Lembra de Mim?



4º capítulo – Lembra de Mim?


 


“Os estranhos caminhos que levam desconhecidos a se encontrarem em algum momento, e então decidirem que, dali em diante seguirão juntos. Os obscuros caminhos daqueles que já se conhecem, e que se descobrem como um só. Ninguém pode ser capaz de dizer quem é sua alma gêmea, se é que tal coisa existe, mas se não for isso real, como poderia eu ser capaz de senti-la sem vê-la? Será a magia negra a minha incomum ligação com Faith? Ou será algo como o laço entre Draco e Ginevra? Como poderia saber a diferença? Ou como poderia não saber?”


 


Tad Nott


 


-Sim, é como Hogwarts novamente – Tad brincou enquanto percorria os olhos pela festa – Só falta a Delilah espionando pra você.


 


 Os dois riram, cheios de lembranças daquele inesquecível ano. Em um segundo estavam rodeados de pessoas. Gina deu os parabéns para Pansy e Harry, abraçou as meninas, quase chorou quando viu Colin e riu da cantadinha sem graça de Hayden. Scarlett continuava lhe lançando olhares espertinhos, o que ela sabiamente ignorou.


 


-Não acredito que você está usando um Balmain – Zéllie arregalou os olhos – Isso estava na passarela mês passado.


 


-Cortesia da melhor companheira de apartamento – Gina confessou – Scarlett compra muita coisa e empresta absolutamente tudo. Ela é super viciada em grifes.


 


-Você está tão parisiense – Dominique sorriu, o sotaque aflorando como nunca – Que saudade da minha Paris.


 


-Eu confesso que estou com saudades também – Gina sussurrou, para que só ela ouvisse – Acho que não me acostumo mais com Londres.


 


-Irmã querida! – Rony a abraçou com força – Não acredito que já voltou. Está ficando com nossos pais?


 


-Não – Gina arregalou os olhos, divertida – Jamais! Mamãe não me deixaria fazer nada. Você sabe como ela é. Vamos ficar na cobertura do pai da Scarlett.


 


-Você pode ficar lá em casa, se quiser – ele ofereceu – Os gêmeos daqui a pouco aparecem. Estavam com a Stacie e a Millie.


 


-Porque você entrou com o Tad? – Faith perguntou baixinho, só para Gina ouvir.


 


-Nos encontramos na entrada – ela sorriu – Só isso.


 


 Ela sorriu educadamente, conversou e tentou responder a todas as perguntas. Mas o tempo todo seus olhos insistiam em vagar pela festa, a procura de algo que ela nem mesmo sabia o que era. Que bela mentira. Ginevra sabia exatamente o que procurava: um flash de cabelos loiros claros, um brilho de azul translúcido, talvez cinza, se ele estivesse irritado. Mas não... Ele não estava em lugar nenhum.


 


 ***


 


 A noite foi de mal a pior em um piscar de olhos. Ele não falou nada quando Astória puxou uma garrafa de whisky e o levou pela mão. Ele só queria beber e esquecer a imagem dela entrando com ele. Ginevra era a rainha, ele tinha esquecido. Ela não tinha sentimento nenhum dentro daquele coração congelado e manipulador. Garotinha má.


 Todos voavam ao redor dela como abelhas desesperadas por atenção. Ele andava pela Mansão Parkinson desde que se lembrava por gente, ainda assim não sabia direito qual era o rumo que Astória estava tomando.


 


-Odeio ela – Astória comentou, a mão apertada contra a dele – Sei que vocês dois tiveram uma história, e eu a odeio mais ainda por isso.


 


-Não quero falar sobre ela – ele murmurou. Agora estavam dentro da casa, passando por salas e mais salas.


 


-Eu sei que não – Astória abriu uma porta e os dois entraram. Ela se virou para Draco, pela primeira vez não parecendo uma socialite burra – Você é o grande Draco Malfoy, herdeiro bilionário, comedido e educado. Você não é nada do que era antes, quando andava ao redor dela.


 


-E?


 


-E que eu sei exatamente o que você faz quando fica perto daquela Ginevra Weasley. E eu só quero que você se lembre de que não é mais aquele garoto de dezessete anos – ela se aproximou dele, um sorriso nos lábios – Você não pode mais agir daquela maneira, você tem expectativas a corresponder. Você só precisa se lembrar de que não precisa dela.


 


-Eu preciso de você? – ele ergueu uma sobrancelha, as mãos possessivamente presas na cintura de Astória – Não é muita presunção?


 


-Você não precisa ainda... Mas vai – ela sorriu antes de beijá-lo.


 


 Draco tirou a garrafa de whisky da mão dela e deixou em cima de uma mesa. Depois, com a precisão de sempre, colocou-a em cima do piano de cauda caríssimo. Estavam na sala de música, constatou enquanto beijava Astória.


 


 ***


 


 Elisha olhou irritada para o casal Rony e Dominique na pista de dança. É verdade que ela tratava Rony com a cortesia de um amigo, mas, talvez de tanto falarem, acabou achando que cedo ou tarde algo voltaria a acontecer entre eles. Isso não podia estar mais fora da momentânea realidade.


 


-Vontade de matar a rainha – Lexie reclamou enquanto sentava-se do lado de Elisha – Quatro de manhã e ela continua monopolizando a festa.


 


-Você bebeu? – Elisha perguntou sem nem mesmo olhar Lexie.


 


-Talvez um pouco – ela revirou os olhos – Agora que os adultos se foram – riu alto – Tão ridículo pensar em nós como crianças ainda. Não temos mais treze anos nas férias de verão. Lembra?


