Nicolau Flamel



CAPÍTULO TREZE


Nicolau Flamel


 


Dumbledore convencera aos gêmeos a não tornar a procurar o Espelho de


Ojesed, e durante o resto das férias de Natal a capa da invisibilidade permaneceu guardada no fundo do baú. Harry e Lilian gostariam de poder esquecer o que viram no espelho com a mesma facilidade, mas não conseguiram. Começaram a ter pesadelos.


 


Sonhava repetidamente com os pais desaparecendo em um relâmpago de luz verde enquanto uma voz esganiçada gargalhava.


 


Harry acordou pálido e suado pela quinta vez desde a visita ao espelho. Estava começando a concordar com Rony: talvez aquele espelho tivesse algum tipo de efeito negativo em quem o visitava, pois estes pesadelos estavam realmente torturando o garoto, embora ele não fosse falar com ninguém a respeito disso a não ser a irmã que geralmente tinha o mesmo pesadelo, Lily dormiu as ferias inteiras junto a ele e descobriram que estavam tendo o mesmo pesadelo, somentee hoje ela não estava lá, pois no dia seguinte os alunos que passaram as férias em casa voltariam de manhã.


 


Uma vez que o relógio de Harry marcava 2 da manhã. Lembrou-se de que Hermione chegaria pela manhã e, tendo algo com o que se alegrar, enxugou o suor do rosto e voltou para a cama.


 


— Mione!


 


— Lily!


 


As duas se encontraram nos jardins da escola. Hermione cumprimentou Harry e Lily com um abraço, mas se deteve a um aperto de mão duplamente satisfatório com Rony. Assentaram-se todos ao pé da mesma árvore de sempre para colocar as novidades em dia.


 


— Você primeiro Mione.


 


— Aaah, não é nada que vocês queiram saber. Meus pais me deram presentes, jantamos juntos e tudo o mais. Eu dei algumas coisas para eles lá do Beco Diagonal, mas não sei se eles gostaram tanto.


 


— Por quê? — perguntou Rony.


 


— Oras Rony, eram coisas de bruxos! Eles não estão acostumados com esse tipo de coisa... Mas por que vocês não me dizem o que fizeram? Encontraram Flamel?


 


— Bem, — apressou-se Lily. — Harry e eu ganhamos uma capa da invisibilidade de aniversário, e a usamos para entrar na Seção Reservada da Biblioteca.


 


— E... — Hermione perguntou ansiosa.


 


— E nada. – Harry prosseguiu. — Nem sinal, é como se o cara não existisse. Ainda tivemos um problema, quase que Filch nos pega. Fugindo dele encontramos uma sala com um enorme espelho.


 


— Espelho?


 


— É, um espelho. Ele mostrava o desejo mais profundo do coração, ou alguma baboseira do tipo. — disse Rony, como se não ligasse. — Estive lá uma vez, mas era loucura. Esses dois ficaram voltando um tempão até tomarem juízo e deixarem esse espelho de lado.


 


— Voltando? VOLTANDO? FICARAM LOUCOS?


 


— Hermione, silêncio! — pediu Ron.


 


— E se Filch pega vocês? Já pensaram o problema que ia gerar? Caramba!


 


— Está bem, Está bem, mas ele não pegou, pegou? E de qualquer forma, tínhamos a capa e não vamos mais voltar lá está bem? — disse Harry. Hermione soltou um bufo de insatisfação, obviamente não estava nada ok, mas ela deixou o assunto de lado.


 


Quase perderam as esperanças de encontrar Flamel em um livro da biblioteca, embora Harry e Lily tivessem certeza de que lera o nome em algum lugar.


 


— O que eu não entendo são esses pesadelos... — disse Lily


 


— Que pesadelos?


 


— São os pesadelos em que Lily e eu estamos tendo, onde nós sonhamos com nossos pais depois aparece uma luz verde e depois ouvimos uma rizada. — explicou Harry.


 


— Está vendo? Dumbledore tinha razão, aquele espelho podia deixar vocês maluco — disse Rony.


