O Ministério da Magia



– O Ministério da Magia.

– Vai dar tudo certo. – Lily disse, apertando o ombro de Harry e dando a ele um sorriso confiante – Sei que já passou por tudo isso… – ela completou ao encará-lo – Mas para nós é tudo novo… E você está aqui…

– Eu entendo. – Harry disse com um sorriso carinhoso – É importante para mim também… – ele completou antes de começar a ler.

Harry acordou às cinco e meia na manhã seguinte tão brusca e definitivamente como se alguém tivesse gritado em seu ouvido. Por alguns instantes, continuou deitado e imóvel, enquanto a perspectiva de uma audiência disciplinar invadia cada partícula do seu cérebro, depois, incapaz de suportar, ele pulou fora da cama e pôs os óculos. A Sra. Weasley arrumara suas jeans recém-lavadas e sua camiseta aos pés da cama. Harry vestiu-se depressa. O retrato vazio na parede deu uma risadinha debochada.

– Sempre agradável nosso querido tataravô Fineus Nigellus… – Sirius disse trocando um sorriso com Harry – É por isso que o quadro dele fica nesse quarto e não no hall de entrada como todos os outros…

– Por que? – Alice perguntou confusa.
– Porque ele consegue ser irônico e irritante o bastante para incomodar até minha querida mãezinha! – Sirius disse com uma risada anasalada – Um dia ela se irritou com os comentários dele e mandou ele para o quarto… Eu tinha uns 8 anos.

Rony estava esparramado na cama, com a boca escancarada, dormindo profundamente. Sequer se mexeu quando Harry cruzou o quarto, saiu para o patamar e fechou a porta suavemente ao passar.

– Eu queria ter acordado a tempo de falar com você antes de você sair… – Rony disse coçando a cabeça constrangido – Achei que fosse conseguir acordar quando você levantasse…

– Mas você dorme como uma pedra... – Hermione disse com um sorriso condescendente.
Rony deu de ombros resignado antes de Harry voltar a ler.

Tentando não pensar na próxima vez que veria Rony, quando talvez já não fossem colegas de Hogwarts, o garoto desceu silenciosamente a escada, passou pelas cabeças dos antepassados do Monstro e se dirigiu à cozinha.
Tinha esperado encontrá-la vazia, mas quando chegou à porta ouviu um ressoar suave de vozes no outro lado. Abriu-a e viu o Sr. e a Sra. Weasley, Sirius, Lupin e Tonks sentados ali, quase como se estivessem à sua espera.

– Provavelmente estavam. – Lily disse, trocando um sorriso com Remo e Sirius – Pelo menos você não teve que enfrentar tudo isso sozinho…

– Harry nunca está sozinho… – Tiago disse, observando Rony e Hermione além de Remo e Sirius – Ele tem bons amigos…
– Amigos que não conseguem acordar tão cedo assim sem um despertador… Mas bons amigos. – Sirius disse risonho.

Todos estavam inteiramente vestidos, exceto a Sra. Weasley, que trajava um roupão de acolchoado roxo. Ela se levantou no momento em que o viu entrar.
— Café da manhã — disse ao mesmo tempo que puxava a varinha e corria para o fogão.
— B-bom dia, Harry — bocejou Tonks. Esta manhã seus cabelos estavam amarelos e crespos. — Dormiu bem?
— Dormi — disse Harry.
— P-p-passei a noite acordada — informou a bruxa, dando mais um bocejo de estremecer. — Venha se sentar...

– Devia estar em alguma missão para a Ordem… – Remo disse pensativo – O ministério não veria motivos para mantê-la acordada a noite toda…

– Acredito que não… Eles não veem o perigo. – Sirius disse dando de ombros – Ela devia estar vigiando o que quer que seja que eles estão vigiando… A tal arma…
– Se vocês estão certos e a arma está no ministério, faz sentido ela vigiar. – Frank concordou interessado – Ninguém acharia estranho vê-la no ministério, mesmo em horários estranhos.
Severo se viu concordando com eles e parou de balançar a cabeça imediatamente, antes que alguém percebesse.
– Ela poderia fingir que esqueceu alguma coisa, ou algo do tipo. – Tiago disse balançando a cabeça – Vários dos membros da Ordem que trabalham no ministério poderiam fazer isso… Se a tal arma realmente está lá…

Ela puxou uma cadeira e ao fazer isso derrubou a que estava ao lado.
— O que você quer, Harry? — perguntou a Sra. Weasley. — Mingau? Bolinhos? Arenque? Ovos com bacon? Torrada?
— Só... só torrada, obrigado.
Lupin olhou para Harry e em seguida perguntou a Tonks:
— Que é que você estava dizendo sobre o Scrimgeour?
— Ah... sim... bem, precisamos ter um pouco mais de cuidado, ele tem feito a Kingsley e a mim perguntas engraçadas...

– Scrimgeour? – Lily perguntou virando-se para Tiago.

– Atualmente é apenas um auror. – Tiago disse encolhendo os ombros – Ele é um pouco mais novo que Moody… Deve ter chegado à chefia…
– Chegou sim. – Hermione disse automaticamente – Ele se tornou chefe dos aurores na mesma época em que Fudge se tornou ministro.
– Achei que não podíamos contar a eles coisas que não apareceram nos livros ainda. – Rony disse franzindo a testa para Hermione.
– Não podemos se forem coisas relevantes. – Hermione com um aceno displicente – O fato de Scrimgeour ter chegado à chefia do departamento de aurores não faz tanta diferença… Mas ajuda a contextualizar a conversa.
– Ou seja, – Remo disse pensativo – o chefe do departamento de aurores anda fazendo perguntas engraçadas para Tonks e Kingsley.
– Então ele talvez desconfie que eles estão trabalhando para Dumbledore… – Frank concordou lentamente.
– O que pode atrapalhar muito a Ordem se Scrimgeour for do time de Fudge. – Tiago concluiu categórico – E ele deve ser… Ou Dumbledore teria recrutado ele…
– Ou ele é apenas uma incógnita. – Sirius deu de ombros.

Harry se sentiu vagamente grato por não ter de participar da conversa. Suas entranhas se contorciam. A Sra. Weasley colocou umas torradas com geleia à frente dele; tentou comer, mas era como mastigar tapete. A bruxa se sentou a seu lado e começou a mexer em sua camiseta, pôs a etiqueta para dentro e alisou os vincos nos ombros. Ele desejou que a Sra. Weasley não fizesse isso.

Harry levantou os olhos do livro, corando.

– Ela faria mesmo que você pedisse a ela para parar… – Gina deu de ombros condescendente – É o jeito dela de demonstrar que se preocupa… Ela não sabia que estava te deixando desconfortável.
– E os outros devem saber que você não está com muita vontade de conversar. – Lily disse com um sorriso doce.

— ... e terei de dizer ao Dumbledore que não posso fazer o turno da noite amanhã, estou simplesmente cansada d-d-demais — concluiu Tonks dando novamente um imenso bocejo.
— Eu cubro o seu turno — ofereceu-se o Sr. Weasley. — Estou bem, de qualquer modo tenho um relatório para terminar...

– Estão falando em turnos de novo… – Sirius disse pensativo – Eles realmente só podem estar montando guarda à tal da arma.


Ele não estava usando vestes de bruxo, mas calças de risca de giz e um velho blusão de aviador. Virou-se de Tonks para Harry.
— Como é que você está se sentindo?
Harry encolheu os ombros.
— Vai terminar logo — disse o bruxo encorajando-o. — Dentro de algumas horas você estará inocentado.
Harry não respondeu.
— A audiência é no meu andar, na sala da Amélia Bones. É a chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia, e é quem vai interrogá-lo.

