Capítulo 6: Simpatia pelo demô



Hermione estendeu uma perna no ar e depois a outra, sentindo os músculos se estirarem. Afundou mais na grande banheira de água cheia de sabão, sorrindo de satisfação. O sol entrava no banheiro pelas janelas do lado da banheira e ela se sentia mil quilos mais leve.


-Hermione? – veio a voz de Harry.


-Aqui! - respondeu.


Ele abriu a porta, sorrindo e trazendo um grande copo de suco de laranja. –Ei, você acordou! Estava começando a me perguntar se a cama seria sua nova parceira pro resto da vida.


-Ohh, suco – ela pegou o copo e esvaziou até a metade só com um gole. Harry sabia muito bem que Hermione tinha um tipo de fetiche por suco de laranja. Nenhuma manhã estava completa sem vários copos. –Obrigada.


Ele sentou na beirada da banheira e passou os dedos pela água. –Como está se sentindo?


Ela sorriu pra ele. –Ah, muito melhor. Ainda um pouco dolorida. Uma ducha não consegue tirar a tensão de cinco dias de luta.


-Posso consertar isso.


-O que? Vai entrar aqui comigo? – ela perguntou, sorrindo.


-Tentador, mas não. Você vai sair. – ele levantou e segurou a mão dela, ajudando-a a levantar na banheira. Ela saiu e ficou sobre o tapete, pingando.


-Certo, e agora o que? Estou completamente nua e molhada. Ei, tire esse sorriso do rosto.


Ele pegou uma toalha do suporte. –Desculpe. Só tive um flashback de quando eu tinha quinze anos. – ele a envolveu com a toalha. –Se seque e venha pro quarto.


-Você está cheio de surpresa hoje – ela esfregou o corpo com a toalha fofa, um sorriso maroto no rosto. –E eu posso completar dizendo que está muito bonito pra mim, depois de cinco dias somente com minha bolha me acompanhando.


-Você sempre está bonita pra mim. Sem falar que está usando minha roupa favorita.


Ela riu e voltou para o quarto, se secando e se perguntando o que Harry tinha reservado pra ela.


Quando ela saiu do banheiro, nada parecia diferente. Harry estava de pé ao lado da cama, sorrindo. –Se deite de bruços –disse. –deixe sua cabeça pra fora da cama.


Dando os ombros, ela fez como ele pediu. Sentiu a cama baixar quando Harry subiu também. Estava esperando algo que nunca poderia contar a seus netos, mas ao invés disso, ele apenas colocou as mãos sobre seus ombros e começou a esfregar. –Ohh – ela expirou. Pelos seus ombros, descendo por seus braços, em suas costas. A tensão e a dor persistentes se derreteram. As mãos dele estavam quentes e suaves sobre sua pele nua. –Minha nossa... Onde aprendeu a fazer e isso e por que nunca fez antes?


Ele riu. –Na verdade, nunca tentei isso antes. Achei que você fosse gostar.


-Bem, você tem o dom. – ele desceu para os lados da perna dela. –Diga, sr. Das mãos mágicas... Quer casar comigo?


-Hummm. Ok.


-Mas só se me prometer infinitas massagens. Na saúde e na doença e com massagens ilimitadas.


-E o que recebo em troca? – ela podia sentir o sorriso na voz dele.


-Todo o sexo que você quiser. Eu não ligo. Posições estranhas, chicotes e correntes... Contanto que as massagens continuem, você pode ficar tão pervertido quanto quiser. – sua voz estava meio abafada pelas cobertas.


-Vai ter que fazer melhor que isso. Sabe que não sou pervertido.


-Que tal meu amor imortal enquanto nós dois vivermos?


-Parece justo.


-Claro que você já tinha isso antes. Mas vou te contar, as massagens ajudam muito a continuar valendo. Hummmmm... – ela ronronou quando Harry passou pela parte mais baixa de suas costas. –Não me diga que ainda está vestido.


-Hum, sim eu estou.


-Se não vamos fazer sexo totalmente selvagem ou pelo menos fazer um amor suave tipo Sarah MacLachlan no fim disso, vou ficar muito desapontada com você.


-Cara, não se ouve isso todo dia.


Ela rolou e olhou pra ele, piscando várias vezes. –Hora de massagear a frente?


Ele riu. Você está se sentindo meio agressiva hoje, não é? Com que tipo de mulher eu acabei me envolvendo?


-O tipo que passou quase uma semana no inferno e passou por ele fantasiando sobre um sexy encontro na cama com seu companheiro lindo e gostoso.


-E que companheiro seria esse? Lindo e gostoso eu não sou.


Ela sentou e o segurou pela camisa. –Você é pra mim, então cala boca. – se inclinou pra frente e o beijou. –Estou sentada nua em uma cama e você está discutindo semântica? Verificação de pulso, por favor. – ela esticou o lábio inferior e piscou pra ele. –Você não me acha mais atraente? Hein? Aquele incidente com a perna quebrada te esfriou?


Ele sorriu e subiu na cama, tirando a camisa por cima da cabeça. –Vamos descobrir.




Alguns dias depois...




Hermione colocou seu caderno sobre a mesa e sentou ao lado de Sirius. –Onde está Harry? – ele lhe perguntou.


-Vai chegar daqui a pouco – ela abriu seu caderno de anotações e olhou em volta da mesa. –Estão todos aqui? Napoleon? Remo? – toda semana, o grupo informal que investigava o desaparecimento de Harry se encontrava para informar uns aos outros e trocar anotações.


-Todos estão aqui exceto Harry.


-Ótimo– todos olharam pra Hermione. –Porque tenho algo a dizer e não quero que ele ouça. – ela respirou fundo. –Há algumas noites, Harry vem tendo esses... Pesadelos.


-Que tipo de pesadelos?


-Eu não sei. Ele não os lembra e eu não quero que ele lembre. Ele... ele fala dormindo. Às vezes grita. É bem perturbador.


-Imagino – Lupin disse. –O que ele diz?


-Essa é a parte estranha. Sempre diz a mesma coisa. Apenas repete "nunca termina" várias e várias vezes. Ele resmunga isso, grita isso e uma vez ele estava quase cantando isso.


-"Nunca termina" – Sirius disse, testando as palavras em sua boca. –O que nunca termina?


Hermione deu os ombros. –Eu não sei. Isso é tudo que ele diz.


-Bem assustador, não é? – Napoleon disse.


-Sim. Eu quase contei a ele sobre isso, mas algo me impediu. Eu só... Não quero perturbá-lo. E também, de certa forma, não quero impedir os sonhos. Ele pode dizer algo mais informativo, e se ele ficar preocupado com isso, pode não ter os mesmos pesadelos.


-Pode ser um sonho aleatório que não tenha a ver com nada – Lupin disse.


-Não acho. É a forma como ele diz, como se fosse caso de vida ou morte. E ele nunca foi de ter pesadelos antes de desaparecer.


-Mas ele voltou já faz um tempo. E acabou de começar a ter esses pesadelos, certo? Quem pode dizer que não é outra coisa que os estão causando?


-Nada, mas eu apenas sei que é importante. Tenho um instinto sobre isso.


-Bem, no momento seus instintos são melhores do que a falta de informação que temos, então vamos nos basear nele. –Remo disse. –Tente ficar mais atenta às atividades dele dormindo, Hermione.


-Remo, ele dorme ao meu lado. Não vou perder nada importante, acredite.


A porta se abriu e Harry entrou. –Boa tarde a todos. Desculpe o atraso. Perdi alguma coisa?


Os outros trocaram olhares. –Não – Napoleon disse. –Só conversa fiada;


-Certo, vamos começar então.