 


Quando o novo período letivo começou, eles voltaram a folhear os livros durante os dez minutos de intervalo entre as aulas. Harry e Lily tinham ainda menos tempo do que os outros dois, porque o treino de Quadribol recomeçara.


Olívio estava puxando pelo time como nunca fizera antes. Ele decidira colocar Lily no lugar de Alicia como titular, o que, ao contrário do que se imaginava, não deixou a antiga artilheira com raiva. Ela chegou a parabenizar Potter por ser boa o bastante para lhe tomar o lugar. Era de essencial importância que a Grifinória ganhasse da Lufa-Lufa para passar a Sonserina na Taça das Casas pela primeira vez em sete anos, então ele não parava de puxar treino atrás de treino. Até mesmo as chuvas intermináveis que substituíram as nevadas não conseguiam esmorecer a sua animação. Os Weasley reclamavam que Olívio estava se tornando fanático. Lilian não parava de xingar Olivio pelos corredores, parecia em vias de esquecer que era bruxa e avançar no pescoço dele, mas os gêmeos Potter começaram achar ótimo a carga intensiva de treinos quando descobriram que quando voltavam exausto dos treinos pela noite, tinha menos pesadelos.


 


Então, durante um treino particularmente chuvoso e enlameado, Olívio deu uma notícia ruim ao time. Acabara de se enfurecer com os Weasley, que davam mergulhos violentos um sobre o outro e fingiam cair das vassouras.


 


— Vocês querem parar de se comportar feito bobos! — berrou. — Isso é o tipo de atitude que vai fazer a gente perder o jogo! Snape vai apitar dessa vez e vai procurar qualquer desculpa para tirar pontos da Grifinória!


 


Jorge Weasley realmente caiu da vassoura ao ouvir isso.


 


— Snape vai apitar o jogo? — perguntou embolando as palavras com a boca cheia de lama. — Quando foi na vida que ele apitou um jogo de Quadribol? Ele não vai ser imparcial se tivermos chance de passar à frente de Sonserina.


 


O resto do time pousou ao lado de Jorge para reclamar também.


 


— A culpa não é minha — disse Olívio. — Nós é que vamos ter de nos cuidar e jogar uma partida limpa, para não dar a Snape desculpa para implicar conosco.


 


—  Dessa vez parece que a Lufa-Lufa vai jogar com 8 jogadores.


 


Estava tudo muito bem, pensou Harry, mas ele tinha outra razão para não querer Snape por perto quando estivesse jogando Quadribol.


 


Os outros jogadores se demoraram conversando no final do treino como sempre faziam, mas Harry e Lilian rumaram direto para a sala comunal de Grifinória, onde encontraram Rony e Hermione jogando xadrez. Xadrez era a única coisa em que Hermione perdia, uma experiência que Rony, Lily e Harry achavam que lhe fazia muito bem.


 


— Não falem comigo agora — pediu Rony quando Harry se sentou ao seu lado e Lily ao de Hermione. — Preciso me concentrar.


 


— Gente, precisamos conversar. — Lily anunciou.


 


— Agora não, estou quase... Cavalo na A3. – a peça se moveu no tabuleiro.


 


— Snape vai apitar o jogo da Lufa-Lufa. — Harry disse. Conseguiu a atenção imediatamente, os dois largaram o tabuleiro de xadrez e ergueram o olhar para os irmãos.


 


— Por quê? — perguntou Rony, buscando explicação.


 


— Não sabemos.


 


— Ele deve ter pedido. Dumbledore deve ter deixado por algum motivo.


 


— Dumbledore deixou por que é lelé! — Rony resmungou. — Maluco, completamente biruta! Snape não vai ser nem um pouco imparcial se a Grifinória tiver chances de passar a Sonserina na Taça das Casas.


 


— Nós sabemos, mas o que podemos fazer? — Ash perguntou.


 


— Não joguem — disse Hermione na mesma hora.


 


— Digam que estão doente — aconselhou Rony.


 


— Finjam que quebraram a perna  ou se machucaram nos treinos — sugeriu Hermione.


