alguma coisa?
— Sim, senhora — disse a Sra. Figg. — Senti a presença deles. Tudo ficou frio e era uma noite bem quente de verão, veja bem. E senti... como se toda a felicidade tivesse desaparecido do mundo... e me lembrei... de coisas medonhas... — A voz da bruxa tremeu e emudeceu.

– Agora sim ela parece saber do que está falando. – Lily disse deixando escapar um suspiro de alívio.

Os olhos de Madame Bones se arregalaram ligeiramente. Harry viu as marcas vermelhas sob a sobrancelha, onde o monóculo comprimira seu rosto.
— Que foi que os dementadores fizeram? — perguntou Madame Bones, e Harry sentiu uma infusão de esperança.
— Eles avançaram sobre os garotos — disse a Sra. Figg, a voz mais forte e confiante agora, o rubor se esvaindo do rosto. — Um deles caíra. O outro estava recuando, tentando repelir o dementador. Era Harry. Por duas vezes, ele tentou, mas só produziu um vaporzinho prateado. Na terceira tentativa, produziu um Patrono, que investiu contra o primeiro dementador e depois, encorajado por ele, afugentou o segundo de cima do primo. E isso... isso foi o que aconteceu — encerrou a Sra. Figg, de forma pouco conclusiva.

– Ela viu. – Tiago disse categórico – Ela realmente viu acontecer… Não acho que Harry tenha contado isso a alguém com tantos detalhes.
– Não mesmo. – Harry disse concordando lentamente.

A Sra. Bones mirou a Sra. Figg em silêncio. Fudge não olhava para ela agora, mexia nos seus documentos. Finalmente, ergueu a cabeça e disse, um tanto agressivamente:
— Foi isso o que a senhora viu?
— Foi isso o que aconteceu — repetiu a Sra. Figg.
— Muito bem — disse Fudge. — Pode se retirar.
A Sra. Figg lançou um olhar medroso de Fudge para Dumbledore, depois se levantou e saiu arrastando as pantufas. Harry ouviu a porta fechar depois que a bruxa passou.
— Não foi uma testemunha muito convincente — disse Fudge com altivez.
— Ah, não sei — disse a Sra. Bones com sua voz de trovão. — Ela certamente descreveu os efeitos de um ataque de dementadores com muita precisão. E não posso imaginar por que diria que eles estiveram lá se não tivessem estado.

– Eu sabia que Madame Bones seria justa! – Sirius disse vitorioso – Pelo menos uma pessoa está vendo o que realmente aconteceu!
– Pelo menos uma pessoa está prestando atenção em tudo o que está acontecendo e não está se deixando cegar pelas ideias idiotas de Fudge! – Tiago concordou enfático.
– E se uma pessoa respeitável como ela acredita em Harry, Harry tem uma chance. – Remo disse com um meio sorriso de alívio.
– Vai dar tudo certo. – Lily murmurou para si mesma com um pouco mais de confiança.

— Dementadores perambulando por um subúrbio de trouxas simplesmente encontram um bruxo por acaso? — caçoou Fudge. — As probabilidades disto acontecer devem ser muito, muito remotas. Nem mesmo Bagman teria apostado...
— Ah, não acho que algum de nós acredite que os dementadores estiveram lá por coincidência — disse Dumbledore em um tom de voz leve.
A bruxa sentada à direita de Fudge, com o rosto na sombra, mexeu-se ligeiramente, mas os demais ficaram muito quietos e silenciosos.