– Amélia Bones também nos interrogou na nossa audiência disciplinar. – Sirius disse relembrando – Mas ela ainda não era a chefe do departamento…

– Fico feliz que ela tenha chegado a chefe do departamento. – Tiago disse com um sorriso confiante – Ela é uma bruxa muito justa e inteligente, não vai permitir que Harry seja expulso dessa maneira.
Lily deu um grande sorriso de alívio.

— Amélia Bones é legal, Harry — disse Tonks, séria. — É justa, e vai escutar tudo que você tiver a dizer.
Harry concordou com a cabeça, ainda incapaz de pensar em alguma coisa para dizer.
— Não perca a calma — disse Sirius, de repente. — Seja educado e se atenha aos fatos.
Harry tornou a acenar com a cabeça.
— A lei está do seu lado — disse Lupin em voz baixa. — Até bruxos menores de idade podem usar magia em situações em que há risco de vida.

– Sua expulsão é completamente ilegal! – Tiago disse balançando a cabeça enfaticamente.

– O ministério é que tinha que explicar como dois dementadores foram parar no meio de um bairro trouxa. – Alice disse categórica.
– Talvez o ministério não tenha mais controle sobre todos os dementadores… – Frank disse com um suspiro, preocupado.
– O problema é que, mesmo que o ministério não tenha mais controle sobre todos os dementadores, eles não enxergam o problema, os dementadores podem estar saindo de Azkaban sem autorização e ninguém percebeu! – Remo bufou.
– E é muito fácil os dementadores saírem de Azkaban sem autorização… – Tiago disse pensativo – Não existem guardas bruxos em Azkaban, meu pai disse que bruxos só vão até lá levar comida uma vez ao dia e levar presos.

Alguma coisa muito fria escorreu pela nuca de Harry, fazendo-o pensar por um momento que alguém estivesse lançando nele um Feitiço da Desilusão.
Então percebeu que a Sra. Weasley estava atacando seus cabelos com um pente molhado. Ela pressionou com força no alto da cabeça.
— Eles não baixam nunca? — perguntou desesperada.
Harry fez que não.

– Será que as pessoas realmente acham que nós usamos esse estilo de cabelo o tempo todo por que gostamos? – Tiago disse trocando um sorriso compreensivo com Harry.

– E vocês não gostam? – Lily perguntou aos dois com uma risadinha.
– Não é o estilo ideal para ocasiões formais… – Tiago deu de ombros fazendo vários dos presentes rirem.
– E ninguém entende que meu cabelo é assim mesmo, e nunca abaixa. – Harry concordou enfático – Minha tia tentou por anos… E a Sra. Weasley...
– Se minha mãe nunca conseguiu, duvido que alguém consiga! – Tiago disse balançando a cabeça categórico.

O Sr. Weasley verificou o relógio e olhou para o garoto.
— Acho que temos de ir agora. Estamos um pouco adiantados, mas acho que será melhor você esperar no Ministério do que aqui.
— O.k. — disse Harry automaticamente, largando a torrada e se levantando.
— Vai dar tudo certo — disse Tonks, dando-lhe uma palmadinha no braço.
— Boa sorte — desejou Lupin. — Tenho certeza de que tudo correrá bem.
— E se não correr — disse Sirius muito sério — pode deixar que cuido da Amélia Bones para você...
Harry deu um sorrisinho. A Sra. Weasley abraçou-o.
— Estamos todos fazendo figa.

– Vai dar tudo certo. – Lily murmurou consigo mesma apertando a mão de Tiago com força

– É claro que vai. – Tiago disse puxando Lily para si com carinho e passando o braço ao redor de seus ombros.

— Certo — disse o garoto. — Então, até mais tarde.
Ele acompanhou o Sr. Weasley até o térreo e ao longo do corredor, ouviu a mãe de Sirius resmungar durante o seu sono atrás das cortinas. O Sr. Weasley destrancou a porta e eles saíram para a madrugada fria e cinzenta.
— O senhor normalmente não vai para o trabalho a pé, vai? — perguntou Harry, enquanto caminhavam apressados pelo largo.
— Não, em geral aparato, mas obviamente você não pode, e acho que é melhor chegarmos de maneira inteiramente não-mágica... passa uma impressão melhor, já que você está sendo disciplinado por...

– Não acho que isso interfira. – Frank disse franzindo a testa – Se eles forem usando a rede de flu, por exemplo, não teriam problemas…

– Mas eles estão se escondendo… A sede da Ordem não estaria ligada à rede de flu, estaria? – Alice perguntou virando a cabeça na direção de Sirius.
– A casa já está ligada à rede de flu. – Sirius deu de ombros – A não ser que minha mãe tenha resolvido retirar a casa da rede…
– O que é improvável. – Tiago o interrompeu balançando a cabeça.
– Apenas as pessoas que conhecem o endereço podem chegar à casa através da rede de flu. – Sirius continuou depois de acenar concordando com Tiago – E como a casa está sob o fidelius, apenas as pessoas que conhecem o segredo sabem o endereço no momento.
– Ou seja, eles poderiam usar a rede de flu. – Remo concluiu – Mas as lareiras do ministério são rastreadas, e o ministério saberia que Harry saiu de uma lareira oculta… E isso poderia trazer problemas.
– As lareiras do ministério são rastreadas? – Alice perguntou assustada.
– É claro que são! – Sirius disse com uma risadinha irônica – Todo mundo sabe que o ministério gosta de monitorar as pessoas!
– Algumas pessoas dizem que isso é um absurdo e que as lareiras não podem ser rastreadas. – Tiago disse calmamente – Mas meu pai e Moody dizem que o ministério monitora de onde as pessoas vem e para onde elas vão para manter a segurança do nosso governo, mas isso é só se usarem uma lareira do ministério.
– Mas isso não é invasão de privacidade? – Lily perguntou interessada.
– Considerando que para uma lareira ser conectada à rede de flu é necessário que o endereço seja registrado no ministério, acho que não… – Tiago deu de ombros – É por isso que a casa de Moody não é ligada à rede de flu, ele usa a lareira de um bar local…

O Sr. Weasley manteve a mão dentro do blusão enquanto caminhavam. Harry sabia que segurava a varinha. As ruas decadentes estavam quase desertas, mas quando chegaram à pequena e desconfortável estação do metrô já a encontraram repleta de passageiros madrugadores. Como sempre acontecia quando se via muito próximo dos trouxas em seus afazeres cotidianos, o Sr. Weasley mal conseguia controlar o seu entusiasmo.
— É simplesmente fabuloso — sussurrou, indicando as máquinas de vender bilhetes. — Fantasticamente engenhosas.
— Elas não estão funcionando — disse Harry, apontando para um cartaz.
— É, mas mesmo assim... — disse o bruxo sorrindo, carinhoso, para as máquinas.
Eles compraram os bilhetes de um guarda sonolento (Harry cuidou da transação, porque o Sr. Weasley não era muito esperto quando lidava com dinheiro dos trouxas), e cinco minutos depois estavam embarcando no trem subterrâneo que saiu sacolejando em direção ao centro de Londres. O Sr. Weasley não parava de verificar e tornar a verificar, ansioso, o mapa do metrô acima da janela.