 


— Quebrem a perna de verdade — insistiu Rony.


 


— Não podemos — respondeu Harry — Não temos apanhador de reserva.


Se eu fujo, Grifinória não vai poder jogar.


 


— E se eu fujo Olívio acaba comigo.


 


As sugestões iam de mal a pior, inclusive passando por simplesmente sumir na hora do jogo ou provocar uma briga com o Malfoy para ir parar na Ala Hospitalar. Mas falando em Malfoy, graças à ele a discussão foi interrompida. Naquele momento, Neville entrou aos tombos na sala comunal. Como conseguira passar pelo buraco do retrato ninguém sabia, porque tinha as pernas grudadas pelo que eles imediatamente reconheceram ser o Feitiço da Perna Presa. Devia ter precisado andar aos pulos como um coelho até a torre da Grifinória.


 


Todo o mundo caiu na gargalhada menos Hermione, que ficou em pé de um salto e fez o contra-feitiço. As pernas de Neville se separaram e ele se endireitou, tremendo.


 


— Que aconteceu? — perguntou Hermione, levando-o para se sentar com


Harry, Lilian e Rony.


 


— Malfoy — disse Neville com a voz trêmula. — Encontrei-o na saída da biblioteca. Ele disse que estava procurando alguém em quem praticar o feitiço.


 


— Não fique assim Neville. O Draco é um merdinha. Aposto que nem sabe usar a privada. — comentou Ash.


 


— Vá procurar a Professora Minerva! — insistiu Hermione. — Dê parte dele!


 


Neville sacudiu a cabeça.


 


— Não quero mais confusão — murmurou.


 


— Você tem de enfrentá-lo, Neville! — disse Rony. — Ele está acostumado a pisar nas pessoas, mas não há razão pata você se deitar aos pés dele para facilitar.


 


— Não precisa me dizer que não sou bastante corajoso para pertencer a


Grifinória. Draco já fez isso — disse Neville engasgado.


 


Harry apalpou o bolso de suas vestes e tirou um sapo de chocolate, o último da caixa que Hermione lhe dera no Natal. Deu-o a Neville, que estava com cara de quem ia chorar.


 


— Você vale doze Dracos — disse Harry. — O Chapéu Seletor escolheu você para Grifinória, não foi? E onde está Draco? Naquela Sonserina nojenta.


 


A boca de Neville se contraiu num sorrisinho enquanto desembrulhava o


sapo.


 


— Obrigado, Harry. Acho que vou para a cama... Você quer o cartão, você coleciona, não é?


 


Quando Neville se afastou, Harry olhou para o cartão de Bruxo Famoso.


 


— Dumbledore outra vez. Ele foi o primeiro que...


 


E soltou uma exclamação. Olhou para o verso do cartão. Em seguida


olhou para Rony, Lilian e Hermione.


 


— Encontrei!— murmurou — Encontrei Flamel! Eu disse a vocês que tinha lido o nome dele em algum lugar. Li-o no trem a caminho daqui. Escutem só isso:


 


O Professor Dumbledore é particularmente famoso por ter derrotado Grindelwald, o bruxo das Trevas, em 1945, e ter descoberto os doze usos do sangue de dragão, e por desenvolver um trabalho de alquimia em parceria com Nicolau Flamel.


 


Hermione ficou em pé de um salto. Não parecia tão animada desde que eles tinham recebido as notas do primeiro dever de casa.


 


— Não saiam daqui! — disse e saiu escada acima em direção aos dormitórios das meninas. Harry, Lilian e Rony mal tiveram tempo de trocar um olhar intrigado e ela já estava correndo de volta, com um enorme livro velho nos braços.


 


— Nunca pensei em olhar aqui — falou excitada. — Tirei-o da biblioteca há semanas para me distrair um pouco.


 


— Distrair? — admirou-se Rony, mas Hermione mandou-o ficar quieto, enquanto procurava alguma coisa e começou a folhear as páginas do livro, ansiosa, resmungando para si mesma.