– Então Dumbledore sabe como os dementadores foram parar lá? – Frank perguntou interessado.
– Deve ter suas teorias… – Tiago disse franzindo a testa – Espero que ele diga o que pensa… Eu realmente não sei o que pensar sobre esses dementadores…
– Ainda acho que alguns deles podem ter saído do controle do ministério. – Alice deu de ombros – Voldemort pode ter conseguido que alguns deles fossem para o lado dele…
– Mas se fosse isso, porque ele iria mandar dois dementadores atrás do Harry? – Tiago perguntou pensativo – Não faz sentido! Se ele está tentando se manter escondido e disfarçado, porque ele chamaria atenção para si mesmo desse jeito?
– Talvez ele acreditasse que os dementadores conseguiriam capturar Harry para ele? – Alice perguntou encolhendo um ombro.
– Ele não é burro. – Tiago bufou – Se ele não conseguiu manter Harry preso, ele não vai acreditar que os dementadores conseguiriam! Até porque é realmente fácil enfrentar os dementadores quando se tem uma varinha…
– Não é realmente fácil. – Remo interrompeu Tiago – Garotos da idade de Harry não costumam saber o feitiço do patrono.
– E eu realmente acho que Voldemort sabe que Harry conhece esse feitiço. – Tiago afirmou com um aceno de mão displicente – Pedro pode ter contado a ele que Harry estava aprendendo no terceiro ano…
– Talvez ele quisesse apenas que Harry fosse expulso. – Frank perguntou descrente – Fora de Hogwarts, Harry estaria menos protegido contra ele.
– Ainda acho que não foi ele… – Tiago disse balançando a cabeça.
– Talvez algum dos comensais da morte tentando agradar ao mestre? – Sirius perguntou batendo com os dedos nas próprias pernas, pensativo.
– Será que eles seriam burros o bastante para agir sem ter recebido ordens? – Remo respondeu duvidoso.
– Mas quem mais poderia ter mandado os dementadores atrás de Harry? – Lily perguntou ansiosa.
– É isso que eu gostaria de saber. – Tiago bufou e fez sinal para Alice voltar a ler.

— E que é que você quer dizer com isso? — perguntou Fudge com a voz gélida.
— Quero dizer que foram mandados até lá — disse Dumbledore.
— Creio que teríamos um registro se alguém tivesse mandado dois dementadores passearem em Little Whinging! — vociferou Fudge.
— Não, se ultimamente os dementadores andarem recebendo ordens de alguém que não o ministro da Magia — disse Dumbledore calmamente. — Já lhe dei a minha opinião sobre este assunto, Cornélio.
— Já deu, sim — disse Fudge a contragosto — e não tenho razão alguma para acreditar que sua opinião valha alguma coisa, Dumbledore. Os dementadores permanecem em seus postos em Azkaban e estão fazendo tudo que os mandamos fazer.

– Dumbledore não deixou passar nada sobre as desconfianças dele. – Tiago suspirou frustrado.
– Mas se referiu de novo ao fato de que os dementadores podem mudar de lado. – Remo disse – É muito fácil corromper os dementadores… Afinal eles são essencialmente criaturas das trevas.
– Dumbledore falou sobre os dementadores não receberem ordens apenas do ministro da magia, e não apenas do ministério da magia… – Sirius disse pensativo – Você acha que ele pode estar desconfiando de um trabalho interno?
– Sabemos que existem comensais infiltrados no ministério… – Frank concordou lentamente.

— Então — respondeu Dumbledore, em voz baixa, mas muito clara — precisamos indagar por que alguém no Ministério teria mandado dois dementadores àquela travessa no dia dois de agosto.
No silêncio absoluto que recebeu suas palavras, a bruxa à direita de Fudge se inclinou para a frente de modo que Harry a viu pela primeira vez.
Achou-a igualzinha a um grande sapo claro. Era baixa e gorda, tinha uma cara larga e flácida, o pescoço era quase tão inexistente quanto o do tio Válter e a boca, frouxa. Os olhos eram enormes, redondos e ligeiramente saltados. Até mesmo o lacinho de veludo preto encarapitado no alto de seus cabelos curtos e crespos fez o garoto imaginar um moscão que ela estivesse prestes a apanhar com sua língua comprida e pegajosa.

A maioria dos presentes não conseguiu segurar as gargalhadas.
– É uma descrição perfeita! – Neville disse entre as gargalhadas.
– Você conhece essa sapa? – Frank perguntou curioso, fazendo Neville arregalar os olhos e virar-se para Hermione com expressão de culpa.
– Acho que Neville acabou de deixar escapar uma coisa que não devia… – Remo disse desconfiado – Essa mulher vai aparecer mais vezes no livro então…
– Vocês sabem que não podemos falar. – Hermione disse encarando Neville com repreensão.
– Mas ela vai ser tão relevante assim na história? – Lily perguntou curiosa, e depois que Hermione suspirou pesadamente completou – Desculpa, eu sei que vocês não podem falar.

— O presidente reconhece Dolores Joana Umbridge, subsecretária sênior do ministro — disse Fudge.
A bruxa falou numa voz aguda, aflautada e infantil, que espantou Harry; esperara que ela coaxasse.

Todos os presentes voltaram a dar risadas.