– Eu sempre fico pensando em como eu não saberia me virar no mundo dos trouxas da época de vocês… E talvez nem na nossa… Já que eu nunca usei o metro sozinha, por exemplo. – Lily disse mordendo os lábios, desconfortável – As coisas mudaram muito, e eu não passo muito tempo no mundo trouxa desde que eu tinha onze anos…

– É normal, infelizmente. – Hermione disse trocando um sorriso compreensivo com Lily – Nós deixamos de frequentar o mundo trouxa muito cedo… Sabemos mais do que os bruxos, é claro… Mas não aprendemos várias coisas que os trouxas aprendem na escola e nas ruas e não aprendemos várias coisas que os bruxos aprendem em casa… Parece que estamos sempre no meio do caminho.
– É por essas coisas que existem tantos preconceitos contra nascidos-trouxas. – Sirius disse observando Lily e Hermione com atenção – Vocês não conhecem nossa cultura, porque Hogwarts não ensina de verdade às pessoas como ser bruxos, ensinam apenas a usar a magia…
– Se tudo der certo posso te ensinar mais sobre o mundo bruxo para que você conheça um pouco mais a nossa cultura e possa viver bem entre os bruxos. – Tiago disse apertando Lily com carinho.
– Se tudo der certo, também quero tentar passar um pouco mais de tempo entre os trouxas. – Lily disse pensativa – Aprender um pouco com meus pais sobre como é ser um adulto no mundo trouxa. Em vez de ficar parada no meio do caminho quero conhecer bem os dois lados e poder transitar entre eles.
Severo desviou o olhar e tentou acalmar sua respiração ao observar a interação, já sabia que não poderia tomar qualquer atitude antes do final dos livros, sabia que talvez tivesse que se acostumar com aquilo, se quisesse manter a amizade de Lily.

— Mais quatro paradas, Harry... Faltam três paradas agora... Duas, Harry...
Desceram em uma estação no coração de Londres, e foram carregados do trem por uma onda de homens e mulheres, de ternos e terninhos, segurando suas maletas. Subiram a escada rolante, passaram pelos torniquetes (o Sr. Weasley ficou encantado ao ver seu bilhete ser engolido pela fenda de introdução) e saíram finalmente em uma rua larga, ladeada de edifícios imponentes, em que o tráfego já era intenso.
— Onde estamos? — perguntou o Sr. Weasley, perdido, e, por um instante em que seu coração parou, Harry pensou que tivessem descido na estação errada, apesar das contínuas consultas do bruxo ao mapa; mas um segundo depois o Sr. Weasley exclamou: — Ah, sim... por aqui, Harry — e seguiram por uma rua lateral. — Desculpe, mas nunca venho de metrô, e tudo parece diferente quando se olha da perspectiva dos trouxas. Aliás, eu nunca usei a entrada do Ministério para visitantes antes.

– Eu também não. – Tiago disse coçando a cabeça, pensativo – Sempre que acompanho meu pai ao ministério vamos pela rede de flu ou aparatação acompanhada…

– Quando eu ia às festas do ministério com meus pais também só chegávamos aparatando. – Sirius disse concordando com Tiago e recebendo acenos de concordância de Remo e Frank.
– Eu nunca estive no ministério, – Lily deu de ombros – então não sei nada sobre as entradas…
– Não está perdendo nada. – Remo disse com uma risada anasalada – A maioria das pessoas no ministério se acha mais importante que o resto do mundo… Especialmente nessas festas cheias de frescura que os Potter e os Black frequentam. – completou dando uma cotovelada leve em Sirius.

Quanto mais andavam, menores e menos imponentes os edifícios se tornavam, até que finalmente chegaram a uma rua em que havia vários prédios de escritórios de mau aspecto, um bar e uma caçamba transbordando lixo. Harry esperara um local mais atraente para o Ministério da Magia.
— Chegamos — disse o Sr. Weasley animado, apontando para uma velha cabine telefônica vermelha, em que faltavam vários vidros nos caixilhos e que fora instalada em frente a uma parede toda grafitada. — Primeiro você, Harry.
O Sr. Weasley abriu a porta da cabine.
Harry entrou, imaginando o que seria aquilo. O bruxo apertou-se ao lado dele e fechou a porta. Quase não deu; Harry ficou entalado contra o aparelho de telefone que pendia torto da parede, como se algum vândalo tivesse tentado arrancá-lo. O Sr. Weasley esticou o braço à frente de Harry para apanhar o fone.
— Sr. Weasley, acho que isso também não deve estar funcionando.
— Não, não, tenho certeza de que está perfeito — respondeu, segurando o fone no alto e espiando o disco. — Vejamos... seis... — discou ele — dois... quatro... e mais um quatro... e mais um dois...

– Magic. – Hermione murmurou consigo mesma.

– O que disse? – Remo perguntou curioso.
– Magic. – Hermione respondeu um pouco mais alto – No telefone os números correspondem a letras do alfabeto. Os números que o Sr. Weasley discou formam a palavra magic.
– Faz todo o sentido. – Lily disse balançando a cabeça com um sorriso – É quase impossível que um trouxa usando o telefone disque esses números nessa ordem. Assim nenhum trouxa iria parar no ministério por acidente…
– Mas por que é quase impossível? – Alice perguntou confusa – O que as pessoas tem que discar para usar o telefone?
– Para usar o telefone as pessoas precisam discar o número de outras pessoas. – Hermione respondeu com um sorriso condescendente – Cada telefone tem um número atribuído a ele. Mas eu acredito que nenhum número de telefone comece com seis. Por isso é quase impossível.

Quando o disco voltou suavemente à posição inicial, ouviu-se uma voz tranquila de mulher, dentro da cabine, não no fone que o Sr. Weasley segurava, mas uma voz alta e clara como se houvesse uma mulher invisível ali ao lado deles.
— Bem-vindos ao Ministério da Magia. Por favor, informem seus nomes e o objetivo da visita.
— Hum... — começou o Sr. Weasley, visivelmente inseguro se devia ou não falar com o fone. Decidiu-se por encostar o ouvido no bocal: — Arthur Weasley, Seção de Controle do Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas, estou acompanhando Harry Potter, que foi convidado a comparecer a uma audiência disciplinar...
— Obrigada — disse a voz tranquila de mulher. — Visitante, por favor, apanhe o crachá e prenda-o ao peito de suas vestes.
Ouviu-se um clique e um rumorejo, e Harry viu alguma coisa sair pela ranhura de metal por onde normalmente saem as moedas excedentes. Apanhou-a: era um quadrado prateado em que se lia Harry Potter, Audiência Disciplinar. Prendeu-a ao peito da camiseta, e a voz feminina tornou a falar.
— Visitante ao Ministério, o senhor deve se submeter a uma revista e apresentar sua varinha, para registro, à mesa da segurança, localizada ao fundo do Átrio.

– Registrar a varinha? – Alice perguntou franzindo a testa.

– Eu disse, – Tiago revirou os olhos – o ministério gosta de vigiar as pessoas.

O piso da cabine telefônica estremeceu e eles começaram a afundar lentamente. Harry observou com apreensão a calçada ir subindo pelas vidraças da cabine e, por fim, a escuridão se fechar sobre suas cabeças. Então não conseguiu ver mais nada; ouviu apenas um ruído abafado de trituração, enquanto a cabine continuava a entrar pela terra. Decorrido mais ou menos um minuto, embora parecesse a Harry muito mais, uma claridade dourada banhou-lhe os pés e foi se ampliando, subindo pelo seu corpo até bater em cheio no rosto e ele precisou piscar para os olhos não lacrimejarem.
— O Ministério da Magia deseja ao senhor um dia muito agradável — disse a voz feminina.
A porta da cabine telefônica se escancarou e o Sr. Weasley saiu, acompanhado por Harry, cujo queixo caíra. Estavam parados a um extremo de um saguão muito longo e suntuoso, com um soalho de madeira escuro e extremamente polido. O teto azul-pavão era entalhado com símbolos dourados que se moviam e se alternavam como um enorme quadro celeste de avisos. As paredes de cada lado eram forradas de painéis de madeira escura e lustrosa, e nelas havia, engastadas, muitas lareiras douradas. A intervalos de segundos, bruxos e bruxas emergiam de uma das lareiras à esquerda com um suave ruído de deslocamento de ar. Na parede da direita, iam se formando diante de cada lareira pequenas filas de gente que aguardava o momento da partida.
No meio do saguão havia uma fonte. Um grupo de estátuas de ouro, maiores que o tamanho natural, estavam dispostas no centro de um espelho de água circular. A mais alta era de um bruxo de aparência aristocrática, com a varinha apontando para o ar. Agrupados a seu redor, havia uma bela bruxa, um centauro, um duende e um elfo doméstico. Os três últimos olhavam com adoração para o casal de bruxos. Das pontas de suas varinhas, saíam jorros de água cintilante, bem como da ponta da flecha do centauro, da ponta do chapéu do duende e de cada orelha do elfo doméstico, de tal modo que o silvo e o tilintar da água que caía se misturavam aos pops e craques dos bruxos aparatando e ao ressoar dos passos de centenas de outros, a maioria com a cara de poucos amigos de quem acabara de acordar, dirigindo-se a uma fileira de portões dourados no fundo do saguão.