 


Finalmente encontrou o que procurava.


 


— Eu sabia! Eu sabia!


 


— Já podemos falar? — perguntou Rony de mau humor.


 


Hermione não lhe deu resposta.


 


— Nicolau Flamel — sussurrou ela teatralmente — é, ao que se sabe, a única pessoa que produziu a Pedra Filosofal.


 


A frase não teve bem o efeito que ela esperava.


 


— A o quê? — exclamaram Harry, Lily e Rony.


 


— Ah, francamente, vocês dois não lêem? Olhem, leiam isso aqui.


Ela empurrou o livro para os dois, que leram:


 


O antigo estudo da alquimia preocupava-se com a produção


da Pedra Filosofal, uma substancia lendária com poderes fantásticos.


A pedra pode transformar qualquer metal em ouro puro. Produz


também o Elixir da Vida, que torna quem o bebe imortal.


Falou-se muito da Pedra Filosofal durante séculos, mas


a única Pedra que existe presentemente pertence ao Sr. Nicolau


Flamel o famoso alquimista e amante da opera. O Sr. Flamel


que comemorou o seu sexcentésimo sexagésimo quinto aniversário


no ano passado, leva uma vida tranqüila em Devon, com sua


mulher, Perenelle (seiscentos e cinqüenta e oito anos).


 


— Não entendem? — Hermione comentou, para atiçar a mente de seus amigos. — É isso que estava no cofre. É isso que Snape quer!


 


— A Pedra Filosofal... Puxa, não me surpreende que Snape esteja atrás de uma coisa dessas, ouro puro e imortalidade, qualquer um iria querer, não? — perguntou Rony.


 


— Viram? — disse Hermione, quando Harry e Rony terminaram. — O cachorro deve estar guardando a Pedra Filosofal de Flamel! Aposto que ele pediu a Dumbledore que a guardasse em segurança, porque são amigos e ele sabia que alguém andava atrás dela, esse é o motivo por que Dumbledore quis transferir a pedra de Gringotes.


 


— Uma pedra que produz ouro e não deixa a gente morrer! — exclamou


Harry. — Não admira que Snape ande atrás dela! Qualquer um andaria.


 


— agora ela está embaixo das patas de Fofo. — concluiu Lily.


 


— E não admira que não conseguíssemos encontrar Flamel em Estudos aos avanços recentes em magia — disse Rony — Ele não é bem recente, se já fez seiscentos e sessenta e cinco anos, não é mesmo?


Os amigos pensaram que descobrir a verdade sobre a Pedra Filosofal fosse os animar, mas a euforia não durou mais do que uma tarde. Assim que a primeira aula de poções chegou, até mesmo Lilian que era uma amante nata da matéria começou a rezar para não ter mais aulas daquelas. Snape estava ainda pior do que de costume, de acordo com Harry, era como se ele conseguisse ler pensamentos, e soubesse que os quatro sabiam da pedra.


 


Como se não bastasse o enorme desagrado e o aumento nas injustiças, Snape e os alunos da Sonserina passaram a encurralar os jogadores da Grifinória nos corredores, tentando provoca-los a uma briga que gerasse uma detenção, ou os atacando para que se ferissem. Um dia desses, Ash, Rony e Hermione tiveram que levar Harry embora arrastado pelo corredor pois ele insistia em voltar para se vingar de um tropeção gerado por Draco Malfoy.


 


Na manhã seguinte, na sala de Defesa Contra a Magia Negra, enquanto copiavam as diferentes maneiras de tratar mordidas de lobisomem, Harry, Lily e Rony continuavam a discutir o que fariam com uma Pedra Filosofal se tivessem uma.


 


Somente quando Rony disse que compraria o próprio time de Quadribol foi que Harry e Lily se lembraram de Snape e da partida que se aproximava.


 


— Eu vou jogar — disse a Rony, Lilian e Hermione.


 


— Eu também. Se não fizermos isso, o pessoal de Sonserina vai pensar que temos medo de encarar Snape. Vamos mostrar a eles... Vamos tirar aquele sorriso da cara deles se vencermos. — disse Lily entendendo o pensamento do irmão.