Hermione se inclinou pra frente e limpou o espelho com uma toalha úmida, balançando a porta em sua moldura para limpar o vapor quente do ar. Estava ficando atrasada e queria estar no horário pra isso, mas o espelho ficava embaçando e isso a estava irritando além de ser improdutivo.


Com o cabelo preso num estilo que ela esperava que fosse regular e ao mesmo tempo realçador, entrou no quarto só de calcinha pra terminar de se arrumar. Harry estava em pé ao lado da cama e olhando o novíssimo uniforme da DI dela, que havia sido entregue durante a tarde, a tempo da cerimônia de graduação desta noite. Ele já estava vestido com seu uniforme, o mesmo que ela o vira usar na auditoria e algumas atividades da DI. –O que foi? – ela perguntou, olhando o rosto dele, que tinha uma expressão muito estranha.


-Ah, nada. Eu quase não consigo acreditar. – ele balançou a cabeça. –Um dia, estávamos comprando sapos de chocolate no expresso de Hogwarts e agora aqui estamos... Espiões.


Ela riu. –Agentes da Inteligência, querido. –pegou o uniforme. –Temos outros uniformes além desse?


-Existem três uniformes padrões. Esse e o que eu estou usando são pretos padrões, adequados para usar no dia a dia ou atividades da divisão, como a graduação. Temos também o uniforme de campo, que são mais práticos. Eles vêem com uma capa maravilhosa, tem bolsos encantados. E temos os uniformes de gala. Muito mais pomposos.


-Pra que servem?


-Ah, jantares oficiais da Federação, esse tipo de coisa. – ele rodou as insígnias de patente dela na palma da mão. –Pensei em usar o meu pro casamento.


-Ah, sim! Maravilha – riu pra ele. –Eu vou desmaiar no caminho até o altar – ela ajeitou a jaqueta e virou pro espelho. –Pronto. Como estou?


Harry suspirou. O uniforme de tenente da DI era todo preto, como os outros. As calças eram justas e desapareciam em botas na altura do joelho, engraxada até ficarem espelhadas. A jaqueta curta era na altura do quadril e desenhada com um colarinho no etilo Nero e botões escondidos. No lugar da longa capa roxa que vinha com o uniforme de Harry, Hermione tinha uma faixa da mesma cor que passava por cima do peito. –Está maravilhosa. – levantou as insígnias de patente. –Posso?


Como resposta, ela se aproximou e inclinou a cabeça para trás. Harry colocou as duas pequenas barras da insígnia em cada lado do colarinho e depois colocou as barras dos ombros da jaqueta. Ele alisou o tecido dos braços, fungando um pouco. Ela esticou a mão e passou pela bochecha dele. –Ei. Ainda sou sua garota.


Ele sorriu. –Eu sei.




Hermione foi direto para o bar, com sede depois de ficar a cerimônia inteira embaixo de tochas quentes. –Screwdriver –disse pro barman. –Sem a vodka. – ele riu e colocou suco de laranja para ela. –Obrigada – ela esvaziou o copo e o colocou no bar, dando um suspiro. Olhou em volta, aliviada de ter terminado.


A recepção pós-cerimônia estava acontecendo no ministério, em um dos salões de festa de tamanho médio. Uma pequena banda de jazz tocava e mesas estavam alinhadas nas paredes, recheadas de salgadinhos e docinhos. O brasão da Federação estava pendurado em uma das paredes, flanqueado pelos brasões do Ministério Britânico e do Corpo de Executores das Leis Mágicas. O salão estava cheio de uniformes escuros e de pessoas em roupas civis.


Napoleon se aproximou dela, sorrindo de orelha a orelha. –Hei, ten.! – Ele disse. Hermione riu e o abraçou. –Parabéns! Acho que isso significa que você não tem mais que me chamar de "senhor".


-Quando foi que eu te chamei de "senhor"? –perguntou. –Você está bem diferente hoje – era estranho ver Napoleon usando roupas que não estavam rasgadas, pintadas ou decoradas com símbolos de bandas. O uniforme dele era idêntico ao de Hermione, já que agora tinham a mesma patente e para ocasião ele deixara o cabelo liso para trás, num violeta modesto que combinava com a capa. Ele tirara a maioria dos piercings, menos os brincos e o do nariz. –Quase não te reconheci. Sem todo aquele metal eu posso ver seu rosto de fato.


-Isso é bom ou ruim?


-Bom, eu acho. Você quase podia se passar por um oficial.


-Nossa, obrigado. Ah, aqui está Harry – ele deu um passo para trás para que Harry pudesse abraçá-la. –Ei, patrão.


Harry lhe deu um olhar frio. –Jones – voltou sua atenção para Hermione. –Bem, acabou.


-Graças a Deus – ela disse, sorrindo para ele e colocando um braço em volta de sua cintura. –Muita pompa e burocracia.


-É só uma formalidade. Esse pessoal da Federação adora suas formalidades. – ele seguiu o olhar dela até o outro lado do salão e viu Claire e Doug Granger acenando entusiasmados.


-Vou ver meus pais – ela disse. –Vem também?


-Não, tenho que falar com Napoleon um minuto. Vá na frente.


Hermione lhe beijou a bochecha e se apressou pro outro lado do salão. –Oi, mãe –disse abrindo os braços pra abraçar sua mãe e depois seu pai. –Estou tão feliz que tenham vindo.


-Ah, não perderíamos isso por nada, querida. Você parece tão importante em seu uniforme!


-Sim, muito oficial – Doug disse. –Mas não fica chato ter que usar a mesma cor todos os dias? – ele brincou, segurando o ombro da filha.


-Bem, na verdade não precisamos vestir isso todos os dias. – Hermione disse. –Só em algumas ocasiões.


Claire ficou séria, segurando as mãos de Hermione nas suas. –Agora, querida. Sei que essa é uma grande oportunidade pra você, mas, por favor, me prometa...


-Que vou tomar cuidado. Eu vou, mãe.


-É uma linha de trabalho tão perigosa e nós nos preocupamos...


-Eu sei, mãe. Eu não vou trabalhar nas coisas perigosas de verdade.


-Bem, nos preocupamos com Harry também.


Hermione sorriu. –Ele pode se cuidar sozinho.


-Só porque ele é especial, não quer dizer que seja invencível. Ele tem que tomar cuidado. Ele deve... deve... – ela parou no meio da frase, franzindo a testa quando olhou por cima do ombro de Hermione. –Minha nossa.


Hermione virou e viu um tumulto se formando perto da porta que se abria para o pátio. As pessoas iam naquela direção, trocando palavras e olhares confusos.


Alguém chamou por ela. –Hermione! Venha rápido!


Hermione correu na direção da porta e abriu caminho pela multidão até chegar no pátio; seu queixo caiu com o que viu ali.


Harry estava sendo fisicamente puxado de cima de Napoleon por Argo e Henry Ubingado. Ele tentava lutar pra se libertar. Napoleon estava sentado no chão olhando pra ele com uma expressão de choque e confusão, uma mão na boca que sangrava. Harry gritava pra ele, uma expressão estranha no rosto enquanto xingava Napoleon de coisas horrorosas.


Hermione se apressou para frente, chocada. Pegou o braço de Harry e o puxou para trás. –Harry, pare! Harry! – gritou para ele.


Isso pareceu trazê-lo de volta. Ele relaxou e parou de lutar contra Argo e Henry. Olhou pra ela, a boca abrindo e fechado. –Hermione... Eu... – olhou em sua volta, para Henry e outros que não tinha certeza se sabia quem eram.