— Tenho certeza de que devo ter compreendido mal o que o senhor disse, Prof. Dumbledore — começou ela com um sorriso afetado que deixou frios os seus olhos enormes e redondos. — Que tolice a minha. Mas me pareceu por um átimo que o senhor estava sugerindo que o ministro da Magia tivesse ordenado o ataque contra esse garoto!
Ela deu uma risada argentina que fez os pelos na nuca de Harry ficarem em pé. Alguns membros da corte acompanharam a risada da bruxa. Não poderia ter ficado mais claro que a maioria não achou a menor graça.
— Se for verdade que os dementadores estão recebendo ordens somente do ministro da Magia, e igualmente verdade que dois dementadores atacaram Harry e seu primo há uma semana, então seria lógico concluir que alguém no Ministério pode ter ordenado os ataques — disse Dumbledore polidamente. — É claro que esses dementadores em particular poderiam estar fora do controle do Ministério.
— Não há dementadores fora do controle do Ministério! — retrucou Fudge rispidamente, ficando cor de tomate.

– Então Dumbledore desconfia de trabalho interno. – Tiago disse pensativo – Talvez vocês tenham razão… Pode ter sido algum comensal da morte burro…
– Ainda acho que eles não são tão burros assim. – Remo disse balançando a cabeça – Eles não agiriam sem ordens diretas…
– Mas quem mais no ministério poderia ter feito isso? – Lily perguntou balançando as pernas ansiosa.
– Fudge. – Frank disse com simplicidade – Não é óbvio?
– Não muito. – Alice disse, virando-se para ele e coçando a cabeça, confusa.
– Fudge quer tanto desacreditar Harry e Dumbledore que armou para que Harry fosse expulso de Hogwarts com uma história que parecesse inventada… Por isso ele não queria que a Sra. Figg testemunhasse, nem que Dumbledore chegasse na audiência, porque ele mesmo fez isso e não queria ser desmascarado…
– É uma possibilidade. – Sirius disse pensativo – Não duvido de mais nada em relação a esse idiota.
– Mas talvez ele seja burro demais para um plano tão complexo. – Tiago disse levantando uma sobrancelha em dúvida.

Dumbledore fez uma pequena reverência com a cabeça.
— Então o ministro certamente irá mandar instaurar um inquérito para determinar por que dois dementadores estavam tão longe de Azkaban e por que atacaram sem autorização.
— Não cabe a você decidir o que o Ministério da Magia faz ou deixa de fazer, Dumbledore! — retrucou Fudge, agora exibindo no rosto um tom de magenta que teria sido o orgulho do tio Válter.
— Claro que não — disse Dumbledore suavemente. — Eu estava apenas expressando a minha confiança de que este assunto não deixará de ser investigado.

– Dumbledore deixando claro que está no controle da situação mais uma vez. – Tiago disse em tom de deferência.
– Eu nunca sei se você o despreza ou o admira. – Lily murmurou para que apenas Tiago escutasse.
– Eu também não sei ao certo. – Tiago deu de ombros.

E olhou para Madame Bones, que reajustou o monóculo e o encarou, franzindo ligeiramente a testa.
— Eu gostaria de lembrar a todos que o comportamento desses dementadores, se não foram realmente imaginados por este garoto, não são o tema desta audiência! — disse Fudge. — Estamos reunidos aqui para examinar as violações ao Decreto de Restrição à Prática de Magia por Menores cometidas por Harry Potter!

– Mas é claro que o comportamento dos dementadores é relevante para a audiência! – Sirius rosnou irritado – Se Harry usou magia para salvar a própria vida e a vida do primo ele não estava violando o decreto!
– Se foi Fudge quem mandou os dementadores faz sentido ele querer retirar o foco da audiência da presença deles… – Frank disse encolhendo os ombros.

— Naturalmente que estamos — disse Dumbledore — mas a presença de dementadores naquela travessa é muito relevante. A Cláusula Sete do decreto prevê que a magia pode ser usada diante de trouxas em circunstâncias excepcionais, e, na medida em que essas circunstâncias excepcionais incluem situações que ameaçam a vida dos próprios bruxos ou de quaisquer outros bruxos ou trouxas presentes na ocasião em que...
— Conhecemos a Cláusula Sete, muito obrigado! — vociferou Fudge.
— Naturalmente que conhece — disse Dumbledore cortesmente. — Então concordamos que o fato de Harry ter usado o Feitiço do Patrono se enquadra precisamente nas circunstâncias especiais que a cláusula descreve?
— Se é que havia dementadores, o que duvido.
— Você ouviu a testemunha ocular — interrompeu Dumbledore. — Se ainda duvida da veracidade do depoimento dela, torne a chamá-la, torne a interrogá-la, tenho certeza de que ela não faria objeção.
— Eu... isso... não... — atrapalhou-se Fudge, mexendo nos documentos à sua frente. — É que... quero terminar com isso hoje, Dumbledore!
— Mas naturalmente você não se importaria de ouvir muitas vezes um depoimento, se a alternativa fosse tomar uma decisão injusta — ponderou Dumbledore.

