The One You Always Love



3º capítulo – The One You Always Love


 


“As decisões que nos trouxeram aqui também vieram cheias de conseqüências. Ninguém sabe realmente quão arrependido estou por não ter lutado mais por ela. Então às vezes me pego pensando que eu sim lutei, mas foi ela que não agarrou a mão que eu lhe estendia. Nunca acreditei na expressão “é tarde demais”, mas talvez ela seja a única premissa verdadeira nesse oceano de possibilidades.”


 


Draco Malfoy


 


-Você não é a porra do Nadal! – Draco reclamou irritado quando Blaise perdeu, novamente, a bolinha – Mira a raquete e corre.


 


-Eu sou melhor que o Nadal – Blaise o olhou com irritação. Respirou fundo e ajeitou a munhequeira nova – Você é a pior pessoa do mundo pra jogar de dupla – ele reclamou.


 


-E você é a pior pessoa do mundo pra jogar tênis! – Draco esbravejou, quase arremessando a raquete nas costas do amigo.


 


-Jura gente? – Harry gritou do outro lado.


 


 Terrence respondia o whatsapp distraidamente, a raquete jogada no chão. Na arquibancada Rony, Huxley e Theodore conversavam sobre a festa da última noite enquanto esperavam para revezar e jogar tênis também.


 


-Olha lá – Rony indicou com um aceno de cabeça – Draco e Blaise gritando um com o outro. Isso é tão Hogwarts no sétimo ano.


 


-Aquele sim foi um excelente ano – Hux sorriu, perdido em pensamentos por um momento.


 


-Nossa... – Theodore murmurou – Olhem o acidente!


 


 Os três olharam juntos o exato momento em que Blaise, ainda irritadíssimo e discutindo com Draco, fez o saque e mirou a bolinha em Harry, que estava brigando com Terrence e mandando-o guardar o celular.


 


-Estragaram o noivo – Rony balançou a cabeça com um falso pesar – Pansy vai processar todo mundo.


 


 No campo, Draco, Blaise e Terrence pairaram acima de Harry, que estava caído no chão com as duas mãos sobre o olho machucado.


 


-Levanta vai – Draco o cutucou de leve na perna com a ponta do pé – Em Hogwarts você capotava daquela vassoura e não fazia esse drama.


 


-Será que ele vai perder o olho? – Terrence perguntou preocupado.


 


-Pansy vai nos processar – Blaise anunciou com pesar – Estragamos o noivo. E a festa de noivado é hoje.


 


 ***


 


 Hermione rodeou Pansy, olhos fixos apenas no vestido. Ela mexeu aqui, ali... Tocou as mangas, a gola bordada, os detalhes nas costas. Dominique estava ajoelhada, dando um último ajuste na barra. Era uma obra de arte o vestido, todo em tons de azul claro, da cor dos olhos dela, e bordado com tantas pedras que Hermione perdera a conta.


 Lexie e Elisha estavam fiscalizando os funcionários que já tinham começado a montar a festa, que seria no jardim. A mansão dos pais de Pansy era uma coisa realmente impressionante.


 


-Eu vim pra cá ontem – Pansy confidenciou – Fui forçada pela minha mãe – ela continuou – Ela disse que é tradição.


 


-Pensei que fosse só para o dia do casamento – Dominique murmurou distraída enquanto largava a barra do vestido, finalmente pronta. Ela se levantou e sorriu ao ver o vestido.


 


-Ficou perfeito – Hermione murmurou, perdida em pensamentos – Talvez se... Não... Acho que se... Não... Sim, acabamos Pansy!


 


-Que louca – Pansy riu com Dominique – Hermione sei que você sempre foi uma nerd, agora uma nerd estilista é novidade.


 


-Se olha no espelho então – Hermione abriu um sorrisinho divertido – E veja o que a minha loucura foi capaz de bordar. Meus dedos estão sangrando.


 


-Deuses! – Elisha gritou enquanto entrava na sala – Que linda! LEXIE VEM AQUI! – ela berrou.


 


 Lexie veio correndo, vestida toda casual com a calça jeans e uma blusinha branca. Ela estava com uma câmera pendurada no pescoço.


 


-A mais linda – sorriu para a irmã – Vamos tirar umas fotos no jardim? – pediu.


 


-Nós já vamos – Hermione falou enquanto começava a recolher suas coisas – Pegamos o carro do Blaise emprestado.


 


-Ele emprestou o Escalade? – Elisha olhou impressionada – Se emprestar o Porsche eu saberei que você é a mulher da vida dele.


 


-Eu acho que ela já é – Dominique sorriu quando viu a cara feia de Hermione. Pansy continuava se olhando no espelho, um imenso sorriso nos lábios.