-Harry, o que em nome de Deus está fazendo?


Ele balançou a cabeça; -Não sei. – Uma expressão de terror passou por seu rosto quando passou por ela até o lugar onde Napoleon estava. Ficou tenso pro caso de um novo ataque, mas Harry levantou as mãos num gesto de trégua. –Napoleon, eu lamento. Não sei o que me deu.


Hermione se juntou a ele. –O que aconteceu aqui? Napoleon?


Ele deu de ombros. –Eu não sei! Estávamos conversando sobre a reunião de semana que vem e eu disse algo sobre como ele devia estar orgulhoso de você e quando eu vi, ele estava em cima de mim. – Ele olhou pra Harry. –O que eu disse?


-Nada – Harry disse. –Você não disse nada. – ele balançou a cabeça, sua expressão vazia e confusa. –Desculpe, Jones. Não estou em mim hoje.


-Tudo bem, Harry. Já apanhei mais. Sem grilo. Todo mundo fica meio pirado vez em quando. –sorriu e deu um tapinha no ombro de Harry. –E se não piramos, talvez devêssemos.


Harry concordou devagar e olhou pra Hermione. Ela virou para Argo. –Vamos pra casa. Minhas desculpas.


-Sim, leve-o pra casa – Argo respondeu seca. –Harry, você vai ver Sukesh amanhã pela manhã.


-Argo...


-É uma ordem, Major.


-Ele irá – Hermione disse, segurando sua mão. –Napoleon, diga tchau a meus pais por mim. – ela e Harry saíram do salão deixando uma multidão confusa atrás deles.




Eles entraram no saguão de entrada de casa, em silêncio e desconfortáveis. Hermione pendurou a capa. –Vou subir. Você vem?


-Num minuto. Vou pegar um chá pra gente.


-Ok – ela sorriu pra ele e lhe deu um beijo na bochecha.


Ele a olhou subindo as escadas e entrou na cozinha. Laura estava na mesa comendo um sanduíche. –Hei, Harry! – tinha um pouco de água quente na chaleira então ele apenas pegou duas xícaras e os pacotinhos de chá. –Como foi a cerimônia? – ele não disse nada, apenas despejou a água quente. –Harry?


Ele pegou as xícaras e virou para porta. Olhou para Laura, a expressão vazia. –Sai fora – disse calmamente, e saiu da cozinha. Laura ficou sentada na mesa o olhando ir, o queixo caído de choque.




Ela estava tentando não pensar no que aconteceu enquanto vestia sua camisola. Harry não era uma pessoa violenta e nunca puxava uma briga. O que Napoleon teria dito?


Ele entrou carregando duas xícaras. –Chá –disse.


Ela pegou uma das xícaras. –Obrigada – ela bebericou, assoprando a superfície quente. –Laura ainda está acordada?


-Não a vi –sentou no peitoril, se inclinando pra trás de modo que se apoiasse contra a janela. –Bem, vamos falar sobre isso?


Ela sentou na cama de frente pra ele. –Por que fez aquilo, Harry?


-Eu não sei –levantou os olhos. –Não, talvez eu saiba. –colocou a xícara num apoio. –Ele está apaixonado por você, sabe.


Ela abaixou o olhar para sua xícara, um dedo alisando as bordas. –É, eu sei.


-E você o beijou – ela olhou rápido pra ele. –Li no seu diário.


Ela balançou a cabeça que sim. –Sim, eu o beijei. Mas também deve ter lido o porquê de eu ter feito aquilo. –suspirou. –Estava num lugar muito ruim, Harry. Você estava sumido. Era como se tivesse desaparecido sem deixar nenhum traço. Estava começando a acreditar que nunca te veria de novo. Todo dia, tudo o que conseguia pensar era como éramos felizes e quanto tempo perdemos insistindo que éramos amigos e então, quando estávamos nos acostumando a nos amarmos você se foi. Tentei te procurar. Tentei ter esperanças, tentei pensar positivo. Tentei rezar e ainda assim... Você estava sumido... Pensei que talvez se te irritasse você voltaria e gritaria comigo. Então o beijei. – ela levantou e sentou ao lado dele. –Harry, Napoleon é meu amigo. Me ajudou a atravessar aqueles meses que você estava longe. Ele é meu único amigo. Sei que sente algo por mim. Não posso mudar isso.


Ele fungou. –Talvez você possa. Tem mesmo que ser tão maravilhosa o tempo todo?


Ela sorriu e virou o rosto dele pra direção do dela. –Por favor, não me diga que está pensando em ter ataques ciumentos por causa de Napoleon Jones.


-Bem...


-Pare bem aí – ela levantou e subiu nas pernas dele, de modo que ficou sentada em seu colo, de frente pra ele; colocou as mãos nos ombros dele e o fez olhar pra ela. –Harry, eu te amo. E te amo completa, insana e apaixonadamente. Entendeu? Posso falar com mais clareza? Não há mais ninguém. Nunca vai haver mais ninguém. Nem Napoleon, nem ninguém. Certo? – ele sorriu e balançou a cabeça que sim, corando um pouco. –Certo. Agora, acho um pouco mais que preocupante que você esteja batendo em rivais conhecidos.


-Não sei o que aconteceu. Eu meio que... Descontrolei, acho. Estava me sentindo meio desligado hoje. Ansioso. Não estamos chegando a lugar nenhum com a investigação e estou preocupado que a gente nunca descubra o que aconteceu comigo.


-Vamos descobrir. – ela o abraçou. – E mesmo que a gente não descubra, bem, vamos lidar com isso,


Ele a encarou. –Posso lidar com muita coisa com você ao meu lado. Apenas prometa não quebrar minha perna de novo.




-Quer um pouco de sopa, querida? – Laura disse do lado do fogão.


-Claro – Hermione estava sentada á mesa com um sanduíche e um livro. Era sábado e a casa estava estranhamente vazia. Jorge estava numa reunião com alguns clientes, Cho estava no campo de treinamento, Justino estava no escritório e Harry no Ministério num encontro com um comitê de Executores. Laura colocou um prato na frente de Hermione e sentou na frente dela.


-Harry foi ver o dr. Subramaniam?


-Sim, uns dias atrás. Sukesh me disse que não conseguiu encontrar nada errado com ele. Concordou comigo que era apenas stress, e provavelmente um resíduo de ciúmes de Napoleon. Ele prescreveu pra Harry um feitiço de relaxamento e um chá de ervas tranqüilizantes e o liberou do trabalho.


-Acho que você gosta de Napoleon. Mais do que admite.


Hermione suspirou. –Realmente gosto dele. Talvez um pouco mais do que admito. Mas francamente, ele é apenas um amigo. Não tenho nenhum sentimento romântico por ele e certamente não há razão pra Harry ter ciúmes. – disse firme.


-Irritante, não é?


-Sim! Quer dizer, o que eu tenho que fazer pra convencer o homem que ele me ganhou! Não importa quanto eu diga que o amo ele ainda parece duvidar disso.


-Homens. Não se pode viver com eles, não se pode atirar neles.


Hermione riu. –Só queria que eles pudessem acreditar na gente.


-Ele acredita. É nele que não acredita. Ele pode ser o Sr. Fabuloso por fora, mas por dentro ainda é o garotinho empurrado dentro de um armário embaixo das escadas e odiado por todos. - Laura limpou a boca e abaixou a colher. –Devo dizer que ele está meio... Instável ultimamente.


Hermione franziu a testa. –O que quer dizer?


-Ah, nada. É só que ele disse algumas... coisas... Pra mim que não parecia nada com ele. Mas nos últimos dias ele está normal e agradável como sempre.