– Ele está conseguindo desestabilizar o Fudge completamente! – Tiago exclamou admirado – Assim a Corte toda vai perceber que essa é apenas uma estratégia desesperada do ministro de desacreditar Harry e Dumbledore!
– Se Fudge conseguisse manter a cabeça fria, talvez ele até conseguisse alguma coisa… – Sirius disse concordando com Tiago enfático.
– Ele é burro demais para manter a cabeça fria. – Frank afirmou categórico.

— Decisão injusta, uma ova! — disse Fudge aos berros. — Você algum dia se deu ao trabalho de contar o número de histórias fantasiosas que esse garoto inventa, Dumbledore, quando tenta encobrir seu flagrante mau uso da magia fora da escola? Suponho que tenha esquecido o Feitiço da Levitação que ele usou há três anos...
— Não fui eu, foi um elfo doméstico! — disse Harry.
— ESTÁ VENDO? — rugiu Fudge, fazendo um gesto largo em direção a Harry. — Um elfo doméstico! Numa casa de trouxas! Francamente.
— O elfo doméstico em questão está presentemente no serviço da Escola de Hogwarts — disse Dumbledore. — Posso convocá-lo aqui instantaneamente para depor, se você quiser.

– Isso! – Remo exclamou vitorioso – Se Dobby for depor eles vão ter que retirar a ocorrência da ficha de Harry, e isso faria ele não ter precedentes!
– E mostraria a todos quão ridículo da parte do ministério é julgar um caso simples de magia praticado por menor na Suprema Corte! – Sirius afirmou enfático.

— Eu... não... eu não tenho tempo para ouvir elfos domésticos! Em todo o caso, esta não foi a única... ele transformou a tia em um balão de gás, ora tenha paciência! — Fudge berrava, socando a mesa do juiz e virando um tinteiro.
— E você bondosamente não fez acusações naquela ocasião, aceitando, suponho, que mesmo os melhores bruxos nem sempre podem controlar as emoções — disse Dumbledore calmamente, enquanto Fudge tentava limpar a tinta de suas anotações.

– Ele está se afundando cada vez mais! – Tiago exclamou satisfeito – É ridículo quão facilmente manipulável o ministro da magia é!
– Ele obviamente nunca teve competência para o cargo! – Frank concordou categórico.

— E nem ao menos comecei a falar do que ele apronta na escola.
— Mas como o Ministério não tem autoridade para punir os alunos de Hogwarts por faltas cometidas na escola, o comportamento de Harry naquela instituição não é relevante para esta audiência — disse Dumbledore, educadamente como sempre, mas agora com um toque de frieza em suas palavras.
— Oh-ho! — exclamou Fudge. — Não é de nossa competência o que ele faz na escola, é? É o que você pensa.
— O Ministério não tem o poder de expulsar alunos de Hogwarts, Cornélio, como lembrei a você na noite de dois de agosto — disse Dumbledore. — Tampouco tem o direito de confiscar varinhas até que as acusações tenham sido comprovadas; tal como lembrei a você na mesma noite. Na sua admirável pressa de garantir o respeito à lei, você parece, inadvertidamente tenho certeza, ter esquecido algumas leis.

– Inadvertidamente. – Sirius repetiu com irônia – É óbvio que Fudge vem burlando leis desde que chegou a ministro! Retirar as acusações de Harry por ter inchado a bruaca Dursley feito um balão é burlar leis! Vai saber que outras leis ele andou envergando!
– Tenho certeza de que ele tirou o máximo de proveito que conseguiu do cargo dele. – Remo concordou irritado – Mas isso logo vai acabar… Assim que Harry provar que Voldemort voltou e o ministro estava ignorando isso e fazendo campanha para difamá-lo, ele vai para a rua!
– Ele tem que ir para a rua! – Frank afirmou acenando com a cabeça enfaticamente.
– Espero que seja tudo muito humilhante. – Sirius disse com um meio sorriso ligeiramente perverso.