 


-Como me esquecer daquelas ressacas? – Elisha finalmente abriu um sorriso, e se virou para a melhor amiga – O que está realmente te incomodando?


 


-Estou com frio – Lexie respondeu depois de pensar um pouco.


 


-E?


 


-Não me faça falar – ela suspirou – Sou tão ridícula Eli. Tão, mas tão ridícula.


 


-Não, você não é Lexie – Elisha sorriu maternal – Somos um pouco bobas, não ridículas.


 


 Em silêncio, as duas observaram a mesa mais animada do salão. Ginevra Weasley em sua glória novamente. Tão Hogwarts que irritava.


 


 ***


 


 Tad se desvencilhou da conversa de Huxley e Theodore e saiu a procura de Faith. Ela estava no bar, pedindo algum drink. Finalmente sozinha, ele avaliou com um sorrisinho espertinho.


 


-Olá – falou enquanto parava ao lado dela.


 


-Tad Nott – ela sorriu, os olhos brilhando com diversão.


 


 Perto dali, uma lâmpada estourou. Os dois riram juntos.


 


-Você cobre esportes agora, como isso aconteceu?


 


-Nem sei direito – Faith explicou – Eu fiz faculdade na Austrália, e fui me apaixonando por esportes. Depois, aqui em Londres, consegui essa vaga. Pagam bem e faço o que amo. E você? Como está a adaptação em Londres?


 


-Tudo bem. Eu te liguei esses dias – ele comentou, olhos fixos nela – Ninguém atendeu. Eu devo ter ligado errado.


 


-Bem – ela tirou o telefone da pequena bolsa que carregava – Me passa seu número então.


 


 Tad ditou o telefone e continuou conversando com Faith. Ela sempre tinha sido bonitinha, nunca impactante como Scarlett, Pansy ou Ginevra. Agora, no entanto, ela era uma das mais belas da festa. O tempo, é certo, só tinha feito bem a todos eles.


 


-Ainda praticando? – ele perguntou num sussurro.


 


 Ao invés de responder, Faith olhou fixamente a taça nas mãos da irritante Daphne Greengrass. Ela nem mesmo piscou quando a delicada taça de cristal estourou, sem machucar ninguém, é claro.


 


-Má, como posso concluir – Tad brincou, um sorriso divertido nos lábios – Certo, eu poderia estourar alguma coisa na cabeça do Draco, mas não o vejo em lugar nenhum. Na verdade, eu não vi ele hoje.


 


-Bem, ele estava aqui até você entrar no salão com Gina – Faith falou enquanto olhava o escândalo de Daphne – Depois disso sumiu como fumaça. Ele e a chatinha da Astória.


 


-Ah o drama Draco e Gina. Que saudades! – Tad falou com ironia, arrancando ainda mais risadas de Faith.


 


 ***


 


 Lola olhou estressada para o jardim. Mais da metade dos convidados já tinham ido embora, e nenhum escândalo até o momento, mas ela ainda temia um passo errado de Draco. Cormac estava como um lobo, andando atrás dele e querendo arrumar briga. Selina estava mais preocupada em babar atrás de Spencer, então ela não tinha grande ajuda.


 


-Posso ver que você está pilhada – Blaise comentou casualmente enquanto parava do lado dela, que estava exatamente no meio do jardim.


 


-Isso tem algo diretamente ligado ao grande idiota? – Rony perguntou enquanto passava um braço sobre o ombro dela – Pode dizer, vamos te ajudar.


 


-Draco sumiu – ela confessou – Eu sei que ele estava ansioso com o possível reencontro com a Gina, e eu nem posso culpá-lo... Agora ele desapareceu. Estou pirando aqui.


 


-Vi ele e Astória saindo – Terrence comentou enquanto se aproximava deles com Scarlett – Eles já devem ter ido embora.


 


-O carro dele ainda está aqui – Lola respirou fundo, depois se virou para Scarlett, levemente possessa – Foi de propósito, ela entrar aqui bem com o Tad?


 


-Claro que não, Lola – Scarlett revirou os olhos, falando com deboche – Nossa vida não gira mais ao redor desses joguinhos de poder. Brincamos com adultos agora.


 


-Eu sei que é sua irmã, Rony – Lola falou, os olhos percorrendo ansiosos o lugar em que Gina estava, falando com os gêmeos – Mas ela é como fogo, e tudo está encharcado com gasolina. Você entende?


 


-Escuta Lola – Terrence falou calmamente – Não se estresse. Nós todos sabemos que os dois tiveram uma história, mas já é passado. Draco é outro homem hoje, ele não vai entrar em uma briga com qualquer um que bater papo com ela. Por favor, o homem cuida de um maldito império. Ele é mais esperto que isso.


 


-Gina não quer drama, garanto – Scarlett falou séria – Ela só quer se divertir.


 


-É exatamente com isso que me preocupa – Lola falou sombriamente – Esqueceu que ela se divertiu em Hogwarts? Ela se divertiu com as nossas vidas.


 


 Ninguém disse nada dessa vez, apenas olharam a rainha. Ela estava brilhando, irradiando alegria. E um pouquinho de maldade. Porque ser má, era um pedaço dela que jamais iria embora.


 


 ***


 


 Dakota, Zéllie e Faith sentaram-se em uma mesa qualquer, exaustas. Poucas pessoas ainda estavam na festa e amanheceria em pouco tempo. Pansy e Harry eram os únicos na pista, dançando uma música lenta.