-Está mesmo. O velho Harry de sempre. Eu não devia ser tão negativa, sei que ele acredita que eu o amo e que estou comprometida com ele, mas acho que as emoções não são sempre racionais.


-Amem, irmã.




Hermione bateu na porta da tranqüila casa bem ornamentada no subúrbio e esperou com um sorriso no rosto até que a porta foi aberta pela animada pessoa usando óculos. –Vovó! – ela disse.


-Ah, Hermione querida! Ah, que surpresa maravilhosa! – A vó gritou, saindo pra abraçar sua neta. –Entre, entre! – ela a incitou a entrar, toda sorrisos.


Hermione sempre foi muito próxima de sua avó, que ela particularmente achava a pessoa mais legal que existia. Lílian Graves sempre fora uma mulher pioneira. Trabalhara na linha de frente durante a Guerra Mundial e se recusara a voltar pra cozinha depois, organizando as mulheres em batalhas por direitos iguais. Tinha se divorciado de seu marido, o pai de Claire, quando ele se recusou completamente a mudar de pensamento e tinha começado seu próprio negócio, uma loja de doces onde Hermione passara muitas horas felizes durante a infância. Os pais de Hermione brincavam que a avó só estava tentando dar mais pacientes pra eles, mas avó adorava sua loja, que continuava ativa até hoje mesmo com seus novos donos. Ela era uma alegre senhora que usava cores berrantes e cachecóis floridos e sempre tinha muitos amigos em casa pra jogar maj-jonggh ou assistir novela. Colecionava memórias dos Beatles e jogos de chá e ainda cortava a própria grama aos 91 anos. Ela fora a única da família a ficar feliz ao descobrir que sua neta era uma bruxa.


-O que te traz aqui, querida – Vó perguntou, sentando ao lado de Hermione no divã, que na verdade era uma grande poltrona coberta com seda que Lilia comprara na Turquia em uma de suas muitas viagens para o exterior. –Não que eu esteja reclamando.


-Achei que você gostaria de ver os convites – Hermione disse. –Acabei de pegar.


-Ah, minha nossa, sim! Vamos ver! – Hermione abriu a grande sacola que carregava, que continha mais ou menos uma dúzia de pequenas caixas cheias dos convites para o casamento impressos. –Ohhh, muito bom. Elegante e cheio de classe. Agora deixa eu ver – ela pegou um leu as inscrições.


Hermione Jane Granger & Harry James Potter
requisitam a honra de sua presença
na celebração de seu matrimônio
Sábado, quinze de novembro de 2008
às duas horas da tarde


Cerimônia e recepção serão realizadas na
Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts
Aberdeen, Escócia


Confirmações até primeiro de outubro


-Ah, é adorável – a vó disse. –Decidiram sobre o bufê? Gostei do segundo bolo que provamos...


-É um pouco cedo pra se preocupar com isso, vó. Estou tentando realmente não ficar maluca. Não quero assustar Harry fazendo com que entre numa caverna escura da qual não vai mais sair.


-Não acho que isso seja provável. O homem andaria de joelhos sobre cacos de vidro pra casar com você. – Lílian deu uma olhada pro convite. –Só você e Harry, hein? Seus pais não ficaram chateados de não ter os nomes nos convites? Essa é a tradição, sabe.


-Bem... Já que Harry perdeu os pais achei que seria meio constrangedor. Além disso, não são eles que estão pagando.


A vó suspirou. –Ah, queria ter a sorte de ter casado com um homem rico.


-Você casou, vovó.


-Ah, queria ter tido sorte suficiente de amar aquele homem.


Hermione riu. –Realmente é um bom benefício. Ele ser rico, quero dizer, não a parte do amor.


-Eu me vanglorio constantemente com meus amigos que minha neta vai casar com um homem rico, e ela não vai fazer isso pelo dinheiro. – ela encarou Hermione. –você não vai, não é?


-Vovó! Claro que não! – ela exclamou rindo. Esticou a mão pra dentro da sacola. –falando nisso... Tenho mais uma coisa pra você. – ela puxou uma foto emoldurada. –Achei que gostaria de ver a foto do noivado.


-Ah, querida... Está maravilhosa! – Hermione olhou a foto por cima do ombro da avó, sorrindo. Era bonita. Eles tiraram com um fotógrafo trouxa, já que a foto era principalmente para a família de Hermione que não poderia pendurar uma foto bruxa na parede. O fotógrafo tentara várias fotos, mas todas ficaram cafonas e robóticas até que ele finalmente pediu um intervalo. Harry aproveitou a oportunidade pra contar uma piada a Hermione e o fotógrafo os pegara num momento completamente despreparados enquanto olhavam um para o outro e riam alto, reluzindo com os sorrisos. –Ah, Hermione... Você realmente arrumou um marido lindo.


-Vovó, não faça parecer que eu coloquei um anzol na frente do nariz dele! – ela riram e até que Hermione falou. –Sério, agora... Você o aprova, não é?


Lílian deu um tapinha na perna de Hermione, sorrindo. –Acho que ele é maravilhoso, querida. E um bom partido. Não me separaria de você por ninguém que não a merecesse tanto. – ela levantou e pegou uma das muitas fotos da parede, colocando a foto de noivado no lugar. –Pronta – ela voltou pra sentar no divã. –Está ficando mais animada?


Hermione suspirou. –Não sei. Ainda parece muito longe, tem muito a se fazer. Agora que meu treinamento acabou, posso começar a me dedicar ao planejamento. – ela sorriu. –Acho que estou animada. Estou ansiosa pra casar com ele.


-É uma grande aventura, querida. Dividir a vida com outra pessoa, deixar que ela veja quem você é de verdade. É tão assustador quanto maravilhoso. Mas a melhor parte é que não importa o que aconteça em sua vida, vocês são um time. Você sempre terá alguém com você. Isso é, até que ele te impeça de ter sua própria vida e você tenha que se divorciar do bastardo.


Hermione começou a rir. –De alguma forma, acho que isso não vai ser um problema.




-Sabia que a lista de convidados seria um problema – Hermione disse com raiva.


-Não é um problema! – Harry insistiu. –É uma... diferença de opiniões.


-Você é tão teimoso às vezes!


-Não sou teimoso! Eu só... Não quero intensamente os convidar!


-Harry, eles criaram você.


-Apenas na definição mais geral possível do termo.


-O que quer que tenham feito, ajudou você a se tornar quem é. Vê isso? – ela fez um gesto na direção dos outros moradores da casa, que estavam sentados no cômodo evitando olhar. –Nós amamos quem você é.


-Eu não vou convidar os Dursley. Se eu sou bom de alguma forma é apesar deles, não por causa deles. Esse é pra ser o dia mais feliz de minha vida, a última coisa que quero é olhar e ver a cara de porca do Duda olhando pra mim! – ele parou de andar de um lado para o outro e sentou ao lado de Hermione no sofá da sala de estar. Laura estava sentada do outro lado da sala com um livro, tentando não rir, e os outros dois homens da casa estavam assistindo uma aparatação remota de um jogo de quadribol em Bombay. –Hermione, querida, amor de minha vida, estou te implorando pra não convidar os Dursley.


Ela balançou a cabeça. –Bem, quando você pede assim... – ela riscou o nome deles da lista de convidados.


-Obrigado, do fundo do meu coração. – disse, dando um beijo barulhento em sua bochecha. Ela sorriu e bagunçou o cabelo dele. Ele deitou nas almofadas do sofá. –Eles provavelmente não viriam mesmo.