 


— Desde que a gente não acabe tirando vocês da quadra — disse Hermione.


 


À medida que a partida se aproximava, porém, Harry e Lilian foram ficando cada vez mais nervosos, mesmo que negassem isso para Rony e Hermione. O resto do time também não estava tão calmo assim. A idéia de passar à frente de Sonserina no campeonato das casas era maravilhosa, ninguém fazia isso havia quase sete anos, mas será que conseguiriam, com um juiz tão parcial?


Harry não sabia se estava ou não imaginando, mas parecia estar sempre encontrando Snape por todo lugar em que ia. Às vezes, ele até se perguntava se Snape não o estava seguindo, tentando apanhá-lo sozinho. As aulas de Poções estavam se transformando numa espécie de tortura semanal. De tão ruim que Snape era com Harry. Seria possível que Snape tivesse descoberto que os meninos haviam lido sobre a Pedra Filosofal? Harry não imaginava como.


 


Harry e Lilian sabiam que, quando lhe desejassem boa sorte à porta do vestiário na tarde seguinte, Rony e Hermione estariam se perguntando se os veriam vivos outra vez. Isto não era o que se poderia chamar de consolo. Harry e Lilian mal ouviram uma palavra da conversa de Olívio para animar os jogadores enquanto vestiam os uniformes de Quadribol e apanhavam suas Nimbus 2000.


— Ok, prestem atenção aqui! — chamou Olivio, colocando um quadro na frente de todos. – Nós treinamos mais duro...


 


— Com certeza. — resmungou Fred.


 


— ... debaixo de todo o tipo de clima...


 


— Tenho uma roupa íntima enlameada pra provar isso. — retrucou Jorge.


 


— ... então VAMOS ganhar hoje, entendido?


 


Ninguém se manifestou.


 


— Ok, por que essas caras mortas?


 


— Snape está apitando. — resmungou Angelina. — Tente ser esperançoso sabendo disso.


 


— Não precisamos de um apito, vamos vencer porque somos bons.


 


No entanto ninguém se animou muito com o comentário.


 


— Vamos logo, em fila!


 


Entrementes, Rony e Hermione tinham encontrado um lugar nas arquibancadas junto a Neville, que não conseguia entender por que eles estavam tão sérios e tampouco por que haviam trazido as varinhas para o jogo. Mal sabiam Harry e Lilian que Rony e Hermione tinham andado praticando secretamente o Feitiço das Pernas Presas. Tinham tido essa idéia ao verem Draco usá-lo contra Neville e estavam preparados para usá-lo contra Snape se ele desse o menor sinal de querer machucar um dos gêmeos.


 


— Agora não esqueça, é Locomotor Mortis — cochichou Hermione enquanto Rony escondia a varinha na manga.


 


— Eu sei — Rony respondeu com maus modos. — Não chateia.


 


Mas no vestiário, Olívio puxara Harry para um lado.


 


— Não quero pressioná-lo, Potter, mas se há um dia em que precisamos agarrar o pomo logo de saída é hoje. Termine o jogo antes que Snape possa favorecer Lufa-Lufa demais.


 


— A escola inteira está lá fora! — disse Fred Weasley, espiando para fora da porta. — Até mesmo, putz, Dumbledore veio assistir!


 


O coração de Harry e Lily deram um salto.


 


— Dumbledore? — disseram, correndo até a porta para se certificar se Fred tinha razão. Não havia como confundir aquela barba prateada.


 


Harry poderia ter dado uma grande gargalhada de alívio enquando Lily deu um suspiro de alivio. Estavam seguros. Simplesmente não havia jeito de Snape ousar machucá-los se Dumbledore estivesse assistindo. Talvez fosse por isso que Snape estava com a cara tão zangada na hora em que os times entraram em campo, uma coisa em que Rony também reparou.


 


— Nunca vi Snape com uma cara tão feia — disse a Hermione.


 


— Olhe, começou. Ai!