 


-Vamos embora? – Zéllie bocejou – Não devíamos ter saído ontem. Estou arrebentada.


 


-Eu também – Faith levantou – Colin e Spencer foram há um tempinho, mas vi o Hayden por aí.


 


 Scarlett andou até elas, daquele jeito que deixava qualquer uma intimidada. O negócio sobre Scarly não era nem todo o dinheiro dela, era o jeito como ela andava e se posicionava.


 


-Vocês viram a Gina? – ela perguntou. Nas mãos a bolsinha nova da Chanel que custava um carro popular.


 


-Não vi não – Dakota falou – Estamos indo embora já.


 


-O motorista está aí e não acho ela de jeito nenhum – Scarlett suspirou – Bom, vou deixar uma mensagem. Estou indo. Se vocês a virem, por favor avisem.


 


-Scarlett – Lexie e Elisha se aproximaram – Fica pra dormir aqui. Vocês três também. Tem vários quartos prontos.


 


-É uma boa idéia – Scarlett observou – Vou dispensar o motorista então. Já volto.


 


-Qual é a da boazinha? – Zéllie perguntou divertida – A Branca de Neve Malvada ficou em NYC, e veio a gêmea boa?


 


-Não seja ridícula – Lexie riu – Eu fui super boazinha no nosso último ano.


 


-Gente – Elisha sussurrou em tom de segredo. Todas se aglomeraram para ouvir – Acabei de ver o Terrence brigando com a Daphne, barraco total. O Tad estava indo embora e acabou dando uma carona pra ela.


 


-Sério é? – Faith perguntou surpresa – Hoje é o dia das boas ações então.


 


-E agora escutem isso – Elisha sorriu – Lola está doida atrás do Draco. Ele sumiu no instante em que a Gina colocou os pés na festa. E Cormac Mclaggen está bêbado ao extremo, perdido por aí.


 


-Quanto drama – Dakota sorriu divertida.


 


 ***


 


-Theodore, você vai na frente comigo – Blaise disse sério – Já nem devia te dar carona. Cadê o Huxley? Ele não é sua namoradinha?


 


-Vou socar a sua cara Zabini – Theo olhou enfezado para ele – Hux já foi embora. Manda o Rony ir na frente, eu quero ir atrás com as meninas.


 


-Não vai mesmo – Blaise cruzou os braços.


 


 Hermione e Dominique dormiam, exaustas, no banco de trás. Rony apenas olhava entediado a discussão, estava super cansado.


 


-Qual o drama? – Hermione acordou – Porque ainda nos fomos? Estou cansada. Acordei super cedo hoje.


 


-Não é nada é só que... – Blaise começou a explicar, mas foi cortado por Theo.


 


-Estamos indo, linda – ele abriu um imenso sorriso enquanto pulava do lado de Hermione e batia a porta do carro.


 


 Blaise entrou no carro, sendo seguido por Rony. Ele dirigiu o caminho todo lançando olhares ameaçadores para Theo.


 


 ***


 


 Draco continuou na sala de música mesmo depois de Astória se despedir e ir embora. Ele terminou a garrafa de whisky, o tempo todo pensando nela. Maldita rainha má. Maldita Ginevra Weasley. Não era amor, não podia ser, ele disse baixinho. Era uma doença, uma maldita doença.


 


-Se escondendo? – Cormac surgiu, mais bêbado que Draco. Se é que isso era possível – Você é um grande covarde, não é Malfoy? Escondido atrás do dinheiro que o papai morto deixou.


 


-Não vou brigar – Draco sentenciou. Depois, ignorando-o, saiu da mansão rumo ao estacionamento. Já estava amanhecendo e a festa estava terminando, os últimos convidados indo embora.


 


-É isso, não é? Você não briga mais, não é mais o galinho de briga que era na escola – Cormac zombou – Agora é um covarde.


 


 Draco respirou fundo e se virou para ele, tão irritado... Mas então ele a viu.


 


 ***


 


-Não vou dormir aqui Terren – Gina avisou enquanto pegava a bolsa e seguia em direção ao estacionamento – Já avisei a Scarly. Já até chamei um táxi.


 


-Eu te levo – ele a segurou pelo braço – Estou indo também. Você tem chave da cobertura? Se não tiver fica lá em casa.


 


-Tenho sim – ela sorriu – E obrigada pela carona, mas não precisa.


 


-Estou tão feliz por ter vocês de volta – ele a abraçou rapidinho. Ela fechou os olhos por um segundo, sentindo-se em casa.


 


-E eu estou feliz por ver vocês todos de novo – eles voltaram a andar – Só preciso agora descobrir o que fazer da minha vida.


 


-Você é uma artista, seu trabalho pode ser realizado em qualquer lugar – ele disse sabiamente – E você sabe disso. Então apenas descubra onde seu coração realmente quer ficar.


 


 Gina ia responder quando uma agitação chamou sua atenção. Um homem discutia com alguém, ela ainda não sabia quem. Os funcionários ao redor pareciam ansiosos, sem saber ao certo como agir.  Mais alguns passos e ela o viu.


 Draco era a imagem da perfeição em seu smoking de corte perfeito caríssimo. Ele estava ainda mais alto, o cabelo no mesmo tom claro, os olhos ela não via... Mas os imaginava da cor do céu, ou do fogo azul, elétricos. O cabelo estava um pouco mais curto, só um pouco, e levemente desgrenhado, daquele jeito que ela tanto amava. Ele parecia lindo, perfeito... E distante. Tão distante dela. Ela segurou uma risada incrédula, e pensar que ele poderia ser seu se ela não tivesse sido tão insegura.