-Provavelmente não –concordou. –Todas aquelas horríveis pessoas mágicas. Mesmo assim, seria um bonito gesto.


-Eles não merecem nenhum gesto bonito de mim – ele disse, a amargura bem evidente na voz dele.


-Harry – ela disse baixo. –eles são seus únicos parentes de sangue. Goste ou não, isso é família. Você quer mesmo cortá-los?


-Você é a única família que quero – ele disse, um tom final na voz.


Ela suspirou e voltou para lista de convidados. -Bem, acho que isso dá conta de todos.


-Quantos?


-Trezentos e cinqüenta, mais ou menos.


Ele assoviou. –Minha nossa. Como podemos conhecer tanta gente?


-Bem, com minha família e alguns amigos deles e nossos amigos de escola e os Weasleys mais cônjuges e filhos... Só aí são umas trinta pessoas... Nossos amigos de trabalho e nossos amigos do swing e os meus de Stonehenge e alguns amigos do Instituto e as pessoas de Hogwarts e várias pessoas de cargos oficiais que somos meio obrigados a convidar...


-É, entendi como isso vai aumentando rápido.


-E tenho certeza que vamos lembrar de mais gente nos próximos dias – ela fechou o caderno e olhou pra ele. –Quer colocar um limite? É seu dinheiro.


-Não.


-Tem certeza? Querido, com o jantar que estamos planejando, vai ser muito dinheiro por pessoa...


-Tenho certeza.


Ela suspirou. –Só não quero que sinta o peso quando as contas começarem a chegar. – Harry riu. –Eu realmente não sei quanto você tem, não é?


-Vamos conversar sobre isso depois. Digamos que não importa o tamanho que você queira esse casamento, não vai fazer diferença. – ele se apoiou em um cotovelo e olhou pra ela. –Meu pai era de uma rica família bruxa, e graças a minha conta e meu gerente de investimento e um estilo de vida bastante econômico, consegui aumentar minha fortuna em várias vezes. Isso me permite evitar certas preocupações que outros jovens experimentam, mas de longe, a melhor coisa que me proporcionou foi olhar nos seus olhos e dizer pra planejar o casamento de seus sonhos e não se preocupar com o preço disso. Escolha um bolo enorme e lindo e contrate uma banda maravilhosa e compre um vestido ridiculamente caro. Feito sob medida, com rendas de algum lugar como Luxemburgo ou da Nova Guiné. Pode fazer isso. Se não tivermos pelo menos um garçom por convidado, vou ficar bem chateado. Já está na hora da gente aproveitar os benefícios da minha vida simples.


-Sabe, as coisas que custam dinheiro não são as coisas que importam. As flores e os vestidos e a festa... Isso é só uma vitrine. O que realmente importa é você, eu, duas testemunhas e algum oficial pra dizer "eu agora os declaro marido e mulher". Isso que é importante.


-Fico feliz em ouvir isso.


-Hei! – Laura disse do outro lado da sala. –Não vamos fechar a mão na hora do vestido da madrinha, certo?


-Nem em sonhos, Chant – Harry disse e virou pra Hermione. –Já decidiu quem quer como dama de honra?


Ela suspirou. –Gina, é claro. Minha prima Sarah. E estava pensando em chamar Cho.


Harry arregalou os olhos. –Não está falando sério.


-Não pareço séria?


-Você quer que Cho fique ao seu lado?


-Bem, depois que ela superou a idéia boba que ainda te queria, ficamos bem amigas. Seria estranho se ela fosse a única pessoa da casa a não participar ativamente do casamento, com Jorge e Justino ao seu lado.


-Acho que sim – eles levantaram os olhos ao ouvir alguém batendo na porta da frente. –Chegou! – Harry disse, pulando. Os outros apenas ficaram olhando-o sair, intrigados.


-O que chegou? – Jorge perguntou. Eles ouviram Harry abrir a porta da frente e falar com alguém. Depois de alguns minutos ele reapareceu na porta.


-Hermione, tenho um presentinho pra você. – ele disse, rindo de orelha a orelha.


Ela jogou o caderno pro lado e se inclinou para frente, os olhos brilhando. –O que é?


-Apenas pense como um presente de noivado atrasado. – ele deu um passo para o lado e quando Hermione viu o que ele tinha quando voltou ela deu um grito de alegria e pulou.


-Ah, Harry! – gritou, esticando a mão pra pegar o filhote de cachorro, um Cocker spaniel marrom chocolate. –Ah, ela é linda! – Harry sorriu quando o cachorro lambeu o rosto de Hermione com entusiasmo. –O que te fez pensar nisso?


-Bem sempre soube que você sentia falta de Bichento, então pensei...


-Obrigada! – ela exclamou, levantando para beija-lo. –Eu amei, ela é linda. Ah, é uma fêmea, né?


-Sim, é uma fêmea.


-Qual o nome dela?


-Ela ainda não tem um. Como quer chamá-la?


-Hum, nossa. Uma decisão tão difícil. Não queremos que façam piadas na escola com o nome dela. – ela segurou a cadela em frente a si, com a cara enrugada e engraçada. –Filhota, te nomeio... Lily. – a cadela respondeu lambendo o rosto de Hermione mais ainda. –Acho que ela gostou! – Hermione riu. Ela olhou pra Harry e parou de rir, ele parecia estar prestes a chorar. –Ah, Harry... – ela se aproximou para abraçá-lo com um braço. Ele a abraçou de volta e alisou o pelo de Lily com uma mão.


-É um lindo nome – ele beijou a têmpora enquanto Lily virava o pescoço e lambia a bochecha dele. –Se posso dar minha opinião.




Harry entrou no foyer com seus pés de meia pra responder à campainha. Era o único na casa neste momento, o que deixava uma paz maravilhosa... Devia saber que não duraria. –Já vou! –gritou. Abriu a porta frente e encontrou uma mulher alegre de pé no degrau. Tinha uma estatura mediana e era muito bonita, e usava vestes sérias de veludo e segurava uma maleta de couro. –Olá – Harry disse.


-Oi – ela respondeu. –Estou aqui para falar com Hermione Granger.


-Ah, lamento, não está aqui no momento. Posso ajudá-la?


-Bem, meu nome pe Mel McDaniels, sou organizadora de casamentos. – ela esticou o mão.


-Oh! Que bom te conhecer! Sou Harry Potter – ele disse, apertando a mão dela. Ao ouvir o nome, o sorriso da mulher se alargou.


-Desculpe, não te reconheci! – ela falou.


-Pode entrar – ele disse, dando um passo pro lado. –Por que deveria me reconhecer?


-Ah, você sabe – respondeu, rindo. –Espero que tenha acertado o dia... Tinha um compromisso com Hermione.


-Provavelmente ficou presa no trabalho. Ela não me disse que tinha contratado uma organizadora.


-Espero que não se importe! – Mel disse com um sorriso um pouco nervoso.


-Claro que não. Qualquer coisa pra deixar a vida de Hermione um pouco mais fácil.


Mel lançou-lhe um olhar de elogio. –Meu Deus, onde ela encontrou você? A maioria dos futuros maridos ficam brancos como papel com o prospecto de contratar meus serviços.


-Eu acho a idéia de deixar outra pessoa se preocupar com as infinitas coisinhas muito lógico. Por favor, sente. Vou ligar pra Hermione. – ele guiou Mel até a sala de estudos enquanto voltava para o foyer. –Bolha – ele disse. –Hermione.


Depois de um momento, a voz dela veio pela bolha. –Agente Granger.


-Oi.


-Oi! E aí?


-Alguma coisa que você esqueceu?


-Hã...