 


 ***


 


-Tá um monstro isso cara – Theodore analisou em voz alta, recebendo vários olhares de desaprovação – Eu não menti não! – ele se defendeu – Tá feio mesmo.


 


-Você é muito otário – Draco falou para Blaise.


 


-Lembra quando a Pansy gritou com aquele vendedor que mandou entregar a geladeira errada? – Terrence falou – E nós estávamos no apartamento de vocês fazendo um torneio de videogame, e acabamos vendo tudo de camarote? Foi bem assustador.


 


-A culpa é sua – Harry acusou irritado, as mãos ainda no rosto – Fica vendo putaria no whatsapp o dia inteiro.


 


-Não era putaria – ele se defendeu. Depois abaixou a voz e completou – Não no começo, pelo menos.


 


 Rony e Huxley apareceram depois de alguns minutos fora. Rony estava com a malinha que sempre carregava no carro, e Hux vinha com um saco de gelo.


 


-Eles não quiseram me dar só um pouco, então comprei esse saco – ele avisou enquanto jogava no chão – Agora, enquanto os médicos resolvem, nós podemos fazer algum drink – brincou.


 


 ***


 


 Faith gemeu baixinho quando um raio de sol ficou exatamente em seu olho esquerdo. Ela se mexeu e ficou de bruços, fazendo a maior barulheira. Do seu lado, dormindo profundamente, estava Colin. Eles ainda usavam as roupas da noite passada.


 Ela suspirou e se levantou com um pouco de dificuldade. Tinham dançado até o amanhecer e suas pernas doíam terrivelmente.


 


-Malditos saltos – resmungou.


 


 Andando desajeitadamente, visualizou Spencer Travis caído em um dos sofás da cada de Hayden e Colin. A parede da sacada era toda de vidro, e o sol já estava feroz naquela hora. Spencer era jornalista como Colin, e tinha aparecido em algum momento da última semana. Ela fizera tanta coisa que já não conseguia se lembrar de nada.


 Por fim, foi até o quarto de Hayden. Ele e Dakota estavam dormindo por cima das cobertas, também ainda vestidos com as roupas da última noite.


 


-Dakota... – Faith a cutucou no ombro – Vamos embora.


 


-Vai pro inferno – Dakota resmungou e virou o rosto, voltando a dormir quase que instantaneamente.


 


 Com um longo suspiro, Faith saiu em busca de seu celular. Tinha duas chamadas perdidas de um número estranho.


 


-Oi – Spencer sorriu de onde estava, caído no sofá.


 


-Oi – Faith sorriu de volta e se sentou em uma poltrona – Vai comigo comprar café da manhã?


 


-Claro – Spencer levantou e se espreguiçou, passando as mãos no cabelo enquanto tentava deixá-los ordenados.


 


 Faith o observou, já completamente esquecida das ligações perdidas. O lindo e loiríssimo Spencer, com os olhos azuis da cor do mar do Caribe. Caribe... Caribe... Faith arregalou os olhos e levantou.


 


-A Zéllie não estava com a gente ontem?


 


-Sim – ele franziu o cenho – Ela estava sim.


 


 Juntos, saíram a caça dela pelo apartamento. Zéllie dormia profundamente no chão do banheiro, depois de passar mal por horas.


 


-Ainda bem – Faith suspirou aliviada – Pensei que tínhamos esquecido ela no táxi.


 


 Spencer riu alto, depois passou um braço sobre o ombro de Faith e apertou carinhosamente.


 


-Vamos comprar comida – ele pediu – Estou com fome.


 


 ***


 


 Tad continuou seu ritmo, a respiração controlada e o coração acelerado. Correr no Hyde Park era sua nova mania, agora que tinha perdido o inesquecível Central Park. Ele amava o Hyde desde a infância, quando ia pra lá com as babás e o irmão. Madame Nott nunca tinha tempo para os filhos, como a maioria das mães da sociedade. Ele não teria uma esposa assim, nunca.


 Aproveitando um raro momento em que não estava se preocupando com nada, Tad apenas correu, sentindo o vento e o sol. Sentindo Londres, e o verão que prometia.


 


 ***


 


 Gina não disse nada quando um motorista apareceu para buscá-las. Ela já tinha se acostumado com todo o dinheiro de Scarlett. Ainda assim, impressionou a imensa cobertura que o pai dela tinha em um prédio lindíssimo, em Chelsea.


 


-Quatro quartos – Gina falou, impressionada – E ninguém usa esse lugar?


 


-Não muito – Scarlett falou distraída, mexendo no celular – Você não avisou ninguém que já chegamos, não é? Quero fazer surpresa.


 


-Claro que não – Gina se jogou em um sofá – É tão estranho estar de volta.


 


-É mesmo né – ela abriu um imenso sorriso – Chamei duas pessoas para vir nos arrumar. Quero chegar maravilhosa nesse lugar.