 Não mais. Aquele homem não era um menininho, não era mais o Draco dela. Ele era todo Malfoy, dos sapatos italianos ao porte elegante e atlético. Ele nunca lhe parecera mais inalcançável que naquele momento.


 


 ***


 


 Seu peito falhou por alguns segundos, doente por ela. Então Cormac a viu também, e começou com as provocações. Sobre ela agora. Claro que ele sabia sobre a história dos dois, o mundo todo parecia saber da única que dera um fora no intocável Draco Malfoy.


 


-Eu vou tê-la – Cormac sussurrou – Você tirou minha herança, eu vou tirar ela de você.


 


 E em um segundo, um simples segundo, anos de educação perfeita foram para o espaço. Ele não brigava há anos, não daquele jeito trouxa, de punhos e ossos quebrados. Ele brigou agora. Descarregando a frustração dos anos sem ela, a frustração de vê-la com Tad Nott, e de imaginá-la com Cormac.


 


-Draco! – Terrence estava ao seu lado agora, puxando-o para longe de um desacordado Cormac – Que porra é essa? – ele gritou – O que você está fazendo? Você pratica luta, não pode brigar com os outros. Quer ir preso?


 


 Gina se ajoelhou ao lado de Cormac, dando ordens para que levassem água até eles.


 


-Cadê o Rony e o Blaise? – Gina perguntou para Terren, ignorando Draco.


 


-Já foram – Terrence suspirou e largou Draco – Deixa Gin, não é nada sério. Ele mora aqui perto, eu levo ele pra casa.


 


 Draco ficou em silêncio, porque realmente não sabia o que poderia acrescentar àquela conversa. Não era pra ter encontrando-a assim, nunca. Tinha dado tudo errado. Ele a encarou até que os olhos dela estavam nele também. Terrence foi se ocupar de Cormac, dando um quase momento de privacidade.


 


-Oi – ela falou sem sorrir – Pensei que não tivesse vindo pra festa.


 


-Eu estava por aí – ele desconversou – Chegou hoje?


 


-É – Gina suspirou – Tudo bem com você?


 


-Sim – ele deu um risinho, sendo prontamente acompanhado por ela – Cormac é só um idiota.


 


-Então ele merecia? – ela perguntou inquisidoramente – Você continua o mesmo menininho brigão não é? Me falaram tanto que você era todo sério agora.


 


-Eu sou! – ele retrucou irritado – Olha, você não devia ter visto isso. O pai do Cormac faliu e eu comprei a Firebolt, é por isso que ele me odeia.


 


-Tá, eu já sei que ele te odeia, mas você não precisava ter respondido a provocação. Não é? – Ginevra tentou memorizar todos os detalhes dele naquele segundo. Os olhos estavam cinzas, transbordando emoção – Não importa, você não tem que me explicar nada.


 


-Eu quero! – ele deu um passo na direção dela, a mão esticada como se ele quisesse tocá-la – Eu só... Eu bebi um pouco demais. Juro que sou bem mais controlado. Vem, eu de dou uma carona. Você está ficando com seus pais?


 


-Estou na cobertura dos pais da Scarlett – ela explicou. O sol já despontava no céu, expulsando a escuridão da noite – Meu táxi já chegou. Não precisa me levar não.


 


-Eu te levo – ele insistiu, outro passo na direção dela.


 


-Acho melhor não – Gina falou rápido, não querendo dar chance dele contestá-la. Terrence estava falando com um dos manobristas sobre colocar Cormac no carro dele – Eu realmente preciso ir.


 


-Gina... – ele murmurou, incrédulo ao vê-la ir embora assim.


 


-Terren – ela chamou enquanto passava por ele – Me liga depois.


 


-Tudo bem – Terrence resmungou irritado – Me desculpa por isso.


 


 Em resposta, Ginevra apenas lançou um sorrisinho esperto, de quem sabe das coisas. Ela não olhou uma vez sequer para Draco enquanto entrava no táxi e partia. Ela só queria ficar sozinha e repassar tudo em sua mente, pensando em todas as palavras trocadas e em quão lindo ele lhe parecera.


 Assim que o táxi saiu de vista Draco observou como colocavam Cormac no carro esporte de Terren.


 


-Meu Deus do Céu, Draco! – Terrence finalmente explodiu – Qual a porra do seu problema? Passou os últimos seis anos agindo como a porra de um lorde, se comportando da melhor maneira possível... E uma noite perto da ruiva explosiva e você está entrando em uma briga e socando o outro cara sem parar? Estou começando a acreditar que sua mãe tinha razão quando dizia que Ginevra é uma doença pra você.


 


-Eu já estou mortificado o suficiente – ele retrucou irritado – E ela não é uma doença.


 


-É sim... – Terren balançou a cabeça enquanto via Draco entrar em seu Aston Martin preto. Ele tinha ouvido o comentário odioso de Cormac, mas isso não era nada novo vindo dele. O ponto de ebulição era Ginevra, como ele esperava... Como ele temia.


 


 ***


 


 O domingo foi usado todo para desfazer as malas e organizar seu novo estúdio. Eric ligou mil vezes, ela atendeu uma. Scarlett estava reclamando de ressaca e falando sobre fazer compras no dia seguinte.


 


-Acho que precisamos de um carro – ela falou enquanto passeava pelo novo quarto de Gina – Não quero viver dependente de motorista.