– Essa fonte é ridícula! – Remo disse em tom de desagrado – O dia em que um centauro e um duende olharem para bruxos com adoração vai ser o mesmo dia em que um meteoro vai acabar com toda a vida no planeta!

– O ministro tem o poder de mudar a fonte para que ela reflita que tipo de governo o ministério busca... – Tiago contou enquanto acenava concordando com Remo – Mas está assim há anos…
– Quer dizer que há anos o ministério tem buscado um governo baseado em mentiras e hipocrisia. – Sirius disse com uma risada irônica.
– Não podemos realmente culpar nossos últimos dois ministros… – Remo deu de ombros – Com Voldemort aterrorizando todo mundo, não há muito tempo para pensar no design de uma fonte.

— Por aqui — disse o Sr. Weasley.
Eles se juntaram à multidão e continuaram a caminhar entre os funcionários do Ministério, alguns dos quais carregavam pilhas instáveis de pergaminhos, outros, maletas surradas; e, outros ainda liam o Profeta Diário enquanto andavam. Ao passarem pela fonte, Harry viu sicles de prata e nuques de bronze brilhando no fundo da água. Um pequeno cartaz ao lado da fonte informava:
TODO O DINHEIRO RECOLHIDO NA FONTE DOS IRMÃOS MÁGICOS SERÁ DOADO AO HOSPITAL ST. MUNGUS PARA DOENÇAS E ACIDENTES MÁGICOS

– Pelo menos essa fonte idiota serve para alguma coisa. – Lily disse encolhendo os ombros.

– Melhor seria se o hospital fosse completamente financiado pelo ministério. – Remo disse revirando os olhos – Seria um dinheiro mais bem gasto do que ter o átrio inteiro coberto em ouro.
– Cada um tem suas prioridades. – Sirius disse com um sorriso irônico – O de alguns é a saúde da população, o de outros é cobrir cada superfície do ministério em ouro!

Se eu não for expulso de Hogwarts, vou jogar dez galeões aí, Harry se apanhou pensando com desespero.
— Aqui, Harry — disse o Sr. Weasley, e eles se separaram do fluxo de funcionários do Ministério que se encaminhavam para as portas douradas.
Sentado a uma mesa à esquerda, sob a placa Segurança, um bruxo mal barbeado de vestes azul-pavão parou de ler o seu Profeta Diário e ergueu a cabeça quando os dois se aproximaram.
— Estou acompanhando um visitante — disse o Sr. Weasley, indicando o garoto.
— Venha até aqui — disse o bruxo com voz entediada.
Harry se aproximou e o bruxo ergueu uma longa vara dourada, fina e flexível como uma antena de carro, e correu-a pelo corpo do garoto, de alto a baixo, de frente e costas.

– O que é isso? – Lily perguntou, virando-se para Tiago.

– Não tenho ideia. – Tiago deu de ombros, Sirius e Remo também acenaram que não saberiam dizer – Deve ser uma coisa nova. Nunca vi algo do tipo.
– Geralmente o segurança apenas pede a nossa varinha. – Sirius disse concordando com Tiago lentamente.
– Acho que é algum tipo de detector de mentiras, como o de Moody. – Hermione disse com simplicidade – Mas não tenho certeza, é a primeira vez que ouço falar nesse aparelho.
– É provável. – Tiago disse observando Hermione com admiração.

— Varinha — grunhiu o segurança para Harry, baixando o instrumento dourado e estendendo a mão.
Harry apanhou a varinha. O bruxo largou-a em cima de um estranho instrumento de latão, que lembrava uma balança de um único prato. A coisa começou a vibrar. Uma tira fina de pergaminho foi saindo instantaneamente de uma ranhura na base. O bruxo destacou-a e leu o que estava escrito.
— Vinte e oito centímetros, cerne de pena de fênix, em uso há quatro anos. Correto?
— Correto — respondeu Harry, nervoso.
— Fico com ela — disse o bruxo, enfiando a tira de pergaminho em um pequeno espeto de latão. — Eu a devolvo depois — acrescentou, apontando a varinha para o garoto.

– É horrível ter que entregar a varinha desse jeito. – Sirius disse desconfortável – Também tivemos que deixar nossas varinhas com o segurança quando fomos ao ministério para nossa audiência disciplinar.

– Me senti completamente vulnerável sem minha varinha. – Tiago disse balançando a cabeça em concordância.
– Mas vocês estavam no ministério. – Alice disse de repente – Não tinham o que temer, não é?
– Depois de tudo o que nós lemos nesses livros sobre o ministério, você realmente acredita nisso? – Frank perguntou levantando uma sobrancelha para Alice.
– Você tem razão. – Alice disse depois de pensar por um segundo – Nenhum lugar parece seguro depois de ler esses livros.
– Nenhum lugar é completamente seguro. – Neville disse sobriamente.

— Obrigado.
— Um momento — disse lentamente o bruxo.
Seus olhos correram do crachá prateado de visitante no peito de Harry para sua testa.
— Obrigado, Érico — disse o Sr. Weasley com firmeza e, segurando o garoto pelos ombros, afastaram-se da mesa e reingressaram na torrente de bruxos e bruxas que cruzavam o portão dourado.

– Até que ele demorou um bocado para perceber quem era. – Lily disse com um suspiro cansado.

– Resta saber se ele estaria contra Harry ou a favor… – Alice disse triste.
– Eu apostaria em contra. – Tiago bufou, resignado – Ou Arthur não teria arrastado Harry de lá com tanta eficiência.
– E o mais provável é que ele fosse mais um peão do ministério que acredita em tudo o que o jornal diz. – Remo disse balançando a cabeça.

Meio empurrado pela multidão, Harry acompanhou o Sr. Weasley, atravessou o portão e saiu em um saguão menor, onde havia no mínimo vinte elevadores por trás de grades douradas ornamentadas. Os dois se juntaram às pessoas paradas diante de um dos elevadores. Perto, havia um bruxo corpulento e barbudo segurando uma grande caixa de papelão que emitia um ruído de raspagem.
— Tudo bem, Arthur? — perguntou o bruxo, cumprimentando-o com um aceno de cabeça.
— Que é que você traz aí, Beto? — quis saber o Sr. Weasley olhando para a caixa.
— Não temos muita certeza — respondeu o bruxo muito sério. — Achávamos que era uma galinha-do-brejo comum até ela começar a soltar fogo pelas fossas nasais. Agora está me parecendo uma séria violação da Proibição de Criar Animais Experimentalmente.

– Que tipo de pessoa criaria uma galinha que solta fogo pelas fossas nasais? – Alice perguntou entre o riso e o espanto.

– Hagrid! – Sirius, Remo e Tiago disseram ao mesmo tempo, fazendo a maioria dos presentes rir.
– Não acho que ele criaria propositalmente, é claro. – Remo disse em meio às risadas – Mas ele cuidaria da galinha muito bem, com todo o amor e carinho.
– Hagrid tem um coração de ouro. – Lily disse rindo com condescendência.