— As leis podem ser mudadas — respondeu Fudge com ferocidade.
— Claro que podem — disse Dumbledore, inclinando a cabeça. — E, sem dúvida, parece que você está fazendo muitas mudanças, Cornélio. Porque, nas poucas semanas desde que fui convidado a deixar a Suprema Corte dos Bruxos, já se tornou normal promover um julgamento criminal para tratar de um simples caso de magia praticada por menor!
Alguns bruxos sentados mais para o alto se mexeram em seus lugares, manifestando desconforto.

– Parece que não somos os únicos a achar essa situação toda ridícula. – Tiago disse satisfeito – Eu sabia que a Suprema Corte não estava toda perdida.
– Tenho certeza de que existem mais pessoas dentro do ministério que não acreditam em Fudge e que continuam cumprindo as ordens dele apenas porque precisam dos empregos. – Remo disse com algum alívio – Me parece que a humanidade não está perdida.
– Nem todos são corruptos. – Sirius deu de ombros.

Fudge assumiu um tom ligeiramente mais intenso de marrom-arroxeado. A bruxa que parecia uma sapa à sua direita, no entanto, apenas olhou para Dumbledore, seu rosto vazio de expressão.
— Até onde sei — continuou Dumbledore — ainda não está em vigor lei alguma definindo que a tarefa desta corte é punir Harry a cada ato de magia que ele já realizou. Ele foi acusado de uma violação específica e apresentou sua defesa. Tudo o que ele e eu podemos fazer agora é aguardar o seu veredicto.
Dumbledore tornou a juntar as pontas dos dedos e se calou. Fudge encarou-o com um olhar penetrante obviamente exasperado. Harry olhou de esguelha para Dumbledore, procurando reafirmação; não tinha muita certeza se o seu diretor fizera bem em dizer à corte que já estava na hora de seus membros tomarem uma decisão. Mais uma vez, porém, Dumbledore pareceu não perceber a tentativa de Harry de chamar a sua atenção. Continuou virado para os bancos acima, onde todos os membros da corte se ocupavam em urgentes consultas em voz baixa.

– Ele estava certo em falar que estava na hora deles tomarem uma decisão. – Tiago afirmou confiante – Todos os que poderiam ser convencidos da verdade já haviam ouvido o  bastante, o resto provavelmente não votaria a seu favor de qualquer maneira, não devem querer aborrecer o babaca do Fudge.
– Mesmo assim, – Sirius disse com um meio sorriso – tenho certeza de que Dumbledore convenceu membros o bastante do absurdo que foi essa audiência… Não posso acreditar que a maioria dos membros da Suprema Corte desceu tão baixo a ponto de não ver isso.

Harry ficou admirando os próprios pés. Seu coração, que parecia ter inchado desmedidamente, batia com força sob as costelas. Esperara que a audiência fosse demorar mais do que aquilo. Não estava nem um pouco seguro de que tivesse causado uma boa impressão. Não dissera realmente muita coisa. Devia ter detalhado melhor a questão dos dementadores, como ele caíra, como ele e Duda quase tinham sido beijados...
Duas vezes ele olhou para Fudge e abriu a boca para falar, mas seu coração inchado agora comprimia as passagens de ar e, nas duas vezes, ele apenas inspirou profundamente e voltou a admirar os sapatos.

– É melhor não falar nada mesmo. – Tiago disse cuidadoso – A situação já está favorável dessa maneira, se você tentar explicar muito mais as coisas Fudge pode tentar usar alguma coisa que você falar contra você de novo…
– Porque nós sabemos que ele é baixo o bastante para isso. – Frank afirmou com menosprezo.
– Se ele é baixo o bastante para perseguir e difamar um garoto de 15 anos que ele costumava idolatrar, ele é baixo o bastante para qualquer coisa. – Sirius bufou.

Então os murmúrios cessaram. Harry queria olhar para os juízes lá no alto, mas descobriu que era, realmente, muito, mas muito mais fácil continuar a estudar os cordões dos seus sapatos.
— Os que são a favor de inocentar o acusado de todas as imputações? — soou a voz trovejante de Madame Bones.
Harry ergueu a cabeça com um movimento rápido. Havia mãos erguidas, muitas... mais da metade! Respirando muito rápido, ele tentou contar, mas antes que conseguisse terminar, Madame Bones já dizia:
— E os que são a favor da condenação?
Fudge ergueu a mão; o mesmo fizeram meia dúzia de bruxos, inclusive o bruxo bigodudo, a bruxa à sua direita e a outra de cabelos muito crespos na segunda fila.
Fudge correu os olhos pela corte, com cara de que tinha alguma coisa entalada na garganta, então baixou a mão. Inspirou duas vezes profundamente e disse, com a voz distorcida pela raiva reprimida:
— Muito bem, muito bem... inocente de todas as imputações.