 


-É uma boa idéia – Gina ponderou, ocupada em pendurar vestidas no imenso closet – Quem te trouxe pra casa hoje?


 


-A Faith – Scarlett falou casualmente, como se as duas tivessem sido amigas a vida toda – Não me olha assim! Ela ofereceu e eu aceitei.


 


 Gina parou no meio do quarto, as mãos na cintura, sentindo o macio tapete sob os pés descalços. Ela analisou a imensa cama, a sacada de vidro, a escrivaninha e todos os outros móveis. Tudo muito luxuoso, até mais que o apartamento delas em Paris. Ela ainda sentia falta da Torre Eiffel.


 


-Parece que falta algo – confessou.


 


-Te entendo – Scarlett olhou a vista, os olhos perdidos por um momento – Eu gostei do que você fez naquele último quarto, transformando-o em estúdio. Segunda o resto das coisas chegam, e eu chamei duas empregadas para ajudar.


 


-E aquela que nós vimos ontem?


 


-Ela trabalha todo dia aqui. Papai paga por mês – Scarlett levantou da poltrona e se espreguiçou – Vamos jantar sushi?


 


-Combinado – Gina sorriu.


 


 Assim que Scarlett saiu e a deixou sozinha, ela apagou a luz do quarto e deixou acesos os dois abajures. Se jogou na cama e voltou a olhar a sacada. Conseguia ver as luzes de alguns prédios e um pedaço do céu, sentia a leve brisa que entrava e bagunçava as cortinas. Se ela ao menos parasse de pensar nele...


 


 ***


 


 Terrence e Draco moravam no mesmo prédio em Knightsbridge há dois anos. Draco morava na imensa cobertura duplex, enquanto Terren morava um andar abaixo. Era um desses prédios antigos que foram reformados e transformados em verdadeiros oásis. Todos os apartamentos, um por andar.


 A privacidade contara muito na escolha, mas o fator decisivo foi a imensa academia do prédio. Draco não dormiu quase nada depois da festa, ainda pensando na maldita rainha que não devia ter voltado para atormentá-lo.


  Ele malhou cedo, mas no final da tarde estava lá novamente, ainda querendo gastar toda a energia de seu corpo, até dormir de exaustão. Estava treinando com um saco de areia (o rosto de Tad em sua mente), quando Terren apareceu.


 


-E aí? – Terrence murmurou com um sorrisinho. Estava bem relaxado, usando uma bermuda e uma pólo. O cabelo ainda molhado do banho – Dormi pra caramba. Estou com fome, vamos sair pra jantar? Ou você prefere pedir? Blaise e Rony animaram quando liguei convidando. Draco? – ele andou até mais perto do amigo – Vai responder? Draco?


 


 Com um suspiro alto e irritado, Draco parou o treino e encarou Terren.


 


-Não quero sair – se limitou a dizer antes de voltar a espancar o saco.


 


-Deixa de ser ignorante – Terren revirou os olhos com impaciência – O que aconteceu na festa, aconteceu. Passado.


 


-Não – soco – Quero – soco – Falar – soco – Sobre isso! – soco.


 


-Para de treinar e conversa comigo – Terrence segurou o saco de areia e desviou do punho de um irado Draco Malfoy – Hei! Sou o amigo aqui!


 


 Draco deu um passo para trás e se controlou, mil coisas passando por sua cabeça. O reencontro foi simplesmente pior que qualquer previsão que ele pudesse ter feito. Em um minuto ele voltou a ser o Draco de sempre, o menino que gostava de brigar. Ela jamais o veria como o adulto que ele era agora.


 


-Foi um momento só – Terrence comentou depois de um momento de silêncio – Não foi o ideal, confesso, mas aconteceu. O Cormac me ligou hoje e nem lembra direito do que aconteceu. E quanto a...


 


-Não Terrence – Draco o cortou, sério – Não fale sobre ela. Não quero mais pensar nisso. E bom jantar, porque eu não vou – afirmou antes de ir embora rapidamente.


 


 ***


 


 Delilah entrou no apartamento de Hayden e Colin carregada de sacolas. Willa vinha logo atrás, três garrafas de vinho nos braços. Os dois estavam debruçados sobre a mesa de jantar, analisando várias fotos espalhadas.


 


-Vocês demoraram – Colin reclamou – O Dennis não veio?


 


-Está de ressaca – Delilah deu de ombros e foi direto pra cozinha – Que bagunça! – gritou horrorizada e voltou rapidamente para a sala – Não acredito que tem louça amontoada daquele jeito.


 


-Não enche baixinha – Colin disse com um sorriso paternal, então piscou e percebeu a minúscula roupa dela – Hei! Que saia é essa?


 


 Hayden ergueu os olhos imediatamente, percorrendo a não mais pequena Delilah.


 


-Caramba Delih! – ele sorriu e piscou – Acho que vou te convidar para jantar.


 


-Nos seus sonhos – Colin retrucou – Minha prima não é pra você.


 


 Com um revirar de olhos, Delilah foi buscar pratos e talheres.


 


 ***


 


-Terrence desmarcou – Blaise avisou enquanto desligava o celular – Draco está de TPM, novamente. Aposto que tem culpa da sua irmã malvada nisso.


 


-Não a chame assim! – Rony reclamou e atirou uma almofada na cabeça de Blaise – Gina não faz mais aquelas coisas.


 


-Aposto que faz se precisar – ele se jogou no sofá de três lugares e encarou o teto por alguns segundos – Estou com fome – anunciou.