-Tenho uma adorável mulher chamada McDaniels aqui. Aparentemente, ela planejava falar com você.


-Ah, droga, esqueci completamente. E... Esqueci de te dizer que a contratei, não foi?


-Tudo bem. Pode vir pra casa ou está muito ocupada?


-Não. Volto daqui a pouco. Converse com ela enquanto eu chego, certo?


-Claro. Melhor ser rápida. Podemos escolher vestidos de estampa de leopardo pra madrinha.


-Laura adoraria isso. Vejo você já. Te amo.


-Também te amo. Tchau. – a bolha escureceu e Harry voltou para biblioteca, onde Mel tinha se acomodado num sofá e começara a espalhar seus materiais na mesa de centro diante de si. Harry sentou de frente pra ela numa cadeira. –Hermione chegará daqui a pouco. – ele disse. –Mas se tiver alguma pergunta, podemos...


-Ah, sim – ela disse, puxando um caderninho e uma pena. –Agora, Hermione acabou de entrar em contato comigo, então ainda não sei nada. Quando será o casamento?


-Quinze de novembro. Temos os convites, só um momento – ele disse, pulando de pé e se apressando até a mesa de Hermione onde estavam as caixas. Voltou e lhe entregou um.


-Ah, muito bom. E quantos convidados esperam?


-Até agora a lista está em 356.


-Nossa.


-Nossa mesmo.


-E onde será?


-Em Hogwarts.


-E sua noiva é nascida trouxa, não é?


-Sim.


-Então vamos ter que pensar no transporte dos trouxas até Hogwarts. Vai querer feitiços de seleção de percepção?


Harry franziu a testa. –Hã?


-Posso colocar feitiços em volta de todo o lugar para que os trouxas não vejam nada mágico, só verão uma cerimônia tradicional, do jeito que estão acostumados.


-Ah, ótimo! Já estava pensando que teríamos que contratar bruxos pra fazer feitiços de memória. Mas... Alguns dos parentes de Hermione sabem sobre os bruxos.


-Ah, tudo bem. Podemos fazer uma sintonia fina no feitiço, sem problemas. Agora, quem vai estar no altar com vocês? Quantos serão?


-Quatro de cada lado... até agora. Meu padrinho vai ser meu padrinho de batismo, Sirius Black. E temos nossos amigos Remo Lupin, Jorge Weasley e Justino Finch-Fletchley. A madrinha de Hermione é Laura Chant e as damas de honra são sua prima Sarah Forester e nossas amigas Gina Weasley e Cho Chang.


-E vestidos? Alguma decisão?


Ele sorriu. –Até agora não. Mas não me pergunte sobre isso, estou me esquivando totalmente da decisão sobre os vestidos. Essa decisão vai ser completamente de minha esposa. – ele parou de repente e riu.


Mel franziu a testa, confusa. –O que foi?


-Ah, nada. É só que... É a primeira vez que a chamei assim.




-Lembrou Ethan de me mandar uma coruja assim que ele chegar no..


-Sim.


-Droga, estou tão tenso hoje.


-Não esqueça que tem que ir pro EGEL amanhã.


Harry virou os olhos quando viraram no corredor. –Por que sempre tenho que ir até lá pra dar esses relatórios grandes? – EGEL era Escritório Geral de Executores das Leis. Harry era mandado até lá com uma regularidade cansativa.


-Está vendo a cicatriz?


-Hunf. Que seja. Não é possível que eles liguem tanto pra minha fama.


-Todos­ ligam pra sua fama, patrão. As coisas parecem muito mais convincentes quando vêem de você. – Napoleon riu. –Aposto que até as cantadas mais bregas funcionariam com você.


Harry riu. –Como o quê? "Achei que todas deusas morassem na Grécia"?


-Pode apostar. Está desperdiçando seus dotes, patrão. Poderia ter tantas mulheres que faria minha cabeça pirar.


Harry olhou sério pra ele. –Não preciso de tantas mulheres. Uma é o suficiente. – eles viraram num corredor da ala administrativa da DI, em direção a sala de reuniões onde a maioria dos oficiais locais da DI, uns cinqüenta agentes, esperavam por eles. –Está com... Ah, certo. – ele empurrou as portas para a grande sala, parecida com um auditório. Os agentes estavam em pequenos grupos, conversando e rindo. Ele viu Hermione na hora, perto de Isobel e segurando sua nova pasta da DI contra o peito. Foi em direção ao púlpito, parando pra lhe dar um beijo na bochecha. Ela ficou olhando-o ir, um pouco surpresa. Ele não era de fazer demonstrações públicas, mas hoje ele não ligava. Tomou seu lugar atrás do púlpito enquanto todos agentes sentavam.


-Boa tarde – ele disse. –Vou direto ao pronto. –Ele esticou a mão e Napoleon entregou um objeto tirado da maleta que carregava. Harry o segurou mostrando para a platéia. –Alguém sabe o que é isso?


Os oficiais trocaram alguns olhares. –Uma pistola? – alguém lá atrás falou.


-Sim, é uma pistola. – Harry disse, examinando a arma. –É a pistola que matou Galino. – um murmúrio se espalhou pela platéia. –Não estamos aqui pra lamentar por ele, sei que todos lamentamos. Era um excelente agente e um amigo pra todos nós e fará muita falta. Mas ele não tinha que morrer. – colocou a arma sobre o púlpito, onde ainda chamava atenção. –Dois tiros, curta distância. Galino não teve chance – saiu de detrás do púlpito. –É uma pistola, correto, mas alguém sabe mais alguma coisa sobre ela? - Silêncio. –É uma Beretta semi-automática de calibre trinta e oito. Uma arma trouxa usada por um trouxa pra matar um dos nossos. Isso é inaceitável, pessoal.


Isobel levantou. –Está dizendo que quer portemos armas, Harry?


-Não. Somos bruxos, não gangters. Mas precisamos saber mais sobre essas armas trouxas. Precisamos estar preparados. Um tiro é bem mais rápido que uma azaração. Se Galino, que duvido que tenha visto uma arma na vida, estivesse preparado poderia não ter tentado se defender com uma azaração. Saberia que seria melhor ter corrido, ou batido no cara. E se ele tivesse tirado a arma do agressor? Saberia o que fazer com ela? Como desarmá-la ou mesmo como usá-la?


-O que sugere? – Henry perguntou.


-Tenho alguns contatos entre os trouxas que fazem o mesmo trabalho entre eles que fazemos entre nós. Uma amiga americana da CIA, uma mulher que sabe sobre o mundo bruxo, concordou em vir até aqui nos dar aulas sobre essas armas de fogo trouxas. Receberão instruções amanhã de como isso vai funcionar... – Ele suspirou. –Certo, dispensados.


Os oficiais levantaram e a maioria saiu. Hermione foi até a frente da sala com Henry e Remo. Harry Napoleon desceram pra encontrá-los. –Então, Harry, quem é essa sua amiga? – Remo perguntou.


-O nome dela é Terkazel Hainsley, ela e seu irmão gêmeo Taxim estão voando pra cá. Ele é o parceiro dela na agência. – os outros mal ouviram essa parte final, pois estavam olhando Napoleon, que estava de boca aberta e o rosto muito vermelho. Harry olhou pra ele. –Desculpe, Napoleon.


-Maldição, Harry! Podia ter me avisado que Terk está vindo!


-Eu achei que você fosse imaginar! Não é como se eu tivesse dezenas e dezenas de amigos na CIA!


-Qual o problema? – Hermione perguntou. –Conhece esta mulher, Napoleon? Amiga sua?


-Não a chamaria exatamente de amiga, ela é minha maldita ex-mulher.


