O Dia das Bruxas



CAPÍTULO DEZ


O Dia das Bruxas


 


Draco não consegui acreditar em seus olhos quando viu que Harry, Lilian e Rony continuavam em Hogwarts no dia seguinte, parecendo cansados, mas absolutamente felizes. De fato, na manhã seguinte Harry, Lilian e Rony começaram a achar que o encontro com o cachorro de três cabeças fora uma excelente aventura e estavam prontos para outra. Entrementes os gêmeos contaram a Rony sobre o pacotinho que parecia ter sido levado de Gringotes para Hogwarts, e passaram muito tempo pensando no que poderia precisar de tanta proteção.


 


— Ou é uma coisa realmente valiosa ou realmente perigosa — falou Rony.


 


— Ou as duas — acrescentou Lily.


 


Mas como só o que sabiam com certeza sobre o misterioso objeto era que media uns cinco centímetros de comprimento, não tinham muita possibilidade de adivinhar o seu conteúdo sem outras pistas.


 


Nem Neville nem Hermione mostraram o menor interesse pelo que estava sob os pés do cachorro e do alçapão. Neville só estava interessado em quando iria chegar perto do cachorro outra vez.


 


Hermione agora se recusava a falar com Harry, Lilian e Rony, mas era uma menina tão mandona e metida a saber de tudo que eles encararam sua atitude como um prêmio. Agora só o que realmente queriam era descobrir um jeito de se vingar do Draco, e para sua grande satisfação, a oportunidade chegou pelo correio mais ou menos uma semana depois.


 


Quando as corujas invadiram o salão como de costume, a atenção de todos foi atraída por dois longos pacotes carregado por doze corujonas. Harry sentiu tanta curiosidade quanto os outros para ver o que havia no pacote e se surpreendeu quando as corujas desceram planando e o largaram bem diante dele e Lilian, derrubando o seu bacon no chão. Mal tinham se afastado quando outra coruja deixou cair uma carta em cima dos pacotes.


 


Harry ia abrir o pacote quando foi interronpido por Lilian.


 


— Não acha melhor ler a carta? — e abriu a carta primeiro, o que foi uma sorte, porque ela dizia:


 


“NÃO ABRA OS PACOTES À MESA. Eles contem as suas novsa Nimbus 2000, mas não quero que todo o mundo saiba que vocês ganharam uma vassoura ou todos vão querer uma. Olívio Wood vai esperá-los hoje à noite às sete horas no campo de Quadribol para a primeira sessão de treinamento. Professora Minerva McGonagall”.


 


Lilian passou para Harry que teve dificuldade em esconder a alegria quando passou o bilhete para Rony ler.


— Uma Nimbus 2000! — Rony gemeu de inveja. — Eu nunca nem pus a mão em uma.


 


Os três saíram depressa do salão, querendo desembrulhar as vassouras sozinhos antes da primeira aula, mas no meio do saguão de entrada encontraram o caminho barrado por Crabbe e Goyle.


 


Draco tirou o pacote de Harry e apalpou-o.


 


— É uma vassoura — falou, atirando-o de volta a Harry com uma expressão de inveja e despeito no rosto. — Vocês vão se ferrar desta vez, Potters, alunos do primeiro ano não podem ter vassouras.


 


Rony não conseguiu resistir.


 


— Não são umas vassouras velhas quaisquer, são Nimbus 2000. Que foi que você disse que tem em casa, Draco, uma Comet 260? — Rony riu para Harry e Lilian — A Comet enche os olhos, mas não tem a mesma classe da Nimbus.


 


— Que é que você entende disso Weasley? Você não poderia comprar nem a metade do cabo. Vai ver você e seus irmãos têm que economizar para comprar palha por palha.


 


Antes que Rony pudesse responder, o professor Flitwick apareceu ao lado de Draco.


 


— Não estão brigando, meninos, espero — falou com voz esganiçada.


 


— Os gêmeos Potters receberam vassouras, professor — disse Draco, depressa.


 


— Eu sei — respondeu o professor Flitwick, abrindo um grande sorriso para Harry e Lilian. – A Professora Minerva me falou das circunstâncias especiais deles. E qual é o modelo?


 


— Nimbus 2000, professor — informou Harry, lutando para não rir da expressão horrorizada no rosto de Draco.


 


— E, para falar a verdade, foi graças ao Draco aqui que ganhamos as vassouras — acrescentou Lilian fazendo força para não rir.


 


Harry, Lilian e Rony subiram as escadas sufocando o riso diante da raiva e confusões visíveis de Draco.