 


-E isso tudo não é porque Daphne Greengrass vai estar? – Gina brincou.


 


-Vai rindo, rainha má... – Scarlett a encarou com astúcia – Astória também vai estar.


 


-Eu não me importo! – ela rebateu furiosa – Não fale mais nada disso pra mim.


 


 Scarlett sorriu sozinha, enquanto via Ginevra ir embora como um furacão. Elas estavam em Londres há meia hora e a rainha já estava pirando. Ela não queria nem ver como os ânimos estariam em uma semana. Ou até o fim daquela noite.


 


 ***


 


 Draco era a imagem da descontração. Com uma taça na mão, que era reabastecida o tempo todo, ele conversou com conhecidos, amigas de sua mãe, mulheres descaradas, até mesmo conseguiu se livrar de Astória, fazendo-a entender que ela não ficaria do lado dele a noite toda.


 Desde que tinha se tornado o senhor CEO da Malfoy Corp, ele era conhecido com o perfeito cavalheiro e melhor partido de Londres, o solteiro mais cobiçado entre os solteiros.


 


-Bêbado, Malfoy? – Rony provocou – Pensei que você fosse perfeito e não desse vexame em público.


 


-Eu sou perfeito – Draco o provocou, erguendo uma sobrancelha – Apenas leia cada matéria a meu respeito nos últimos anos.


 


-Eu nunca te vi bebendo tanto em festas sociais – Rony deu de ombros – Agora nas boates da vida, você vira o Draco matador.


 


-Vou ignorar seu comentário – ele revirou os olhos – E ao menos que você tenha fotos, dessas tais boates da vida, nego eternamente.


 


-Cara, eu te carreguei pra casa na última balada, esqueceu? – Rony olhou indignado pra ele – Você é mesmo um ingrato dos infernos.


 


-Draco! – Lola Welch se aproximou aflita dele – Porque diabos você está bebendo tanto em uma festa tão importante? Está cheio de jornalista aqui – ela tentou tirar a taça da mão dele, o que arrancou risadas de Rony e um nada educado comentário de Draco – Me dá isso, parece criança. Já disse que você tem um nome a zelar, especialmente agora com o lançamento da Firebolt.


 


-Você é minha relações públicas, não minha mãe, Lola – ele reclamou – Não vou dar vexame. Estou apenas me divertindo.


 


-Sim, sei... – ela olhou ansiosa pela porta, provavelmente esperando o furacão ruivo a qualquer momento – Isso não é uma boate, aqui tem jornalistas e toda a alta sociedade está nessa mansão. Se controle! – ela decretou, depois mirou Rony – E você, senhor Médico, pare de incentivá-lo a beber.


 


-Eu? – ele reclamou indignado.


 


 Lola nem deu atenção. Com seus cabelos longos, e ainda castanhos com mechas rosas, marchou para dentro da casa. Draco e Rony encararam a grama por alguns segundos, chocados.


 


-Que louca – resmungaram juntos.


 


 ***


 


-Estou um pouco ansiosa – Pansy confidenciou para Harry enquanto os dois se escondiam na despensa – Quer dizer... Estou pirando loucamente.


 


-Não fica nervosa – ele sorriu e a abraçou – Vai dar tudo certo. A festa está linda, tudo está perfeito.


 


-Fiquei feliz por você me deixar chamar seus tios – ela deu um beijinho rápido nele – Sei que você não os adora, mas eles são sua família Harry.


 


-Sim, bem... – ele suspirou – Tudo para te agradar, senhorita Parkinson.


 


-Eu amo você.


 


-Eu amo você.


 


 ***


 


-Jura que eles acham que ninguém percebeu? – Huxley comentou aos risos com sua irmã enquanto os dois saiam para os jardins – A Dakota vem hoje? Ela vai amar falar na coluna dela que os “Pombinhos se trancaram na despensa para uma rapidinha”.


 


-Acho que sim – Zéllie deu de ombros, encarando aquele bando de gente. A mãe de Pansy tinha chamado a Europa toda – Falando nela, Faith e Dakota me chamaram para morar com elas. Vou acabar aceitando, é muita putaria na sua casa.


 


-Não tem nada de putaria – ele se defendeu, ofendido – Apenas diversão.


 


-Eu ouvi... Putaria? – Theodore sussurrou animadíssimo.


 


-Viu só! – Zéllie encarou os dois com ar de triunfo – Não nasci pra isso.


 


-Já eu sou feito para isso – Theo piscou enquanto mirava alguma vítima no jardim. A escolhida foi Hermione – Até mais – se despediu dos irmãos Rowell.


 


 Hermione estava bebendo algum drink realmente forte, idéia de Dominique, quando Theodore surgiu do ar.