 


Alguém cutucara Rony na cabeça. Era Draco.


 


— Ah, desculpe, Weasley, não vi você aí. — Draco deu um largo sorriso para Crabbe e Goyle. — Quanto tempo será que os Potter vão se aguentar na vassoura desta vez? Alguém quer apostar? E você, Weasley?


 


Rony não respondeu, Snape acabara de achar uma penalidade na Grifinória porque Jorge Weasley mandara um balaço nele.


 


Angelina logo tomou a goles. Em dois segundos a passou para Kátia, e em mais um segundo, Ashley a enfiava pelo aro.


 


- DEZ PONTOS PARA A GRIFINÓRIA! – anunciou Lino Jordan.


 


Hermione, que mantinha todos os dedos cruzados no colo, apertava os olhos fixos em Harry, que circulava sobre os jogadores como um falcão, à procura do pomo e em Lily que corria pelo canpo marcando mais um gol.


 


Snape contorceu a cara em uma careta. Draco ficou extremamente desconfortado em ouvir a comemoração dos três grifinos atrás de si, e decidiu começar as alfinetadas.


 


— Sabe como eu acho que eles escolhem jogadores para o time da


Grifinória? — disse Draco bem alto alguns minutos depois — Escolhem as pessoas que dão pena. Vê só, os Potter, que não tem pais, depois os Weasley, que não tem dinheiro. Você também devia estar no time, Longbottom, você não tem miolos.


 


Neville ficou muito vermelho, mas se virou para encarar Draco.


 


— Eu valho doze Dracos, Malfoy — gaguejou ele. Draco, Crabbe e Goyle rolaram de rir, mas Rony, que continuava sem coragem de despregar os olhos do jogo, disse:


 


— Isso mesmo, responda a ele, Neville.


 


— Longbottom, se miolos fossem ouro, você seria mais pobre do que Weasley e isso já é muita coisa...


— DEZ PONTOS PARA A GRIFINÓRIA! — Lino voltou a anunciar. Lilian já voava para comemorar com as artilheiras quando o apito soou.


 


— O gol foi ilegal, a artilheira estava com os pés fora do apoio da vassoura.


 


— O QUE DISSE? — berrou Kátia, olhando para os pés de Snape que flutuavam livres.


 


— Dois lances livres para a Lufa-Lufa, um pela falta e um pela audácia da Bell.


 


— Mas Snape, o gol foi legal! — adiantou-se o goleiro da Lufa-Lufa.


 


Instaurou-se uma confusão. Os próprios jogadores da Lufa-Lufa insistiam em aceitar o gol da Grifinória, e Snape não parava de exigir ordem.


 


— SILÊNCIO! — Ele berrou. — Lufa-Lufa vai cobrar as faltas do jeito CERTO a menos que queiram um jogador expulso. Grifinória saia do caminho, ou expulso um dos seus também.


 


Sem escolha, o time dos leões abriu caminho.


 


— Lufa-Lufa prepara-se para a cobrança. — anunciou Lino Jordan. — Manda uma bomba e gol! Dez pontos para a Lufa-Lufa. O placar está vinte a dez, depois do gol injustamente...


 


— Jordan... — resmungou Mc Gonagall.


 


— Ok, desculpe. Lufa-Lufa avança para mais uma cobrança. A bola voa no aro direito e... BELA DEFESA DE OLIVIO WOOD!


 


A torcida prorrompeu em aplausos, Olivio fizera uma real acrobacia para salvar aquela bola, mas valera plenamente a pena.


 


O jogo voltara, mas Harry percebeu que por melhor que o time fosse, não dava para esperar justiça de Snape. Precisava achar o pomo logo e acabar com aquilo. Viu Diggory, apanhador da Lufa-Lufa sobrevoando mais embaixo. Era só pegar o pomo antes dele. Não deveria ser tão difícil.