 


— É verdade — disse Harry, caindo na gargalhada, quando chegaram ao alto da escadaria de mármore. — Se ele não tivesse roubado o Lembrol do Neville nós dois não estariamos no time.


 


— Vamos agradecelo estraçalhando eles nos jogos. — disse Lily rindo.


 


— Então suponho que vocês achem que ganharam um prêmio por desobedecer ao regulamento? — Ouviu-se uma voz zangada logo atrás deles. Hermione subia com passos decididos a escadaria, olhando com desaprovação para os pacotes nas mãos de Harry e Lilian.


 


— Pensei que você não estava falando com a gente — comentou Harry.


 


— E, continue a não falar — falou Rony — está fazendo tanto bem a gente.


 


Hermione se afastou com o nariz empinado, mas Llilian percebeu que ela tinha lagrimas nos olhos e então ela percebeu que atrás de uma sabe tudo tinha uma pessoa que só queria fazer amigos e estava sosinha, era como ela agia na escola quando Harry não estava perto, tentaria falar com ela quando tivesse chance.


 


Harry e Lilian teveram muita dificuldade em se concentrar nas aulas daquele dia. Seus pensamentos não paravam de vagar até o dormitório onde guardaram as vassouras debaixo da cama de Harry, ou de se desviarem para o campo de Quadribol onde iria aprender a jogar. Jantou depressa à noite, sem ao menos reparar no que estavam comendo e, em seguida, correram até o quarto com Rony para finalmente desembrulhar as Nimbus 2000.


 


— Uau! — suspirou Rony, quando as vassouras apareceram na cama de Harry.


 


Até Harry e Lilian, que não entendiam nada de vassouras e suas diferenças, acharam que a Nimhus tinha uma aparência fantástica.


 


Aerodinâmica e reluzente com um cabo de mogno, a vassoura tinha uma longa cauda de palhas limpas e retas e a marca Nimbus 2000 escrita a ouro próximo ao punho.


 


Quando eram quase sete horas, Harry e Lilian sairam do castelo e se dirigiram ao campo de Quadribol no lusco-fusco. Nunca estivera no estádio antes. Havia centenas de lugares em uma arquibancada em volta do campo de modo que os espectadores viam o que acontecia do alto. Em cada ponta do campo havia três balizas douradas com aros no topo lembraram aos gêmeosos canudinhos de plástico que as crianças trouxas usavam para soprar bolinhas de sabão, só que tinham mais de 15 metros de altura.


 


Ansiosos demais para esperar Olívio sem voar, Harry teve uma ideia de brincar de pega-paga no ar. Montaram em suas vassouras e deram um impulso. Que sensação, eles mergulharam pelas balizas, subiram e desceram pelo campo perseguindo um ao outro. A Nimbus 2000 ia aonde eles queriam ao menor toque.


 


— Ei, gêmeos, desçam, aqui!


 


Olívio Wood chegara. Carregava uma grande caixa de madeira debaixo do braço. Harry e Lilian pousaram ao lado dele.


 


— Muito bom — comentou Olivio, os olhos brilhando. — Estou vendo o que foi que Minerva quis dizer... Vocês realmente têm talentos naturais. Hoje à noite só vou lhes ensinar as regras do jogo, depois você vem aos treinos do time três vezes por semana.


 


Ele abriu a caixa. Dentro havia quatro bolas de tamanhos diferentes.


 


— Certo — disse Olívio. — O Quadribol é muito fácil de entender, vamos começar do básico de um jogo de quadribol. Jogam sete jogadores de cada lado montados em vassouras, mais o juíz, que aqui na escola é a Madme Hooch. Ela é a juíza mais íntegra e honesta que já conheci. Totalizam então quinze pessoas montadas em vassouras no ar. O objetivo do jogo é somar mais pontos que a equipe adversária até que a partida termine. Entendido até aqui?


 


Os gêmeos assentiram.


 


— Ótimo. Vou falar agora das bolas, jogadores e pontuação. Não é tanta coisa de uma vez, está tudo interligado. Mesmo que não seja fácil de jogar. Tem sete jogadores de cada lado. Três deles são artilheiros.


 


Ele tirou a bola muito vermelha da maleta do tamanho aproximado de uma bola de futebol.