 


-Você está belíssima – ele sorriu e a beijou no rosto – Esses anos em Milão só lhe fizeram bem Hermione.


 


-Você também está lindo – ela riu – Pena que continue tão galinha, não é? – os dois riram juntos.


 


-Você vai sair comigo, não vai? Que tal um jantar amanhã? – ele ofereceu.


 


-Já combinei uma coisa – ela se desculpou – Vamos deixar para a semana que vem.


 


-Deixar o que pra semana que vem? – Blaise perguntou enquanto enfiava a cabeça entre os dois – Cadê a Dominique, pensei que ela estivesse com você – ele olhou suspeito para Hermione.


 


-Não sei dela – Hermione deu de ombros, com tanta casualidade que irritou Blaise até a morte – E, ainda que não seja da sua conta, estou combinando um jantar com o Theo semana que vem.


 


-Excelente – Blaise abriu um sorriso – Quando vamos? Posso escolher o restaurante? Devo dizer que tenho um excelente gosto... Theodore.


 


 Hermione balançou a cabeça, sorrindo incrédula, e perdeu o sorrateiro movimento de Blaise, que acertou um tapinha na nuca de Theo. Meninos...


 


 ***


 


 Faith e Dakota deixaram o carro com um dos milhares de manobristas e entraram na festa. Ainda estavam com um pouco de ressaca pela última noite, mas nada que uma nova bebida não pudesse resolver.


 


-Olá chicas! – Hayden brincou enquanto puxava Faith para um abraço – Vocês demoraram uma vida e meia.


 


-Cadê o Colin? – Dakota estranhou a ausência dele.


 


-Não apareceu ainda – Hayden confessou – Acho que nem vem. Vocês devem imaginar o motivo disso tudo. Ele e Spencer estavam assistindo o jornal no momento em que saí de casa.


 


-Algum barraco até o momento? – Dakota perguntou enquanto dava olhares pela festa – Que super produção, está incrível.


 


-Droga, esqueci meu celular no carro – Faith suspirou – Vão indo na frente, já encontro vocês.


 


 ***


 


 Colin e Spencer desceram do táxi duas horas depois de a festa ter começado. Estavam com ternos novos, recém comprados sob o atento olhar de Zéllie.


 


-Deveríamos ter aceitado sair com a Delilah – Spencer suspirou – Se você for ficar com essa cara a noite inteira nem deveríamos entrar.


 


-Você não entende... – Colin respirou fundo.


 


-Claro que entendo, você passou o último ano em Hogwarts lançando olhares deprimidos na direção dessa garota – Spencer sorriu condescendente – Faça alguma coisa sobre o assunto, ou esqueça de vez.


 


-Vai indo na frente – Colin tirou o celular do bolso – Amit está me ligando.


 


 Com um tapinha amigável no ombro do amigo, Spencer o deixou na entrada da mansão. Em um segundo ele estava com Selina, colega de escola e agora arquiteta.


 


-Oi – ele a abraçou com força – Você está ainda mais linda.


 


-Spencer... – ela abriu um imenso sorriso. Ele estava ainda mais bonito, se possível – Vem, você precisa reencontrar todo mundo.


 


 ***


 


 Lexie olhou ansiosa para o relógio imenso da parede da sala. Spencer tinha acabado de passar com Selina, quase uma imagem viva da adolescência em Hogwarts. Ela olhou novamente a lista digital de convidados, que tinha dado um jeito de salvar no celular. O nome “Colin Creevey” brilhava em verde, o R.S.V.P confirmado. Porque ele estava demorando tanto então?


 Com um resignado suspiro, pegou um cigarro. Ela estava parando, já não fumava mais como antes, mas em momentos como esse ela simplesmente não podia evitar. Passou por alguns funcionários e a recepcionista, plantada na imensa entrada da Mansão Parkinson.


 Andou pelos carros, evitando os manobristas. Ela o ouviu antes de ver. E por um segundo, ou alguns segundos, seu coração ficou tão paralisado que ela não pode andar. Então ficou ouvindo a conversa.


 


-Amit – Colin estava dizendo com a mais suave das vozes – Eu te disse que ia voltar pra cá. Não, não vou tão cedo para o Egito. Você devia ir pra Israel então, eu não posso ir com você. Eu sei disso Amit, mas não, eu não vou. Tudo bem, nos falamos amanhã. Beijo.


 


 Colin guardou o celular no bolso e se virou. Ele reviveria aquela cena em sua mente milhões de vezes, por anos. E ela sempre seria diferente em algum detalhe, mas seria a mesma cena na maneira como ele se sentiu no instante em que seus olhos, depois de tanto tempo, fixaram-se em Alexandra Parkinson.


 Ela estava parada bem em um foco de luz, parecia de propósito. Com um vestido vermelho e os olhos azuis transparentes.