 


-Você podia cozinhar – Rony sugeriu com um sorriso – Aposto que vai conquistar Hermione com seu molho queimado.


 


-Você é um babaca, Weasley.


 


 Hermione e Dominique estavam desaparecidas desde a hora do almoço, o que realmente fazia com que os dois meninos tivessem os piores pensamentos do mundo.


 


-Sabe... – Rony começou – Estou preocupado com as meninas.


 


-É... – Blaise concordou – Elas nem conhecem Londres direito, podem ter se perdido. Sem falar que seria uma boa sairmos pra jantar com as duas.


 


-Se eu ao menos pudesse encontrá-las...


 


-Você pode ligar – Blaise falou rapidamente – A nerd é sua melhor amiga. Não fica nada estranho se você ligar.


 


-Com medo de parecer um perseguidor juvenil? – Rony riu divertido – Tudo bem! Vou ligar.


 


 Meia hora depois os dois saíram para encontrá-las em um dos restaurantes preferidos de Pansy, que deu a idéia de bom grado, quando os dois ligaram perguntando. Ela só se esqueceu de mencionar que era também um dos mais caros.


 


 ***


 


 Terrence pegou Scarlett na portaria do prédio dela, recusando o convite de subir e conhecer o apartamento. Poderiam fazer isso depois, sugeriu com pressa. Era estranho tê-la ali novamente, depois de tantos anos fora.


 


-Vai ficar mesmo, não é? – ele a observou quando parou em um sinal vermelho – Seus pais falaram que você vai colocar o apartamento de Paris a venda.


 


-Eu vou ficar, mas não sei se vendo o apartamento – ela confessou, os olhos fixos na rua – Vamos ver como o verão termina. Tudo depende desses meses.


 


-Estou feliz por ter você de volta – ele sorriu. Um verdadeiro, não aquele que usava nas matérias de revistas – Vou fazer esse ser o melhor verão de sua vida, aí você não vai querer voltar.


 


-Terrence... – ela sorriu e o encarou.


 


 Os dois se olharam em silêncio por alguns segundos, lembrando daquele último ano e do doloroso fim do relacionamento que mal começara. Não, Scarlett decidiu, a amizade era o melhor caminho.


 


-E então – ela mudou de assunto – Por que você, especificamente, disse que eu não deveria convidar a Gina pra vir também?


 


-Ainda não adivinhou? – ele abriu um sorriso felino – Eu te tirei de lá porque ela vai receber uma visita importante.


 


-Não acredito que você fez isso – Scarlett o olhou, incrédula – Idéia sua ou dele?


 


-Dele, é claro – Terrence ainda estava sorrindo – Deixo-o lutar ou desistir de vez. Nós dois sabemos o fim dessa história.


 


 ***


 


 Gina caminhou descalça pelo apartamento, percorrendo os cômodos e tentando se acostumar com aquilo. O apartamento em Paris era lindo e bem localizado, esse era imenso e luxuoso e muito além de qualquer coisa que ela já tinha vivenciado. Scarlett saíra com Terren para um jantar a dois, o que era realmente suspeito, se Gina já não soubesse que a loira tinha pavor do ex. Scarlett não namoraria Terren, não mais.


 Ela foi até a cozinha, atrás de algo para comer, quando o interfone tocou. Era Terrence, o porteiro avisou. Scarlett provavelmente tinha esquecido alguma coisa.


 Deu uma olhada em sua roupa, o short jeans escuro e a camiseta rosa da faculdade. Nada chique, mas não estava feio. Ainda descalça foi até a sala, esperar a visita. Todo o cômodo estava mergulhado em uma agradável meia luz, todos os abajures acesos e a imensa sacada de vidro aberta, dando uma ampla imagem da cidade. Ela se perdeu na vista por uns segundos, pensando em quão romântico seria ter um namorado naquele momento.


 Talvez ela pudesse ligar para Eric...


 O elevador apitou e abriu. E então todo o ar de seu corpo simplesmente sumiu.


 


-Oi – Draco abriu um imenso sorriso enquanto andava lentamente até ela – Lembra de mim?


 


 ***


 


 Faith abriu um imenso sorriso quando Noah apareceu para buscá-la. Ele tinha passado alguns anos morando na Alemanha, mas desde que voltara a Londres os encontros eram constantes. Nada romântico, não da parte dela pelo menos.


 


-Oi – ela entrou no carro e o beijou levemente no rosto – Que milagre arrumar um tempinho pra sair comigo – brincou.


 


-Você sabe como é – ele deu de ombros e sorriu – Trabalhar no mercado financeiro é mais estressante do que pensam.


 


-Claro que sim, senhor economista – ela riu e começou a mexer no rádio, em busca de música boa – Qual o restaurante escolhido? Ou vamos no cinema?


 


-Bem, hoje é domingo – ele comentou – Pensei em sushi.


 


 Foi a escolha perfeita, Faith pensou enquanto entravam no lindo restaurante. Isso é, até ela ver Tad, Hux e Theodore jantando juntos. Ela deu um jeito de não ser vista, e arrastou Noah para o mais longe possível. Doce engano. Tad a vira no segundo em que ela pisou no lugar.


 


 ***


 


-Draco... – ela murmurou – Pensei que fosse o Terren.


 


-Imaginei que você não fosse querer me atender – ele deu um leve sorriso enquanto encolhia os ombros – Então acabei dando o nome do Terrence na portaria.