– Eu disse! – Tiago exclamou satisfeito – Eu disse que eles não podiam te expulsar!
– Toda essa audiência foi uma verdadeira piada! – Sirius concordou empolgado – Espero que mais pessoas tenham percebido como o ministro é ridículo!
– Com certeza perceberam! – Frank disse com um grande sorriso – Apenas meia dúzia de bruxos concordou com ele! Meia dúzia! Ele certamente está perdendo a influência sobre as pessoas.
– Se é que ele já teve alguma influência, não é? – Sirius riu com zombaria – Todo mundo sabe que as pessoas respeitam Dumbledore muito mais do que jamais vão respeitá-lo!
– Pelo menos isso me faz ter certeza de que nosso mundo não está completamente perdido. – Remo afirmou aliviado – A maior parte da Suprema Corte não se deixou corromper por um ministro psicótico!
– Só podemos esperar que esse ministro retardado saia do caminho o mais rápido o possível! – Sirius disse com sua gargalhada que soava como um latido.
– Deu tudo certo! – Lily murmurou apenas para Harry, sorrindo e apertando a mão dele com carinho e Harry sorriu de volta para ela.
Até mesmo Severo se viu satisfeito em ver que a justiça foi feita. Severo observou a interação silenciosa entre Harry e Lily e não conseguiu deixar de pensar que talvez o garoto não fosse de todo ruim.

— Excelente — disse Dumbledore com energia, pondo-se de pé, tirando a varinha e fazendo as duas poltronas de chintz desaparecerem. — Bom, tenho de ir andando. Bom-dia para todos.
E sem olhar nem uma vez para Harry, ele se retirou com rapidez e imponência da masmorra.

– Mas é claro que Dumbledore tinha que estragar tudo de algum jeito… – Tiago
suspirou encarando o livro que Alice apoiava na mesinha de centro.
– Ele podia pelo menos parar um pouco para falar com Harry… – Lily suspirou – Por que ele está fazendo isso?
– Se ele realmente acha que o Lord das Trevas pode usar a conexão entre eles, Dumbledore não deve querer que ele saiba sobre a relação entre eles… – Severo disse e recebeu acenos de concordância de vários dos presentes, para sua surpresa.
– Mesmo assim. – Sirius bufou – Ele demonstrou um bocado de proximidade apenas comparecendo ao julgamento, não custaria nada dar uma ou duas palavras de incentivo a Harry...
– Vamos parar agora ou temos tempo para ler mais um capítulo antes do jantar? – Remo perguntou, depois de alguns segundos de silêncio, para a sala em geral.
– Acho que podemos ler mais um… – Hermione disse tentando lembrar-se mais ou menos do que aconteceu depois da audiência de Harry – Não estou com muita fome…
– Eu poderia comer. – Rony a interrompeu encolhendo os ombros.
– Você sempre poderia comer, Rony! – Hermione o repreendeu com carinho – Se todos seguíssemos o seu ritmo não sairíamos da mesa de refeições!
– Vamos ler mais um. – Lily disse rindo de Rony e Hermione carinhosamente, assim como a maioria dos presentes – Espero que seja algum tipo de comemoração…
– Tenho certeza de que os Weasley e eu vamos comemorar muito a absolvição de Harry! – Sirius afirmou categórico.
Neville pegou o livro da mesinha de centro, abriu no capítulo seguinte e leu:
– Capítulo IX – As tribulações da Sra. Weasley.