 


-Colin... – ela abriu um pequeno sorriso – Quanto tempo.


 


-Oi... – ele murmurou, ainda em choque – Sim, quanto tempo.


 


-Soube que você fez faculdade em Los Angeles.


 


-E você em New York – ele deu um passo na direção dela.


 


-Eu virei fotógrafa – ela arriscou mais um sorriso.


 


-Eu sei – ele sorriu de volta – Eu sou jornalista – mais um passo.


 


-Você vai ficar por aqui?


 


-Ainda não sei – ele deu mais um passo, quebrando a distância – Você ficou ainda mais bonita, Branca de Neve.


 


-Obrigada – ela agradeceu – Ninguém mais me chama disso. Pelo menos não me chamavam na faculdade... Talvez agora que todos estão se reunindo...


 


-Agora que estamos todos juntos, depois de tanto tempo. É, pra nós você vai sempre ser a Branca de Neve. Ainda malvada?


 


-Só um pouquinho – ela brincou – Vamos entrar. Vem.


 


 Colin, ainda amortecido pela beleza dela, apenas a seguiu. Ignorou os olhares de curiosidade de todos, ou sequer os percebeu. Naquela noite seus olhos eram apenas para Lexie.


 


 ***


 


-Astória eu te disse que não ia te trazer comigo – Draco falou baixo, enquanto arrastava a garota para longe dos convidados – Nós saímos, mas não somos namorados.


 


-Deixa de ser ridículo – ela o olhou, irritada – Qual o seu problema com compromisso? Está se guardando pra alguém?


 


-Você é quem está sendo ridícula – ele fechou a cara – Não vou discutir com você agora. Amanhã conversamos.


 


-Estou de olho – ela ameaçou enquanto ele ia embora.


 


 Pegando uma nova taça de champanhe, Draco se afastou rapidamente dela. Naquela noite em especial não estava com paciência para as exigências de Astória, nem de ninguém. Ele se sentia um idiota apenas por pensar nela.


 Tinha passado os últimos anos aproveitando imensamente a vida noturna, e se portando como um Malfoy de respeito durante o dia. Não brigava, não discutia em público. Tratava a todos com cortesia e educados sorrisos. A imagem do perfeito herdeiro bilionário. Ele não se sentia como ele mesmo, não o ele mesmo desses últimos anos. Ele se sentia ansioso como o Draco de dezessete anos, o garoto que esperava a rainha decidir se ele valia a pena ou não.


 


-Malfoy – Cormac Mclaggen falou com fingida consideração enquanto parava na frente dele – Não sabia que ia vir sozinho. Pensei que traria uma de suas mil namoradinhas por aí.


 


-Mclaggen – ele o olhou com desprezo – Não vou me irritar com seus comentários pouco criativos. Se seu pai não foi competente o suficiente para manter a Firebolt, não vou me desculpar por comprar a empresa.


 


-Você é desprezível – ele cerrou os olhos, quase rosnando para Draco – Você joga sujo Malfoy. Eu sei disso.


 


 Draco o ignorou e saiu andando com a desenvoltura de sempre. Elisha estava andando como louca, dando ordens para qualquer pobre funcionário desavisado no caminho. Os pais de Pansy estavam tão felizes que chegava a ser irritante.


 


-Porque você veio desacompanhado filho? – Narcisa o olhou atentamente, o olhar de uma mãe que conhecesse bem seu filho – Pensei que você e Astória estivessem juntos.


 


-Não é um namoro – ele deu de ombros, com descaso – E para de me apresentar para as filhas das suas amigas. Não quero um relacionamento mãe.


 


-Oh querido – ela sorriu benevolente – Você parte meu coração dizendo tais coisas. Quero netos, e rápido.


 


 Draco suspirou e saiu de perto da mãe. Hoje não era o seu dia.


 


 ***


 


 Pansy andou com Harry pela festa, sorrindo para os convidados e respondendo educadamente a todas as milhares de perguntas.


 


-Huxley já está farejando a Dakota – Harry observou – Não sei como ele consegue arrumar cantadas diferentes para tantas meninas.


 


-Ele deve usar a mesma em todas elas – Pansy brincou – Eu falei com a Scarlett e ela disse que está chegando. Ela e a ruiva problema.


 


-Problema, é? – Harry correu os olhos, procurando Draco – Ele falou alguma coisa?


 


-Nem precisa – Pansy suspirou – O jeito dele. Draco está outra pessoa hoje. Ainda aquele educadinho perfeito que ele finge tão bem ser... Mas eu não sei. Ele parece ter dezessete anos de novo. Lembra do olhar impaciente e arrogante? A aspereza e irritação... Está tudo de volta. Ou ao menos eu sinto isso, espero estar errada.