 


Passou a perscrutar o campo em busca do pomo com mais afinco. Um pontinho dourado e reluzente no chão, uma bolinha, qualquer coisa, qualquer... Então ele viu, e imediatamente inclinou a vassoura em direção ao solo. Harry inesperadamente dera um mergulho espetacular, que provocou exclamações e vivas da torcida. Hermione se levantou, os dedos cruzados na boca, enquanto Harry voava para o chão como uma bala.


 


— Rony, é o Harry! — disse Hermione para tirar a concentração de Rony em Draco.


 


— O que tem ele. — disse se levantando para ver um mergulho multo rapido da vassoura de Harry.


 


— Você está com sorte, Weasley, Potter com certeza localizou dinheiro no chão! — disse Draco.


 


Rony reagiu. Antes que Draco soubesse o que estava acontecendo, Rony partiu para cima dele e o derrubou no chão. Neville hesitou, depois pulou o encosto da cadeira para ajudar.


 


— Vamos, Harry! — Hermione gritou, pulando em cima da cadeira para observar Harry se precipitar na direção de Snape, ela nem sequer reparou que Draco e Rony estavam embolados em baixo de sua cadeira, nem nos pés arrastados e gritos que saiam do redemoinho de socos que era Neville, Crabbe e Goyle.


 


No alto, Snape virou na vassoura bem em tempo de ver uma coisa vermelha passar veloz por ele, deixando de atingi-lo por centímetros, e no segundo seguinte, Harry saia do mergulho, o braço erguido em triunfo, o pomo seguro na mão. As arquibancadas explodiram, tinha que ser um recorde, ninguém era capaz de lembrar do pomo ter sido agarrado tão depressa.


 


— Rony! Rony! Cadê você? A partida terminou! Harry ganhou! Nós ganhamos! Grifinória está na frente! — gritava Hermione, dançando da cadeira para o chão e dali para a cadeira e se abraçando com Parvati na fileira da frente.


 


Harry saltou da vassoura antes de chegar ao solo. Não conseguia acreditar. Agarrara. O jogo terminou, nem chegara a durar cinco minutos, Quando Lily deceu da vassoura se jogou no irmão para um abraço de comemoração. Quando Grifinória invadiu o campo, ele viu Snape pousar ali perto, a cara branca e os lábios contraídos, depois Harry sentiu uma mão no seu ombro, ergueu a cabeça e deparou como rosto sorridente de Dumbledore.


 


— Muito bem — disse Dumbledore baixinho, de modo que somente Harry e Lilian pudessem ouvir. — Que bom ver que vocês não ficaram pensando naquele espelho... Mantiveram-se ocupados... Excelente...


 


Snape cuspiu com amargura no chão. Harry e Lily restavam no vestiário, ela saindo do chuveiro feminino e secando os cabelos com uma toalha.


 


— Bom jogo, não?


 


— Se foi. Ganhamos da Lufa-Lufa e, consequentemente da Sonserina.


 


— Você ganhou Harry. — Lily comentou, assentando-se no banco enquanto Harry guardava suas coisas. — Snape não deixou a gente fazer nada direito. Foi um duro danado pra marcar três gols e olhe lá que já foi muita coisa.


 


— Nada disso, foi trabalho em equipe. Olivio é um ótimo goleiro.


 


— De fato. — ela pegou sua mochila e a Nimbus. — Vem, vamos leva-las para a garagem.


Realmente fizera agora uma coisa de que poderia se orgulhar, ninguém poderia mais dizer que ele era apenas um nome famoso. O ar da noite nunca lhe parecera mais gostoso. Caminhou pela grama úmida, revivendo mentalmente a última hora, que era um borrão de felicidade: Grifinória correndo para erguê-lo nos ombros, Rony e Hermione a distância, pulando de alegria, Rony dando vivas como nariz escorrendo sangue.


 


Harry e Lilian chegaram à garagem. Recostou-se na porta de madeira e contemplaram Hogwarts, com suas janelas avermelhadas pelo sol poente. Grifinória na liderança. Eles conseguiram, mostrara a Snape... E por falar em Snape...