 


-Eu teria atendido – ela cerrou os olhos e cruzou os braços – Mesmo sabendo que você continua agindo de maneira irracional e entrando em brigas.


 


-Foi um acidente – ele correu a se explicar, mais um passo na direção dela – Cormac é um idiota e merecia – disse por fim, não queria contar toda a ladainha.


 


-Imagino – ela suspirou – Vem, vamos pra sala.


 


 Draco a seguiu em silêncio, os olhos fixos no suave balançar dos quadris, nos cabelos vermelhos que pareciam fogo. Era tão inacreditável estar no mesmo cômodo que a dona de seus pensamentos nos últimos anos, que ele temia acordar.


 


-Ainda não conheço o apartamento todo – ela se virou rapidamente para olhá-lo – Vamos ficar na sala principal mesmo.


 


 Os dois se sentaram em sofás opostos, em silêncio, avaliando-se por alguns segundos. Ela cruzou as pernas, ansiosa. Os dedos do pé deslizando no suave tapete cor de marfim. Ginevra observou as roupas de Draco, a calça jeans e a camisa preta. Ele continuava tendo seu estilo de garoto rico, caimento perfeito e grifes.


 


-Vocês pretendem morar por aqui? – ele perguntou para quebrar o gelo.


 


-De momento sim – ela descruzou e cruzou as pernas, nervosa, incômoda – Durante o verão é certeza, depois eu não sei.


 


-Não? – ele franziu o cenho – Pensei que vocês tivessem voltado de vez.


 


-Pra sempre é tempo demais – brincou – Não sei se quero morar em outro lugar além de Paris. Talvez eu volte pra lá, abra a minha galeria... Ou consiga expor na galeria de alguém. Londres é... – ela mirou a sacada – Tão distante hoje.


 


-Você só precisa se acostumar, Ginevra – ele apoiou os cotovelos nos joelhos e a observou atentamente – Já tem quadros suficientes para uma exposição? Eu conheço todas as galerias da cidade, você poderia escolher.


 


-Eu ainda preciso pintar mais quadros – ela começou a se explicar. E então, como se tivesse sido atingida por um raio, apenas parou de falar.


 


 Os olhos dele estavam claros como um céu de verão, como o mar de Ibiza. Ele parecia tão mais velho, agora que ela tinha se disposto a olhá-lo. O rosto mais forte, a mandíbula marcada, a barba feita com perfeição. Sorriu, ele sempre foi vaidoso.


 


-Você sumiu – ele falou baixinho. Não uma acusação, só uma constatação – Eu soube que você tinha conseguido a bolsa na faculdade, mas pensei que você fosse passar o verão aqui.


 


-Algumas coisas mudaram – ela também estava falando baixo, talvez com medo de desenterrar aquelas memórias – Eu sei que você passou aquele verão em Ibiza. O verão em que eu me formei.


 


-Sim – ele piscou rapidamente, transportando para aquele dia. O dia em que ele a perdera de vez – Eu pensei que você fosse me procurar.


 


-Eu pensei que você fosse me procurar... – ela sorriu levemente.


 


 Ele pensou em contar tudo, sobre a visita à Toca e a conversa com Molly e Arthur Weasley. Desistiu. Era passado, não valia mais remexê-lo.


 Ginevra também poderia ter contado sobre a conversa com Narcisa Malfoy. Assim como ele, no entanto, achou que o passado deveria permanecer inerte.


 


-Nada saiu como o planejado, não é? – ela torceu distraidamente um de seus anéis – Me disseram que você está namorando Astória Greengrass. É verdade?


 


-Você está namorando um alemão, não é?


 


-É recente – ela deu de ombros – E nada oficial. O nome dele é Eric.


 


-Eu não estou namorando a Astória – falou decidido – Ela pode pensar o contrário, mas é a minha opinião que vale.  


 


-O que você veio fazer aqui? De verdade.


 


-Eu não sei... – ele mexeu distraidamente no cabelo loiro – Acho que eu só queria saber se você ainda lembrava de mim – terminou com um sorrisinho nos lábios.


 


-Eu nunca esqueci você Draco – ela o olhou atentamente – Confesso que no começo eu pensava mais, pensava o dia todo... Mas os dias foram passando e eu passei a me ocupar de tantas coisas. Eu ainda penso, só não tão constantemente. Não como era antes.


 


-Acho que o que sentíamos um pelo outro é mais ou menos isso?


 


-Isso eu não posso te responder – ela segurou os olhos nos dele – Acho que vamos ter que descobrir. Isso é, tudo depende do rumo que nossas vidas tomarem agora.


 


 Ele levantou num impulso, ainda sem saber ao certo o que fazer. Ginevra continuou sentada, os olhos verdes elétricos nele... Talvez fosse o momento pelo qual ele tinha estado esperando... Talvez fosse cedo demais e ele acabasse estragando tudo. Ginevra sorriu, um sorriso leve e bem humorado, compreendendo sua indecisão. Provavelmente por ser dela também a dúvida. Não sabiam o que fazer um com o outro. Era um momento bom como qualquer outro, Draco decidiu.


 


Waiting in a car / Waiting for a ride in the dark
The night city grows / Look and see her eyes, they glow


 


 Lá fora Londres era dominada pela cacofonia, pelas luzes brilhantes, pelos carros velozes. Era uma capital linda como tantas outras, melhor que muitas outras. Era a cidade dele, e que seria a cidade dela a partir de agora.