 


-Draco mudou muito – Harry observou – Ele cresceu vinte anos em seis, ver Gina de novo não vai mudar isso. Ele não vai sair batendo em todo mundo e despejando ordens como o príncipe sonserino.


 


-Eu espero que você esteja certa – ela respirou fundo – Porque Tad está pra chegar também. Eu espero que a rainha não seja mais capaz de tirar Draco dos trilhos, não como ela fazia antes. Eu acho que Draco nunca gostou de ninguém depois dela. É como se, ao perder Ginevra, ele tivesse perdido o pedaço dele capaz de amar.


 


 ***


 


-Eu não acho que seja uma boa idéia – Huxley reclamou – Vocês podem ser uma péssima companhia pra minha irmãzinha.


 


-Jura Hux? – Dakota revirou os olhos – Sua irmãzinha é aquela que passou semanas no Caribe, com um russo bem delícia.


 


-Como é que você sabe disso? – ele cerrou os olhos e olhou indignado para Zéllie – Vou te amarrar dentro de casa.


 


-Você pode tentar – ela abriu um sorrisinho.


 


-Deixa de ser machista Rowell – Faith deu uma leve cotovelada nele – Ou escrevo uma matéria horrorosa sobre você, falando que Hux Rowell é o pior capitão de todos os tempos.


 


-Você joga sujo minha senhora, muito sujo – Huxley sorriu para Faith – Mas agora, falando sério, estou de olho em vocês.


 


-Já eu estou de olho no drama – Dakota apontou discretamente perto da banda – Elisha e Lexie estão realmente conversando com Hayden e Colin? Acho que estou enlouquecendo.


 


 ***


 


-Eu amo suas matérias – Elisha estava falando para Colin – Sempre comento com a Dakota. O pessoal do Profeta adora também.


 


-Sim, eu vou procurar alguma coisa em Londres – Colin passou a mão desajeitadamente pelo cabelo. Ele se sentia com dezesseis anos novamente – Estou morando com Hayden.


 


-Estamos morando juntas – Lexie contou – Vim para fotografar a nova coleção da Burberry, depois não sei o que vou fazer. Quero continuar em Londres.


 


-Elisha organiza as melhores festas por aqui – Hayden contou para Colin.


 


-Você está organizando a festa dos gêmeos, não é? – Colin sorriu – Boa sorte com isso. Acabei de ver os dois roubando bebida no bar com duas loiras.


 


-Sempre fazem isso – Elisha revirou os olhos – Somem para os cantos escuros com bebida e mulheres. Rony deveria dar um jeito neles.


 


-Vocês sabem que o Blaise e o Rony estão morando com a Dominique e a Hermione? Pelo menos enquanto elas procuram apartamento – Hayden deu um sorrisinho malicioso – Domi ficou com uma galera em Hogwarts, lembram?


 


-Claro que sim – Elisha deu uma olhada ao redor, tentando disfarçar o incômodo – E Rony sempre foi meio apaixonado por ela. Talvez agora dê certo.


 


 ***


 


 O motorista que levou Gina e Scarlett as deixou na porta da mansão. A festa parecia a pleno vapor, com manobristas e funcionários correndo por todos os lados. Ginevra olhou ansiosa.


 


-Isso é uma péssima idéia – sentenciou.


 


-Deixa de ser ridícula – Scarlett revirou os olhos – Você está usando um vestido Balmain, nada pode dar errado essa noite.


 


-Um vestido de dez mil não vai me fazer sentir melhor – Gina respirou fundo. A mão que segurava a clutch Chanel tremia sem parar – Nem esse lindo par de YVL que estou usando – ela se virou e agarrou a mão de Scarlett – Sou uma impostora Scarlett, é isso que eu sou. Não sei mais ser uma rainha, aprontar tudo aquilo e terminar com um sorriso cruel. Sou só uma estúpida ruiva com roupas caríssimas.


 


-Não – Scarly suspirou – Você não percebe, não é? Gina você nunca deixou de ser rainha. A diferença é que em Paris você sempre foi rainha, nunca precisou lutar por seu lugar. A faculdade foi sua, nossos amigos comiam na sua mão... Ser rainha é tudo o que você é.


 


-Estou tão nervosa – ela confessou num sussurro.


 


-Não acredito! – a inconfundível voz de Terrence correu até elas – Vocês estão magníficas – ele abriu um imenso sorriso enquanto abraçava Gina e depois Scarlett.


 


-Terren... – elas sorriram ao mesmo tempo.


 


-Vocês sabem que vão partir o coração de meia festa, não sabem? – ele brincou – Gina, é tão estranho vê-la por aqui e não em Paris.


 


-É né – ela sorriu, ansiosa – Não sei se estou preparada para Londres.


 


-É claro que está – ele piscou – Eu não sei é se Londres está preparado para a rainha. Agora, posso acompanhá-las? Vai ser uma honra – brincou.