 


— Esta bola se chama goles, e é a sua responsabilidade Lily... Posso chama-lá assim? — ela acentiu com a cabeça e Olívio continuou — Tem trinta centímetros e meio de diâmetro, é feita de couro e possui um feitiço autocolante que permite aos jogadores fazerem isso. - Ele colocou a palma da mão na bola e a ergueu. A bola foi junto, como se estivesse realmente colada à mão dele. - Mas com certa força, e acredite que alguns jogadores são bem brutos, o feitiço perde o efeito na mão do jogador. Por isso um artilheiro deve saber fazer uma boa cara de mau, ele precisa afugentar os outros artilheiros e o goleiro para garantir que ninguém vai derrubar a bola de si. Isso nunca dá certo, mas pode ao menos deixá-los meio inseguros.— explicou Olívio. — Os artilheiros atiram a goles um para o outro e tentam metê-la em um dos aros para marcar um gol. Dez pontos todas as vezes que a goles passa por um dos arcos. Estão me acompanhando?


 


Eles assentiram mais uma vez.


 


— No nosso time os artilheiros, ou melhor, as artilheiras, são Angelina Jonhson, Alícia Spinnet e Katie Bell. Alícia está doente, você é a substituta. Se for melhor que ela pode ficar pra valer.


 


— Olívio, não vou ficar no lugar que alguem já esta, ficarei como substituta como artilheira.


 


— Gostei do jeito que pensa, mas Alícia só poderá jogar depois de que acabe o repouso quando voltar do hospital e não sabemos quando, então você está no lugar dela. Teste um pouco a goles.


 


Ele jogou a bola para a garota que teve que admitir que era um pouco mais pesada do que ela imaginava, pesava como uma bola de basquete. O feitiço autocolante era um tanto quanto forte e ela percebeu que teria que usar força para tacar a goles no gol ou para passá-la a outro artilheiro. E já pensou em quanta força bruta seria necessária para quebrar um feitiço desses e as trombadas que não ia levar por causa disso.


 


- Legal. Fui com a cara dessa bola. - comentou Lily examiando a bola.


 


- Isso é ótimo, ela é nossa responsabilidade. Antigamente era feita de couro costurado e possuía alças e buracos para segurar, além de ser marrom. Geralmente ela sumia no meio do chão lamacento por causa da cor, então pintaram de vermelho. As alças e os buracos eram meio difíceis de se usar para segurar então surgiu o feitiço, ela é a única bola do jogo que não foi enfeitiçada desde o início. E as costuras desapareceram pois algumas vezes as bolas arrebentavam devido a altos impactos. Acho que é só sobre essa.


 


- Você disse que ela é nossa responsabilidade, mas você não é artilheiro.


 


- Não, eu sou goleiro, o que nos leva ao próximo tópico. Cada time tem um goleiro que voa em volta das balizas para protegê-las. Balizas são os postes, sabe? Então, minha função é voar em torno delas para impedir que o outro time marque um gol. Certo?


 


- Certo. - eles responderam.


 


- Próximos. - ele mexeu na saca e tirou três bastões que lembravam tacos de beisebol. Lily tinha se abraçado à goles com tanto amor que já parecia conhecer o esporte desde sempre. - Tomem cuidados e fiquem atentos. - ele distribuiu os tacos e soltou a correia de uma das bolas metálicas. A bola saiu voando por vontade própria para longe e depois veio voltando na direção dos três. Harry ficou sem saber o que fazer e deu uma bastonada na bola, como em beisebol. A bola voou na direção oposta, e quando voltou, Olívio usou a maleta como escudo fazendo a bola voltar exatamente para o seu lugar e a acorrentou de novo.


 


— Estão vendo? — Olívio ofegou, forçando o balaço indócil de volta à caixa e passando a correia para prendê-lo. — Essas bolas se chamam balaços voam pelo ar tentando derrubar os jogadores das vassouras. Atualmente, eles são feitos de ferro e têm vinte e cinco centímetros de diâmetro. Os balaços são enfeitiçados para perseguir os jogadores sem discriminá-los. Se for permitido que ajam livremente, eles atacarão o jogador mais próximo. Basicamente, servem para derrubar quantos jogadores puderem de suas vassouras. E por isso que tem dois batedores em cada time. Os gêmeos Weasley são os nossos. A função deles é proteger o time dos balaços e tentar rebatê-los para o outro time.  Mas não se preocupem  esses gêmeos são uma parada total para os balaços quase ninguém foi atingido desde que eles chegaram. São realmente grandes batedores.


 


- Espero que sejam mesmo. Sou jovem demais para morrer, nem tive namorado ainda. - comentou Lily.