 Enquanto a olhava, com aquele sorrisinho se transformando no sorriso maldoso que ele conhecia tão bem, decidiu que Ginevra Weasley ficaria em Londres. Ele faria de tudo para conseguir isso.


 


-Eu já vou – ele tirou o celular do bolso e bateu uma foto rápida dela.


 


-Hei! – ela reclamou e se aproximou – Eu nem estou arrumada! Apaga isso!


 


-De jeito nenhum – ele riu e tirou o celular do alcance dela – Agora me passa o número do seu celular.


 


 Ela disse o número e ele gravou. Os dois sorriram cordialmente enquanto ela o levava até o elevador. Deram um pequeno abraço, nada demais.


 


-A gente se vê por aí – ela acenou enquanto as portas se fechavam.


 


Waiting in a car / Waiting for a ride in the dark
Drinking in the lounge / Following the neon signs


 


 Draco não respondeu, mantendo-se naquele silêncio imperturbável. Ele não precisava ter dito nada na verdade, já que seus olhos eram páginas e páginas de promessas. Todos nós sabemos que um Malfoy decidido é um Malfoy prestes a conseguir o que quer.


 O verão seria uma coisa única, Ginevra pensou consigo mesma. Um sorriso estúpido nos lábios enquanto olhava fixamente a porta fechada do elevador.


 


 ***


 


CINCO ANOS ATRÁS...


 


 Ginevra olhou fixamente as portas metálicas do elevador. O saguão estava abarrotado de turistas, cada um falando uma língua diferente. As portas se abriram, e Scarlett e Blaise finalmente apareceram.


 


-Já estava envelhecendo – ela reclamou – Vamos, vamos!


 


-Rainha chata – Blaise brincou enquanto passava por ela e roubava seu chapéu de palha – Estávamos no telefone.


 


-E precisava demorar tanto? – Ginevra esticou a mão, exigindo o chapéu.


 


-Já que você está tão curiosa – Blaise abriu um sorriso felino enquanto devolvia o chapéu – Eu estava falando com Draco Malfoy. Conhece?


 


-Blaise! – Scarlett apertou os olhos para ele, depois se virou para Gina – Não é nada demais. Draco não vem pra Ibiza, disse que vai passar algumas semanas com um pessoal de Harvard e Terrence.


 


Waiting for a roar / Looking at the mutating skyline
The city is my church / It wraps me in the sparkling twilight


-Mas vamos encontrá-lo em Londres mês que vem – Blaise ajeitou os óculos de sol, o que só o deixou mais irritantemente bonito – Você pode vir, se quiser.


 


 Ginevra o ignorou e seguiu para o café da manhã do hotel. Harry, Pansy e os outros estavam ali. Até mesmo Faith e Dakota estavam em Ibiza. Era a primeira vez dela curtindo o famoso verão espanhol.


 


-Gina! – Faith acenou freneticamente.


 


 Scarlett revirou os olhos e, com um suspiro resignado, foi até a mesa deles. Pansy e Harry estavam combinando nas roupas e nos óculos de sol.


 


-Você já foi mais homem Harry – Rony comentou quando apareceu, vinte minutos depois.


 


-Hayden vai chegar amanhã – Faith avisou, os olhos fixos no celular – Acabei de receber uma mensagem.


 


-Elisha e Lexie também – Pansy falou distraída, mais preocupada em chamar o garçom.


 


-Vamos todos para Londres em agosto? – Blaise perguntou – Draco e Terrence vão estar lá. Terren sugeriu a ilha do pai dele, na Itália. Você lembra onde fica Pan?


 


-Não faço nem idéia, mas a sugestão é ótima.


 


-Bem, eu vou para Milão ver a Hermione – Rony avisou – Dominique vai passar o mês com os pais, e nós vamos dar uma volta pela Itália.


 


-Excelente! – Ginevra abriu um imenso sorriso e olhou diretamente para Blaise – Vou com você Rony. A Itália em agosto deve ser incrível.


 


-Sim... Acho que sim... – o irmão a olhou, confuso.


 


 Blaise e Ginevra trocaram olhares ácidos e astutos. Ele sabia que ela sabia sobre o breve relacionamento dele com Hermione. Era de conhecimento geral que Ginevra Weasley e Blaise Zabini tiveram pendências no passado. Ela terminou vitoriosa, o que foi um imenso soco no estômago dele.


 Agora, por mais que a vida insistisse em colocá-los juntos, sabiam que um pouquinho de competição ficaria. Pra sempre.


 


-Vocês podem ir pra ilha – Blaise não estava mais sorrindo – Ia ser uma excelente oportunidade para que todos se encontrassem.


 


-Não, eu não acho – Ginevra segurou o olhar nos olhos dele.


 


 Ninguém na mesa estava prestando atenção nos dois, todos preocupados fazendo planos para os dias que se seguiriam. Mas naquele cantinho, Ginevra e Blaise se enfrentavam com a fúria de dois titãs.


 


-Eu sei que você o ama ainda – ele falou baixinho, para que só ela ouvisse.


 


-Eu nunca disse o contrário – ela falou de volta, no mesmo tom baixo. Eles se olharam fixamente por alguns segundos, irritados. Depois esqueceram tudo. Estavam em Ibiza, e era verão afinal... O amado verão. Seria um verão maravilhoso, ela decidiu. Não pensaria em Draco... De jeito nenhum.


 


Waiting in a car / Waiting for the right time / Waiting in a car / Waiting for the right time / Waiting in a car / Waiting for a ride in the dark


(Midnight City (M83 Cover) – The Knocks (Ft. Mandy Lee)

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