~~x~~

Hey leitores mais queridos do FeB! Como eu falei no grupo, meu computador resolveu quebrar de vez na semana passada, e por isso não consegui postar. Por sorte os caras da assistencia tecnica foram muito eficientes e me devolveram o computador super rápido, e eu acho que o computador ainda ficou melhor do que antes...
- Lud Padfoot Black: Seja muito bem-vinda! Fico feliz que tenha gostado tanto das fics! Espero te ver comentando sempre que possível!
- Gi Molly Weasley: Obrigada por todo o apoio e compreensão! Significa muito para mim saber que vocês se importam!
- MatheusMD: Você tem certeza de que foi a primeira vez que você comentou? Eu tenho a impressão de que você já comentou antes... Eu não pretendo escrever uma fic inteira depois de RdM, acho que vou escrever só um capítulo a mais no final contando o que aconteceu depois que o pessoal voltou para o próprio tempo. E eu não atualizei as fics antigas sem mudar nada, eu tive que mudar os links porque agora o FeB só funciona no modo novo.
- MionGinnyLuna: Que bom que gostou tanto! E obrigada pelo apoio e compreensão! É sempre bom saber que vocês entendem que nem sempre da para manter o ritmo das postagens por aqui.


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Comentários (3)

  • Izabella Bella Black

    Oi Juh, depois de um seculo sumida apareci, como para comentar eu preciso ligar o outro not, eu morro de pregriça, por isso demorei, em primeiro lugar gostaria de dizer que o capitulo esta perfeito, como sempre. Coitada da Lily, se ela soubesse que a partir de agora tudo só vai piorar, eu adoro a Amélia, ela é uma das minhas personagens favoritas. Quando li esse capitulo pela primeira vez fiquei com tanta raiva que não conseguia ler mais nada, pois a unica coisa que Harry fez foi falar a verdade e tudo o que o babaca do Fudge fez foi dizer que Harry queria atenção, concordo completamente com Tiago, tudo isso conseguiu passar o limite do ridiculo, é sempre aquele ditado, quando você acha que não pode ficar pior sempre fica, só que nesse caso foi o pior do ridiculo. Já disse e repito coitada da Lily, pois Fudge só admitiu toda a verdade quando ela explodiu na cara dele e pior ainda tentou usar Harry como garoto propaganda do Ministerio. Concordando com Sirius e Frank, as pessoas que prestam no Ministerio ou ficaram por que precisavam do dinheiro ou por que tinham esperanças de conseguirem fazer a diferença, porém para mim o Ministerio caiu muito e imaginon que demorou muito tempo para conseguir se reerguer depois de tudo o que aconteceu na guerra. Concordo com tudo o que eles falaram, até mesmo com a Alice, porém fazer de conta que o problema não existe piorou a situação e se Voldemort não tivesse meio que sido obrigado a se revelar no final desse livro, tudo seria ainda pior, mais pessoas morreriam e Voldemort poderia ter ganhado a guerra e tudo isso por culpa do babaca do Fudge, apesar de que para mim Fudge não passa de uma pessoa que é manipulada pelos Comensais da Morte que ficaram livres e que tem dinheiro. Sobre o Percy eu não consigo acreditar até hoje que ele seja um Weasley,e ainda acho que a J.K. podia ter matado ele e deixado o Fred vivo. Achei emocionante Rony falar que Harry era da familia, mesmo já sabendo disso. Nunca vou me conformar por o nome de Dumbledore ser tão grande e eu já acho o da minha mãe grande. Pelo menos para isso o Dumbledore serve, inocentar o Harry. Sobre a reação quando Dumbledore chega, imagino que os outros mesmo que acreditassem em Dumbledore ainda tinham medo da reação de Fudge. Não tinha pensado nisso, que o hora ter sido alterado tinha sido para tentar impedir Dumbledore de comparecer, sempre achei que tinha sido mais para fazer com que pensassem que Harry não seguia nenhuma regra, nem mesmo o horario de uma audiencia. E só acho que Harry podia ter aprendido um pouco sobre as leis bruxas, ou pelo menos perguntado a Sirius, pois mesmo depois de Azkaban imagino que Sirius ainda conheça as leis. Gostei da teoria do vira tempo, porém se ele realmente utilizou isso, imagino que só tenha alterado a audiencia, por que o ataque já tinha acontecido e não se pode ficar alterando tudo. Além do fato de ter desistabilizado Fudge, Dumbledore ainda mostrou que mesmo sendo considerado um velho biruta, ele ainda faz o que bem quiser. Sempre achei isso estranho, afinal Duda é primo de Harry e sabe sobre magia e inclusive já viu ela sendo utilizada em outras situações, ou seja, alem do fato de Harry ter usado a magia para se defender ele a usou na frente de alguem que sabia sobre ela. Fudge foi ainda mais babaca ao se utilizar de argumentos que já tinham acontecido e que em nenhum momento Harry foi acusado. Coitado do Sirius também, não deve estar sendo nada facil para ele ver como estão tratando o afilhado dele. Eu concerteza vou adorar que Fudge nem mesmo chegue ao poder, mais fico curiosa para saber como Tiago, Sirius e Frank vão impedir isso. Toda vez que leio a parte em que Dumbledore usa a lei para derrupar o argumento de Fudge sobre não poder ouvir testemunhas começo a rir, pois Fudge apesar de tudo não tinha a menor noção do que estava fazendo, estava tão desesperado para desacreditar Harry que nem mesmo pensou que alguem ali se utilizaria da lei. Sobre os abortos eu não sabia, imaginava que eles não tinham magia, como os trouxas, na minha humilde opinião Hogwarts poderia criar um curso para os abortos ou então o Ministerios poderia criar uma nova escola, porém só para os abortos e lá aprenderiam sobre o mundo bruxo e o trouxa. Eu adoro a Hermione, mais quando ela pega uma coisa para defender, como os elfos por exemplo, não para de falar sobre isso e qualquer coisinha que se fale sobre isso é motivo para ela dar um discurso. Fico imaginando a reação deles ao saber que fora a sapa rosa que enviou os dementadores. Eu teria adorado ver a reação de Fudge quando Dobby falasse que foi ele quem levitou o pudim. Dumbledore sempre tem que estragar as coias, apesar de saber e de certa maneira até mesmo entender os motivos, ainda acho que teria sido mil vezes melhor se ele tivesse falado a verdade ao Harry. Acho que é só. Beijos...