 


- Não se preocupem. Eles são guarda-costas para o time todo. Os primeiros balaços eram pedras voadoras, mas elas se quebravam quando eram atingidas e os jogadores ficavam sendo perseguidos por fragmentos pelo resto da partida. Foram trocados então por bolas de chumbo, mas o chumbo se amassava quando atingido e a bola perdia o equilíbrio e a capacidade de voar em linha reta. Então chegamos aos balaços de hoje. Alguma dúvida?


 


— Hum... Os balaços já mataram alguém? — perguntou Harry, esperando parecer displicente.


 


— Nunca em Hogwarts. Já tivemos uns queixos quebrados, mas nada mais serio. Agora, o último membro da equipe é o apanhador: você. E você não tem que se preocupar com a goles nem com os balaços. Então chegamos à ultima bola. O pomo de ouro. — Olívio abriu duas portinhas na tampa da maleta, que eram o brasão de Hogwarts e tirou uma bolinha minúscula, do tamanho de uma noz de lá. — Assim que a colocou na mão, ela abriu as asas de ouro, as bateu e ficou pairando no ar. — Ela é extremamente veloz e quase impossível de se ver. A sua função, Harry, é pegá-la. Ela é solta entre os jogadores e a partida não termina até que o apanhador, que é você, a pegue. Quando isso acontece, a equipe ganha 150 pontos e acaba a partida, o que quase garante a vitória, a menos que a diferença de pontos seja maior. A partida de quadribol com maior duração foi de três meses e tiveram que achar substitutos para que os jogadores dormissem um pouco.


Harry pegou a bolinha um pouco na mão e ficou olhando. Gostou dela.


 


- E é isso, acho que está tudo esclarecido agora. Vamos praticar um pouco... - ele brandiu a varinha em direção à saca que ficou em pé e foi pulando para o campo. - Não podemos usar o pomo, pois está muito escuro e poderíamos perdê-lo. Harry, a saca vai jogar bolas de... golfe, acho que é esse o nome, em você e eu quero que conte quantas consegue pegar. Lily vem comigo e traga a goles. Quero que faça gols em mim... Se puder. - ele deu um sorriso convencido e eles foram para o campo.


 


Harry subiu no ar e assim que se virou para a saca viu um ponto branco voando em sua direção. Foi fácil pegá-la. Harry a soltou e ela caiu no chão, para que assim ele pudesse pegar as outras duas que vinham. E ele foi contando quantas conseguia pegar.


 


Olívio se posicionou na frente dos aros da direita. Lily voou um pouco segurando a goles para ver como se adaptava melhor, e percebeu que era melhor segurar a vassoura com a mão esquerda e colocar a bola presa debaixo do braço direito. Então ela começou a lançar.


 


Olívio pegou muitas, mas tinha que admitir, dera trabalho. Todas as bolas que ele pegara foram dificílimas e a garota simplesmente tinha um pendor para a coisa.


 


 


Mas se Lily era boa, Harry era perfeito. Ele pegou todas as bolas de golfe, e era possível vê-lo voar de um lado para o outro no campo com uma proeza incrível.


 


A noite chegou e eles não puderam continuar. No final todos estavam cansados e suados. Caminhavam pelo campo em direção aos vestiários para tomar uma ducha.


 


— Aquela taça de Quadribol terá o nosso nome este ano — disse Olívio feliz quando voltavam cansados ao castelo. — Eu não me espantaria se você Harry se saísse melhor que Carlinhos, e ele poderia ter jogado na seleção da Inglaterra se não tivesse ido embora caçar dragões. E você Lily é tão boa quanto Alícia ou talvez melhor!


 


— Não esqueça Olívio não vou passa por cima da ninguém, quando Alícia puder jogar serei a substituda.


 


Talvez fosse porque agora andavam muito ocupados com os treinos de Quadribol três noites por semana além dos deveres de casa, mas Harry ou Lilian acreditaram quando se deram conta de que já estavam em Hogwarts havia dois meses.


 


O castelo parecia mais a casa deles do que a casa da tia na Rua dos Alfeneiros. As aulas, também, estavam se tornando cada dia mais interessantes, agora que dominara os conhecimentos básicos.


 


Na manhã do Dia das Bruxas eles acordaram com um delicioso cheiro de abóbora assada que se espalhava pelos corredores. E, o que era ainda melhor,  Professor Flitwick anunciou na aula de Feitiços que, em sua opinião, os alunos estavam prontos para começar a fazer objetos voarem, uma coisa que andavam morrendo de vontade de experimentar desde que viram o professor fazer o sapo de Neville sair voando pela sala. O Professor Flitwick dividiu a turma em pares para praticar O parceiro de Harry foi Lily (um alívio, porque Neville tinha tentado atrair sua atenção). Mas Rony teria que trabalhar com Hermione Granger. Era difícil dizer se era Rony ou Hermione que estava mais aborrecido com isso. Ela não falava com nenhum dos dois desde o dia em que a vassoura de Harry chegara.