Com uma barulheira de ferragens, um elevador desceu diante deles; a grade dourada se recolheu, Harry e o Sr. Weasley entraram no elevador com os demais, e o garoto se viu esmagado contra a parede dos fundos. Vários bruxos e bruxas o olharam com curiosidade; ele encarava os próprios pés e alisava a franja para evitar encontrar o olhar das pessoas. As grades tornaram a fechar com estrondo e o elevador subiu lentamente, as correntes se entrechocando, enquanto a mesma voz tranquila de mulher que Harry ouvira na cabine telefônica tornava a falar:
“Nível sete, Departamento de Jogos e Esportes Mágicos, que inclui a Sede das Ligas Britânica e Irlandesa de Quadribol, o Clube de Bexiga Oficial e a Seção de Patentes Absurdas.”

– Essa é uma daquelas seções criadas para empregar pessoas que não sabem fazer nada, mas que por algum motivo são úteis para o ministério. – Remo disse com uma risada anasalada.

– Como assim? – Frank perguntou franzindo a testa.
– Parentes do ministro por exemplo. – Sirius riu com ironia – Ou filhos de pessoas importantes e influentes…
– Mas isso é nepotismo! – Lily disse ultrajada – Isso é errado!
– É claro que é errado! – Tiago disse jogando os braços para o alto exasperado – O nosso governo é um dos mais corruptos da Europa!

As portas do elevador se abriram. Harry deu uma olhada rápida no corredor de aspecto sujo, onde havia vários cartazes de times de Quadribol pregados tortos nas paredes. Um dos bruxos no elevador, que carregava uma braçada de vassouras, desvencilhou-se com dificuldade e desapareceu pelo corredor. As portas se fecharam, o elevador retomou sua subida acidentada e a voz feminina anunciou:
“Nível seis, Departamento de Transportes Mágicos, que inclui a Autoridade da Rede de Flu, o Controle de Aferição de Vassouras, a Seção de Chaves de Portais e o Centro de Testes de Aparatação.”
Mais uma vez as portas do elevador se abriram e quatro ou cinco bruxos desembarcaram; ao mesmo tempo, vários aviõezinhos de papel entraram voando no elevador. Harry ficou olhando os aviões planarem preguiçosamente acima de sua cabeça; eram violeta-claro, e ele leu as palavras Ministério da Magia estampadas no bordo das asas.
— São apenas memorandos interdepartamentais — murmurou o Sr. Weasley. — Costumávamos usar corujas, mas a sujeira era inacreditável... excrementos caindo sobre as escrivaninhas...

– Pelo menos uma mudança positiva. – Tiago disse interessado – Meu pai vive reclamando que não há uma maneira mais simples de se comunicar com outros departamentos.

– Nesse caso os trouxas são muito mais avançados que os bruxos. – Hermione comentou pensativa – Os telefones são meios de comunicação muito mais eficientes do que corujas, e em caso de urgência são muito melhores que esses memorandos.
– Mas eletricidade não funciona em prédios que tem muita magia. – Sirius disse resignado.
– Telefones não precisam de eletricidade para funcionar. – Hermione deu de ombros – E não acho que os cabos que fazem o telefone funcionar receberiam interferência por causa da magia…
– Talvez você possa testar isso quando voltarmos. – Rony disse sorrindo para ela.
– Depende do que acontecer. – Hermione deu de ombros e os sorrisos nos rostos de todos desapareceram – Não sabemos o que vai acontecer com a nossa época…
– Mas precisamos fazer isso. – Harry disse categórico voltando a ler.

Quando recomeçaram a subir, os memorandos ficaram flutuando em torno da lâmpada do elevador.
“Nível cinco, Departamento de Cooperação Internacional em Magia, incorporando o Organismo de Padrões de Comércio Mágico Internacional, o Escritório Internacional de Direito em Magia e a Confederação Internacional de Bruxos, sede britânica.”
Quando as portas se abriram, dois memorandos saíram voando ao mesmo tempo que mais bruxos e bruxas desembarcavam, mas outros tantos memorandos entraram voando, de modo que a luz piscou e lampejou com o movimento dos aviõezinhos ao seu redor.
“Nível quatro, Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, que inclui as Divisões das Feras, Seres e Espíritos, Seção de Ligação com os Duendes, Escritório de Orientação sobre Pragas.”

Remo não conseguiu esconder um arrepio.

– É onde meu pai trabalha. – ele disse com a voz rouca – Os colegas de trabalho dele não sabem que eu sou…
– Peludo uma vez por mês. – Tiago disse quando Remo hesitou – E eles não precisam saber! – concluiu categórico – Ninguém que vai te rejeitar precisa saber da sua vida particular.
– Mas é irônico, não é? – Remo disse com uma risada sombria – Meu pai que trabalha no Departamento de Regulação e Controle das Criaturas Mágicas tem um lobisomem não registrado como filho.
– E você sabe muito bem que é um absurdo o ministério tratar você e todos os lobisomens como se fossem animais e não seres humanos! – Tiago disse entredentes – E esse registro é apenas uma desculpa ridícula para poder por a culpa em lobisomens e poder prendê-los em Azkaban mesmo quando eles não fazem nada de errado!
Tiago recebeu acenos enfáticos de concordância de Harry, Rony, Hermione, Gina e Sirius, e um sorriso carinhoso de Lily.
– E seu pai sabe disso, por isso ele nunca te registrou. – Tiago concluiu com um suspiro cansado – Um dia ainda vamos conseguir mudar as leis sobre lobisomens, pode ter certeza.
– Eu acho tão bonita a forma como você defende seus amigos. – Lily murmurou para que apenas Tiago escutasse enquanto apertava a mão dele com carinho.

— Licença — pediu o bruxo que levava a galinha venta-fogo, e saiu do elevador seguido por um pequeno bando de memorandos. As portas fecharam mais uma vez com estrépito.
“Nível três, Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas, incluindo o Esquadrão de Reversão de Mágicas Acidentais, Central de Obliviação e Comissão de Justificativas Dignas de Trouxas.”

– Essa Comissão também deve ser mais um desses sub-departamentos inúteis que vocês falaram… – Lily disse com um muxoxo de irritação.

– É claro. – Sirius disse com uma risada irônica – O ministério está cheio desses departamentos…

Todos desembarcaram do elevador nesse andar, exceto o Sr. Weasley, Harry e uma bruxa que estava lendo um pergaminho tão longo que arrastava pelo chão. Os memorandos restantes continuaram a flutuar em torno da lâmpada, e o elevador continuou sua agitada subida, então as portas abriram e a voz anunciou:
“Nível dois, Departamento de Execução das Leis da Magia, que inclui a Seção de Controle do Uso Indevido da Magia, o Quartel-General dos Aurores e os Serviços Administrativos da Suprema Corte dos Bruxos.”
— É conosco, Harry — disse o Sr. Weasley, e eles acompanharam a bruxa por um corredor ladeado de portas. — Minha sala é do outro lado do andar.
— Sr. Weasley — perguntou Harry, ao passarem por uma janela pela qual entrava o sol — nós não estamos mais embaixo da terra?
— Estamos. As janelas são encantadas. A Manutenção Mágica decide todo o dia qual é o tempo que vai fazer. Tivemos dois meses de furacões, da última vez que estivemos reivindicando um aumento de salário... É virando aqui, Harry.
Dobraram um canto, passaram por pesadas portas de carvalho e saíram em uma área aberta subdividida em cubículos, que fervilhava de conversas e risos. Os memorandos entravam e saíam dos cubículos como foguetes em miniatura. Um letreiro torto no cubículo mais próximo informava: Quartel-General dos Aurores.