 


-Vão na frente! – Gina falou apressadamente – Vou só ligar para o Eric e já vou.


 


-Tudo bem – Scarlett a olhou com visível desaprovação – Se você demorar dez minutos eu volto pra te buscar. Eu sei que você quer que eu distraia todo mundo para que você entre discretamente, mas isso não vai acontecer Ginevra. Você nunca passa despercebida, não percebe?


 


 ***


 


 Draco estava rindo com Blaise e Rony, encostado no balcão do bar, enquanto esperavam que suas bebidas ficassem prontas.


 


-É uma péssima idéia beber whisky, não é? – Rony olhou inseguro para o copo que o barman oferecia – Eu prometi para a Lola que você não ia mais beber.


 


-Vou ignorar esse comentário – Draco disse distraidamente, dando um gole no whisky – Já disse que sei me controlar.


 


-Nós sabemos – Blaise respondeu com ironia – Também sabemos que você está fugindo da Astória como o diabo da cruz.


 


-Hei... – Rony chamou a atenção dos dois.


 


 Draco viu Scarlett aparecer no jardim de braços dados com Terrence. Ele sentiu o estômago despencar enquanto percebia que nenhuma ruiva vinha atrás.


 


 ***


 


 Tad sorriu enquanto caminhava até Ginevra. Ela estava de costas para ele, o cabelo ruivo solto em ondas de fogo. Ele não precisava ver o rosto com os olhos verdes elétricos para saber que era ela. Tad a conhecia de costas, daquele jeitinho. Ela tinha ficado mais esguia, com curvas lindas e postura perfeita. Mas ainda ficava parada do mesmo jeitinho, a bolsa casualmente segurada contra o quadril.


 


-Rainha – ele sussurrou no ouvido dela, fazendo-a pular de susto.


 


-Tad! – ela se virou para ele, abrindo um imenso sorriso – Quanto tempo! – os dois se abraçaram.


 


-Eu sabia que era você – ele falou enquanto a soltava – Tantos anos sem vê-la, e eu só bati os olhos e... Eu sabia que era você.


 


-Você parece crescido – ela sorriu – Um homem de negócios.


 


-Pode-se dizer que sou isso agora – ele falou, a mão indo instintivamente para a gravata em vários tons de cinza – Estamos até combinando – brincou.


 


-Sim – ela pensou no vestido que estava usando, um Balmain todo bordado em tons de cinza e prata – É quase como estar de volta a Hogwarts. Quando éramos o casal mais importante por lá, lembra disso?


 


-Bons tempos – Tad deu o braço para que ela segurasse – Vamos entrar juntos, como se fosse primavera de novo, e nós fôssemos o casal mais famoso ao redor.


 


-Sim – ela respirou fundo, sentindo a insegurança evaporar com a brisa noturna – Éramos as estrelas de Hogwarts.


 


 ***


 


 Draco não estava mais rindo das piadinhas sem graça de Blaise, não agora que sabia que ela não viria. Ele bebeu de uma vez todo o whisky, e pediu uma segunda rodada para o barman. Estava tão concentrado em sua própria miséria, e tão preocupado em não deixar ninguém perceber seu estado, que não viu Daphne e Astória se aproximando sorrateiramente deles.


 Terrence, Pansy, Harry e Scarlett estavam ali também, comentando sobre Paris e sua recém chegada. Ele tentou ouvir o nome de Gina, mas ninguém estava dizendo nada sobre ela.


 Então o indignado suspiro de Daphne o atingiu em cheio. Ele tinha experiência com aquele tipo de suspiro feminino, era uma reação comum que Ginevra sempre causava em Hogwarts. Um misto de ciúmes, indignação e pura inveja.


 


-Mentira... – Astória murmurou.


 


 E então ele viu. E foi ainda pior do que a ausência dela. Porque ela estava de braços dados com Tad Nott.


 


One more body left all alone
She‘s made another heart her home
Lost between the sea and the sky
An angel learning how to fly
She floats above our bodies asleep in their graves
Dancing in the moonlight glow


 ***


 


 Scarlett estava coberta de razão, ela percebeu. Nunca tinha deixado de ser rainha, o poder tinha estado o tempo todo em suas mãos. Apenas esperando ser usado. Então ela deixou que Tad Nott a guiasse para a festa. E a rainha caminhou com a mesma confiança com a qual tinha partido o coração de Draco, no dia em que escolheu Tad ao invés dele. O mesmo sorrisinho de quem sabe o que está fazendo, de quem tem um plano atrás de cada passo dado e palavra dita.


 Quando apareceu no jardim, Ginevra era a imagem da rainha malévola, com a diferença de que estava vestindo roupas de grife agora, e que era ainda mais bonita que anos atrás.