 


— Agora, não se esqueçam daquele movimento com o pulso que praticamos! — falou esganiçado o Professor Flitwick, como sempre empoleirado no alto da pilha de livros. — Gira e sacode, lembrem-se, gira e sacode. E digam as palavras mágicas corretamente, é muito importante, também, lembrem-se do bruxo Barrufo, que disse "s" em vez de "f" e quando viu estava no chão com um búfalo em cima do peito.


 


Era muito difícil. Harry e Lily giraram e sacudiram o pulso, mas a pena que deviam mandar para o alto continuava parada em cima da mesa. Simas que estava do lado dos gêmeos ficou tão impaciente que a empurrou com a varinha e tocou fogo nela. Harry teve que apagar o fogo com o chapéu.


 


Rony na mesa ao lado, não estava tendo muita sorte.


 


-Vingardium lenviosa — ordenou, sacudindo os braços compridos como pás de moinho.


 


— Você está dizendo o feitiço errado — Harry ouviu Hermione corrigir aborrecida. — É ving-gar-dium levi-o-sa é bem pronunciado e longo.


 


— Diz você então, que é tão sabichona — retrucou Rony. Hermione enrolou as mangas das vestes, bateu a varinha e disse:


 


— Vingardium leviosa.


 


A pena se ergueu da mesa e pairou a mais de um metro acima da cabeça deles.


 


— Ah, muito bem! — exclamou o professor Flitwich, batendo palmas. — Pessoal, olhe aqui, a Hermione Granger conseguiu!


 


No final só Hermione tinha conseguido realizar o feitiço completamente, Lilian e Harry conseguiram levitar um pouco as penas e Rony que estava de muito mau humor na altura em que a aula terminou por não conseguir.


 


— Não admira que ninguém suporte ela — disse a Harry quando procuravam chegar ao corredor. — Francamente, ela é um pesadelo.


 


Alguém deu um esbarrão em Harry e Lilian ao passar. Era Hermione. Harry viu seu rosto de relance e ficou assustado ao ver que ela estava chorando.


 


— Acho que ela ouviu o que você disse.


 


— E dai! — mas pareceu meio sem graça. — Ela já deve ter reparado que não tem amigos.


 


— Caramba Rony você não tem nenhuma sensibilidade. — faltou Lily. — Ela estava chorando.


 


Hermione não apareceu na aula seguinte e ninguém a viu a tarde inteira. Ao descerem ao salão principal para a festa das bruxas, Harry, Lily e Rony ouviram Parvati contar à amiga Lilá que Hermione estava chorando no banheiro das meninas e queria que a deixassem em paz. Rony ficou ainda mais sem graça ao ouvir isso, mas no momento seguinte entraram no salão principal, onde as decorações do Dia das Bruxas tiraram Hermione de suas cabeças.


 


Mil morcegos vivos esvoaçavam nas paredes e no teto e outros mil mergulhavam sobre as mesas em nuvens negras e baixas, fazendo dançarem as velas dentro das abóboras. A comida apareceu de repente nos pratos de ouro, como acontecera no banquete de abertura das aulas. Harry estava se servindo de uma batata assada em casca e Lily de um pedaço de frango assado quando o Professor Quirrell entrou correndo no salão, o turbante torto na cabeça e o terror estampado no rosto. Todos olharam quando ele se aproximou da cadeira de Dumbledore, escorou-se na mesa e ofegou.


 


— Trasgo.. Nas masmorras... Achei que devia lhe dizer. — Em seguida desabou no chão desmaiado. Houve um alvoroço. Foi preciso explodirem várias bombinhas da ponta da varinha do Professor Dumbledore para as pessoas fazerem silêncio.


 


— Monitores — disse ele com voz grave e retumbante —, levem os alunos de suas casas de volta aos dormitórios, imediatamente!


 


Era com Percy mesmo.


 


— Me acompanhem! Fiquem juntos, alunos do primeiro ano! Não precisam ter medo do trasgo se seguirem as minhas ordens! Agora fiquem bem atrás de mim. Abram caminho para os alunos do primeiro ano passarem! Com licença, sou o monitor!


 


— Como é que um trasgo pode entrar? — perguntou Harry enquanto subiam a escadaria.