– Meu lugar favorito no ministério. – Tiago disse categórico – Os aurores são muito divertidos… Quando Moody não está gritando com todo mundo, é claro…

– Moody é chefe da seção de aurores? – Lily perguntou interessada.
– Não, não. – Tiago disse com uma risada irônica – O ministério nunca daria o cargo de chefia a Moody, ele tem o histórico de discordar de decisões ministeriais e desafiar a autoridade do ministério em alguns assuntos… Qualquer ministro seria burro dando a ele um cargo de chefia.
– Então por que ele grita com todo mundo? – Alice perguntou confusa.
– Porque ele é um dos aurores mais experientes do departamento, apesar de não ser chefe ele tem alguma autoridade lá dentro. – Tiago deu de ombros – Algumas pessoas o consideram o chefe… E ele diz que nunca iria querer o cargo de chefia, diz que é burocracia demais.

Harry espiou disfarçadamente pela porta ao passar. Os aurores haviam coberto as paredes de seus cubículos com tudo que se pode imaginar, desde retratos de bruxos procurados e fotos de suas famílias a pôsteres dos seus times de Quadribol preferidos e artigos do Profeta Diário. Um homem de vestes vermelhas, com um rabo-de-cavalo mais comprido que o do Gui, estava sentado com as botas em cima da escrivaninha, ditando um relatório para sua pena. Um pouco adiante, uma bruxa com uma venda sobre um dos olhos conversava por cima da divisória do seu cubículo com Kingsley Shacklebolt.
— Bom dia, Weasley — cumprimentou Kingsley, descontraído, quando o bruxo se aproximou. — Ando querendo falar com você, tem um segundo?
— Tenho, se realmente for um segundo — disse o Sr. Weasley. — Estou um pouco apressado.
Falavam como se mal se conhecessem, e quando Harry abriu a boca para cumprimentar Kingsley, o Sr. Weasley lhe deu uma piscadela. Eles acompanharam Kingsley até o último cubículo do corredor.

– Eles devem fingir que mal se conhecem para não chamar a atenção dos outros funcionários do ministério… – Frank disse pensativo.

– Porque todo mundo sabe que os Weasley tem ligação com Harry e Dumbledore… E é melhor Kingsley manter a distancia para continuar infiltrado no ministério. – Tiago disse balançando a cabeça em concordância.

Harry teve um ligeiro choque; piscando para ele de todas as direções, havia o rosto de Sirius. Recortes de jornal e velhas fotos – até aquela em que ele aparecia como padrinho do casamento dos Potter – forravam as paredes. O único espaço em que não havia Sirius estava ocupado por um mapa-múndi em que brilhavam alfinetes vermelhos como pedras preciosas.

– Ótimo saber como os aurores andam dedicados, não é? – Sirius disse com uma risada irônica – Eles realmente sabem priorizar as coisas…

– Perto de você, Voldemort é um ninguém. – Tiago disse rindo – Você é muito mais perigoso.
– Claro que sou! – Sirius disse levantando os braços fingindo orgulho.

— Tome — disse Kingsley bruscamente ao Sr. Weasley, enfiando um rolo de pergaminho em sua mão. — Preciso do máximo de informação possível sobre veículos voadores dos trouxas avistados nos últimos doze meses. Recebemos informação de que Black talvez continue usando sua velha moto.
Kingsley deu a Harry uma enorme piscadela e acrescentou em um sussurro:
— Dê essa revista a ele, talvez ache interessante — então, retomando o tom normal: — E não demore muito, Weasley, o atraso no relatório sobre as pernas de fogo paralisou as nossas investigações por um mês.
— Se você tivesse lido o meu relatório saberia que o termo é armas de fogo — disse o Sr. Weasley tranquilo. — E receio que terá de esperar pelas informações sobre motocicletas; estamos ocupadíssimos no momento. — Baixou a voz: — Se você conseguir sair antes das sete, Molly está preparando almôndegas.

– Pelo menos você é um ótimo pretexto para conversas entre Arthur e Kingsley. – Remo disse com uma risada – O que será que ele pensou que você acharia interessante na revista?

– Talvez seja alguma coisa sobre mim. – Sirius disse levantando as sobrancelhas com um olhar malicioso – Talvez o semanário das bruxas tenha feito uma matéria sobre os criminosos mais charmosos do século. – completou com uma piscadela que fez a maioria dos presentes rir.
– O semanário das bruxas nunca usaria uma palavra inocente como charmoso... – Gina disse entre gargalhadas – Eles costumam usar linguagem muito mais explícita!
– É claro! – Sirius concordou com uma gargalhada – Seria uma seção de fotos com os criminosos procurados mais sexys do Reino Unido. Ou talvez os que tem o melhor cabelo! – completou jogando os cabelos para trás.

E fazendo sinal a Harry, deixaram o cubículo, passaram por outras portas de carvalho, saíram em outro corredor, viraram à direita para um corredor mal iluminado e ainda assim visivelmente encardido, que terminava em uma parede-cega, mas havia uma porta entreaberta à esquerda deixando à mostra o interior de um armário de vassouras, e uma porta à direita com uma placa de latão oxidado com os dizeres: Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas.
A sala escura e suja do Sr. Weasley parecia ligeiramente menor que o armário de vassouras.

– Eles não dão nenhum valor para o trabalho de papai. – Gina disse com um suspiro resignado – Mesmo quando ele passa horas correndo de um lado para o outro tentando impedir que os trouxas descubram sobre nós.

– O departamento do seu pai com certeza merecia mais atenção que a Seção de Patentes Absurdas. – Remo disse balançando a cabeça em concordância.
– O ministério menospreza qualquer coisa que nos conecte com os trouxas. – Sirius disse categórico – Mesmo os ministros que se diziam a favor dos direitos dos trouxas e nascidos-trouxas nunca fizeram muito para mudar o ministério.
– E os que tentaram fazer tiveram destinos suspeitos. – Tiago disse estalando a língua em repreensão – Alguns dos ministros não tomam atitudes por medo de represálias dos Puro-sangue mais influentes.
– E mais ricos. – Remo bufou.
– É por isso que nossas leis são tão retrógradas. – Tiago disse com óbvio desagrado – Tudo ficou nas mãos dos Puro-sangue por tempo demais. E mesmo depois que a sociedade começou a ver que os trouxas e nascidos-trouxas são seres humanos como nós, ninguém teve coragem de mudar as coisas.
– Vocês sempre falam de trouxas e nascidos-trouxas como se fosse a mesma coisa. – Lily disse encarando Tiago incomodada.
– Não é nossa intenção ser desrespeitosos de qualquer maneira, – Sirius respondeu por ele – nós sabemos que não é o mesmo, e que os nascidos-trouxas são tão bruxos quanto o resto de nós. Mas nós estamos falando do que a sociedade em geral pensa… Por isso usamos os mesmo termos que a sociedade…
Lily franziu a testa para ele, mas não fez qualquer outro comentário antes de incentivar Harry a voltar à leitura.

Duas escrivaninhas tinham sido apertadas ali e mal havia espaço para contorná-las, por causa dos arquivos abarrotados que ocupavam as paredes, com pilhas de pastas por cima. O pouco espaço de parede disponível testemunhava as obsessões do Sr. Weasley: vários pôsteres de carros, inclusive o de um motor desmontado; duas ilustrações de caixas de correio que pareciam ter sido recortadas de livros para crianças trouxas; e um diagrama mostrando como pôr fio em tomada.
Por cima de sua apinhada caixa de entrada, havia uma velha torradeira que soluçava em tom desconsolado e um par de luvas de couro que girava dois dedos vazios. Ao lado da caixa havia uma foto da família Weasley. Harry reparou que aparentemente Percy abandonara a foto.

Rony e Gina suspiraram audivelmente, mesmo que Percy tenha voltado no final, o modo como ele abandonou a família ainda os incomodava.