-Nossa, Jones. – Remo levantou as sobrancelhas. –Não sabia que era casado! E com uma trouxa, ainda mais.


-Bem, eu era jovem e estúpido.


Harry sorriu. –E é o que agora? Um pouco menos jovem e estúpido?


-Oh, hahaha, patrão. Mesmo assim, não estou ansioso por vê-la. E Tax? Ele é um terror! Provavelmente vai querer arrancar minha cabeça por me meter com sua preciosa irmã. Ele me odeia.


-Difícil de acreditar. – Harry disse, fingindo estar imaginando. Hermione lhe deu uma cotovelada com força e ele limpou a garganta. –Quer dizer, eu, hã... Ela está me fazendo um favor profissional, Jones. Não vai ter nem que falar com ela se não quiser.


-Ah, isso tem escrito "pesadelo" de todo o lado.


O pequeno grupo deixou a sala, Napoleon resmungando o caminho todo. –Pense dessa forma, Napoleon. – Hermione disse. –Ela pode nos contar todo o tipo de histórias engraçadas sobre você.


-Maravilha. Por favor, me dê licença pra cortar meus pulsos.




Hermione estava sentada ao lado de Isobel e Shay Daley que também era da VCI. Estavam em uma das grandes salas lá de baixo de múltiplos propósitos, onde um alvo para os tiros foi colocado. Os agentes reunidos conversavam ansiosos entre eles... Ninguém estava confortável com armas, e a maioria, incluindo Hermione, nunca tinha visto uma de tão perto.


A porta abriu atrás deles e Harry entrou, seguida por duas pessoas com roupas militares. A primeira era uma loira com um rosto vivo que tinha uma expressão séria. Seu cabelo estava preso e alguns fios escapavam, moldurando seu rosto. Hermione sentiu a maioria dos homens da sala se aproximando um pouco. Ela carregava uma grande mala sobre um ombro. Parecia pesada, mas não demonstrava nenhum problema com isso.


Atrás dela vinha um homem mais alto. Ele parecia bem mais velho que a mulher apesar de Harry ter dito que eles eram gêmeos. Ele estava bem em forma e seu rosto era áspero e enrugado. Seus braços eram cobertos com tatuagens coloridas, costeletas e o cabelo castanho que ia até os ombros. Parecia bem durão, como um guitarrista de uma banda de heavy metal. Ele também carregava uma maleta cinza.


Harry os guiou até a frente onde algumas mesas estavam colocadas. Colocaram as malas e viraram para os agentes. –Pessoal, estes são Terk e Tax Hainsley. Estão aqui pra nos mostrar algumas coisas, por favor, prestem atenção. – ele sentou perto da mesa enquanto Terk avançava e abriu a primeira maleta.


-Bom dia – ela disse, ela falou, tirando uma grande pistola da maleta. Ela colocou um cartucho na arma e a jogou pra seu irmão. –Harry me pediu pra dar um curso relâmpago pra vocês. Não esperem virar especialistas, mas vamos passar um tempo manuseando essas armas e disparando com elas. Entendo que não vão querer usá-las com regularidade, e respeito isso, mas se vão enfrentar trouxas com uma certa freqüência, especialmente trouxas armados, bem, alguém precavido levaria uma arma.


Ela segurou a arma pra todos vê-la. –Essa é uma Walker PPK. Familiar?


-Não é a arma de James Bond? – perguntou Lloyd Llewellyn.


-Muito bom. Mas saber disso não vai ajudá-lo a usá-la se acabar encarando o cano de uma. Ela começou a apontar várias partes da arma, depois entregou para que Isobel fosse passando pra todos verem. –Vão em frente, podem brincar com ela, não está carregada.


Quando a arma chegou em Hermione ela a segurou rapidamente, depois passou adiante. Tentava prestar atenção enquanto Terk segurava uma arma atrás da outra e discorria sobre elas, mas todas começaram a se confundir. Num ponto, ela chegou nos rifles e armas automáticas, mas não se demorou nelas. –Bem, vamos tentar atirar agora. Não é difícil disparar uma arma, mas não é fácil fazer isso bem. De certa forma vocês têm sorte... tenho certeza que demoraria muito mais pra eu aprender como usar uma varinha de vocês. – ela virou pra Harry. –Quer ir primeiro, Harry?


Ele levantou, um pouco desconfortável. Ela lhe entregou uma arma bem grande. –Segurança acima de tudo. – todos levantaram e ficaram ao redor dele. –Agora, coloque suas mãos...


Ela só conseguiu dizer até aí. Harry foi até a linha e levantou a arma, uma mão segurando o cabo e a outra dando apoio. Olhou para o alvo e deu seis tiros em rápida sucessão, as mãos firmes. Ninguém se mexeu enquanto o barulho ecoava. Terk não disse nada, apenas pressionou o botão que trazia o alvo de volta. Ela segurou o esboço de uma silhueta de uma pessoa, os seis tiros marcados no lugar do coração. Ela olhou piscando pra ele.


Ele entregou a arma a ela. –Eu... Meio que já sabia como.


-Parece – ela disse. –Próximo.


E então eles se dividiram em grupos menores e fizeram fila pra tentar. Tax, o silencioso, andava pelas filas e corrigia a postura deles enquanto Terk ia gritando as ordens. Harry sentou atrás deles, olhando para o vazio sem ver nada. Hermione se esforçava ao máximo, mas a arma empurrava sua mão então ela mal conseguia acertar o alvo. Terk aliviou a situação, dizendo que não queriam especialistas, apenas que ficassem familiares, mas ela ainda assim se sentia inadequada.


Depois que passou sua vez ela foi sentar ao lado de Harry. Ele não disse nada. Hermione pensou um momento e depois falou baixo. –Nunca usou uma arma na vida antes, não é?


Ele suspirou. –Não. – sussurrou, sem olhar pra ela.


-Acho que tem o dom pra coisa.


-O que está dizendo?


-Não acha meio estranho?


-Talvez eu tenha sido um caçador de tubarões em uma vida passada.


-Não faça isso.


-Não faça o que? – ele disse rude, encarando-a finalmente. –Então é estranho, e daí? Bem-vida a meu mundo! E daí se sou muito bom com uma arma... Mesmo sem prática nenhuma... O que isso significa? Provavelmente nada! Eu era bom em voar também, desde o inicio! Vou aprendeu transfiguração como se estivesse fazendo isso a vida toda!


-Certo, se acalme, só estou dizendo...


-Bem, talvez devesse guardar suas idéias pra você! – ele ironizou.


Hermione se recostou na cadeira com uma expressão magoada. Desviou o olhar, confusa. Não era muito a cara de Harry falar com ela tão brusco.


Ela o ouviu suspirar. –Desculpe, Hermione. Só tenho muita coisa na cabeça.


Ela virou pra ele e segurou sua mão. –Então me fale sobre isso! Não pode dividir isso comigo? Parece distante hoje, preocupado. O que foi?


-Eu não sei –sussurrou, apertando os dedos dela. –Mas não importa o que seja, não devia ter falado tão duro com você.


-Melhor comigo do que com outra pessoa. Pelo menos você sabe que eu vou te perdoar.


Antes que ele pudesse responder a grande bolha prateada da DI apareceu perto do teto. –CÓDIGO AZUL. APRESENTAR PARA REUNIÃO DE DIVISÃO. CODIGO AZUL. APRESENTAR PARA REUNIÃO DA DIVISÃO.