 


— Não me pergunte, dizem que eles são bem burros — respondeu Rony


 


— Vai ver o Pirraça deixou ele entrar para pregar uma peça no Dia das Bruxas.


 


Eles passaram por diferentes grupos de pessoas que se apressavam em diferentes direções. Enquanto lutavam para passar por um bolinho de alunos de


Lufa-Lufa, Lilian parou de repente.


 


— Ah, não. — olhou para Harry que entendeu rapidamente o que queria dizer.


 


— Hermione!


 


— O que tem ela?


 


— Ela não sabe que tem um trasgo aqui. — disse Lilian.


 


Rony mordeu o lábio.


 


— Ah, está bem — falou ríspido. — Mas é melhor Percy não ver a gente.


 


Abaixando-se, eles se misturaram aos alunos da Lufa-Lufa que iam à direção contrária, escapuliram por um lado deserto do corredor e correram para os banheiros das meninas. Tinham acabado de virar um canto quando ouviram passos apressados atrás deles.


 


— Percy! — sibilou Rony, puxando Harry para trás de um enorme grifo de pedra.


 


Espiando para os lados, no entanto, viram não Percy, mas Snape. Ele atravessou o corredor e desapareceu de vista.


 


— Que é que ele está fazendo? — cochichou Harry, — Por que não está lá embaixo com os outros professores?


 


— Não me pergunte. — Disse Rony


 


— Coisa boa não deve ser. — falou Lilian encarando o corredor.


 


O mais silenciosamente possível, eles se esgueiraram pelo próximo corredor nas pegadas de Snape.


 


— Ele está indo para o terceiro andar — disse Harry, mas Rony levantou a mão.


 


— Vocês estão sentindo um cheiro?


 


— Haaa que horror! Que cheiro é esse? — falou Lilian prendendo a respiração.


 


Harry fungou e um fedor horrível invadiu suas narinas, uma mistura de meias velhas e banheiro público que parece que nunca é limpo. E em seguida ouviram um grunhido baixo e passadas de pés gigantescos. Rony apontou no fim do corredor, à esquerda, alguma coisa enorme estava vindo em sentido contrário. Eles se encolheram no escuro e procuraram ver o que era quando a coisa passou por um trecho iluminado pelo luar. Era uma visão medonha. Quase quatro metros de altura, a pele cinzenta e baça, o corpanzil cheio de calombos como um pedregulho e uma cabecinha no alto, que mais parecia um coco. Tinha pernas curtas, grossas como um tronco de árvore e pés chatos e calosos. Segurava um enorme bastão de madeira, que arrastava pelo chão, porque seus braços eram compridíssimos. O trasgo parou próximo a uma porta e espiou para dentro. Abanou as longas orelhas, tentando fazer a cabeça minúscula pensar, depois entrou devagar na sala.


 


— Por favor me falem que não é o trasgo. — murmurou Lilian para os outros.


 


— Se eu não o visse poderia falar. — disse Rony em pânico.


 


— A chave está na porta — murmurou Harry — Podíamos trancá-lo lá dentro.


 


— Boa idéia — concordou Rony, nervoso.


 


Eles se esgueiraram até a porta aberta, as bocas secas, rezando para o trasgo não resolver sair naquele instante. Com um grande salto, Harry conseguiu agarrar a chave, bater a porta e trancá-la seguramente.


 


— Pronto!


 


Afogueados com a vitória, começaram a correr de volta pelo corredor, mas ao chegarem num canto ouviram uma coisa que fez seus corações pararem, um grito alto e enregelante, e vinha da sala que tinham acabado de trancar.


 


— Ah, não — exclamou Rony, pálido como o barão Sangrento.


 


— Lily por favor me diz que esse não é o banheiro feminino.


 


— Eu ainda não decorei todos os lugares, mas acho que é.


 


— Hermione!— disseram os três juntos.


 


Era a última coisa que queriam fazer, mas que escolha tinham? Dando meia-volta, correram até a porta e giraram a chave, atrapalhados de tanto pânico. Harry escancarou aporta e entraram correndo. Hermione estava encolhida contra a parede oposta, parecendo prestes a desmaiar. O trasgo avançava para ela, derrubando as pias que estavam na parede em seu caminho.


 


— Distraiam ele!— Lilian pediu desesperada a Harry e Rony, e, agarrando umas


torneiras, atiraram-a com toda a força contra a parede.


 


O trasgo parou a um metro de Hermione. Virou-se com lentidão, piscando sem entender, procurou ver que barulho era aquele. Seus olhinhos malvados viram Lilian. Ele hesitou, em seguida partiu para cima de Lilian, erguendo o bastão.