— Não temos janela — desculpou-se o Sr. Weasley, despindo o blusão de aviador e pendurando-o no espaldar de sua cadeira. — Pedimos, mas pelo visto eles acham que não precisamos de uma. Sente-se, Harry, parece que Perkins ainda não chegou.
Harry apertou-se na cadeira ao lado da mesa de Perkins, enquanto o Sr. Weasley folheava rapidamente o maço de pergaminhos que Kingsley Shacklebolt lhe entregara.
— Ah — comentou sorrindo, ao puxar do meio um exemplar da revista O Pasquim — sim... — Folheou-a. — Sim, ele tem razão, com certeza Sirius vai achar muito engraçado... Ah, meu Deus, que é isso agora?

– O Pasquim? – Sirius perguntou franzindo a testa, curioso – Nunca ouvi falar nessa revista!

– Vocês vão descobrir. – Neville disse com uma meia risada, fazendo Rony, Harry, Hermione e Gina soltarem risadinhas.
– É algum tipo de revista cômica? – Tiago perguntou ao ver a reação deles, interessado.
– Vocês vão descobrir. – Gina repetiu rindo abertamente e atiçando ainda mais a curiosidade dos outros.

Um memorando acabara de disparar pela porta aberta e pousar em cima da torradeira soluçante. O Sr. Weasley abriu-o e leu em voz alta:
Recebemos informações de um terceiro vaso sanitário regurgitando em banheiro público em Bethnal Green, queira investigar imediatamente.

– Vaso sanitário regurgitante? – Lily perguntou contorcendo o rosto de nojo.

– Nós nunca dissemos que o trabalho de papai é glorioso. – Gina disse encolhendo os ombros.
– Mas pelo menos ele ama o que faz e não se vende para o ministério. – Tiago disse trocando sorrisos com Gina e Rony – Mesmo quando o trabalho não é glorioso.

— Isto está ficando ridículo...
— Um vaso sanitário que regurgita?
— Brincadeiras de gaiatos antitrouxas — disse o Sr. Weasley, franzindo a testa. — Tivemos dois na semana passada, um em Wimbledon, um em Elephant and Castle. Os trouxas acionam a descarga e em vez das coisas desaparecerem... bem, você pode imaginar. Os coitados ficam chamando os... encadores, acho que é o nome que dão... sabe, os homens que consertam canos e coisas do gênero.
— Encanadores?
— Exatamente, mas é claro que eles não sabem como explicar. Só espero que a gente consiga pegar quem anda fazendo isso.

– Existem bruxos que fazem esse tipo de coisa apenas para perturbar os trouxas? – Lily perguntou, seu nojo dando lugar à raiva.

– A maioria dos bruxos ainda tem muitos preconceitos contra trouxas. – Gina explicou com um suspiro triste – Mesmo na nossa época…
– Isso é absurdo! – Lily disse entredentes – Eles não tem mais o que fazer?
– Provavelmente não. – Sirius bufou – A maioria dos antitrouxas são Puro-sangues que não precisam fazer nada para viver… E para eles a época em que não existia o estatuto do sigilo era a melhor, pois eles podiam fazer experimentos com trouxas e usar trouxas para todo o tipo de coisa…
– A maioria deles também não entende que o estatuto do sigilo serve para nos proteger dos trouxas e não o contrário. – Tiago disse recebendo acenos de concordância de Sirius.
– E por que os bruxos precisariam ser protegidos contra os trouxas? – Lily perguntou abismada – Vocês disseram que não acreditam no que os pais de Sirius diziam sobre os trouxas tentarem roubar a magia dos bruxos e tudo mais…
– E não acreditamos. – Sirius disse categórico.
– Mas nós realmente precisamos nos proteger dos trouxas em alguns aspectos. – Tiago disse virando-se para Lily com seriedade – A tecnologia dos trouxas avançou muito nos últimos séculos. Há armas trouxas que podem dizimar os bruxos… Como bombas e armas de fogo… E o pior é que a maioria dos bruxos não reconheceriam uma arma de fogo se um trouxa a apontasse para eles… Então eles não saberiam se proteger.
– Faz sentido… – Lily disse lentamente – Então foi por isso que foi criado o estatuto do sigilo? Por que a tecnologia trouxa estava avançando e os bruxos temiam que os trouxas os dominassem?
– É um dos motivos. – Tiago confirmou balançando a cabeça – E é claro que isso deu aos antitrouxas todo o tipo de argumento baseado em meias-verdades…

— Os aurores é que vão pegá-los?
— Ah, não, isto é banal demais para aurores, será uma patrulha normal para Execução das Leis da Magia... ah, Harry, esse é o Perkins.
Um velho bruxo, encurvado e tímido, de cabelos brancos e fofos, acabara de entrar na sala, ofegante.
— Ah, Arthur! — exclamou desesperado, sem olhar para Harry. — Que bom, eu não sabia o que seria melhor, se esperar ou não aqui por você. Acabei de despachar uma coruja para sua casa, mas é óbvio que você já tinha saído: chegou uma mensagem urgente há uns dez minutos...
— Já sei, do vaso sanitário que regurgita — disse o Sr. Weasley.
— Não, não é o vaso sanitário, é a audiência do menino Potter... mudaram a hora e o local... agora vai começar às oito horas e vai ser no velho Décimo Tribunal...

– O que? – Tiago perguntou entredente, ultrajado – Eles não podem mudar audiências em cima da hora! Eles tem que avisar as mudanças com pelo menos um dia de antecedência!

– Mais uma prova de que o ministério está tentando prejudicar Harry. – Remo disse preocupado.
– Isso significa que o julgamento não vai ser justo? – Lily perguntou apertando a mão de Harry com força.
– Isso significa que o ministério caiu ainda mais do que eu imaginava. – Tiago disse enraivecido – E eles ainda pretendem fazer a audiência no tribunal! Como se fosse um julgamento!
– Isso é ridículo! Isso é perseguição! – Sirius concordou enfático – Mal vejo a hora de Fudge cair! – completou com selvageria.

— No velho... mas me disseram... pelas barbas de Merlim!
O Sr. Weasley consultou o relógio, deixou escapar um grito e pulou de sua cadeira.
— Depressa, Harry, devíamos ter chegado lá há cinco minutos!
Perkins se achatou contra os arquivos para deixar o Sr. Weasley sair correndo da sala com Harry em seus calcanhares.
— Por que é que eles mudaram a hora? — perguntou Harry sem fôlego, ao passarem desabalados pelas salas dos aurores; as pessoas se esticavam e paravam para olhar a correria dos dois.

– Para te prejudicar. – Tiago respondeu irritado, em direção ao livro – Pontualidade é importante. Chegar atrasado passa a imagem de um jovem irresponsável e sem credibilidade.

– Estão fazendo tudo o que podem para desacreditar você. – Remo disse balançando a cabeça enfático.
– Eles vão se arrepender. – Sirius murmurou sombriamente.

Harry teve a sensação de que deixara as entranhas na mesa de Perkins.
— Não faço a menor ideia, mas foi bom termos chegado aqui tão cedo, se você perdesse a audiência, teria sido uma catástrofe.
O Sr. Weasley parou derrapando diante dos elevadores e apertou com impaciência o botão de descida.
— ANDA LOGO!
O elevador apareceu sacudindo e eles entraram depressa. Todas as vezes que paravam, o Sr. Weasley xingava furiosamente e socava o botão de número nove.
— Esses tribunais não são usados há anos — disse o Sr. Weasley zangado. — Não posso imaginar por que vão fazer a audiência aqui embaixo... a não ser que... mas não...

– A não ser que queiram retratar Harry como um criminoso! – Tiago disse socando o braço do sofá com raiva.