 


(I can‘t have her, save me from her)
Our memories hide in vain hoping they can be saved
But she leaves the ones that won‘t let her go
I always hear her voice when she calls
Guided by her tears as they fall
She loves everything and nothing at all
Why does this girl live in my dream
More happy than she‘s ever seemed


 


 De onde estava, Scarlett abriu um imenso sorriso. A rainha malévola finalmente recuperara a confiança. Será que alguém ia querer brincar de jogos de poder, ou ela já tinha reputação suficiente para que ninguém contestasse seu lugar na pirâmide social londrina? Só o tempo diria.


 


***


 


SEIS ANOS ATRÁS...


 


 Draco estacionou e olhou ansioso para o caminho a frente. Ele sabia que era uma estúpida idéia, talvez a mais estúpida que tenha tido em todo o seu ano. Ele tinha feito o que Ginevra pediu, por mais que odiasse cada segundo longe dela.


 Ele viveu sua vida, esquecendo-se da rainha, ou ao menos parando de procurá-la. Agora não precisava mais disso. Seu celular tocou insistentemente, por fim ele atendeu.


 


-Draco você vai? – Scarlett perguntou.


 


-Sim – ele suspirou – Quer dizer... Não sei ainda. O Terrence já está em Ibiza, acho que a Pansy está indo com o Potter. Eu estou em Londres, tive que resolver umas coisas.


 


-Bem, não demore – ela reclamou – O meu trem sai em menos de quatro horas. Você pega uma chave de portal e apareça, ou frete um jatinho. Não me importa. Nós combinamos esse verão por meses.


 


-Tá – ele falou impaciente – Eu te ligo. Talvez eu vá com uma pessoa.


 


 Ele desligou o telefone e finalmente saiu do carro. A casa era estranha, se é que aquela construção poderia ser chamada de casa. Parecia... Torta? Com Potter cursando engenharia com Terrence era bem capaz dele arrumar aquilo. Ou ele mesmo compraria uma casa nova para os pais dela, se aquilo a deixasse feliz. O longo jardim da casa dos Weasley não o desanimou. Ele esperou meses por aquilo. Finalmente, reunindo toda a coragem do mundo, tocou a campainha. Pouco menos de uma hora depois um derrotado Draco Malfoy saiu da Toca. Entrou no carro e fez uma ligação.


 


-Fala Draco – Blaise estava sorrindo do outro lado da linha – Scarlett te ligou? A garota está impaciente.


 


(I can‘t have her, save me from her) Lost between her moon and her sun
What am I supposed to love (I can‘t have her, save me from her)
She floats above our bodies left cold in their graves
Wrapped beneath the moonlight glow
(I can‘t have her, save me from her)
Our memories die in vain knowing they won‘t be saved
She forgot the ones of us long ago


 


-Sim... – Draco tentou soar desencanado e animado – Estou indo agora pra Ibiza. Você?


 


-Também estou indo – Blaise contou – Mas vou em três horas, com o Rony. Vamos de carona no jatinho de um cara da faculdade. Quer vir com a gente? Tem lugar. Isso é, se você não tiver companhia. Scarly falou que talvez você fosse com alguém.


 


-Quero carona sim – Draco ligou o carro e apoiou a testa no volante, respirando profundamente e com calma – Um lugar só – disse enquanto sentia seu coração terminar de partir o que tinha ficado inteiro – Eu vou... Eu vou sozinho.


 


 Ele desligou e saiu dirigindo como um louco pelas estradas que levariam até Londres. Seus olhos viam a pista, mas em sua mente, as únicas imagens rolando eram do último ano. Ele e Ginevra na perseguição gato e rato, os beijos escondidos, o sorrisinho maldoso dela, as armações, os dois juntos... Ele tentou pensar no futuro sem ela, agora definitivo. Pensar no que faria de seus dias em Harvard. Doía pensar nisso, na vida sem ela. Então ele parou de pensar. Apenas dirigiu com o som no último volume. Se apenas parasse de doer…


 


I‘ve pulled apart my heart / I‘ve taken all the love out / (I can‘t save me from her)
I‘ve pulled apart my heart / I‘ve taken all the love out / I‘ve taken all the love out
(I can‘t save me from her)


(Everything and Nothing – The Boom Circuits)


 


______


 


 


N/A - Hello! Muito feliz em ver que ainda tem gente acompanhando. Quando me propus a escrever Apple, já sabia que seriam cinco temporadas e que escreveria até o fim. Não deixo nada inacabado. Então continuem comentando e dando sugestões.


 


bjooo

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Comentários (1)

  • Rhannah B.

    O-M-G!! Perfeeeito!! Mais mais mais mais! Mas ainda não acredito que Pansy e Harry vão se casar! kkk

    2014-08-31
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