 


— Oi cabeça de ervilha! — berrou Rony do outro lado do banheiro, e atirou contra ele um cano de metal. O trasgo nem pareceu sentir o cano bater no seu ombro, mas ouviu o berro e parou outra vez, virando o focinho feio para Rony, e dando a Lilian tempo para correr em volta dele.


 


— Vê se não toca na minha irmã seu retardado!  — gritou Harry atirando uma lasca da parede em um dos olhos.


 


— Vamos, corra, corra! — Lilian gritou para Hermione, tentando puxá-la na direção da porta, mas ela não conseguia se mexer continuava achatada contra


a parede, a boca aberta de terror.


 


Os gritos e os ecos pareciam estar deixando o trasgo enlouquecido. Ele rugiu de novo e avançou para Rony e Harry que estavam mais perto e não tinha jeito de escapar.


 


Harry então fez uma coisa que era ao mesmo tempo muito corajosa e muito idiota tomou impulso e deu um salto conseguindo abraçar o pescoço do trasgo pelas costas. O trasgo não sentiu Harry pendurar-se ali, mas até um trasgo percebe quando se espeta um pedaço comprido de pau dentro da narina, e a varinha de Harry ainda estava na mão quando ele saltou e entrou direto na narina do trasgo.


 


— HARRY SEU RERTARDADO! — gritou a irmã ainda tentando tirar Hermione de baixo da pia.


 


Urrando de dor, o trasgo se virou e brandiu o bastão, enquanto Harry continuava agarrado nele tentando escapar da morte, a qualquer instante, o trasgo


ia arrancá-lo do pescoço ou dar-lhe uma tremenda porretada. Hermione afundara no chão de tanto medo Lilian tentava tirá-la de la, Rony puxou a própria varinha sem saber o que ia fazer, ouviu-se gritando o primeiro feitiço que e veio a cabeça: Vingardium leviosa!


 


Na mesma hora o bastão voou da mão do trasgo, ergueu-se no ar, foi subindo, subindo, virou-se lentamente e caiu, com um barulho feio, na cabeça do seu dono. O trasgo cambaleou e, em seguida, caiu de cara no chão, com um baque que fez o banheiro todo sacudir. Harry se levantou. Tremia sem fôlego. Rony continuava parado com a varinha no ar, espantado como que fizera. Foi Hermione quem falou primeiro.


 


— Ele está... Morto?


 


— Acho que não — respondeu Harry. — Acho que só perdeu os sentidos.


 


Ele se abaixou e puxou a varinha da narina do trasgo. Estava suja de uma coisa que parecia uma cola grumosa.


 


— Eca... Meleca de trasgo.


 


E limpou a varinha nas calças do trasgo.


 


— Harry como você faz uma coisa dessas, poderia ter morrido! — brigou Lilian indo até o irmão e começou a dar tapas nele. — Eu não quero perder você também.


 


— E não vai não se preocupa. Mas pode parar de me bater. — desse abraçando-a.


 


Nesse istante ouviu-se o barulho de portas batendo e passos pesados fizeram os quatro erguerem a cabeça. Não haviam percebido a confusão que tinham aprontado, mas com certeza alguém lá embaixo ouvira a pancadaria e os urros do trasgo. Um instante depois a Professora Minerva adentrou o banheiro, seguida de perto por Filch e Quirrell, que fechava a fila. Quirrell deu uma espiada no trasgo, soltou um gemidinho e sentou-se depressa em um vaso sanitário, apertando o peito. Filch debruçou-se sobre o trasgo. A Professora Minerva ficou olhando para Rony, Lilian e Harry. Harry nunca a vira tão zangada. Seus lábios estavam brancos. A esperança de ganhar cinqüenta pontos para Grifinória desapareceu logo da cabeça dos gêmeos.


 


— O que é que vocês estavam pensando? — perguntou a Professora Minerva, com uma fúria reprimida na voz, Harry olhou para Rony, que continuava


parado com a varinha no ar e Lilian que ainda não soltara seu braço  — Vocês tiveram sorte de não serem mortos. Por que é que não estão no dormitório?


 


Filch lançou a Harry um olhar rápido e penetrante. Harry olhou para o chão. Desejou que Rony baixasse a varinha. Então se ouviu uma vozinha que veio das sombras.


 


— Por favor, Professora, Minerva, eles vieram me procurar.


 


— Senhorita Granger!


 


Hermione conseguira finalmente se levantar.