E a injustiça do momento era tão grande, que até mesmo Severo se viu irritado com a situação.

Uma bruxa gorducha, carregando um cálice fumegante, entrou no elevador nesse momento e o Sr. Weasley se calou.
“O Átrio”, disse a tranquila voz de mulher, e as grades douradas se abriram, permitindo a Harry um vislumbre distante das estátuas de ouro na fonte. A bruxa saiu e um bruxo de pele macilenta e expressão muito pesarosa a substituiu.
— Bom dia, Arthur — disse ele, em tom sepulcral, quando o elevador começou a descer. — Não é sempre que o vejo aqui embaixo.
— Negócios urgentes, Bode — respondeu o Sr. Weasley, que se balançava para a frente e para trás nos calcanhares, lançando a Harry olhares ansiosos.
— Ah, sim — disse Bode, examinando o garoto sem pestanejar. — É claro.
Não restava a Harry quase nenhuma emoção para gastar com Bode, mas aquele olhar fixo não o fez se sentir mais confortável.
“Departamento de Mistérios”, disse a voz de mulher sem pressa e sem nada acrescentar.

– Ela não pode falar sobre o que acontece no departamento de mistérios. – Tiago disse automaticamente, ainda balançando as pernas, nervoso – Supostamente ninguém sabe o que é estudado no departamento.


— Anda, Harry — disse o Sr. Weasley, quando as portas do elevador se abriram com estrépito, e eles saíram apressados por um corredor que era muito diferente dos outros acima.
As paredes eram nuas; não havia janelas nem portas, exceto uma preta e lisa no finzinho do corredor. Harry pensou que fossem entrar, mas em lugar disso o Sr. Weasley o agarrou pelo braço e o arrastou para a esquerda, onde havia uma abertura para uma escada.
— Aqui embaixo, aqui embaixo — ofegou ele, dando duas passadas de cada vez. — O elevador nem desce até aí... por que vão fazer a audiência aí embaixo, eu...
Chegaram ao último degrau e entraram por mais um corredor, muito semelhante ao que levava à masmorra de Snape, em Hogwarts, com paredes de pedra bruta e tochas em suportes. As portas pelas quais passavam aqui eram de madeira maciça, com trancas e fechaduras.
— Décimo... Tribunal... acho... estamos quase... sim.
O Sr. Weasley parou cambaleante em frente a uma porta escura e encardida, com uma enorme fechadura de ferro, e encostou-se à parede, comprimindo a pontada que sentia no peito.
— Continue — ofegou ele, apontando a porta com o polegar. — Entre aí.
— O senhor não... não vem com...?
— Não, não, não é permitido. Boa sorte!
O coração de Harry bateu violentamente contra o seu pomo-de-adão. Ele engoliu com força, girou a maçaneta de ferro da pesada porta e entrou no tribunal.

– E você tem que enfrentar esses abutres sozinho? – Lily perguntou com a voz chorosa, apertando um pouco mais a mão de Harry enquanto ele passava o livro para Alice.

– Apenas testemunhas, responsáveis e procuradores podem participar de audiências fechadas. – Sirius respondeu automaticamente – E é claro que ninguém nunca contrata um procurador para uma simples audiência disciplinar…
– Então Harry vai estar sozinho. – Tiago disse entredentes – Sendo tratado como criminoso pelo ministério…
– Não vou aguentar esperar. – Lily disse encarando Alice com apreensão – Vamos começar o próximo capítulo de uma vez.
Vários dos presentes acenaram em concordância, enquanto Alice abria o livro no capítulo seguinte:
– Capítulo VIII – A audiência.




Hey leitores mais queridos do FeB! Quem está no grupo sabe das coisas que andam acontecendo comigo, dos ataques à minha privacidade e do ataque pessoal que recebi nos comentários aqui da fic. Por muito tempo pensei se iria responder ao comentário ou não, por fim, decidi que vou apenas responder a uma parte especifica dele, já que o resto não merece o tempo que vou perder respondendo.


- Clenery Aingremont: É prerrogativa sua me achar grossa, arrogante e um ser humano desprezível. É prerrogativa sua ler ou não ler a fic. É prerrogativa sua pensar o que você quiser pensar. O que NÃO É prerrogativa sua, é dizer que eu plagiei alguém. Se você está convencida de que eu plagiei alguém, PROVE. E isso é tudo que vou me dar ao trabalho de dizer. Espero que tenha uma vida maravilhosa, longe de mim!
- MionGinnyLuna: Eu ainda nem escrevi a audiencia, com tudo o que está acontecendo, tanto na minha vida pessoal, como na minha vida virtual, não tenho nem tido tempo de escrever... Mas vou me esforçar um pouco para escrever mais. E os três últimos capítulos dessa fic realmente me assustam um pouco, apesar de eu já saber como vai ser a pior parte...
- Izabella Bella Black: Não se preocupe, pessoas assim não vão me fazer desistir. Vocês todos que estão do meu lado me apoiando são muito mais fortes do que as pessoas que querem me desestabilizar. Então, obrigada pelo apoio. O sonho de Harry sobre o Sr. Weasley me preocupa um pouco, mas só vou pensar nisso quando chegar lá. Eu sinceramente não sei até onde o feitiço fidelius vai, só sei que em RdM Harry, Ron e Hermione sempre aparatam bem no batente da porta para o feitiço mantê-los escondidos. Eu acho que as pessoas tem medo da Gina por causa da azaração porque a azaração verdadeira (do livro original, e não da tradução) não é a azaração de rebater bicho papão, é uma azaração completamente diferente... Que aparentemente é bastante dolorida. Os gêmeos sempre foram muito honrados apesar de tudo, eles nunca passariam Harry para trás, mesmo Harry não querendo nada com o dinheiro. Isso do Dumbledore nunca ter dado uma boa olhada na casa antes de instalar a sede da ordem lá também sempre me incomodou um bocado. A casa é obviamente cheia de artefatos das trevas, ele devia ter verificado! Então ele encontraria o medalhão, é claro, e é claro que ele saberia o que o medalhão era... Eu li sobre Henry Potter no mesmo lugar que li sobre os sagrados 28, e achei que seria interessante acrescentar na fic, imaginei que muita gente não soubesse sobre ele. Acho que Sirius vai gostar de saber que Régulos se esforçou de verdade para tentar deter Voldemort. Ele vai ficar feliz de saber que o irmão abriu os olhos, e isso vai fazer ele não desistir do irmão, eu acho. Eu não sei onde Voldemort ficou do final de CdF até EdP. Mas eu tenho bastante certeza de que ele se mudou para a Mansão Malfoy quando Lucius falhou em sua missão e foi preso. Afinal, a Mansão Malfoy era um lugar bastante "adequado" para ele comandar os comensais da morte. Mas não acho que ele estava lá durante o quinto ano, porque se estivesse, Draco teria percebido a verdade muito antes. Eu sempre aco engraçado que as pessoas esqueçam que Remo é de fato, um maroto.



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Comentários (3)

  • Rhaenys

    Não sei dizer quem é o mais injustiçado na história Sirius ou o Harry! Amei o capítulo.

    2017-05-11
  • Gi Molly Weasley

    Oiiiiii! comentando aqui finalmente hahaNão ligua muito pro que os outros falam, quando nao é crítica construtiva...Eu to amando! espero que logo venham mais capítulos e que dê tudo certo com os problemas pelos quais tais passando!Torcendo aqui, viu?Beijos! 

    2016-09-07
  • MionGinnyLuna

    AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH.MEU DEUSSS VOCÊ QUER NOS MATAR DO CORAÇÃO ESSE CPA FOI MUITO BOM!Não se preocupe, nos entendemos perfeitamente que você tem vida pessoal e não só uma de autora! Torcend muito pra tudo dar certo pra você!

    2016-08-31
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