    2016-10-17
  • Day Caracas

    Oiiiii Ju, chega da vergonha de comentar, olha eu aqui de novo, sei que parece que eu abandonei, mas é que minha vida ficou tão corrida esses meses, tantos problemas, sem contar que eu to sem computador a meses, e pelo celular é horrível, tanto que fiquei atrasada 4 capítulos, espero que me perdoe. Mas enfim, vamos la. Eu li todos hj então talvez eu não fale muitos, mas vou tentar. E mudou um pouco todo o site, então desculpa ai qualquer erro, ainda to aprendendo a mexer nele. Eu acho totalmente compreensível o Harry estar com raiva, esse livro todo na realidade é um pouco difícil de le, parece que a cada dia ficávamos com mais perguntas do que respostas, um dos vários motivos pelo qual Sirius morreu, segredos demais e alguém (Dumbledore) tentando os proteger, mas sabemos que isso não deu nada certo, eu fico com muita raiva do prof D nesse livro, e eu o culpo um pouco pela morte do Almofadinhas. Eu tenho raiva de muitas pessoas nesse livro, provavelmente foi o mais difícil de le, Harry sendo injustiçado, o ministério sendo um idiota, o Percy, a Umbrigde nem se fala, enfim, vários outros, acho que é por isso que é um dos que eu menos gosto, sem contar a morte do final, provavelmente a coisa que eu mais estou aguardando dos livros, apesar de ser horrível, estou muito ansiosa pra ve a reação dos meninos e com muita pena, uma coisa é saber da sua morte, outra é de quem vc ama. Mas apesar disso, tem muitas coisa que eu gosto, como descobrir mais sobre a primeira guerra bruxa, e a criação da Armada e da Ordem, uma das melhores coisas de todos os livros na minha opinião. Eu nunca pensei nessa teoria do vira tempo mas é uma boa, mas eu ainda acredito que ele so não confiava no Fudge e devia saber que eles tentariam algo assim, eu acho todo esse julgamento uma idiotice, tava na cara que não podiam tenta expulsar Harry, na realidade eu nem sabia que o ministério tinha esse poder, pra mim eles so podiam quebrar a varinha, mas não podiam se intrometer em Hogwarts, estava tão errada... Mas mudando de assunto, o que vc ta achando de Animais e as noticias que estão saíndo, eu to simplesmente surtando de emoção, eu até chorei no ultimo trailer, eu to esperando sinceramente que tenha a batalha do Dumbledore e o grindelwald, seria incrivel, falando nisso até teve maratona de todos os filmes aqui na minha cidade, foi uma emoção, eu chorei demais, ainda mais com a certeza de que a magia não acabou. Bjssss Ju, até o proximo

    2016-10-17
  • Gi Molly Weasley

    Oi Juuuuuh!Eu ameeeeeeeei o cap!!!Acompanhando e entrando toda semana aqui pra ver se voce postou!!!:D 

    2016-10-06
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