 


— Sai procurando o trasgo porque achei que podia enfrentá-lo sozinha. Sabe, já li tudo sobre trasgos.


 


Rony deixou a varinha cair. Hermione Granger, contando uma mentira deslavada a um professor?


 


— Se eles não tivessem me encontrado eu estaria morta agora.


 


— Enquanto Lilian tentava me tirar do banheiro para me proteger Harry enfiou a varinha na narina do trasgo e Rony derrubou ele com o próprio bastão. Não tiveram tempo de chamar ninguém. O trasgo ia acabar comigo quando eles chegaram.


 


Harry, Lilian e Rony tentaram fingir que a história não era novidade para eles.


 


— Bem... Nesse caso... — disse a Professora Minerva encarando os quatro —, senhorita Granger, que bobagem, como pôde pensar em enfrentar um


trasgo montanhês sozinha?


 


Hermione baixou a cabeça. Lilian perdera a fala. Hermione era a última pessoa do mundo que desobedeceria ao regulamento e ali estava fingindo que


desobedecera, para tirá-los de uma enrascada. Era o mesmo que o Snape começar a distribuir balinhas.


 


— Hermione Granger, Grifinória vai perder cinco pontos por isso — disse a Professora Minerva. — Estou muito desapontada. Se não estiver machucada é


melhor ir embora para a torre de Grifinória. Os alunos estão acabando de festejar o Dia das Bruxas em suas casas.


 


Hermione se retirou.


 


A Professora Minerva virou-se para Harry, Lilian e Rony.


 


— Bem, eu continuo achando que vocês tiveram sorte, mas não há muitos alunos do primeiro ano que pudessem enfrentar um trasgo montanhês adulto. Cada um de vocês ganha cinco pontos para Grifinória. O Professor Dumbledore será informado. Podem ir.


 


Eles saíram depressa do banheiro e não falaram nada até subirem dois andares. Foi um alivio se afastarem do fedor do trasgo, para não falar do resto.


 


— Devíamos ter ganho mais de quinze pontos — resmungou Rony.


 


— Dez, você quer dizer, depois de descontar os pontos que Hermione perdeu.


 


— Foi legal ela ter-nos tirado do aperto — admitiu Rony — Mas não se esqueça, salvamos a vida dela.


 


— Talvez ela não precisasse ser salva se não tivéssemos trancado a coisa com ela — lembrou Harry.


 


— Mais ela nos deve uma.


 


— Rony você sabe que ela não tem ninguém, poderia ser um pouco gentil com ela asvezes, isso seria muito bom. — disse Lilian


 


Tinham chegado ao retrato da Mulher Gorda.


 


— Focinho de porco — disseram e entraram.


 


A sala comunal estava cheia e barulhenta. Todo o mundo estava comendo o jantar que fora mandado para lá. Hermione, porém, estava parada sozinha do


lado da porta, esperando por eles. Houve um silêncio constrangido. Depois, sem se olharem, todos disseram "Obrigado" e correram para apanhar os pratos. Enquanto Hermione sentava em um local vasio da sala comunal e começou a ler.


 


Lilian viu isso então pegou um prato com alguns doces e foi até ela e disse.


 


— Que isso, estamos em uma festa, não deveria estar lendo. Torrinha de abóbora?


 


Hermione arredou para o lado e Lilian que se sentou ao seu lado, o que ficou meio apertado mais ainda cabia. Hermione pegou uma tortilha e voltou ao livro.


 


— Que livro é esse? — Lilian perguntou, mordendo uma tortilha.


 


— Hogwarts, uma história. Conta sobre a fundação do colégio.


 


— E é legal é?


 


— Muito. É a terceira vez que estou lendo.


 


— Eu sei que não parece muito, mas eu gosto muito de ler.


 


—  Ah, parece sim! Pelomenos quem vai na biblioteca ou ve você esperando aqueles dois acordarem e nas aulas de História da Magia e Defesa Contra as Artes das Trevas.


 


— Está me espionando, Srta. Granger? — perguntou Lily em tom divertido.


 


— De forma alguma, só sou meio observadora.


 


Elas acabaram conversando durante o resto da festa, e o livro ficou esquecido. Harry e Rony se juntaram a elas nas conversas no meio da festa e se tornaram grandes amigos. Lilian e Hermione ainda conversaram mais ao subir para o dormitório.


 


Daquele momento em diante, Hermione Granger tornou-se amiga dos três. Há coisas que não se pode fazer junto sem acabar gostando um do outro, e


derrubar um trasgo montanhês de quase quatro metros de altura é uma dessas coisas.

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