 


Uma figura encapuzada descia rapidamente os degraus de entrada do castelo. Sem dúvida não queria ser vista, andava o mais depressa que podia em direção à floresta proibida. A vitória de Harry se apagou de sua mente enquanto o observava. Reconheceu o andar predador da figura. Snape, escapulindo até a floresta enquanto todos jantavam, que estava acontecendo?


 


Os irmãos trocaram um olhar determinado e levantaram voo.


 


Planando silenciosamente sobre o castelo, viram Snape entrar na floresta correndo. Seguiram-no.


 


As árvores eram tão juntas que ele não conseguia ver aonde fora Snape.


Voaram em círculos cada vez mais baixos, roçando a copa das árvores até que ouviram vozes. Planaram em direção a elas e pousaram, sem ruído, em uma alta bétula.


 


Subiram com cuidado em um dos ramos, segurando-se firme na vassoura,


tentando espiar por entre as folhas.


 


Embaixo, na clareira sombria, estava Snape, mas não estava sozinho.


Quirrell estava com ele. Harry não conseguiu distinguir a expressão no seu rosto, mas a gagueira estava pior que nunca.


 


Harry e Lily apuraram o ouvido para entender o que conversavam.


 


— ... Não sei por que você quis se encontrar logo aqui, Severo...


 


— Ah, quis manter o encontro sigiloso — disse Snape, a voz gélida. — Afinal os alunos não devem saber sobre a Pedra Filosofal.


 


Harry e Lilian trocaram olhares significantes e se curvaram para frente. Quirrell balbuciou alguma coisa. Snape interrompeu-o.


 


— Você já descobriu como passar por aquela fera do Hagrid?


 


— M... M... Mas, Severo, eu...


 


— Você não quer que eu seja seu inimigo, Quirrell — ameaçou Snape, dando um passo em direção a ele.


 


— N... N... Não seio que você...


 


— Você sabe perfeitamente o que quero dizer.


 


Uma coruja piou alto e Harry quase caiu da árvore. Firmou-se em tempo de ouvir Snape dizer:


 


— ... As suas mágicas de araque. Estou esperando.


 


— M... Mas eu n... N... Não...


 


— Muito bem — interrompeu-o Snape. — Vamos ter outra conversinha em breve, quando você tiver tido tempo de pensar nas coisas e decidir com quem está a sua lealdade.


 


E jogando a capa por cima da cabeça saiu da clareira. Estava quase escuro agora, mas Harry pôde discernir Quirrell, parado muito quieto como se estivesse petrificado.


 


— Harry, Lily, onde é que vocês esteveram? — perguntou Hermione com a voz esganiçada.


 


— Vencemos! Vocês venceram! Nós vencemos! — gritou Rony, dando palmadas nas costas de Harry e de Lily — E deixei o olho de Draco roxo e Neville tentou enfrentar Crabbe e Goyle sozinho! Ainda está desacordado, mas Madame Pomfrey diz que ele vai ficar bom.


 


— Isso é que é mostrar a Sonserina! Todos estão esperando vocês na sala comunal, estamos dando uma festa, Fred e Jorge roubaram uns bolos e outras coisinhas nas cozinhas.


 


— Deixem isso para lá agora — disse Harry, sem fôlego. — Vamos procurar uma sala vazia, esperem ate ouvirem isso...


 


Ele verificou se Pirraça não estava na sala antes de fechar a porta, depois contou aos amigos o que vira e ouvira.


 


— Então tínhamos razão, é a Pedra Filosofal e Snape está tentando obrigar Quirrell a ajudá-lo a roubar. Ele perguntou se o outro sabia como passar por Fofo, e falou alguma coisa sobre as magiquinhas de Quirrell. Imagino que haja outras coisas protegendo a pedra além de Fofo, uma porção de feitiços, provavelmente, e Quirrell deve ter feito algum contra-feitiço de que Snape precisa para entrar...


 


— Você quer dizer que a Pedra só está segura enquanto Quirrell resistir a


Snape? — perguntou Hermione alarmada.


 


— Exatamente — disse Lily.


 


— Terça-feira ela terá desaparecido — disse Rony.

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