Todos pararam o que estavam fazendo e se dirigiram até a porta. Um código azul era uma chamada para distribuição de tarefas. Agentes estavam sendo chamados para uma situação. Harry parou perto da porta. –Mais tarde – ele sussurrou e lhe deu um beijo na bochecha. Ela sorriu e apertou sua mão antes de correrem para direções diferentes.




Hermione se agachou do outro lado da rua, olhando por uma cerca com seu Omnióculo. Seu coração disparava e se sentia suada, pois essa era sua primeira situação de crise.


Do outro lado de seu esconderijo estava uma escola primária bruxa, e dentro dela estava um louco. Um bruxo perturbado entrara na escola e começou a lançar maldições para todos os lados. Sabiam que um professor fora atingido por um Avada Kedavra. Suspeitavam que várias crianças estivessem machucadas. Os executores conseguiram evacuar a maioria das crianças e dos funcionários, mas alguns ainda estavam lá dentro como reféns.


Hermione e dois oficiais mais veteranos da VCI estavam do outro lado da rua com seu equipamento de vigilância. A CIOS tinha um time pronto para invadir o prédio. Tinham que ser cuidadosos, pois qualquer ato poderia atiçar o agressor a punir mais pessoas inocentes. Os executores mantinham a multidão afastada, uma multidão que incluía pais desesperados. –Vê alguma coisa, Granger? – perguntou o Agent Malcolm atrás dela.


-O time da CIOS está em posição – reportou. –Tenho vigilância completa da parede oeste do prédio, incluindo o playground. – falou para um pequena bolha que flutuava perto de seus lábios. –Time Beta, reporte.


-Estamos em posição – veio a voz de Shay pela bolha. –Nada deste lado.


Hermione olhou por cima do ombro onde Malcolm tinha armado areia num esboço retangular da escola. Ele tirou sua varinha. –Ex ocularum vitale – sussurrou. Faíscas saíram de sua varinha e se firmaram no espaço sobre a areia. As faíscas estavam presas em um canto perto do chão e separadas por uma pequena distância. –Time Delta, entrem – Malcolm disse.


-Avante – A voz de Harry.


-Parece que os reféns estão presos no canto noroeste do prédio, no térreo. O sequestradorainda está com eles.


-Entendido – Hermione observava com o Omnióculo enquanto os bruxos de vestes negras se posicionava no canto correspondente do playground.


-Achei outros dois sinais de vida, mas mais fracos.


-Posição?


-Canto Sudeste.


Ela ficou olhando enquanto Harry fazia alguns movimentos com a mão e dois agentes se separavam do grupo e iam para o canto oposto. Todos seguraram a respiração quando entraram no prédio, aparecendo como faíscas dentro da transaparatação de Malcolm. Aproximaram-se das faíscas mais apagadas das pessoas machucadas, seguindo as direções de Malcolm. De repente, uma faísca se separou do grupo maior e foi rápido até eles. –Preparem-se, ele está indo na direção de vocês – Malcolm sibilou. –Abortar!


Hermione olhou a escola quando de repente houve uma erupção de luzes no interior do prédio. –Merda! – Malcolm resmungou enquanto o grande grupo de faíscas se espalhava. As crianças começaram a sair pela porta mais próxima. Hermione olhava com ansiedade enquanto dois agentes da CIOS saíram correndo do outro lado carregando crianças desarcodadas nos braços. Foram em direção aos medibruxos.


-Onde estão os reféns? – Hermione perguntou.


-Saindo agora – Malcolm disse. –Se prepare, Harry – rosnou em sua bolha. –Entre, agora!


Enquanto as crianças corriam pra todas direções, Hermione viu meia dúzia de bruxos de repente se apressar e correr pelo playground, meio agachados. O seqüestrador passou pelas portas, segurando duas varinhas e gritando maldições pra todos os lados. Os dedos de Hermione apertaram o Omnióculo com força. –Abaixem! – Harry gritou. Levantou as mãos com os dedos abertos e Hermione viu um flash em volta de cada criança no playground e depois viu um dos ataques do seqüestrador bater e voltar em um deles. –Pro chão!


O seqüestrador estava gritando alguma coisa que ela não conseguia entender, mas ele não seria uma ameaça por muito mais tempo... Vários agentes se aproximavam por trás dele. Harry levantou, segurando a varinha. –Solte! – gritou para o seqüestrador. –Agora! – o agressor gritava incoerentemente. –Está cercado, se renda! – Harry gritou. O agressor não mostrava nenhum sinal de acatar isso, mesmo que suas maldiçoes não fizessem muito efeito em ninguém no momento. Harry fez um sinal com a mão e os agentes atrás dele derrubaram o agressor, prendendo-o no chão. Tiraram a varinha dele.


-Certo, vamos – Malcolm disse. O time de vigilância levantou e trotou atravessando a rua para ajudar na segurança da área e a checar as crianças, que não sofreram ferimentos. Hermione foi até onde Harry estava com as mãos na cintura, olhando os agentes acorrentando o agressor que agora choramingava.


Ela tocou o braço dele e virou em sua direção... E quando virou, ela esqueceu o que ia dizer, o que estava sentindo, até mesmo onde estavam. Deu um passo para trás, porque o rosto dele estava vazio e seus olhos mortos. Ela tentou falar, mas não conseguiu... O homem olhando pra ela não era Harry.


Antes que ela pudesse reagir, ele virou novamente para o agressor. Sem avisos, foi correndo até ele, o jogando no chão. Os agentes que o seguravam não estavam preparados para isso e por um momento apenas ficaram parados de queixo caído enquanto Harry batia no homem, dando socos repetidamente em seu rosto e jogando sua cabeça contra a calçada.


Os agentes se aglomeraram em volta para tirá-lo dali, mas não conseguiram, Harry parecia descomunalmente forte em sua raiva. Hermione avançou e se abaixou junto dele. –Harry! – gritou. Os olhos dele estavam distantes, sem resposta. Um pânico a invadiu... O que em nome de Deus estava acontecendo com ele?


Finalmente Remo e Malcolm conseguiram puxá-lo e colocá-lo de pé. Todos olhavam pra ele, chocados. –Harry, o que você acha que está fazendo? – Lupin gritou.


Harry não respondeu, apenas puxou os braços que estavam contidos e esticou a mão na direção do agressor que estava novamente de pé. Uma luz brilhante saiu das pontas de seus dedos e acertou o homem no peito, fazendo-o sair do chão. Ele voou dez metros no ar e acertou a cerca do jardim. Malcolm e Lupin seguraram Harry e prenderam seus braços. –Tirem-no daqui! – Harry gritou, seu rosto com raiva. Olhou pra Hermione, que só conseguia ficar parada e olhar de queixo caído. Ela mal podia acreditar o que estava vendo.


Antes que Malcolm e Lupin pudessem arrastar Harry para longe, ele de repente ficou duro e respirou de vez. Seus olhos reviraram nas órbitas e ele amoleceu, caindo no chão, inconsciente.


Hermione se apressou e se ajoelhou ao lado dele, colocando sua cabeça e ombros em seu colo. –Chamem um médico! – gritou pra quem pudesse ouvir. Estava vagamente ciente de alguém correndo pra fazer isso, mas mal prestou atenção. Olhou para o rosto flácido de Harry, aterrorizada. Henry e Remo se agaixaram do outro lado dele. –Fiquem longe dele! – gritou pra eles. O que fizeram com ele? Sua mente pensava, apesar de uma parte dela saber que não tinham feito nada.


-Hermione... – Remo sussurrou. –O que aconteceu com ele?


Ela o segurou mais perto e o balançou gentilmente, suas lagrimas caindo despercebidas sobre o rosto dele. –Não sei, Remo. Não sei.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.